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OMC dá razão ao Brasil na briga do suco com USA 22.12.10

22.12.10

Decisão foi em primeira instância, e EUA ainda pode recorrer

A Organização Mundial do Comércio (OMC) considerou ilegais as medidas antidumping aplicadas pelos Estados Unidos ao suco de laranja brasileiro, informou nesta segunda-feira (20) o Ministério das Relações Exteriores brasileiro (Itamaraty). A decisão é preliminar e as duas partes podem recorrer. Somente em fevereiro de 2011, a organização dará a palavra final sobre o assunto e poderá até estabelecer retaliações comerciais aos EUA.

Desde setembro de 2009, o Itamaraty questiona, na OMC, a fórmula de cálculo usada pelos Estados Unidos para determinar se existe
dumping nas exportações brasileiras de suco de laranja. De acordo com o MRE, a metodologia exagera as margens de dumping e prejudica os produtores brasileiros.

Por meio do dumping, um país vende ao exterior produtos abaixo do preço de mercado, eliminando a produção doméstica do país comprador pela concorrência desleal. Pelo mecanismo conhecido como zeramento, os Estados Unidos desconsideram alguns negócios com preço maior que o de mercado, o que descaracterizaria o
dumping.

Ao aplicar medidas
antidumping, os Estados Unidos sobretaxam os produtos brasileiros, que pagam tarifa extra para entrar no mercado norte-americano, além do imposto de importação. Dessa forma, a mercadoria do Brasil fica mais cara nos Estados Unidos, o que desestimula as vendas.

De acordo com o Itamaraty, os norte-americanos têm sofrido condenações semelhantes na OMC pelo método de aplicação das medidas
antidumping para outros produtos. Apesar da oposição da organização comercial, os Estados Unidos, afirma o Brasil, continuam a prejudicar as vendas de suco brasileiro.

Maior exportador mundial de suco de laranja, o Brasil vende para o exterior US$ 1,7 bilhão por ano. Desse total, cerca de US$ 400 milhões destinam-se aos EUA.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que não pode se pronunciar sobre o conteúdo da sentença porque o relatório provisório da OMC é confidencial. O Itamaraty, no entanto, expressou satisfação. "O governo recebeu com satisfação as determinações do painel e espera que sejam confirmadas no relatório final", informou o comunicado.

Essa é a segunda vitória comercial do Brasil contra os Estados Unidos nos últimos anos. Em dezembro de 2009, a OMC autorizou o país a retaliar os norte-americanos em US$ 830 milhões ao ano devido aos subsídios concedidos pelos EUA aos produtores de algodão. Depois de negociações, o Brasil suspendeu a aplicação da medida por dois anos enquanto os dois países tentam encontrar uma solução.
Fonte: Wellton Máximo, repórter da Agência Brasil; edição: João Carlos Rodrigues

Soja Louca II ataca lavouras no Cerrado 22.12.10

22.12.10

Anomalia impede a maturação das plantas e provoca o abortamento das flores e vagens


Especialistas acompanham com cautela a ocorrência de uma anomalia chamada Soja Louca II, que vem provocando perdas em algumas lavouras brasileiras nas áreas mais quentes de Cerrado.

"Ainda não sabemos a causa desta doença ou distúrbio observado nas plantas de soja. Montamos o grupo de trabalho e estamos analisando amostras desta safra", disse Maurício Meyer, pesquisador da Embrapa que coordena o trabalho do grupo.

A anomalia impede a maturação das plantas e provoca o abortamento das flores e vagens. O problema é detectado, em média, de 50 a 55 dias após o período do plantio. E mesmo quando consegue atingir o estágio final, a planta produz um grão de menor qualidade, esverdeado ou apodrecido.

O grupo de trabalho criado para pesquisar a doença reúne pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), representantes da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e as fundações de pesquisa estaduais. Através desta parceria, os pesquisadores estão montando unidades experimentais de observação para avaliar a anomalia nas propriedades.

Os pesquisadores estão analisando três amostras de lavouras de Mato Grosso, uma de Tocantins e uma do Maranhão. Segundo Meyer, esta avaliação servirá de base para verificar o efeito do manejo de lavouras e se existe alguma relação com a palhada, cobertura do solo nos sistemas de plantio direto.

O grupo também pretende conduzir um estudo genético para detectar se ocorrem alterações nos genes, mas trata-se de um processo mais caro e que dependeria de mais recursos.

Meyer conta que observou o problema pela primeira vez durante viagem ao Maranhão no ciclo 1996/97. "Mas era um problema esporádico e localizado sem perdas significativas", disse.

"O problema aumentou e começou a provocar mais perdas nas áreas mais quentes do Cerrado, no Maranhão, Tocantins, Pará e norte de Mato Grosso a partir de 2005/06", afirma Meyer. Mas ele conta que existem relatos sobre a anomalia, mas com menores perdas, no norte de Mato Grosso do Sul e do Paraná e parte de Goiás.

A análise das amostras destes três Estados deve sair ainda neste mês, mas resultados mais conclusivos sobre a extensão das áreas afetadas e o impacto da doença só estarão disponíveis na fase final da safra, entre março e abril, calcula o professor.

O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Luiz Nery Ribas, ressalta que a anomalia ataca em "manchas", ou seja parte dos talhões, cujo tamanho varia em cada propriedade. Nos casos registrados nos últimos quatro anos, a Soja Louca II chegou a provocar perda de 20 a 50 por cento na produtividade.

Questionado se o problema estaria ligado ao uso excessivo de agrotóxicos, como o glifosato, o gerente técnico afirmou que esta possibilidade está sendo avaliada. Mas observa que a anomalia também foi detectada em plantas muito novas, antes mesmo das aplicações desses produtos.

"Não se descarta nada. Tudo está sendo pesquisado, como também os estudos sobre pragas sugadoras ou tipo da palhada", afirma Ribas.

A Aprosoja sugere que os produtores façam o monitoramento das lavouras, como já vem sendo feito para a ferrugem da soja. Se qualquer anomalia ou diferença na formação da planta for detectada a recomendação é comunicar à Aprosoja, para que o grupo de trabalho possa retirar amostras para fazer as análises.

Perdas

A produtora rural Roseli Giachini, que cultiva 5,5 mil hectares com soja em Cláudia, município no norte de Mato Grosso, disse que detectou as primeiras ocorrências da Soja Louca II primeira vez em 2005, mas foi na última temporada que ela viu as maiores perdas.

Segundo ela, em 2009/10, em dois talhões de 140 hectares e 130 hectares as perdas superaram 30% tanto em áreas de transgênicos como de sementes convencionais. "Minha média (de produtividade) foi de 59 sacas, mas nestes talhões ficou em 40 sacas (- 33%) em um e 46 (-22%) sacas no outro", disse Roseli referindo-se ao volume produzido por hectare.
Como já conhece os pontos onde ocorre a anomalia, a produtora monitora as lavouras, retira amostras e as envia para a Embrapa.

Nesta temporada, ela já encontrou as chamadas "manchas" nas lavouras em algumas pontos. Segundo ela, em um dos talhões de cerca de 100 hectares a ocorrência supera 10 hectares. "Estamos retirando agora as amostras, mas pela minha experiência em campo, e também como agrônoma, já posso afirmar que é Soja Louca II", afirma.

Para Roseli, a anomalia pode ser até mais grave que a ferrugem porque ainda não se conhecem as formas de controle. "O desafio da ciência é descobrir o agente causal para sabermos como controlar a Soja Louca II", acrescenta.
Fontes: Reuters, Estado de São Paulo (Fabíola Gomes), com o Observatório

Crédito agrícola atinge R$ 41,8 bilhões na safra 2010/11 22.12.10

22.12.10


Os agricultores brasileiros contrataram R$ 41,8 bilhões para financiamento de custeio, investimento e comercialização no período de julho a novembro deste ano. Esse valor corresponde a aproximadamente 42% do total de R$ 100 bilhões programados no Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2010/2011 para financiar a agricultura empresarial neste ciclo.

O resultado é 15,3% maior do que o registrado no mesmo período da safra 2009/2010, quando foram liberados R$ 36,2 bilhões, do total de R$ 93 bilhões. A avaliação das contratações do crédito agrícola, atualizada mensalmente, é realizada pelo Grupo de Acompanhamento do Crédito Rural, coordenado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.

As aplicações nos programas destinados ao custeio e à comercialização, a juros subsidiados de 6,75% ao ano, atingiram R$ 32,1 bilhões. Os financiamentos concedidos ao Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) totalizaram R$ 2,1 bilhões.

No período, entre os financiamentos de investimento teve destaque o Programa de Sustentação do Investimento (PSI-BK), que contabilizou R$ 2,6 bilhões para a aquisição de máquinas agrícolas, a juros de 5,5% ao ano. Os investimentos com recursos obrigatórios, contratados pelos agricultores em valores de até R$ 200 mil, alcançaram R$ 2 bilhões.

Na avaliação do coordenador-geral de Análises Econômicas do Ministério da Agricultura, Marcelo Guimarães, a média mensal de aplicação no período foi de R$ 8,4 bilhões, a maior dos últimos anos. Para ele, o resultado indica que o produtor está tendo acesso adequado aos recursos financeiros, o que vai se refletir na aplicação de tecnologia para a formação e manejo da lavoura.
Fonte: Mapa, com o
Observatório

CTNBio limita acesso a processos e libera mais duas variedades de milho 22.12.10

22.12.10

Em sua última reunião neste ano, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem a liberação comercial de mais dois produtos geneticamente modificados e abriu uma nova polêmica que deve alimentar a guerra interna no início da gestão do futuro ministro da Ciência e Tecnologia, o atual senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

Os membros do colegiado aprovaram, pela primeira vez no Brasil, a comercialização de um transgênico composto por um conjunto de genes produzido por duas empresas concorrentes. O milho "piramidado" criado pelas multinacionais Monsanto e Dow AgroSciences reúne três características diferentes em um só produto. O milho, batizado de "MON 89034 x TC1507 x NK603", levantou uma polêmica no plenário: alguns membros questionaram se o produto não serviria apenas para prevenir futuros processos contra eventuais cruzamentos desses genes no campo.

"Ao que parece, as duas concorrentes tentaram se antecipar para não sofrer punições legais que o cruzamento de seus milhos no campo poderia trazer", afirmou o agrônomo geneticista Leonardo Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio.

O presidente da CTNBio, o geneticista Edilson Paiva, defendeu a aprovação: "Isso já é comum lá fora. Temos 500 genótipos de milho aprovados pela nossa Lei de Sementes. E 136 já são transgênicos", afirmou.

A reunião também autorizou a comercialização do milho "MON88017" da Monsanto, resistente a pragas da raiz e tolerante a agrotóxicos a base de glifosato. ...

Sigilo reforçado

Em mais uma polêmica interna, a CTNBio debateu ontem as novas regras sobre o sigilo dos processos. Sem submeter as alterações ao plenário do colegiado, o MCT publicou a Portaria nº 979 para alterar o regimento interno da comissão. O texto determinou que o presidente decidirá sobre os casos de sigilo. Além disso, a portaria estabeleceu que os processos só poderão ser manuseados por servidores da CTNBio ou funcionários da empresa interessada.

Todos os documentos que contenham sigilo não poderão ser acessados. "Isso acaba com a transparência. Antes, eram sigilosas só partes do processo. Agora, passa a ser todo processo", afirmou Leonardo Melgarejo. Na reunião, o consultor jurídico do MCT Alessandro Stefanato afirmou que a portaria "talvez possa melhorar".

O presidente Edilson Paiva afirmou que a portaria não mudará nada nos procedimentos. "A lei permite confidencialidade. Sempre entendemos que era para partes, como proteção da cultivar e patente. E vai ser exatamente isso. Só vai ser confidencial isso. Não muda nada o que fazemos", diz. ...
Fonte: Mauro Zanatta, Valor Econômico, extrato pelo
Observatório

Gigante em commodities compra duas usinas de brasileira por US$ 950 mi 22.12.10

22.12.10


A Noble Group, maior trading de commodities da Ásia, informou nesta segunda-feira (20) que assinou um acordo para a compra de duas usinas do grupo brasileiro de açúcar e álcool Cerradinho, em um negócio avaliado em US$ 950 milhões.

A companhia, listada na Bolsa de Cingapura, informou que as duas usinas vão aumentar a sua capacidade total de moagem de cana para 17,5 milhões de toneladas ao ano.

As duas unidades adquiridas, situadas em Catanduva e Potirendaba, no Estado de São Paulo, estão localizadas estrategicamente a 100 quilômetros de uma instalação da Noble, disse a companhia asiática em comunicado.
Na semana passada, jornais no Brasil informaram que o negócio havia sido fechado.

A usina de Catanduva possui uma capacidade de moagem de cana de 4,6 milhões de toneladas, enquanto a de Potirendaba processa 3,4 milhões de toneladas por ano. A produção combinada das duas usinas deve chegar a 600 mil toneladas de açúcar, 300 mil metros cúbicos de etanol, além de uma oferta de mais de 300 mil megawatts hora de energia no Brasil.

Fusões e aquisições no setor sucroalcooleiro no Brasil têm aumentado desde a crise financeira global de 2008, a qual deixou muitas usinas brasileiras endividadas em meio a programas ambiciosos de expansão.

No início deste mês, a trading suíça de commodities Glencore comprou uma fatia da usina brasileira de etanol Rio Vermelho, seu primeiro investimento no setor de cana.

A Noble possui duas usinas de cana em São Paulo, uma processadora de café em Minas Gerais, além de armazéns.

Em outubro, a companhia inaugurou um terminal de grãos no porto de Santos.
Fonte: Reuters, de Cingapura

Comercialização da soja acelera com alta de preço 22.12.10

22.12.10
Os preços atrativos da soja têm levado muitos produtores a antecipar a comercialização da oleaginosa. No Rio Grande do Sul, cerca de 15% dos sojicultores já se adiantaram nas vendas e, no Mato Grosso, esse índice ultrapassa os 60%. Se comparado aos valores praticados nos meses de novembro e dezembro de 2009, os preços em 2010 estão, em média, 15% mais valorizados. "Quem planejou a venda antecipada da soja conseguiu garantir boa remuneração", afirma o consultor de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro. Tomando como referência os preços de Paranaguá (PR), a soja está cotada no País a uma média de R$ 50,00 a saca de 60 quilos, valor considerado como o mais alto do ano. Em dezembro, foi registrada pequena queda, considerada normal, em função da redução do ritmo de negócios pela proximidade do fim de ano.
No cenário internacional, colabora para a alta dos preços no mercado interno o fato de a safra de grãos na Rússia ter recuado mais de 30% em 2010, além do aumento da demanda mundial pela soja. "São compradores da China, Malásia, Japão e da Europa que buscam compensar a redução russa na América do Sul e do Norte", explica o diretor comercial da Cotrijuí, Romeu Orsolin, que prevê para 2011 a manutenção desse cenário otimista. O dirigente da Cotrijuí considerou precipitado fazer uma estimativa da rentabilidade que o produtor pode alcançar com a soja, uma vez que a cultura é bastante suscetível ao clima. "É preciso aguardar e ver como será a produtividade das lavouras. Saber se, de fato, será possível alcançar uma remuneração melhor", ponderou. O analista da Scot lembra que o mercado da soja vem mantendo "firme alta" desde 2008, com pequena queda em função da crise e depois recuperação da safra 2009/2010 e na atual. "Tivemos um aumento de 10 milhões de toneladas na oferta de grãos no País, e mesmo assim não foi suficiente para derrubar as cotações, pois a demanda interna cresceu e as importações demonstraram bons volumes neste ano", avaliou. O Brasil deve fechar 2010 com a exportação de mais de 29 milhões de toneladas, 2 milhões a mais do que o registrado em 2009. "Será um recorde nas exportações."
Fonte: Jornal do Comércio, extrato pelo Observatório

BB só financia produção de soja que estiver fora do bioma amazônico 09.12.10

09.12.10

Instituição aderiu à Moratória da Soja na Amazônia, que busca conciliar a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico

Agora é preciso ampliar a moratória para a região do Cerrado


Maior banco estatal brasileiro e principal financiador do agronegócio no País, o Banco do Brasil anunciou a adesão à Moratória da Soja, um pacto feito há quatro anos para evitar a produção e comercialização do grão em áreas de desmatamento no bioma amazônico. Com a adesão do banco, os produtores que buscarem crédito terão de comprovar onde irão plantar e se a área havia sido desmatada legalmente antes de 24 de julho de 2006.
  
A moratória proposta por organizações não-governamentais ambientalistas e pactuada em 2006 com o setor produtivo, que posteriormente teve a adesão do governo brasileiro através do Ministério do Meio Ambiente (o da Agricultura ainda não aderiu), envolve as duas principais associações de processadores e exportadores de soja no País: a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) e Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Juntas, elas respondem por 92% do mercado nacional, que significa um comércio de cerca 70 milhões de toneladas por ano do produto.  

O esforço da sociedade civil brasileira agora deve voltar-se para ampliar essa moratória ao Cerrado, afirma Maurício Galinkin, editor deste
Observatório, pois este bioma continua perdendo áreas naturais para plantio de soja mesmo já tendo sido desmatado em mais de 50% nas quatro últimas décadas, período em que os plantadores de soja avançaram na região com a tecnologia de plantio comercial desenvolvida pela Embrapa.


Fazendeiros não gostam

Como era previsível, os produtores de soja da região Centro-Oeste/Norte reagiram contra a adesão o BB à Moratória da Soja no bioma Amazônico.

“O Banco do Brasil é uma instituição financeira que opera com recursos públicos e como principal fonte de financiamento do agronegócio brasileiro precisa seguir a lei e não se juntar a um grupo que implantou regras à margem da legislação”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) e da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.

Exatamente por operar com recursos públicos que o Banco do Brasil tem que contribuir para a redução do desmatamento no Brasil, lembra o editor deste
Observatório, pois o governo e vários setores ligados ao agronegócio já reconheceram como verdadeiro o argumento, que algumas entidades socioambientalistas - com base em estudos realizados- já levantavam no início deste milênio, de que é possível ampliar - e muito - a produção agropecuária brasileira sem derrubar uma só árvore tanto na Amazônia quanto no Cerrado.

“A Aprosoja não defende a utilização ilegal de áreas para a produção agrícola”, ressalta o documento divulgado por essa entidade a respeito da adesão do BB à Moratória, “e reforça a necessidade de o país lançar mão do uso responsável para ampliar a produção sustentável no país, que já é exemplo para o mundo. É fato que, mesmo antes da Moratória, estudo já apontava que existiam apenas 0,2% de soja plantada na Amazônia.”

Bom negócio 

O setor sojeiro trabalha a moratória em conjunto com entidades representantes da sociedade civil (principalmente ONGs ambientais e sociais) para desenvolver e implementar uma estrutura de governança com regras de como operar no Bioma Amazônia e cobrar do governo brasileiro a definição, aplicação e cumprimento de políticas públicas sobre o uso da terra nesta região.  

A moratória da soja prevê o monitoramento regular nas áreas de produção. Segundo a ABIOVE, a checagem de campo feita em 2010 revelou que apenas 7% da soja produzida no Brasil era proveniente da Amazônia. A maior parte das lavouras, diz a organização, encontra-se em regiões fora do bioma amazônico. Para o representante da ABIOVE, Carlo Lovatelli, não houve aumento no preço da soja com a moratória, mas o setor atende ao exigente mercado internacional, principalmente o europeu.

A entrada do Banco do Brasil na moratória da soja foi firmada no dia 1º de dezembro pp. durante encontro, na sede do banco em Brasília, entre os coordenadores do Grupo de Trabalho da Soja (GTS) Paulo Adario, do Greenpeace, e Carlos Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, e o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto.

Na ocasião, Guedes assegurou que o banco adotará os critérios da moratória da soja na análise para liberação de crédito. Segundo ele, “a moratória é um exemplo de que o país só tem a ganhar com o fim do desmatamento”. 

O compromisso assinado pelo BB inclui o não financimento da produção de soja em áreas desmatadas a partir de julho de 2006 no bioma Amazônia; a exigência de regularização ambiental das propriedades para a concessão de financiamento e abertura de linhas de crédito para recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. 

A adesão do BB à moratória – adotada pela indústria após estudos de diversas ONGs brasileiras acerca do avanço da soja no Cerrado e Amazônia e que contribuíram para que o Greenpeace organizasse e realizasse um ato em Londres contra a rede McDonalds e consequente pressão contra o envolvimento do setor de grãos no desmatamento do bioma – significa que os fazendeiros que desmataram depois de 24 de julho de 2006 não terão mais acesso ao crédito do banco estatal para plantar soja no bioma amazônico. Sem dinheiro no bolso, o fazendeiro perde o principal incentivo para prosseguir no desmatamento para plantio de soja. 

É preciso, agora, ampliar essa restrição de crédito à abertura e uso de novas áreas tanto para a pecuária na Amazônia (veja estudo O Reino do Gado, dos Amigos da Terra - Amazônia brasileira; para baixar o documento clique
aqui para ir à seção Documentos) e à agropecuária no Cerrado.

Dinheiro fácil para desmatar

De acordo com dados do Anuário Estatístico de Crédito Rural, cerca de R$ 90 bilhões foram destinados ao crédito rural na Amazônia Legal entre 1995 e 2009. Só no Bioma Amazônia foram R$ 40 bilhões. Metade dos recursos foi para fazendas de gado e plantações de soja. No mesmo período os fazendeiros derrubaram 271 mil quilômetros quadrados de floresta, área equivalente ao Estado de São Paulo.

 O Brasil vive um momento positivo na luta pela proteção das florestas. A sociedade, empresas produtoras e consumidores dão claras demonstrações de que não aceitam mais a derrubada de árvores para abrir espaço para o agronegócio. O desmatamento zero virou um tema comum a políticos, ambientalistas e fazendeiros. “O país está convencido de que é preciso e possível parar de desmatar”, diz Paulo Adario, coordenador do Programa Amazônia do Greenpeace. 
 
Fontes: Agência Brasil, Portal do Greenpece (www.greenpeace.org/brasil/), Aprosoja-MT, com o Observatório

CTNBio propõe liberações em massa na sua última reunião deste governo 09.12.10

09.12.10


Enquanto ambientalistas e suas organizações estão com sua atenção voltada para as negociações internacionais sobre medidas de combate às mudanças climáticas, que estão ocorrendo na cidade de Cancun, no México, e na queda de braço com a bancada ruralista sobre mudanças no Código Florestal, na Câmara dos Deputados, em Brasília, a “Comissão Técnica de Biossegurança”- CTNBio tem uma imensa pauta para sua reunião do próximo dia 16, no Auditório Renato Archer, do Ministério da Ciência e Tecnologia, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Nessa reunião, com previsão de iniciar-se às 9 horas da manhã e terminar às 18 horas, a CTNBio pretende liberar o uso comercial de sementes transgênicas de algodão, (Algodão GlyTol® e o denominado TwinLink) da Bayer e a MON88913 da Monsanto, a “liberação comercial para cultivo, consumo animal e humano, manipulação, transporte, descarte, importação e exportação e livre comércio do milho MON 89034 × TC1507 × NK603 e suas progênies”, a pedido da Monsanto e da Dow AgroSciences, milho geneticamente modificado resistente a insetos e tolerante ao glifosato MON88017 e suas progênies, da Monsanto e a da Pioneer/Du Pont, que solicita também a “liberação comercial para cultivo, consumo animal e humano, manipulação, transporte, descarte, importação e exportação, bem como quaisquer outras atividades relacionadas ao milho TC1507 x MON810 x NK603, bem como suas progênies”.

Além de sementes, a pauta prevê a decisão sobre a liberação comercial de “vacina recombinante para aves contra a Doença de Marek e a Laringotraqueíte infecciosa - INNOVAX® ILT, do Laboratório Intervet do Brasil Veterinária Ltda..


Eficiência

Além desses oito pontos sobre liberação comercial de OGMs, a Comissão ainda pretende apreciar mais 114 outros ítens, que constam na sua Pauta para o próximo dia 16 de dezembro, sem contar que em “Outros assuntos”, seus membros irão discutir alterações do Regimento Interno e na Resolução Normativa nº 5 e plano de monitoramento. Adicionalmente, nesse dia, seus integrantes também assistirão uma palestra sobre “Insetos Geneticamente Modificados”, que será proferida pela Dra. Margareth Capurro.

Para conhecer a Pauta da reunião de 16.12.2010 da CTNBio, clique
aqui

Governo diz que PAC já cumpriu 70% das obras previstas para logística 09.12.10

09.12.10

Das obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para rodovias, hidrovias, ferrovias e portos 70% foram concluídas até o final de outubro, enquanto 24% têm ritmo adequado. De acordo com o 11º Balanço do PAC, as ações que merecem atenção somam 4% e as em situação preocupante, 2%.

Ao todo, 73% dos valores previstos para as 1.651 ações monitoradas já foram aplicados e 23% encontram-se em estágio de execução adequada. Apenas 3% dos valores merecem atenção e 1% em estão em situação preocupante.

A previsão é de que, até o final do ano, 6.377 quilômetros de estradas estejam concluídas, sendo 1.306 quilômetros de duplicação e/ou adequação; 1.789 de pavimentação e/ou construção. A privatização da operação de 3.282 quilômetros terão sido concedidos à iniciativa privada.

Até o final de dezembro, o governo federal prevê que 3.524 quilômetros de rodovias estarão em obras de construção e pavimentação, e 1.592 quilômetros estarão sendo duplicados.

A expectativa do governo é que, até o final do ano, 909 quilômetros de ferrovias estejam concluídos. Estão em andamento 3.757 quilômetros. Há ainda 6.925 quilômetros na etapa de elaboração de projetos e estudos.

Já no que se refere a hidrovias, foram concluídas as eclusas de Tucuruí, que entrou em operação assistida no final de novembro. Há ainda dez terminais hidroviários no Amazonas.

Fonte: Daniel Lima, Pedro Peduzzi e Yara Aquino, repórteres da Agência Brasil; edição: Talita Cavalcante, com o
Observatório

Estoques brasileiros de soja subiram quase 40% no primeiro semestre 09.12.10

09.12.10

Os maiores estoques de produtos agrícolas registrados em 30 de junho deste ano foram os de soja em grão, com 19,2 milhões de toneladas e os de milho em grão, com 12,1 milhões de toneladas. Comparadas aos estoques de 30 de junho de 2009, as variações positivas foram as da soja (39,2%) e a do milho (10,3%), enquanto as de arroz e trigo registram quedas de 1,55 e 3,9%, respectivamente.

Os dados constam da pesquisa de estoques referente ao primeiro semestre de 2010, divulgada hoje (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 17 produtos pesquisados, o arroz em casca, com 4,7 milhões de toneladas, e o trigo em grão, com 3,4 milhões, também apresentavam grande volume de estoque no final do primeiro semestre.

Os dados da pesquisa do IBGE mostram ainda que no primeiro semestre de 2010 houve uma queda de 0,4% na rede armazenadora de produtos agrícolas, na comparação com o primeiro semestre do ano anterior. A Região Sul abrigava 43% da rede de 8.785 estabelecimentos, enquanto 22,8% estavam localizados no Sudeste, 22,15% no Centro-Oeste, 8,5% no Nordeste e 3,65% na Região Norte.

Apesar da pequena queda no número de estabelecimentos, a capacidade armazenadora do país teve um acréscimo de 1,3%, atingindo 146,6 milhões de toneladas.
Fonte: Paulo Virgílio, repórter da Agência Brasil; edição: Talita Cavalcante

Preços sobem até 30% e fazem da carne bovina a vilã da inflação neste ano 09.12.10

09.12.10

O aumento no preço das carnes foi a principal influência para a inflação de 5,25% acumulada no período de janeiro a novembro deste ano. Neste período, as carnes ficaram 26,79% mais caras, segundo dados divulgados dia 08 pp. pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, o quilo da alcatra no Rio de Janeiro passou de R$ 13,74 em dezembro de 2009 para R$ 18,32 em novembro deste ano, 33,3% de elevação. Em São Paulo, o preço passou de R$ 15,41 para R$ 19,88 (+ 29%) no mesmo período.

Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o aumento no preço das carnes pode ser explicado pela alta no preço das rações (provocada pelo crescimento no valor dos cereais que compõem a ração) e pela redução no rebanho bovino no Brasil. "O rebanho bovino no Brasil encontra-se em menor oferta. Há cerca de três anos, houve abate de matrizes (espécimes reprodutoras). A menor oferta, aliada à alta dos produtos importantes, o milho etc. faz com que o custo do produtor seja maior. Também houve aumento da demanda. Isso forçou o preço para cima", disse Eulina dos Santos.

Em geral, os alimentos vêm apresentando aumento nos preços neste ano, o que vem pressionando a alta da inflação. Entre janeiro e novembro deste ano, os alimentos acumulam inflação de 8,95%. Neste período, além das carnes, também foram registrados aumentos nos preços de feijão-fradinho (67,13%), feijão-preto (32,64%), açúcar cristal (22,77%), carne seca (18,48%), leite pasteurizado (17,04%) e açúcar refinado (14,00%).

"Os alimentos estão vinculados ao clima e à demanda. Se a população tem uma renda maior, tende a consumir produtos mais caros, como a carne. Neste ano, também aconteceram problemas climáticos, que prejudicaram algumas lavouras e, com isso, elevou-se os preços".
...

Além das carnes, os outros itens que mais influenciaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro a novembro deste ano foram empregado doméstico, com inflação de 11,02%, refeição (8,47%) e colégios (6,64%).

Recorde

O IPCA, que mede a inflação oficial, ficou em 0,83% em novembro. Esse é o maior índice mensal desde abril de 2005. A taxa é superior às registradas em outubro (0,75%) e em novembro de 2009 (0,41%). No acumulado do ano, a inflação medida pelo IPCA chega a 5,25%. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 5,63%.


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de 1 a 6 salários mínimos, registrou variação de 1,03% em novembro. Em outubro, a taxa havia sido de 0,92%. Nos últimos 12 meses, o INPC acumula alta de 6,08%.
Fonte: Agência Brasil, com o
Observatório

Produção brasileira de algodão será 34% maior em 2011 09.12.10

09.12.10

Entre os seis produtos analisados pelo IBGE para a safra de 2011, três apresentam variação positiva em relação à produção de 2010, com destaque para o algodão em caroço (34,3%). O feijão em grão da primeira safra terá uma produção 26% maior, e o arroz em casca um crescimento de 8,2%. A maior queda na previsão de safra é a do amendoim em casca, com 10,9% a menos do que em 2010, seguido do milhão em grão da primeira safra, com uma variação negativa de 7,3%. A soja, com uma produção estimada em 68 milhões 467 mil toneladas em 2011, apresenta uma queda de apenas 0,2% na comparação com 2010.

A safra de grãos em 2011 deverá ser de 145,1 milhões de toneladas, 2,5% menor que a de 2010, de acordo com o segundo prognóstico do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado hoje (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda é atribuída pela pesquisa às menores previsões de safra das regiões Sudeste (-1,6%) e Sul (-9%).

Pesquisa

A pesquisa do IBGE é feita nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e em mais quatro estados (Rondônia, Maranhão, Piauí e Bahia). Para esta segunda estimativa, feita em novembro, os números levantados foram somados às projeções para as unidades da Federação e para as culturas que, por força do calendário agrícola, não dispunham da primeira estimativa.

Com relação à área a ser colhida, quatro dos seis produtos pesquisados pelo IBGE apresentam variações positivas, sendo que o algodão em caroço terá uma ampliação de 26,6%. As reduções nas áreas plantadas ou a serem plantadas são as do amendoim em casca (-3,2%) e a do milho (-0,2%).

Preços estimulam plantio de algodão

Segundo o IBGE, a melhor cotação, tanto no mercado interno quanto no externo, explica o incremento da produção do algodão em caroço, com uma previsão para 2011 de 3,9 milhões de toneladas, contra as 2,9 milhões obtidas em 2010. O estado de Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão, aponta um incremento de 33,7% na área a ser plantada e de 45,8% na safra esperada.

O IBGE também divulgou a décima primeira estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2010. Os dados de novembro indicam uma produção de 148,8 milhões de toneladas, o que supera em 11,1% os 134 milhões da safra de 2009. Entre as três principais culturas – soja, milho e arroz – que somadas respondem por 91% da produção de grãos, a soja registra um acréscimo de 20,2% e o milho de 8,7%, enquanto a produção do arroz caiu 10,3%, no confronto com a safra de 2009.
Fonte: Paulo Virgílio, repórter da Agência Brasil; edição: Talita Cavalcante

Alta em preços de alimentos continuará em 2011 19.11.10

19.11.10



Em relatório anual, FAO alerta que elevação de preços já afeta a balança comercial de cerca de 70 países

Os preços de alimentos atingem a maior alta em dois anos e a FAO alerta que o aumento tem tudo para continuar em 2011. Em seu relatório anual publicado na quarta-feira, 17, a entidade advertiu que o mundo deve se preparar para um cenário de elevação de preços de alimentos, inflação e aponta que a elevação de preços já afeta de forma negativa a balança comercial de cerca de 70 países.

As primeiras projeções são de que os preços de alimentos devem sofrer uma elevação de até 20% em 2011 diante de safras abaixo do esperado e da especulação em torno das commodities.

Para a FAO, a conta da importação de alimentos no mundo irá superar a marca de US$ 1 trilhão em 2010, 26% a mais que no ano passado e atingindo praticamente os mesmos níveis dos anos da crise alimentar (2007-08). A projeção é a mais severa já feita pela FAO desde 2007, quando a alta nos preços de alimentos desestabilizou governos e levou milhares de pessoas a protestar em 25 países.

"Consumidores hoje não tem outra alternativa que a de pagar mais por seus alimentos. O tamanho da safra em 2011 está se tornando cada vez mais crítico. Para que os estoques sejam refeitos e para que os preços voltem à normalidade, uma expansão importante da produção será necessária", alertou a FAO. Para a entidade, "os países precisam continuar vigilantes sobre seus estoques".

Nos últimos meses, os preços do milho e trigo subiram em 40%. Cassava, manteiga e açúcar estão registrando seus maiores preços em 30 anos. Já a carne e pescado estão com seus preços acima de 2009. Isso sem contar com o algodão, com os maiores preços em 140 anos.

No geral, a inflação no preço de alimentos é de 15% em comparação a 2009. Especulação, problemas na safra russa e uma atividade forte no mercado futuro nas bolsas seriam as explicações...
Há poucos meses, a FAO insistia que a situação de alimentos no mundo era preocupante, mas rejeitava falar em uma nova crise. Agora, a volatilidade dos mercados obriga a entidade a rever seus números e seu próprio discurso.

Em outubro, o índice de preços da FAO atingiu as taxas de julho de 2008. A produção de cereais em 2010 será 2% abaixo dos níveis de 2009 e 63 milhões de toneladas inferior ao que a FAO previa em junho...

Já a produção de grãos cairá em 7,2%, ao contrário do que a FAO previa há poucos meses, de uma expansão de 0,9%. A produção de trigo sofrerá uma queda de 5,1%, o que tornará a safra 2010-11 na menor em três anos. Como resultado, os estoques de trigo cairão em 10%.

A produção do milho também sofrerá uma retração de 2,1%, contra uma queda de estoques de 12%. Para a FAO, esse cenário deve fazer com que os preços aumentem ainda mais.

Para a soja, a projeção é de uma queda de 0,3%, mas a partir de uma safra recorde no mundo de 454 milhões de toneladas em 2009.

No setor do açúcar, porém, a perspectiva é de uma alta na produção de 7,7%...

As reservas de alimentos também devem sofrer uma queda importante. Hoje, se o mundo inteiro parar de produzir alimentos, as reservas existentes seriam suficientes para alimentar a população do planeta por 74 dias....

Por enquanto, porém, as projeções são sombrias. "2011 não será uma boa safra", alertou o relatório da FAO, que indica que nem EUA nem Rússia terão bons desempenhos.

Emergentes -


Mas a entidade alerta que não é apenas safras abaixo do esperado que representam um desafio. Diante do consumo cada vez maior de alimentos em países emergentes, a era dos preços altos pode ter chegado para ficar.

Até 2017, a projeção é de que o preço da carne seja 20% superior ao que se paga hoje. O trigo terá uma alta de 60% em sete anos. Já óleos vegetais poderão custar até 80% mais caros até 2017. Nesse momento, a estimativa é de que então os preços de alimentos se estabilizem, mas em patamares elevados.

Fonte: Jamil Chade, de Genebra, para O Estado de S. Paulo
Para ler a reportagem completa, clique aqui

Problema da agricultura brasileira é crédito, não abrir mais terras 19.11.10

19.11.10

Grupo de pesquisadores analisa impactos da mudança do Código Florestal proposta por ruralistas

É a falta de crédito agrícola, não de terras para o plantio, que limita a produção de alimentos no Brasil.
A conclusão é de um novo estudo de pesquisadores da USP, da Unicamp e do Inpe, que usa dados do IBGE e das Nações Unidas para afirmar que não é o Código Florestal que impede que o brasileiro tenha mais comida na mesa.

A pesquisa, publicada no periódico brasileiro "Biota Neotropica", mostra que a área colhida de feijão e de arroz no país tem caído, de 6 milhões de hectares nos anos 1980 para menos de 5 milhões de hectares em 2007.

Por outro lado, culturas de exportação, como cana e soja, têm crescido de forma acelerada -a última saltou de 10 milhões de hectares em 1985 para quase 25 milhões no começo desta década.

A grande "engolidora" de terras é a pecuária, que ocupa 200 milhões de hectares dos 250 milhões hoje destinados à produção no país.

Os pesquisadores afirmam que, se a produtividade média fosse elevada a 1,5 cabeça por hectare e o desfrute (número de animais que podem ser abatidos num rebanho) subisse dos atuais 22% para 30%, mais 70 milhões de hectares poderiam ser liberados para a produção.

"Só fazer cercas para manejar o gado já aumentaria a produtividade", diz o agrônomo Luiz Martinelli, da USP de Piracicaba, autor principal do estudo.

Segundo ele, o trabalho pretende ser uma "resposta técnica" a um artigo escrito por Aldo Rebelo, que afirmava ser a mudança na lei necessária porque os 190 milhões de brasileiros "precisam produzir comida".

"A área para o arroz e o feijão tem diminuído, e não é por causa do código, é por problemas de mercado", diz Martinelli. "A infraestrutura de produção e escoamento é ruim, os pequenos e os médios produtores vivem pendurados nos bancos, há insegurança fundiária."
Fonte: Cáudio Ângelo, Folha de São Paulo

Os principais estudos que compuseram essa pesquisa são os seguintes:

Biota Neotropical (para acessar a revista, clique aqui)
Vol 10 Num 4

Opinião
A falsa dicotomia entre a preservação da vegetação natural e a produção agropecuária
Luiz A Martinelli , Carlos A Joly , Carlos A Nobre , Gerd Sparovek
resumo

Artigos

Alterações no código florestal brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna
Lilian Casatti
resumo

Ecologia alimentar de carnívoros (Mammalia, Carnivora) em fragmentos de Floresta Atlântica do sul do Brasil
Fabiana Rocha-Mendes , Sandra Bos Mikich , Juliana Quadros , Wagner André Pedro
resumo

A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação dos anfíbios
Luís Felipe Toledo , Sergio Potsch de Carvalho-e-Silva , Celso Sánchez , Marina Amado de Almeida , Célio F. B. Haddad
resumo

Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre os répteis brasileiros
Otavio A. V. Marques , Cristiano Nogueira , Marcio Martins , Ricardo J. Sawaya
resumo

Impactos Potenciais na Avifauna decorrentes das Alterações Propostas para o Código Florestal Brasileiro
Pedro F. Develey, Tatiana Pongiluppi
resumo

Mudanças no Código Florestal e seu impacto na ecologia e diversidade dos mamíferos no Brasil
Mauro Galetti , Renata Pardini , José M. B. Duarte , Vera M. F. da Silva , Alexandre Rossi , Carlos A. Peres
resumo

Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre as borboletas
André Victor Lucci Freitas
resumo

As abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
Vera Lucia Imperatriz Fonseca , Patrícia Nunes-Silva
resumo

Safra de grãos em 2011 deve ser 2,8% menor que a de 2010 19.11.10

19.11.10


A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve atingir 144,5 milhões de toneladas em 2011.

A estimativa faz parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O primeiro prognóstico para o próximo ano aponta que o volume esperado é 2,8% inferior à safra de 2010, que deve alcançar 148,8 milhões de toneladas.

O levantamento revela, ainda, que a soja deve continuar sendo a principal cultura, com 68,1 milhões de toneladas produzidas. Em seguida, aparece o milho primeira safra, com 31,2 milhões; e o arroz, com 12,2 milhões de toneladas.
O estudo aponta que as regiões Sudeste (-1,9%) e Sul (-0,9%) devem ter redução na produção.

Segundo a estimativa, a área colhida no ano que vem deve chegar a 47,4 milhões de hectares, o que representa uma expansão de 1,7% em relação a 2010, com incremento em praticamente todos os estados, com exceção do Paraná, de Santa Catarina e de Goiás.
Fonte: Thais Leitão, repórter da Agência Brasil; edição: Lílian Beraldo

Abate de matrizes há cinco anos seria a causa da atual alta no preço da carne 19.11.10

19.11.10


O diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, disse que o preço da carne bovina, "considerado alto pelo mercado", não se deve a aumento dos percentuais de exportação ou ao custo de rações.

A causa, segundo ele, é resultante do impacto do abate de matrizes (gado propício à procriação) ocorrido em 2005, que está agora provocando "efeito retardado". De lá para cá, segundo Porto, não houve na agropecuária brasileira estoques de novilhas e bezerras para engorda em volume suficiente para garantir uma oferta maior de carnes.

Ele lembrou que o gado não é como o frango, que rende resultados antes dos dois primeiros meses do início da criação. Por isso, defendeu que é equivocado vincular o alto preço da carne bovina aos custos com rações à base de milho ou de soja.

O diretor prevê que os preços da carne deverão se normalizar ao longo de 2011.
Fonte: Lourenço Canuto, repórter da Agência Brasil; edição: Lílian Beraldo

Estrangeiros compraram 22 campos de futebol por hora 19.11.10

19.11.10

Do final de 2007 ao início deste ano, foram adquiridos 1.152 imóveis rurais

AM e Minas concentram 60% do total das terras compradas por pessoas físicas e jurídicas de outros países no período
Empresas e pessoas de outros países compram o equivalente a 22 campos de futebol em terras no Brasil a cada uma hora. Em dois anos e meio, os estrangeiros adquiriram 1.152 imóveis, num total de 515,1 mil hectares.

A Folha comparou registros mais recentes feitos entre novembro de 2007 e maio de 2010 pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que leva em conta as aquisições de pessoas e empresas de outros países.

Na tentativa de conter a "invasão estrangeira", o Incra também regula compras e arrendamento de terras feitos por empresas com sede no Brasil, mas que são controladas por estrangeiros.

"Não é xenofobia. Agora temos regras que trazem estabilidade jurídica e potencializa o combate à grilagem", afirma o presidente do Incra, Rolf Hackbart.

"Além disso, as medidas não afastam investidores, porque o Brasil não deixou de oferecer rentabilidade", completa o presidente da autarquia federal.

No entanto, ainda não existe levantamento contemplando esse tipo de aquisição, agora submetida a novas regras. Mesmo limitados a pessoas físicas e jurídicas que estão fora do Brasil, os números do Incra revelam que Minas Gerais e Amazonas concentram 60% do total de terras compradas por estrangeiros entre novembro de 2007 e maio deste ano.

O presidente do Incra explica que o Triângulo Mineiro, área geograficamente classificada de estratégica pela facilidade de escoamento da produção, atrai usineiros internacionais que antes atuavam no Nordeste.

"O atrativo se chama Brasil. Estrangeiros buscam terras para plantar floresta [carvão e celulose], soja e cana de açúcar. E, com restrições na Amazônia, investidores olham com luneta para outras áreas", afirma Gilman Viana Rodrigues, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas.

Avanço paulista

São Paulo é o Estado onde mais cresceu o número de propriedades nas mãos de estrangeiros: 75% (867) das novas aquisições.

Para o Incra, são empresas que usam muita tecnologia em pequenos pedaços de terra para produzir, principalmente, cana de açúcar.

Com 1.229 propriedades espalhadas numa área de 844 mil hectares, Mato Grosso, com áreas de cerrado e de floresta amazônica e forte na produção de soja, é o dono da maior área em nome de empresas e pessoas de outros países.

As novas regras aprovadas pelo presidente da República em agosto, contudo, não atingem estrangeiros residentes no Brasil nem inibem o uso de brasileiros para dar fachada legal aos negócios de empresas de outros países.

Novas regras

A Folha apurou que, depois de muitas versões, a última minuta do projeto que aumenta o controle na aquisição de terras já está pronta no Palácio do Planalto.

Além de tentar combater os laranjas com novas exigências de documentos, o texto aponta a criação de regras para ocupação do litoral brasileiro e prevê alteração no conceito de faixa de fronteira, hoje com tamanho fixo de 150 quilômetros -era o alcance máximo de um tiro de canhão.

O projeto pode aumentar ou reduzir o tamanho da faixa, dependendo da região. Apesar de não haver previsão para encaminhar o novo projeto ao Congresso, a AGU (Advocacia-Geral da União) acredita que os principais pontos da proposta devem ser fechados neste ano.
Fonte: Folha de São Paulo

Propriedades rurais no Paraná começam a produzir energia elétrica a partir de biogás 19.11.10

19.11.10
 

A Itaipu começou a implantar um sistema de geração de energia elétrica a partir de biogás no município de Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná. O biogás é produzido com os dejetos da produção de suínos e bovinos de propriedades rurais da região.


De acordo com a Itaipu, o projeto, desenvolvido em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a prefeitura da cidade, vai beneficiar 41 propriedades rurais e cada uma terá um biodigestor, que vai transformar os dejetos em biogás. Depois, o biogás será transportado por gasodutos para a usina termoelétrica, que vai transformar o biogás em energia elétrica.


A energia será usada nas próprias propriedades rurais e o excedente vai ser vendido para a Companhia Paranaense de Energia (Copel). “Esse tipo de energia proveniente do biogás tem um grande potencial, mas tem sido esquecida no país”, disse o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley.


Segundo o diretor de Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrsch, o sistema dá ainda uma destinação adequada aos dejetos dos animais, evitando a poluição dos rios da região. “Ele gera energia elétrica resolvendo um problema ambiental”, afirmou.


O sistema de geração de energia foi acionado hoje em duas propriedades rurais. De acordo com Cícero Bley, nenhum problema foi detectado nos testes. “Tudo está 100% funcionando e as duas propriedades já estão gerando energia”. A previsão é que o sistema esteja implantado em todas as propriedades em março do ano que vem.
Fonte: Agência Brasil; edição: Aécio Amado, com o
Observatório

TCU: BNDES ajudou a desmatar a Amazônia 29.10.10

29.10.10

A auditoria aponta falha na coordenação dos programas do governo


Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) atribuiu a uma “falha” da Casa Civil o choque entre duas políticas públicas do governo Luis Inácio da Silva. Nos dois últimos anos, o BNDES investiu bilhões em frigoríficos, contribuindo para o avanço da pecuária na Amazônia, na contramão da política de combate ao desmatamento.

Entre 2008 e 2010, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social investiu cerca de R$ 10 bilhões em grandes frigoríficos, como JBS, Bertin (que se fundiram) e Marfrig. A compra de participação acionária dessas empresas pelo banco pretendia consolidar a posição do País como principal exportador mundial de proteína animal.

Somente no fim de 2009, o BNDES passou a cobrar dos frigoríficos beneficiados que não comprassem gado de áreas desmatadas. Foi uma reação à pressão do Ministério Público do Pará contra o gado ilegal, que contou com o apoio de grandes cadeias de supermercados. A reação do BNDES veio seis meses após a divulgação do estudo “O Reino do Gado” (baixe em Documentos), da ONG Amigos da Terra, ter identificado o avanço dos grandes frigoríficos na Amazônia, patrocinado por investimentos do banco.

“Carro-chefe” da exportação

O “complexo carnes” deveria se tornar o principal setor exportador do agronegócio brasileiro, de acordo com a Política de Desenvolvimento Produtivo do Ministério do Desenvolvimento, dentro da perspectiva de exportar produtos com maior valor agregado no País. Nessa época, o próprio governo já havia reconhecido a pecuária como o maior motivo do abate da Floresta Amazônica.

Faltou coordenação no governo para evitar trombadas entre as duas políticas, aponta o tribunal. “Foram identificadas falhas na articulação e coordenação, a cargo da Casa Civil”, entre os diferentes programas de governo. A Casa Civil era comandada à época por Dilma Rousseff, que não é citada pelo TCU.

Questionada sobre a conclusão dos auditores, a Casa Civil argumentou que contribuiu para a redução do desmatamento na Amazônia. A taxa anual anunciada no final de 2009 foi a mais baixa em 20 anos: 7,4 mil quilômetros quadrados. “Isso não significa que estamos satisfeitos. Precisamos continuar melhorando e sempre há espaço para isso”, afirmou a Casa Civil.

Na época do grande investimento em frigoríficos, relatórios oficiais mostravam que a pecuária era responsável por 80% das áreas desmatadas. Em 2006, a Amazônia concentrava a terça parte do rebanho nacional. Em 2007, o ritmo das motosserras voltara a crescer. Com o dinheiro do BNDES, os frigoríficos reforçaram o avanço da pecuária na Amazônia: todos têm estabelecimentos industriais na região.

“Como consequência, verificou-se que alguns frigoríficos beneficiados pelo BNDES adquiriram gado de fazendas envolvidas com desmatamento ilegal e trabalho escravo”, relata auditoria aprovada pelo TCU.

Os investimentos do BNDES em empresas frigoríficas desde 2005 somaram R$ 12,7 bilhões. O tribunal avaliou também créditos do Banco da Amazônia e do Banco do Brasil, num total de investimentos de R$ 31 bilhões, que alcança parte do crédito rural concedido na década.

No momento em que os auditores foram a campo, não foi constatado descumprimento da legislação ambiental. Mas o relatório lembra que a prova de regularidade por parte dos tomadores de dinheiro começou a ser exigida em julho de 2008. E que esse controle não verifica os documentos nem avalia os impactos na cadeia produtiva.
Fonte: Marta Salomon, jornal O Estado de São Paulo, com o Observatório

Para ver a notícia completa, clique em
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,bndes-ajudou-a-patrocinar-desmatamento-da-amazonia-diz-tcu,628829,0.htm

Especulação internacional com terras do Cerrado 29.10.10

29.10.10

Batizada de LandCo, a empresa de comercialização de terras da SLC Agrícola ainda não foi oficialmente constituída, mas já trabalha com planos ambiciosos. A companhia deverá nascer até o primeiro trimestre do ano que vem com 90 mil hectares e capital para agregar mais 150 mil em três anos. Em 2013, portanto, poderá contar com 240 mil hectares, em áreas de Cerrado que hoje têm forte potencial de valorização.

Com a criação da nova empresa, o grupo pretende agregar valor àquelas que considera serem suas maiores expertises: de um lado, a produção agrícola em si, que permanecerá sob a responsabilidade da SLC Agrícola; do outro, a compra e a venda de terras, que ficará com a LandCo.

A nova empresa terá como foco a aquisição de terras com potencial de valorização, explica o diretor-presidente da SLC Agrícola, Arlindo Moura. Em seguida, diz, essas terras serão arrendadas para a própria SLC Agrícola, que poderá ocupá-las com a produção de grãos. Quando as propriedades alcançarem valores satisfatórios, poderão ser vendidas pela LandCo, em um ciclo contínuo. Com base no histórico de negociação de terras da SLC Agrícola nos últimos 10 a 15 anos, explica Moura, o potencial é que os ativos ofereçam uma rentabilidade anual da ordem de 19% a 20%.

Os 90 mil hectares iniciais serão transferidos à LandCo pela SLC Agrícola - que, assim, passará a ter 51% da nova companhia. A fatia restante deverá ser vendida a fundos soberanos estrangeiros - entre os principais estão os de países como Qatar, Dubai, China e Cingapura. "Já estamos negociando com alguns fundos. A ideia é que seja um pool deles", afirma Moura.

Por questões estratégicas, o presidente da SLC Agrícola não informou o valor de mercado das terras que serão transferidas, tampouco de quanto será o aporte dos futuros sócios pela participação de 49% da LandCo. "Ainda estamos em negociação e divulgar esses valores pode atrapalhar o andamento", justifica o executivo.

Ele diz que as novas terras adquiridas serão uma combinação de áreas degradadas e produtivas, sobretudo no
Piauí, onde há ainda muitas áreas para serem abertas, mas também em Tocantins e Maranhão. "Mato Grosso também continua sendo uma oportunidade. Há muita pastagem degradada, pouco produtiva", afirma.

Moura planeja que a nova empresa inicie a venda das terras ao final do período de três anos de investimentos, e em um ritmo de uma fazenda por ano. "Também pode haver um novo aumento de capital ao final desse período para ampliar as aquisições. Com os mesmos investidores ou com outros", afirma.

Moura admite temer que a restrição de compra de terras por estrangeiros venha a atrapalhar os planos da companhia em dez ou 15 anos, na medida em que pode diminuir a liquidez dos ativos.

De qualquer forma, a companhia segue em frente com seu negócio, apesar de considerar que deve vir pela frente uma "interessante" briga jurídica. "A lei à qual se refere a restrição é de 1971 e previa a existência de empresas estrangeiras e nacionais. A Constituição de 1988 vetou essa segregação e passou a considerar que todas as empresas instaladas no Brasil são brasileiras. Por isso, ao nosso ver, essa restrição é inconstitucional".

Fonte: Valor Econômico, reproduzida por
http://porkworld.com.br/noticias/post/slc-agricola-traca-ambicioso-avanco-no-mercado-de-terras

Emissões brasileiras de gases estufa aumentaram 60% entre 1990 e 2005 29.10.10

29.10.10

Desmatamento responde por 61% das emissões brasileiras, segundo o governo


As emissões brasileiras de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005, passando de 1,4 gigatoneladas para 2,192 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa). O número foi apresentado terça feira passada (26) pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, durante a reunião anual do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

O novo inventário nacional de emissões será apresentado à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas antes da próxima Conferência das Partes (COP), em novembro, em Cancún, no México. O balanço faz parte da Segunda Comunicação Nacional à Convenção – um relatório do que o Brasil tem feito para mitigar as causas e atenuar os impactos do aquecimento global.
O inventário anterior trazia os dados de 1990 a 1994. Para este ano, o compromisso assumido com a ONU era apresentar dados até 2000. Mas o governo brasileiro decidiu avançar e agregar números até 2005.

O desmatamento ainda é o principal vilão das emissões nacionais de gases de efeito estufa. O setor de mudança no uso da terra e florestas é responsável por 61% do total de emissões. A agricultura aparece em seguida, com 19% das emissões nacionais e o setor de energia é responsável por outros 15%.

O inventário também contabiliza emissões da indústria e do tratamento de resíduos, responsáveis por 3% e 2% do total nacional, respectivamente.

Rezende também apresentou uma estimativa das emissões brasileiras em 2009, que não será levada à ONU. Pelos cálculos, no ano passado, o Brasil teria emitido 1,775 gigatoneladas de CO2 equivalente, 33% a menos que em 2005. A queda, segundo o ministro, se deve principalmente à redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos, somada à manutenção do nível de crescimento de emissões nos outros setores.
Fonte: Luana Lourenço e Yara Aquino, repórteres da Agência Brasil

Levantamento no MT confirma que soja transgênica tem maior custo de produção 29.10.10

29.10.10

O Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea) revisou o custo operacional da safra de soja deste ano. Os valores com base no mês de setembro aumentaram em relação a projeção anterior, de agosto. Todavia, Sorriso continua com o custo operacional mais baixo de todo o Estado. No município, o hectare plantado deve sair por R$ 936,53. Já o custo mais alto no plantio ficará para os produtores de Campo Verde, R$ 1.037,09.


No entanto, se considerarmos o custo total do plantio da soja, Diamantino apresenta o menor valor cotado em R$ 1.487,34 por hectare. Já Sorriso ocupa o segundo custo mais baixo com o valor de R$ 1.503,80. Assim como o custo operacional, o total para os produtores de Campo Verde é o mais alto, em torno de R$ 1.615,08.
Vale ressaltar que em Sorriso e Diamantino a estimativa é para o plantio de soja convencional e já em Campo Verde para soja transgênica.

De acordo com o Imea, custo operacional é o valor que os produtores pagam pelos insumos como sementes, fertilizantes, defensivos e com as operações agrícolas como mão de obra. Já o custo total é a somatória do operacional com outras despesas como custo da terra, depreciação de maquinários, assistência técnica, transporte da produção, entre outros.
Fonte: Alex Fama/Só Notícias

Produtores de aves e suínos querem que governo acelere leilões de estoques de milho 29.10.10

29.10.10

O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho e Sorgo, César Borges, disse na quarta-feira passada (27) que o setor deve apresentar até amanhã ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, proposta para que sejam acelerados os leilões dos estoques públicos de milho. “Discutimos a volta rápida dos leilões. Agora mais para abastecimento do que para garantia de preços mínimos, já que os preços se elevaram”, disse Borges, após reunião da câmara.

Produtores de aves e suínos, que usam muito milho como ração, alertam para o perigo de falta do produto. No início do mês, durante a divulgação do levantamento da safra 2010/2011, representantes do Ministério da Agricultura falaram sobre a possibilidade de adotar a estratégia de fazer leilão dos estoques públicos dos 5,5 milhões de toneladas de milho para evitar que o custo maior acabe influenciando o preço dessas carnes.

Borges disse também que começou a ser discutido na câmara setorial o uso do milho para fabricação de etanol. Segundo ele, o milho seria usado de forma complementar para diminuir o período de ociosidade da indústria de etanol, que trabalha a todo vapor após a colheita de cana e depois fica meses parada até a colheita seguinte.

“Não é nossa ideia usar o milho como nos Estados Unidos”, explicou, depois de dizer que gostaria do apoio do governo. No entanto, ele admitiu que as conversas estão muito no início e, além disso, a maior bandeira do etanol brasileiro no exterior é justamente sua produção a partir de um produto que não serve de alimento para a população: a cana-de-açúcar.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: João Carlos Rodrigues

China continua importando muita soja, apesar de seus amplos estoques 29.10.10

29.10.10
De acordo com um especialista em alimentos, os suprimentos de soja e óleo comestível na China são capazes de satisfazer a demanda interna por conta dos estoques e das crescentes importações da oleaginosa. “Nós temos estoques amplos”, disse Shang Qiangmin, diretor do CNGOIC – Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China.

Entretanto, de acordo com o diretor do Centro Nacional, as importações ainda terão um enorme aumento neste ano. Segundo números do CNGOIC, as compras devem atingir 54 milhões de toneladas, superando muito o volume do ano passado de 42,55 milhões de toneladas.

Em outubro, as importações chinesas de soja devem alcançar as 4,65 milhões de toneladas e 4,5 milhões de toneladas em novembro e mais 4,7 milhões de toneladas em dezembro. Sem dar números específicos, Shang disse que os estoques chineses de soja cresceram significativamente nos últimos dois anos.

A nação asiática é a maior importadora mundial da oleaginosa e extremamente dependente do mercado internacional. Cerca de 60% do óleo comestível do país é importado. As importações incluem ainda extração de petróleo, soja e outras oleaginosas.

As vendas da soja norte-americana apresentam um incremento de 85% alcançando as 2,02 milhões de toneladas na semana que terminou no dia 14 de outubro. Desse total, 72% das importações tiveram como destino a China.

Preços

Segundo analistas, as cotações da soja na Bolsa de Chicago já sobem pela terceira semana e as especulações de que a China irá sustentar suas compras estimulam ainda mais o avanço dos preços. Aliado a isso, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), no início deste mês, reduziu sua previsão de produção de grãos para este ano, o que também atuou como catlisador para a subida dos valores.

"O rally de preços foi impulsionado pela alta no mercado internacional devido à alta sinergia entre o mercado nacional e mundial", disse ele.

A alta atingiu também o mercado de óleo comestível nos últimos três meses, o que gerou uma preocupação de que o aumento no atacado pudesse ser repassado também para o varejo. O preço médio do óleo de soja subiu mais de 30% no final de outubro, segundo números do CNGOIC.
Fonte: Notícias Agrícolas

ONU propõe normas para aquisições de terras por estrangeiros 14.10.10

14.10.10

Regras englobam o reconhecimento do direito à terra e aos recursos naturais a quem já ocupa as áreas agricultáveis e a transparência nas transações

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Pesquisa mostra que cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo

ROMA - A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, ontem (13), orientações para nortear o investimento estrangeiro na compra de terras em países emergentes. As regras foram propostas para incentivar o que a entidade chamou de "investimento responsável" em agricultura, que procura evitar a compra de milhões de hectares em várias regiões do mundo, geralmente em detrimento de quem ocupa essas terras.

As orientações englobam o reconhecimento do direito à terra e aos recursos naturais a quem já ocupa as áreas agricultáveis e a transparência nas transações. "Esses investimentos precisam de uma legitimidade que hoje não existe", afirmou Olivier De Schutteur, relator especial da ONU para o direito à alimentação, durante a conferência Mundial sobre Segurança Alimentar, que está sendo realizada em Roma.

A propriedade agrícola tornou-se assunto de grande repercussão com a crise internacional de alimentos de 2007 e 2008, quando a elevação dos preços dos grãos provocou protestos, surtos inflacionários e aumento da fome em muitas economias emergentes. O episódio também fez investidores ver oportunidade de lucro nos mercados de commodities agrícolas, e levou alguns a comprar vastas extensões de terras em países mais pobres onde o capital escasso impede uma produção de alimentos mais eficiente.

A recente disparada nos preços das commodities, provocada pelas quebras de safras de grãos no Leste Europeu e em outras regiões do mundo por causa de problemas climáticos, atraiu novamente a especulação de investidores financeiros, ajudando a jogar o tema da crise de alimentos novamente no centro das atenções. Esses investidores vão de países do Golfo, como o Catar, que são dependentes da importação de alimentos, a bancos da Europa e dos Estados Unidos e fundos soberanos.

Um relatório do Banco Mundial divulgado no mês passado revelou que 45 milhões de hectares de terras foram adquiridos nos países em desenvolvimento em 2009. Dois terços dessa extensão estão na África. No mês passado, o Saudi Star Group adquiriu 139 mil hectares de terras aráveis no oeste da Etiópia, onde sauditas já são proprietários de milhões de hectares. No vizinho Sudão a situação é a mesma. Eles argumentam que estão ajudando a modernizar a agricultura em países em desenvolvimento ao aumentar a oferta de empregos local e o fornecimento de novas tecnologias, cooperativas e serviços. "A falta de investimento é causa da fome de um bilhão de pessoas no mundo", defendeu John Latham, diretor de programa da FAO na ONU. "Precisamos encorajar o investimento; a falta dele tem sido um problema há muitos anos", disse. De acordo com a FAO, a produção agrícola tem que aumentar em 70% até 2050 para atender a demanda por alimentos, ração e biocombustíveis.

Mas especialistas criticam as transações envolvendo a compra de grandes extensões de terras dizendo que muitas delas são secretas e de legalidade duvidosa. Os direitos de quem as ocupa geralmente não são legalmente reconhecidos, o que leva os governos dos países em desenvolvimento a apresentá-la como área pertencente ao seu patrimônio, de acordo com Ruth Hall, do Instituto para Estudos da Pobreza, Terra e Questões Agrárias da Universidade do Cabo Ocidental. "O discurso da terra vaga simplesmente não é verdadeiro. As transações deslocam a população do local em vez de apoiá-la", afirmou. Ben White, do Instituto de Estudos Sociais de Haia, também argumentou que os produtores locais geralmente têm apenas a posse precária da terra, sem documentação legal de propriedade, e muitas vezes são seduzidos pelo dinheiro oferecido a eles. "Os agricultores são extremamente vulneráveis diante de corporações transnacionais de compra de terras", disse.

Especialistas também não estão convencidos de que as orientações definidas pela ONU vão combater a corrupção e as compras secretas de grandes extensões de terras. As orientações podem tentar reconhecer "os marginalizados", mas a história mostra que, sozinhas, as orientações não vão resolver o problema, afirmou Ian Scoones, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, da Universidade de Sussex.
Fonte: Ana Conceição, da Agência Estado, com o
Observatório. As informações são da Dow Jones.

Pesquisa mostra que 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo 14.10.10

14.10.10


Um estudo do Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI, na sigla em inglês) mostra que pelo menos 1 bilhão de pessoas sofrem de desnutrição no planeta. A situação é considerada grave na América Latina, especialmente na Bolívia, na Guatemala e no Haiti.

A pesquisa, intitulada Índice Global da Fome 2010, mostra que quase metade dos afetados pela desnutrição são crianças. Os níveis mais altos se encontram na África Subsaariana e no sul da Ásia.

O Brasil é considerado pelos pesquisadores como um caso de sucesso na questão do combate à fome. Segundo o estudo, entre 1974 e 1975, 37% das crianças brasileiras eram subnutridas. O índice caiu para 7% entre 2006 e 2007, melhora atribuída aos aumentos nos investimentos em programas de nutrição, saúde e educação ocorridos desde o fim da década de 70.

O estudo aponta também que o número de desnutridos voltou a crescer, após cair entre 1990 e 2006. A explicação é a crise econômica e o aumento nos preços globais dos alimentos. O IFPRI considera a situação “extremamente alarmante” em três países, todos africanos (Chad, Eritreia e República Democrática do Congo). Outros 26 países vivem situação “alarmante”.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Segurança Alimentar (FAO), um ser humano passa fome quando consome menos de 1.800 quilocalorias por dia, o mínimo para levar uma vida saudável e produtiva.

Com sede em Washington, o IFPRI é mantido pelo Grupo Consultivo de Pesquisas Internacionais em Agricultura (CGIAR, sigla em inglês), que é uma aliança de 64 governos, fundações privadas e organizações regionais. O objetivo do instituto é buscar soluções sustentáveis para acabar com a fome e a miséria no mundo.
Fonte: Sabrina Craide, repórter da Agência Brasil, com informações da BBC Brasil; edição: Talita Cavalcante

Exportações do agronegócio 14.10.10

14.10.10

- Recorde no acumulado do últimos 12 meses, alcançando US$ 72,3 bilhões
- Superávit da balança paulista de agronegócio cresce 30% de janeiro a setembro
- Exportação de carne bovina do Brasil caiu 12,5%
- Exportação de soja de MT tem queda de 20,4% no ano



As exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 72,3 bilhões entre outubro de 2009 e setembro de 2010, batendo o recorde na série histórica para o período de 12 meses. Com a crise financeira mundial superada, o Ministério da Agricultura prevê que o recorde anual, conquistado em 2008, com US$ 71,8 bilhões, seja batido este ano, chegando na casa dos US$ 73 bilhões. Os dados foram divulgados ontem (13).

O resultado de setembro também é recorde para o mês, com US$ 7,36 bilhões, e foi 28,1% maior do que o mesmo mês do ano passado. As importações também aumentaram 32,6% em relação a agosto, alcançando US$ 1,17 bilhão. A balança comercial do mês, com esse desempenho, registrou superávit de US$ 6,18 bilhões.


O ministério informou que os produtos que mais contribuíram para o aumento das exportações foram café (44,3%), carnes (14,2%), cereais, farinhas e preparações (151,5%), sucos de frutas (117,3%), produtos florestais (18,3%), complexo soja (6,7%), e fibras e produtos têxteis (58,7%).


Os países que mais aumentaram suas compras do Brasil foram a Argélia (337%), o Egito (113,4%), a Arábia Saudita (68,0%), o Irã (63%), a Itália (62%), o Japão (55,9%), a China (50,8%), e Coréia do Sul (46,7%).
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Rivadavia Severo

Superávit da balança paulista de agronegócio cresce 30% de janeiro a setembro
As exportações do setor somaram US$ 14,80 bilhões no período, 29,8% acima do registrado no mesmo período de 2009, quando as vendas externas atingiram US$ 11,40 bilhões

A balança comercial do agronegócio paulista gerou um superávit de US$ 9,05 bilhões no período de janeiro a setembro, alta de 30,2% ante os US$ 6,95 bilhões dos nove primeiros meses do ano passado, informou hoje o Instituto de Economia Agrícola (IEA). As exportações do setor somaram US$ 14,80 bilhões no período, 29,8% acima do registrado no mesmo período de 2009, quando as vendas externas atingiram US$ 11,40 bilhões. Já as importações saltaram 29,2%, de US$ 4,45 bilhões para US$ 5,75 bilhões, nos períodos avaliados.

O desempenho do agronegócio nos primeiros nove meses de 2010 segue melhor que o registrado em toda a balança comercial do Estado de São Paulo, que apresentou um déficit de US$ 12,02 bilhões no mesmo intervalo. Se o agronegócio não fosse considerado nos cálculos, o déficit seria de US$ 21,07 bilhões na balança comercial paulista.

O setor agropecuário ainda aumentou a participação, de 37,3% para 39,4%, em todas as vendas externas do Estado de São Paulo, se comparados os nove primeiros meses de 2009 e 2010. As exportações paulistas totais entre janeiro e setembro de 2010 somaram US$ 37,57 bilhões.

Já as importações do agronegócio responderam, nos primeiros nove meses, por 11,6% dos US$ 49,59 bilhões movimentados com as compras paulistas do exterior, baixa de 0,7 ponto porcentual ante os 12,3% do mesmo período de 2009.
Fonte: Gustavo Porto, jornal O Estado de São Paulo

Exportação de carne bovina do Brasil caiu 12,5%

O volume total de carne bovina exportado pelo Brasil (in natura, miúdos, carne industrializada e tripa) caiu 12,5% em setembro, alcançando 162,78 mil toneladas equivalente carcaça (tec). Em faturamento, o recuo foi de 12,8%, chegando a US$ 415,52 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A sazonalidade de compras de alguns mercados, além dos preços menos atrativos principalmente quando comparamos com o valor do boi gordo em alta, ocasionaram este recuo nas exportações brasileiras. Trata-se do menor volume exportado desde fevereiro deste ano, quando o Brasil exportou (considerando os mesmos itens listados anteriormente), 153,23 mil tec.
Fonte: Scot Consultoria/Agronotícias

Exportação de soja de MT tem queda de 20,4% no ano


A soja em grão se mantém como o principal produto de exportação em Mato Grosso. No acumulado deste ano, de janeiro a setembro, a comercialização do produto, porém não é tão grande como a registrada no ano passado. Neste período, foram comercializados US$ 3,1 bilhões do produto com o mercado exterior, equanto no mesmo período do ano passado houve US$ 3,9 bilhões de negócios. Uma queda é de 20,4%.

Além da soja em grãos, seus sub-produtos também registram quedas. Um dos exemplos, é a venda de óleo de soja bruto. De janeiro a setembro, o produto registra queda de 18,35% com comercialização de US$ 212,9 milhões. No mesmo período do ano passado, foram US$ 260,8 milhões. Queda também registrada na venda de algodão debulhado. Neste ano, foram negociados US$ 214 milhões, enquanto no ano passado foram de US$ 219,5 milhões. Uma redução de 2,51%.

Já a comercialização do milho em grão teve um aumento de 60,76% na comparação entre os anos. Até o momento, foram vendidos US$ 651 milhões do produto, equanto no mesmo período do ano passado, este valor ficou em US$ 405 milhões. As vendas de carne bovina desossada congelada também registra um bom aumento. No ano, foram negociados US$ 472,7 milhões, já no ano anterior, US$ 305,4 milhões. Aumento de 54,73%.

Fonte: Alex Fama/Só Notícias

Concentração no setor de carnes divide opiniões na cadeia produtiva 14.10.10

14.10.10

Atualmente os dez maiores frigoríficos do País detêm 30% do mercado nacional de abate, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne

A concentração no setor de carnes, que teve seu movimento mais intenso nos últimos dois anos com a crise econômica mundial, divide opiniões na cadeia produtiva do segmento. "A concentração mostra a potência da força do nosso país no setor. Mas tem que haver equilíbrio nesse movimento para haver a proteção ao produtor rural", afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, no evento "A Concentração na Indústria de Carnes - Consequências e Desafios", promovido hoje (14) pela entidade, em sua sede em São Paulo.

Segundo o coordenador de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, que representou a entidade no evento, embora houvesse um movimento intenso de fusões e aquisições no setor nos últimos anos, os dez maiores frigoríficos do País detêm 30% do mercado nacional de abate. "Além disso, 50% dos abates no Brasil ainda ocorrem de forma informal", disse Sampaio. "Mas não adianta nada uma indústria ter, por exemplo, 20% a 30% do mercado nacional, se em um único Estado é responsável por 100% dos abates", rebateu Ramalho da Silva.

O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Manoel Caixeta Haun, reconhece que a concentração traz alguns benefícios para o setor, mas ao mesmo tempo defende o cuidado com o produtor. "A concentração é favorável dentro do limite que não interfira e prejudique a negociação entre produtor e frigorífico. Há a necessidade de se buscar o mercado externo para a carne brasileira, - o que abre caminho para o produtor acessar esse 'novo' cliente - mas sem reprimir o mercado interno", disse.

Para ele, além da concentração, outro fator de preocupação nos últimos anos é o movimento intenso de recuperação judicial das empresas do setor. "A lei de recuperação judicial não pode acontecer somente para benefício da empresa e sim da cadeia produtiva. Tem frigorífico que pediu recuperação judicial e conseguiu renegociar a dívida com fornecedores em 20 anos, o que é ruim. Tem que ter uma interferência do governo na atividade produtiva, para que ninguém saia no prejuízo", disse, citando o caso do frigorífico Independência, em recuperação judicial desde maio de 2009. "O Independência deixou mais de R$ 70 milhões em débitos com credores/fornecedores e, só em Goiás, há um produtor que tem R$ 8 milhões remanescentes para receber", declarou.

Já para o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-GO), Antônio Flávio Camilo de Lima, falta uma atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no apoio à expansão das pequenas e médias companhias do setor. "O que tem que ser questionado é se o BNDES tem emprestado dinheiro para quem pratica sonegação fiscal e não tem financiado os pequenos e médios para sobreviverem nesse mercado", falou.

A regulação de contratos agroindustriais foi uma das soluções apresentadas pelo advogado de direito civil e agrário da Campos Scaff Advogados, Fernando Campos Scaff, como um mecanismo de proteção ao produtor na consolidação do setor. "Com a concentração, a tendência é que haja o acirramento da desigualdade da relação produtor/indústria, onde o produtor é a parte mais fraca e a empresa, a mais forte. Para isso não ocorrer, precisamos regular e tipificar os contratos agroindustriais", sugeriu.

Já para a professora da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, Sylvia Saes, a concentração está presente hoje em todos os segmentos da economia brasileira: financeiro, transportes, entre outros. "De certa forma, com todos as suas consequências e desafios, a concentração dos frigoríficos tem profissionalizado o setor, que ainda carece de evoluir tecnologicamente e em suas atividades de gestão", apontou.
Fonte: Suzana Inhesta, da Agência Estado

Nova exigência russa pode afetar vendas do frango brasileiro 14.10.10

14.10.10

Mais uma ação protecionista do governo da Rússia

Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, um novo desafio aguarda as empresas exportadoras de carne de frango para a Rússia: a partir de 1º de janeiro de 2011 estará proibida no país a utilização de carne de frango congelada para a elaboração de pós-processados. Ao anunciar a medida, Gennady Onishchenko, diretor do principal órgão responsável pela inspeção sanitária na Rússia (Rospotrebnadzor) concordou que “haverá sérias implicações no processo de importação”.

Ao mesmo tempo em que observava que a proibição passa a vigorar em menos de noventa dias (“para o que estão sendo efetuadas as necessárias alterações nos regulamentos sanitários”), Onishchenko comentou que a utilização da carne de frango congelada já está proibida desde o começo de 2010 na fabricação de alimentos infantis. Agora será estendida aos alimentos em geral, só se permitindo no pós-processamento a utilização de carne de frango resfriada.

Justificando a medida, o chefe do Rospotrebnadzor comentou que, “hoje, a carne resfriada pode ser estocada por até 120 dias em atmosfera gasosa inerte”. Mas não negou que o custo é fator capaz de dificultar a implantação da nova norma, apenas acrescentando que “de qualquer forma, a carne resfriada é muito melhor, em termos de valor fisiológico, que a carne congelada”. Porque – foi a explicação que encontrou – “a carne congelada pode sofrer sucessivos processos de descongelamento e congelamento”.

Como o anúncio ocorreu no início desta semana, ainda não foi possível avaliar em profundidade os efeitos que a medida trará para as empresas que exportam para a Rússia ou, mesmo, para aquelas que, internamente, desenvolvem processos de industrialização.

Mas, de princípio, parece estar claro que a própria avicultura russa será a grande beneficiada, já que – ao menos nessa área – não enfrentará concorrentes externos. No entanto isso afetará os preços internos dos pós-processados, já que o produto interno, independente de ser resfriado, é mais caro que os congelados importados.
Fonte: AvSite/Agronotícias

FAO espera anunciar a erradicação da peste bovina no mundo em 2011 14.10.10

14.10.10

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, disse hoje (14) que o esforço mundial no combate à peste bovina poderá ser capaz de erradicar oficialmente a doença. Diouf comparou esses esforços ao movimento ocorrido, nos anos de 1980, para acabar com a varíola. As discussões sobre o assunto ocorrem em Roma no Simpósio Global de Erradicação da Peste Bovina.

A expectativa, segundo Diouf, é que a Assembleia Mundial dos Representantes da Organização Mundial de Saúde Animal reconheça oficialmente, em maio de 2011, a erradicação da peste bovina.

Diouf lembrou que a peste bovina não afeta os seres humanos de forma direta, mas tem uma rápida capacidade de matar o gado e outros animais com casco. Segundo ele, há consequências também para a agricultura e a economia.

“O controle e a erradicação da peste bovina sempre foi uma prioridade para FAO, desde seus primeiros dias, cuja missão [principal] é derrotar a fome e fortalecer a segurança alimentar global", afirmou o diretor-geral.

Diouf lembrou que a peste bovina ao longo dos últimos séculos foi responsável pela morte de animais na Europa, Ásia e África. Segundo ele, houve fome generalizada e a doença dizimou milhões de animais selvagens e domésticos. “Em 1880, a peste bovina causou perdas de até 1 milhão de cabeças de gado na Rússia e na Europa Central", afirmou.

Em 1994, foi lançado o Programa Global de Erradicação da Peste Bovina com o objetivo de promover ações que colaborassem com a comunidade internacional para controlar a peste bovina de forma sistemática e abrangente. "O extraordinário sucesso do programa não teria sido possível sem os esforços e a determinação dos governos de todos os países afetados”, disse Diouf.
Fonte: Renata Giraldi, repórter da Agência Brasil, com informações da FAO; edição: Lílian Beraldo

Domínio tecnológico garante êxito da produção de palma no Brasil 14.10.10

14.10.10

O óleo de palma, também conhecido como dendê, é o mais consumido e produzido em todo o mundo. O Brasil tem a maior área com aptidão para o plantio dessa oleaginosa, apesar de importar mais da metade do que consome. “O desafio é expandir a produção de palma com critérios sustentáveis, sem perder a qualidade e a produtividade da planta”, destacou o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Denilson Ferreira, em entrevista coletiva à imprensa do Pará, ontem (13), em Belém.

Para suprir a demanda do mercado, Ferreira, o gerente-geral da Embrapa Transferência de Tecnologia, Ronaldo Andrade, e o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães, apresentaram a nova cultivar híbrida de palma, lançada pela Embrapa, que garante maior produtividade e resistência.

O híbrido de dendê BRS Manicoré é uma cultivar desenvolvida a partir do cruzamento entre o dendezeiro de origem africana (Elaeis guineensis) e o originário da região Amazônica caiaué (Elaeis oleifera). “A cultivar foi testada durante 20 anos em áreas onde normalmente ocorre o amarelecimento fatal, provocado por uma praga”, explica Ronaldo Andrade. Segundo ele, após esse período, o híbrido Manicoré não apresentou nenhum sintoma de amarelecimento. “Isso o torna ideal para o cultivo em regiões indicadas como preferenciais para o plantio da palma de óleo pelo zoneamento climático, como a região Norte”, destaca Andrade.

Uma das principais vantagens da nova cultivar é o teor de ácidos graxos insaturados (conhecidos como “gordura boa”) mais elevado do que nas outras espécies, tornando-a propícia para a indústria alimentícia e para a produção de biodiesel. Outras características do híbrido são a produtividade (30 toneladas por hectare ao ano), reduzida taxa de crescimento anual do caule (o que facilita a extração dos frutos), taxa de extração do óleo superior em cerca 20% à das outras espécies, ciclo de colheita mais longo e menor suscetibilidade ao ataque de insetos desfolhantes.

Biodiesel - O óleo de palma é considerado alternativa para a produção de biodiesel. O Brasil possui, de acordo com o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, cerca de 32 milhões de hectares de áreas desmatadas com aptidão para a expansão da cultura, sendo uma atividade agroindustrial com uso intensivo de mão-de-obra. É considerada uma atividade capaz de conter o fluxo migratório das populações rurais para os centros urbanos.

Além de seu valor para a economia nacional, com a produção do óleo, o cultivo do dendê também traz benefícios ambientais. A planta apresenta potencial para absorção de gás carbônico, podendo contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Fonte: Mapa

Limite a estrangeiros congela negócios com terra 29.09.10

29.09.10

Impactos do parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que restringiu as aquisições de imóveis rurais por estrangeiros começaram a aparecer. Empresas e fundos do exterior estão congelando investimentos no país em florestas, agricultura e cana-de-açúcar. A STCP Engenharia, de Curitiba, informa que a medida resultou na suspensão de cinco projetos florestais e agrícolas que estava tocando. Juntos, eles somam US$ 3,2 bilhões, sendo que US$ 700 milhões seriam destinados à implementação de indústrias.

A STCP é uma das maiores empresas florestais do mundo e atua em 36 países. Segundo seu vice-presidente, Joésio Siqueira, um dos projetos estava sendo feito no Tocantins e envolvia o uso de 180 mil hectares de reflorestamento para a produção de celulose e chapas de madeira. Outro refere-se a 50 mil hectares para cultivo de soja no Piauí. Ele citou ainda dois projetos na Bahia, de 150 mil hectares para florestas e 190 mil hectares para cana, com indústria para etanol, além de projetos de reflorestamento no Mato Grosso do Sul.

"Estamos buscando alternativas para viabilizar esses investimentos", diz Siqueira, que espera alterações na medida. Por enquanto, afirma, os investidores estão dispostos a esperar por mudança e não houve cancelamento de projetos.

Ederson de Almeida, sócio da consultoria Consufor, que atua em negócios de base florestal, diz que vai haver freada nos investimentos porque os fundos e empresas estão em alerta, de olho nas eleições e no que vai acontecer depois. "O risco aumentou e eles devem exigir retornos maiores", prevê. Segundo ele, há ainda questões a serem resolvidas. "Os advogados estão em cima do assunto. Bancos internacionais pegavam terra em garantia. Vão continuar pegando?", questiona.

Especialista em investimentos estrangeiros e negócios florestais, o advogado Tarcísio Araújo Kroetz, do escritório Hapner e Kroetz Advogados, afirma que o setor moveleiro e papeleiro estão perdendo oportunidade de investimentos em matéria-prima, que ficará mais cara. Ele argumenta que a Constituição não discrimina capital estrangeiro ou nacional e a restrição ao investimento trará impactos no crescimento econômico. "Acredito que deve haver regulamentação pelo governo. Desde que haja sustentabilidade e propósito, não vejo motivo para restrição", opina ele, que acrescenta que um parecer da AGU não pode ser contra a Constituição. "Como os fundos não atuam fora da lei, não terão o Brasil como alvo de investimento."

Na quarta, Kroetz conversou com empresários indianos que compram madeira brasileira e arrendam terra no país. Eles têm negócios no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul e também suspenderam investimentos. "Disse a eles que precisam ter paciência", conta o advogado, que ontem conversou ainda com representantes de fundos que têm investimentos no Rio Grande do Sul.

Os negócios com florestas do escritório respondem por 15% do total. Kroetz acredita que a medida será questionada e derrubada na Justiça. Segundo ele, a resolução não se posiciona diante de situações como a do estrangeiro que tenha indústria consumidora de produtos florestais e precise de terras para plantá-los.
Fonte: Valor Econômico


Fusão pode criar mais um gigante das commodities 29.09.10

29.09.10

Louis Dreyfus negocia com Olam, de Cingapura, acordo de US$ 15 bi para formar 3ª maior "trading" agrícola do mundo
A Louis Dreyfus, "trading" (comercializadora) de commodities francesa que opera sob controle familiar, está negociando uma fusão com a rival Olam, de Cingapura, para criar a terceira maior "trading" agrícola do mundo.
A Olam revelou as negociações dia 24 pp., o que fez com que suas ações atingissem o maior valor em três anos. A empresa informou que as duas companhias estavam discutindo "uma possível colaboração de negócios que pode tomar a forma de, entre outras coisas, uma fusão".

A combinação delas criaria uma empresa com valor de mercado estimado de US$ 15 bilhões e que seria a maior operadora nos mercados de commodities como algodão, arroz e café -e teria presença formidável também nos de cacau, trigo, milho e sementes oleaginosas.
Caso a fusão seja concretizada, formaria a terceira maior "trading" mundial, depois da Cargill e da Archer Daniels Midland -ADM. A Olam, que tem valor de mercado de cerca de US$ 5 bilhões, anunciou que as discussões por enquanto são "preliminares" e acautelou que elas podem ser abandonadas sem acordo.

As ações da Olam subiram 56,8% em Cingapura, cotadas a 33,15 dólares de Cingapura, depois do anúncio. Elas registram alta de 30,7% nos últimos 12 meses. A Louis Dreyfus está considerando uma mudança radical em sua estrutura de propriedade e há rumores no mercado de que estaria considerando diversas opções, entre elas, a abertura do seu capital em Bolsa de Valores.
O grupo francês teve receita de US$ 34 bilhões em 2010, o dobro de seu faturamento em 2006. Os executivos de "tradings" rivais acreditam que seu valor de mercado seja da ordem de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões.

EXPANSÃO

A Louis Dreyfus está tentando se expandir para além de seu papel tradicional como "trading" pura, o que faz dela uma empresa de grande receita, mas margens ínfimas de lucro, por meio de investimento em ativos de produção -mais lucrativos, mas que exigem mais investimento de capital pesado.

Dirigida por Serge Schoen desde 2005, a empresa anunciou que sua prioridade seria desempenhar um papel na consolidação do comércio de commodities nas Américas, mas também deseja "materializar" suas ambições na Ásia e "aproveitar oportunidades de crescimento no Oriente Médio e na África".

Com o tempo, a Louis Dreyfus afirma que "o comércio de produtos agrícolas crescerá, dada a expectativa de um alargamento do desequilíbrio entre as regiões de oferta e as de procura". No passado, a empresa conseguiu bancar sua expansão por meio de empréstimos e aproveitando seu fluxo interno de caixa, como aconteceu no período de rápido crescimento das décadas de 70 e 80, quando começou a comercializar algodão, frutas cítricas e café.

Mas o novo esforço de expansão surge em um período de ativos com valores mais elevados -e concorrentes acreditam que a empresa não seja capaz de crescer no ritmo desejado sem obter uma nova fonte de capital.
Fonte: jornal FINANCIAL TIMES; tradução de Paulo Migliacci, para Folha de São Paulo.

Cargill paga R$ 600 milhões por área de atomatados da Unilever 29.09.10

29.09.10

Empresa assume negócio que detém 40% do mercado nacional
A norte-americana Cargill, empresa com presença brasileira desde 1965, anunciou ontem a aquisição da divisão de atomatados da holandesa Unilever.

O negócio transforma a empresa em líder nos três segmentos dessa indústria (molho, extrato e polpa), com mais de 40% de participação no mercado nacional. A empresa pagará R$ 600 milhões pelo negócio.

A operação amplia a presença da Cargil no varejo brasileiro de alimentos e assegura à empresa o controle de marcas líderes do mercado nacional, entre os quais os molhos de tomate Pomarola e Tarantella, os extratos de tomate Elefante e Extratomato ou a polpa de tomate Pomodoro.

A empresa assumirá também a unidade industrial localizada em Goiânia, onde são processados por ano cerca de 300 mil toneladas de tomate. A Cargill controlará ainda uma rede de produtores de tomate com unidades agrícolas no entorno da capital de Goiás.

Após a venda da unidade industrial, a Unilever passará a ser uma cliente da Cargill na obtenção de atomatados, ingrediente usado nos produtos do segmento de comidas prontas.

Para Marcelo Martins, presidente da Cargill no Brasil, o negócio amplia o portfólio da empresa no mercado de ingredientes.

A Cargill já possui alguns dos produtos que integram esse segmento, como o óleo de cozinha (Liza, Veleiro, Purilev e Mazola), óleos compostos (Maria e Olivia) e maionese (Liza, Maria, Mariana e Gourmet).

SAÍDA

Além da produção local, a empresa detém as licenças de comercialização e distribuição de produtos como os azeites Gallo e La Española, as azeitonas Gallo e as massas Delverde."A avaliação é que a produção de atomatados ajude a complementar o portfólio de produtos no Brasil e nos permita reforçar o plano para sermos um grande fornecedor de alimentos no mundo", disse.

Martins afirmou que a Cargill só tomou a decisão de avançar no mercado de atomatados após a saída da Unilever. "Não queríamos competir com nenhum cliente estratégico, e a Unilever era um desses clientes. Como eles decidiram sair, nós então tomamos a decisão de disputar o negócio", disse Martins.

Segundo ele, essa posição pode ter contribuído para o sucesso da aquisição.

A negociação durou seis meses e o banco Santander foi a instituição financeira que assessorou a Unilever. A Cargill não recorreu a bancos. Por ora, pretende bancar a operação com recursos próprios, mas isso ainda não está definido.

APROVAÇÃO

O negócio será submetido ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O objetivo da Cargill e da Unilever é fechar o negócio até o final deste ano.
Fonte: Agnaldo Brito, Folha de São Paulo

Atores da cadeia produtiva da rã querem atingir escala comercial 29.09.10

29.09.10

Organização da cadeia produtiva, exploração de nichos de mercado, visibilidade social e política e novas tecnologias para aproveitamento dos descartes como ração animal. Estas foram as principais conclusões do Workshop sobre Mercado para Carne de Rã promovido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos esta semana. Pesquisadores, produtores e empresários do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná que participaram do evento firmaram compromissos para colocar a ranicultura em outro patamar.

Segundo André Muniz Afonso, da Universidade Federal do Paraná, o que falta para a ranicultura é volume para escala comercial. “Mesmo assim, encontramos em nichos de mercado nacional produtos como salsicha, hambúrguer, linguiça e conservas além de pele sendo usada em acessórios de couro ou aplicada como biocurativos como em Goiás. No entanto, muita coisa ainda é desperdiçada como vísceras, cabeça e patas. Esse material poderia ser empregado como ração animal de excelente qualidade nutricional pois tem alto teor mineral”, explicou.

A opinião é compartilhada por Izolda Martins Viriato, diretora da Coopercramma. “Abatemos mais de 2 toneladas de rã por mês para açougues, delicatessens e restaurantes do Rio de Janeiro e é difícil atender a demanda por falta de matéria-prima”. Para não ficar na ociosidade, a cooperativa também trabalha com carne de jacaré e tilápia, mas é a rã que dá maior retorno financeiro. “Vendemos coxa a R$ 35 o quilo no atacado”.

Para Leandro Di Petro, da Ranaville, tão importante quanto reconhecer os gargalos e ter disposição para superá-los é trabalhar pela representação da atividade na aquicultura. “A organização da cadeia é fundamental para garantir escala e marketing, mas é preciso ganhar também peso político para que os entraves burocráticos sejam minimizados”.

De acordo com dados do Ibama, a produção anual de carne de rã chegou a 603 toneladas em 2007. São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro são os principais estados produtores. No Brasil, a rã touro é a mais indicada para criação em função da precocidade e rusticidade. “Em sete meses, o animal atinge o ponto de abate. No Canadá, de onde a espécie é originária, são necessários sete anos”, explicou Cláudia Maris Mostério, do Instituto de Pesca de São Paulo.

Na avaliação de André Yves Cribb, pesquisador da Embrapa, o workshop conseguiu agregar atores importantes da cadeia produtiva e que estão motivados para trabalhar juntos. “Outro ganho do evento foi o interesse dos empresários pela transferência de tecnologia da Embrapa para produção de alimentos a partir da carne do dorso de rã como salsicha, patês e conservas”, afirmou. Os participantes do evento devem criar em breve um site para dar visibilidade a novos projetos e atividades.
Fonte: Soraya Pereira, Embrapa

Produtores estão negligenciando medida que previne ferrugem da soja 29.09.10

29.09.10

O vazio sanitário, como é chamado o período da entressafra quando os agricultores não devem plantar soja para evitar a proliferação da ferrugem asiática, a pior praga que ataca essa cultura, não vem sendo seguido como deveria por boa parte dos sojicultores. Segundo o presidente da Câmara Setorial de Insumos, Cristiano Valter Simon, é preciso reforçar as campanhas de governo para que os produtores tomem consciência do problema e contenham o avanço da praga.

“Eles não respeitam porque não sabem. Além disso, o período é diferente em cada estado”, explicou Simon, reforçando a necessidade das campanhas regionais. Para ele, a divulgação é essencial para que o vazio sanitário seja cumprido, e deu como exemplo a campanha brasileira de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, que chegou à marca de 95% de retorno e tem reconhecimento internacional.

A ferrugem asiática reduz a produtividade da soja pelo desfolhamento precoce da planta. Ela foi observada pela primeira vez no Japão em 1902, mas só apareceu no Brasil na safra 2000/2001. Em 2006, os estados de Mato Grosso e Goiás, que estão entre os maiores produtores de soja do país, lançaram instruções normativas regulamentando o vazio sanitário. São 90 dias sem soja durante a entressafra, incluindo a eliminação das plantas voluntárias.

O coordenador-geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Rangel, reconheceu que o vazio sanitário precisa de um “reforço” na divulgação, na adesão dos produtores e também na fiscalização. “No começo da campanha a adesão foi boa, mas, com o tempo, os agricultores deixaram de acompanhar”.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

FAO pede alternativas para evitar que alta dos preços afete pobres 29.09.10

29.09.10

A ameaça de que mais pessoas passem fome no mundo em decorrência da alta dos preços dos alimentos fez o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) reagir. A ordem para os 75 países membros da organização é buscar alternativas que driblem a carência provocada pela elevação dos preços dos alimentos principalmente dos grãos – trigo, milho e arroz. A decisão foi tomada na última sexta-feira (24), em Roma.

As recomendações se baseiam nas orientações do grupo que analisa Segurança Alimentar Mundial (cuja sigla em inglês é CFS). O objetivo é fazer com que cada país apresente sua proposta para contornar os efeitos das altas dos preços.

De acordo com a FAO, os mais atingidos pela alta dos preços são os países importadores de trigo, onde o produto é a base da alimentação. Com isso, os mais afetados devem ser os países do Oriente Médio e Norte da África – no caso o Egito que é o maior importador do mundo - , além de áreas específicas na Ásia e na América do Sul.

O impacto do aumento dos preços internacionais do trigo para os consumidores dependerá das políticas em vigor nos diferentes países, segundo a FAO. Por enquanto, nos países da América Latina, os preços do trigo permanecem estáveis. Mas nos países da região da América Central, os preços do milho, que é a base da alimentação, sofreram aumentos.

A situação mais grave foi registrada em Moçambique, na África, onde o preço do trigo aumentou cerca de 30% provocando alta no valor do pão e gerando vários protestos nas ruas das principais cidades do país. Na Ásia a situação também é considerada grave, como no Afeganistão, que registrou alta de 24% na farinha de trigo, na Mongólia foi de 23%, em Bangladesh, 21% e no Paquistão, 8%.

Apenas em julho o preço do trigo subiu, em média, de 60% a 80% enquanto o valor do milho aumentou aproximadamente 40%. O arroz aumentou apenas 7%, segundo dados da FAO. A alta dos preços foi provocada por uma série de fatores, como seca em algumas regiões, e chuva em outras.

Pela previsão da empresa Crop Prospects, que atua em parceria com a FAO, a produção de grãos este ano deve cair em 1% em comparação a 2009. A estimativa é de produção de 2.239 milhões de toneladas de grãos. O relatório da companhia analisou a importação de cereais de 77 países apontados como mais pobres, de baixa renda e registros de déficits negativos.
Fonte: Renata Giraldi, repórter da Agência Brasil; edição: Lílian Beraldo

Europa paga 50% a mais pela soja orgânica brasileira 13.09.10

13.09.10

A soja brasileira está barata no mercado externo, quando se trata do grão geneticamente modificado. Grandes produtores dominam esse ramo do agronegócio e a grande maioria optou por cultivar soja transgênica. As super safras do grão no Brasil e nos Estados Unidos acabam derrubando o preço no mercado externo.

Já no ramo da soja orgânica, isso não acontece. O mercado europeu valoriza, cada vez mais, o grão natural cultivado com técnicas ecológicas e sem uso de agrotóxicos químicos. Esse é o caso de Vili Ermi Hoffmann, pequeno agricultor da região de Capanema, no Paraná. Proprietário de uma área de apenas 15 hectares, Vili optou, há cerca de 14 anos, por trabalhar do modo mais natural possível as safras de soja e trigo plantadas por ele, esposa e filho. No momento, a família está limpando a área para receber sementes naturais de soja e trigo, assim que as chuvas começarem.

“Essa será a 14ª safra. Já entreguei 13. Portanto, trabalhamos com soja orgânica há quase 14 anos e com muita satisfação”, diz o agricultor, bisneto de alemães que chegaram à região de Capanema na década de 40. A propriedade de Vili fica no município de Planalto, próximo de Capanema.

Ele colheu pouco mais de 700 sacas de soja e quase 400 de trigo, com grãos orgânicos e certificados, na última safra. “Vendo tudo para a Gebana. Vai tudo pra Europa. Eles fazem a certificação orgânica e eu não pago nada por ela”, conta, referindo-se à pequena multinacional suíça que promove a certificação e a comercialização dos orgânicos, em cooperação com os produtores.

A soja brasileira está muito barata, segundo Vili. No momento, a saca de soja transgênica custa em torno de R$ 30, e da orgânica cerca de R$ 45. Já a saca da soja convencional (não-transgênica) vale em torno de R$ 1 a mais do que a transgênica.

“A saúde das pessoas e dos animais não fica boa com a soja com agrotóxico. Por este motivo comecei a plantar orgânico. Deixei de plantar fumo por causa da quantidade de pesticidas que tinha de usar na plantação”, conta ele com seu forte sotaque alemão. “Sou contra os transgênicos. Pode ser prejudicial para o meio ambiente e para o ser humano e animais”, enfatiza.

Mais trabalho

O plantio da soja orgânica é mais caro e trabalhoso, mas Vili não desiste. “A soja orgânica dá 70% mais trabalho do que a convencional”, explica o agricultor. Só pra limpar o solo, depois da colheita, são quatro meses. “Gasto um pouco mais com trator, para gradear e depois semear”, acrescenta.

Sobre o avanço das culturas transgênicas a Região Sul, Vili diz que, por enquanto, não se preocupa. "Se a soja transgênica chegar perto, será um golpe para nós", diz ele. A proximidade de uma plantação transgênica representa risco de contaminação para os plantios orgânicos, pois poderia haver cruzamento das espécies pelo processo de polinização natural. Isso geraria a depreciação do preço do grão orgânico. “Minha lavoura é muito afastada das lavouras transgênicas e também plantamos cana de pasto, a canalita, ao redor dos orgânicos; ela funciona como uma barreira aos transgênicos”.

O Programa Soja Responsável da Gebana, que incentiva os pequenos agricultores da região de Capanema a se certificar para plantar soja convencional, representa uma garantia para Vili e outros produtores de soja orgânica. “Será uma boa se plantarem apenas soja convencional aqui na região. O problema é que não sabemos até quando”, observa. “Espero que o preço dos orgânicos melhore nas próximas safras, mas não podemos nos queixar”, conclui.
Fonte: Agronotícias

Agrotóxicos contaminam moradores em Mato Grosso 13.09.10

13.09.10

Pesquisa da Fiocruz/UFMT mediu efeito do uso de agrotóxicos
Governo vai ampliar monitoramento de resíduos tóxicos em produtos de origem vegetal

Pesquisa feita em dois dos principais municípios produtores de grãos de Mato Grosso encontrou resíduos de defensivos agrícolas no sangue e na urina de moradores, em poços artesianos e amostras de água da chuva coletadas em escolas públicas.

O trabalho, uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz e a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), mediu efeitos do uso de agrotóxicos em Campo Verde e Lucas do Rio Verde (médio-norte de Mato Grosso).
O monitoramento da água de poços revelou que 32% deles continham resíduos de agrotóxicos, também achados em mais de 40% das amostras de chuvas. Já 11% das amostras de ar tinham resíduos de tóxicos como o endossulfam -que teve seu banimento recomendado por seu potencial cancerígeno.

A pesquisa agora analisa a correlação entre esses dados e registros de intoxicações, câncer, má-formação fetal e distúrbios neuropsicológicos nos municípios. "Sabemos que a incidência desses problemas é maior onde há o uso intensivo desses produtos", diz o médico Wanderley Pignati, da UFMT.
Segundo o estudo, Mato Grosso despejou na última safra cerca de 105 milhões de litros de agrotóxicos -11% do total do Brasil. No período, as cidades pesquisadas colheram 2,5 milhões de toneladas de soja e milho -8% do estimado para o Estado.

Para Pignati, os dados evidenciam "falta de cuidado". "Fala-se sobre o uso seguro do agrotóxico apenas em relação ao trabalhador que o aplica. E para o ambiente?"
Fonte: Rodrigo Vargas, de Cuiabá, Folha de São Paulo

Governo vai ampliar monitoramento de resíduos tóxicos em produtos de origem vegetal

O Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) vai ampliar o monitoramento sobre a qualidade dos produtos de origem vegetal em relação aos níveis de resíduos agrotóxicos. Na safra 2010/2011 foram incluídos seis novos produtos que serão submetidos à análise: alho, soja, laranja, pimentão, feijão e café. A ação foi oficializada por meio da Instrução Normativa 21, publicada dia 9 pp. no Diário Oficial da União.

O monitoramento faz parte do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal, que inclui 25 culturas entre grãos, frutas, oleaginosas e hortaliças: abacaxi, alface, amendoim, arroz, banana, batata, castanha-do-brasil (castanha-do-pará), limão, lima ácida, maçã, mamão, manga, melão, milho, morango, pimenta do reino, tomate, trigo e uva, além das recém incluídas.

De acordo com o Serviço de Controle de Resíduos da Área Vegetal do Mapa, o programa coleta 1.525 amostras de alimentos nacionais e importados como o trigo, por exemplo. Este cereal é o principal produto agrícola importado pelo Brasil e responde por quase metade da necessidade interna. O número de amostras coletadas de produtos importados depende do volume adquirido pelo Brasil.

Os alimentos produzidos no país são coletados em estabelecimentos beneficiadores e em centrais de abastecimento, principalmente na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), um dos maiores centros de comercialização atacadista do mundo. Já as amostras de produtos importados são coletadas nas aduanas.
Fonte: Christina Machado, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

Carnes: Rússia promove "embargos-relâmpago" 13.09.10

13.09.10

Maior mercado para a carne bovina brasileira no exterior, a Rússia mantém os exportadores sob pressão ao adotar uma política instável de frequentes "embargos-relâmpago" para atender a interesses imediatos.

O "abre-e-fecha" russo tem como alvo principal o recente processo de concentração dos frigoríficos brasileiros. Governo e importadores russos não querem ficar reféns de dois ou três grupos. O recado vem sendo repassado a autoridades brasileiras desde meados de 2009. Os russos insistem em ampliar fornecedores, mas querem indicar empresas e elegem seus interlocutores.

As indústrias do Brasil ocuparam espaços de competidores, mas as cotações da carne têm subido por causa da alta do boi. No fundo, o objetivo da Rússia é renegociar preços. Por isso, o país usa pretextos sanitários e adia o envio de nova missão para habilitar mais frigoríficos. Na quarta-feira, anunciou a restrição às exportações de plantas da JBS no Brasil, EUA e Argentina.

"São problemas burocráticos. O nosso sistema continua bom", diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim. "Ocorre que o Brasil não é mais um pequeno ator, incomoda os competidores lá fora". Para ele, que embarcará para Moscou até o fim deste mês, a Rússia aceitará uma nova discussão da equivalência das regras sanitárias.

Todos os grandes exportadores de carne do Brasil enfrentam alguma restrição da Rússia atualmente. Segundo o Serviço Federal de Inspeção Veterinária russo, a JBS tem 18 unidades habilitadas a exportar à Rússia. Desse total,12 plantas têm "restrições temporárias", três sofrem "reforço de controle", o que obriga a verificação de todas as cargas recebidas em território russo, e três são "aprovadas". A Bertin, controlada pela JBS, tem quatro plantas aprovadas. No caso da Marfrig, são 16 plantas autorizadas e três com restrições temporárias. O Minerva tem sete plantas habilitadas e apenas uma com essa restrição. Procuradas, as empresas não se pronunciaram.
Fonte: Valor Econômico

MME quer multiplicar por 15 a área de cana para etanol 13.09.10

13.09.10

O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas Energia (MME), Marco Antônio Almeida, defendeu hoje (13) a expansão da produção de etanol no país. Segundo ele, as terras cultivadas deveriam passar de 0,5% do território nacional para 7,5%.

“O Brasil produz etanol com qualidade de forma sustentável. Hoje, temos o potencial de produzir 16 vezes mais na área, passando de 0,5% para 7,5% do território cultivado”, afirmou ele ao participar da Feira Internacional do Petróleo e Gás, no Rio de Janeiro.

Ao lembrar que o zoneamento da produção impede o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal de Mato Grosso, na Amazônia e na região do Alto Paraguai, o secretário voltou a explicar que o aumento da produção do etanol não prejudicará o cultivo de alimentos no país. “Um estudo demonstra que estão disponíveis para expansão 12% das áreas no Brasil que não são utilizadas para produção de grãos, não são para produção de etanol, pastagens e não são áreas não agricultáveis como cidades e reservas ambientais”, destacou.

Segundo o secretário, para estimular o setor, o governo tem planos de incentivar a classificação do produto como commodity (produto básico cujo preço é cotado no mercado internacional), aumentando o cultivo e incentivando o consumo. Isso evitaria, segundo ele, a falta de etanol no mercado. “Um problema qualquer que tivermos, com o clima, por exemplo, teremos dificuldade de atender às demandas internacionais, o que não é bom. É fundamental que vários países participem do programa do etanol”, defendeu.

Os planos do ministério também incluem aumento da produção de biodiesel no país. O objetivo é diversificar a produção do combustível, que está muito concentrada na soja, segundo Almeida, além de revisar o percentual de adição de biodiesel ao óleo diesel.
Fonte: Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

Greenpeace denuncia desmate na Fazenda do grupo Opportunity 13.09.10

13.09.10

O Greenpeace realizou na semana passada denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF) do Pará sobre um novo foco de desmatamento na Fazenda Eldorado do Xingu, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, ligada ao grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. A organização ambientalista cruzou informações de satélite do governo com as imagens georeferenciadas da propriedade rural, que apontou o desmatamento de 450 hectares de floresta entre abril e junho deste ano.

Em nota, a empresa negou que tenha realizado desmatamentos ilegais na fazenda. Mas a JBS, maior companhia de carne bovina do mundo, informou que suspendeu as compras de boi da propriedade depois da divulgação das imagens pelo governo. "Essa fazenda está suspensa para nós", afirmou ao Valor Angela Garcia, porta-voz da empresa.

O frigorífico diz ter comprado gado bovino da propriedade pela última vez em 26 de junho, quatro dias antes da divulgação das imagens oficiais. A companhia não informou o volume de carne oriunda da Eldorado do Xingu.

O desmatamento entre os meses de abril e junho foi apontado pelo Deter, levantamento mensal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para agilizar as ações de fiscalização das autoridades ambientais. Em São Félix do Xingu, onde está a propriedade denunciada, o sistema apontou aproximarmente 988 hectares de floresta nativa destruídos nesse mesmo período - a Fazenda Eldorado do Xingu, portanto, foi responsável por quase a metade da área.

Após o cruzamento de dados, o Greenpeace realizou a verificação de campo - o sobrevoo para confirmar se houve, de fato, o desmatamento. A ONG registrou centenas de árvores tombadas, que formam um efeito "paliteiro" de troncos caídos vistos do céu. De acordo com Márcio Astrini, da campanha "Amazônia" do Greenpeace, é um sinal de que a queimada será realizada ainda neste ano para plantio de pasto.

Embora negue os desmatamentos, a Agropecuária Santa Bárbara afirma que "não tem conseguido evitar que invasores pratiquem barbáries, matem gado, destruam instalações, provoquem incêndios e desmatem ilegalmente, criando fatos como o ora denunciado". A empresa diz, ainda, que a denúncia "parece ser mais um cruel desdobramento de campanha difamatória patrocinada por organismos internacionais contra a pecuária brasileira e particularmente os produtores do Pará, com o objetivo de sujar a imagem de todo o agronegócio nacional". Com 118 mil hectares, a fazenda já foi embargada no passado pelo Ibama.

Para o Greenpeace, o evento mostra a vulnerabilidade do consumidor brasileiro em relação à carne que consome. Isso porque a Eldorado do Xingu vende também para médios e pequenos frigoríficos, que não pactuam do acordo para desmatamento zero na Amazônia firmado em 2009 entre MPF, Greenpeace e grandes frigoríficos. Se não houver pressão, a carne ilegal continuará a chegar ao varejo. "Estamos comendo essa fumaça", diz Astrini.
Fonte: Bettina Barros, Valor Econômico

Fiscais resgatam trabalhadores em condição análoga à escravidão no RJ e em MG 13.09.10

13.09.10

Fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro resgataram 95 trabalhadores em regime análogo ao de escravidão no município de Campo dos Goytacazes (RJ).

Os fiscais encontraram os trabalhadores em fazendas de cana-de-açúcar sem registro de Carteira de Trabalho, água potável ou local apropriado para refeições. Eles também não tinham equipamentos de proteção nem acesso a instalações sanitárias.

Os trabalhadores libertados receberam, ao todo, R$ 100 mil em verbas rescisórias e por dano moral individual. Os fiscais do trabalho encaminharam requerimentos de seguro desemprego na modalidade trabalhador resgatado.

Em Minas Gerais, 51 lavradores também foram resgatados em situação irregular no cultivo de morango na zona rural do município de Cambuí. Do total, 39 trabalhavam em lavouras em condições análogas às de escravo e outros dez trabalhavam num galpão de seleção, embalagem e armazenamento de morangos, sem Carteira de Trabalho assinada e sem registro em livro. Apenas dois tinham registro formal, mas trabalhavam em situações precárias. Entre os trabalhadores havia sete adolescentes com idade entre 15 e 17 anos trabalhando em horário noturno e sem intervalo mínimo de uma hora para repouso ou alimentação.

De acordo com os fiscais, os trabalhadores não usavam os equipamentos de proteção necessários e não tinham acesso a instalações sanitárias adequadas ou local para refeições. Além disso, eles também não tinham água potável ou materiais de primeiros socorros nas frentes de trabalho. Os lavradores manipulavam agrotóxicos sem proteção e treinamento, e os insumos eram armazenados de forma irregular.

O grupo de fiscalização interditou as áreas de cultivo e o galpão usado para o armazenamento dos produtos. O empregador deverá pagar R$ 248 mil em verbas rescisórias aos trabalhadores. 
Fonte: Roberta Lopes, repórter da Agência Brasil; edição: Lílian Beraldo

Governo brasileiro limita compra de terras por estrangeiros 25.08.10

25.08.10

Parecer determina maior controle sobre aquisições de terras por estrangeiros
Fonte: Lúcio Vaz, repórter do Correio Braziliense


Foi publicado no dia 23 pp., no Diário Oficial da União, um despacho do presidente Luiz Inácio da Silva aprovando o novo parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), que impõe maior controle sobre a aquisição de terras por estrangeiros no país.

Baseada em dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a AGU reconheceu que o Estado brasileiro havia perdido o controle efetivo sobre a aquisição e o arrendamento desses terrenos. O parecer equipara os empreendimentos de fora a companhias brasileiras cuja maioria do capital esteja nas mãos de não residentes no país ou de empresas estrangeiras não autorizadas a operar no Brasil.
A ausência de controle dessas aquisições teria gerado a valorização excessiva do preço da terra, a expansão da fronteira agrícola em áreas de proteção ambiental, o aumento da grilagem e da venda ilegal de terrenos públicos, a aquisição de propriedades em faixas de fronteira, pondo em risco a segurança nacional, além de práticas como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
A AGU esclarece que a nova abordagem sobre o tema surgiu a partir da crise de alimentos no mundo e da possibilidade de adoção, em larga escala, do biocombustível como importante fonte alternativa de energia. O parecer foi elaborado pelo consultor-geral da República, Ronaldo Vieira Júnior, e encaminhado ao presidente Luiz Inácio da Silva pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.

O parecer revisa as regras definidas pela AGU em 1998, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, interpretando a Constituição federal de 1988. Não havia dúvidas quanto à aplicação de restrições e limites às pessoas físicas e às empresas estrangeiras previstas na Lei n° 5.709/1971. A questão se restringia à equiparação das empresas brasileiras com controle de capital estrangeiro às companhias estrangeiras. Segundo o parecer assinado pelo consultor-geral, “passados 14 anos, o novo contexto econômico mundial impunha um reposicionamento do governo federal sobre o tema”.

Vieira Júnior lembrou o pronunciamento do presidente do Incra, Rolf Hackbart, em audiência pública das comissões de Agricultura, Reforma Agrária, Defesa do Consumidor e Fiscalização do Senado, em março de 2008. Para Hackbart, o sistema vigente permitia “a ocupação desenfreada de terras em nível nacional por estrangeiros, mascarada legalmente, com a justificativa de serem adquiridas por empresas brasileiras. Além disso, os serviços registrais (cartórios) entendem não ser necessário a comunicação da relação dessas aquisições à Corregedoria de Justiça e ao Incra”.

“Insegurança jurídica”


A AGU havia firmado posição favorável à revisão do parecer em 2008, mas surgiram pressões contrárias, dentro e fora do governo. Naquele ano, a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) enviou carta à então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, externando preocupação com a eventual revisão do parecer pela AGU. Tal fato poderia “trazer insegurança jurídica aos investidores estrangeiros, especialmente aqueles que atuam no setor de celulose e papel”. A série do Correio mostrou que a fábrica de celulose Veracel, uma associação entre a multinacional sueco-finlandesa Stora Enso e a brasileira Fibria, comprou cerca de 200 mil hectares na Bahia para plantar eucaliptos. No Rio Grande do Sul, a Stora Enso comprou 46 mil hectares na faixa de fronteira com o Uruguai e a Argentina.

As pressões e a crise econômica mundial de 2008 levaram o governo a adiar a decisão sobre a revisão do parecer. Neste ano, um grupo de trabalho formado pelo Ministério Público Federal recomendou ao governo a alteração do texto. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi orientado a exigir dos cartórios que passem a informar ao Incra a relação de propriedades de empresas brasileiras com capital estrangeiro. No mês passado, o CNJ fez a determinação aos cartórios de todo o país.

Pela legislação vigente no país, a compra de terras por estrangeiros está restrita a limites bem claros. A partir de 50 módulos de exploração indefinida (MEIs), a aquisição tem que ser aprovada pelo Congresso Nacional. Considerando o módulo máximo, com 100 hectares, esse limite estaria em cinco mil hectares. Porém, há no Brasil empresas consideradas nacionais, mas com capital estrangeiro, que são proprietárias de áreas de até 200 mil hectares.

A série de reportagens “Terras estrangeiras”, publicada no Correio Braziliense a partir de 9 de junho, denunciou a falta de informações e o consequente descontrole do governo sobre as aquisições de propriedades por estrangeiros, registrando a ocupação desordenada e dissimulada em Minas Gerais, na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso. No Nordeste, as reportagens mostraram a ocupação agressiva do litoral cearense por megaprojetos turísticos, com a invasão de áreas virgens e de terras reivindicadas por comunidades indígenas, com a ajuda financeira do governo do estado.

Ocupações espalhadas por todo o país

O Correio Braziliense denunciou, em 9 de junho, o descontrole do governo sobre a aquisição de terras por estrangeiros no país. A série de reportagens visitou cartórios em vários estados e demonstrou que as multinacionais criam empresas brasileiras para registrar suas terras. Cerca de 4,3 milhões de hectares estão oficialmente nas mão dessas empresas, mas isso representaria apenas um quinto da ocupação estrangeira. O cadastro de terras elaborado pelo Incra é incompleto, mas permite identificar as regiões de maior interesse das multinacionais.

A maior parte não está na Amazônia, mas nas mais produtivas terras do Centro-Oeste e do Sudeste, com destaque para Mato Grosso. Empresas asiáticas, árabes, europeias e norte-americanas investem principalmente na produção de grãos, cana-de-açúcar e algodão, além de eucalipto para a indústria de celulose. A competição com o capital internacional já elevou o preço das terras em cerca de 300% em algumas regiões no Centro-Oeste. Em Mato Grosso, a agropecuária O Telhar, com capital argentino, ocupa 180 mil hectares de terras para plantar soja, milho e algodão. A empresa foi denunciada pelo Ministério Público do Trabalho, supostamente por tratar seus funcionários em condições de trabalho similar a escravos.

No sul da Bahia, a empresa de celulose Veracel adquiriu cerca de 200 mil hectares para plantar eucaliptos e implantar reservas florestais. Em Unaí (MG), no Entorno do Distrito Federal, uma multinacional americana comprou a fazenda Agroreservas, com 29 mil hectares, utilizando uma subsidiária brasileira. No cartório do município, a fazenda não está registrada no livro de terras de estrangeiros. No Rio Grande do Sul, a sueco-finlandesa Stora Enso (que tem 50% do capital da Veracel) comprou 46 mil hectares em faixa de fronteira para plantar eucaliptos, com aprovação do Conselho de Defesa Nacional (CND), que se baseava no antigo parecer da AGU.

A citada série de reortagens também mostrou a implantação de megaprojetos turísticos estrangeiros no Ceará, com o apoio do governo estadual. Nos cartórios e na Junta Comercial do estado, os empreendimentos estão registrados em nome de empresas brasileiras. (LV)

Consequências do descontrole

Conheça os itens publicados no Diário Oficial da União de ontem sobre os problemas ocasionados com a aquisição de terras por estrangeiros no Brasil:

» Expansão da fronteira agrícola com o avanço do cultivo em áreas de proteção ambiental e em unidades de conservação;

» Valorização injustificada do preço da terra e incidência da especulação imobiliária, gerando aumento do custo da desapropriação para a reforma agrária;

» Crescimento da venda ilegal de terras públicas;

» Utilização de recursos oriundos da lavagem de dinheiro, do tráfico de drogas e da prostituição na aquisição dessas terras;

» Aumento da grilagem de terras;

» Proliferação de laranjas na aquisição dessas propriedades;

» Incremento dos números referentes à biopirataria na região amazônica;

» Ampliação, sem regulamentação, da produção de etanol e de biodiesel;

» Aquisição de terras em faixa de fronteira, colocando em risco a segurança nacional.

Como é lá fora

Saiba como funcionam as leis que tratam do tema em dois países da América do Norte:

Estados Unidos

Pela legislação federal, é obrigação do estrangeiro elaborar relatórios das aquisições de terras ao secretário de Agricultura de cada unidade federativa. Em Nova York, por exemplo, o estrangeiro deve naturalizar-se americano para possuir propriedade rural. Na Virgínia, permite-se apenas a posse — não a propriedade — ao estrangeiro que seja residente há mais de cinco anos. Em Iowa, as terras não destinadas à agricultura podem ser negociadas livremente; as terras destinadas à produção agrícola não podem pertencer a pessoas não residentes no estado. No Missouri, as terras destinadas à agricultura não podem pertencer a estrangeiros. Caso pessoas de outros países venham a ser proprietárias de terras agrícolas, o estado dá prazo de dois anos para que as propriedades sejam negociadas. Caso contrário, vão a leilão público.

México

Nesse país também há importantes restrições. É vedado o domínio de estrangeiros na faixa de fronteira e à beira-mar. Nas demais áreas, urbanas ou rurais, os estrangeiros necessitam de autorização da Secretaria de Relações Exteriores para adquirir propriedades. Empresas mexicanas com participação de capital estrangeiro podem adquirir terras, mas sofrem restrições legais, como o limite máximo de aquisição.

Trabalho escravo pode ameaçar exportações do Brasil, diz Vannuchi 25.08.10

25.08.10

Durante o curso Trabalho Escravo – Aspectos Trabalhista e Penal, hoje (25), em Brasília, o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, ressaltou que o trabalho escravo no país é uma questão que vai além dos direitos humanos e reflete na economia, ameaçando até as exportações. O ministro afirmou também que a não solução do problema é uma de suas “frustrações pessoais” na Secretaria.

“O Brasil corre os risco de ter problemas na Organização Mundial do Comércio (OMC) porque países concorrentes podem levar fotos e provas do uso de trabalho escravo na produção de soja, por exemplo”.

Ele também destacou a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438 para a erradicação do trabalho escravo no país. A PEC prevê a expropriação e destinação para a reforma agrária de todas as terras onde sejam flagrados trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo.

Os juristas presentes defenderam ainda a aprovação de outras proposições do Congresso, como o Projeto de Lei 207/2006 que proíbe a concessão de crédito e de participação em licitações do governo de empresas que expõe trabalhadores a situações degradantes.

Para o juiz Luciano Athayde Chaves, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, é preciso ir além das mudanças na lei e atentar para novas formas de exploração, que ocorrem também em centros urbanos. Ele acredita que o Estado deve oferecer apoio em várias frentes para resolver o problema. “Libertar o trabalhador sem oferecer reparação através de ações pedagógicas e da concessão de recursos por danos morais em ações coletivas é condenar o libertado a voltar à antiga condição.”

Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Rosângela Rassy, a produção de etanol vem mudando os locais onde trabalhadores são submetidos a condições de trabalho escravo. “Em 2009, a Região Sudeste foi a campeã em autuações e resgate e também houve aumento no Sul”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil; Edição: Talita Cavalcante

Inadimplência do agronegócio cai 25.08.10

25.08.10
e BB amplia operações no mercado futuro

O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, disse ontem (24) que a inadimplência nas operações de crédito rural está caindo e já alcançou o nível histórico de 2% verificado antes da crise que o setor enfrentou entre as safras 2004/2005 e 2005/2006. “Dos R$ 70 bilhões que temos aplicados no setor, a inadimplência no final de junho deste ano foi de 2,3%, enquanto em dezembro passado era de 3,3% e, em setembro, de 3,8%. Isso representa uma clara redução da inadimplência”.

Segundo Vaz, dos R$ 70 bilhões que o banco tem aplicados no setor, apenas R$ 10 bilhões foram contratados antes de 2007, quando a agropecuária brasileira iniciou sua recuperação, ou foram prorrogados por dificuldades de pagamento por parte dos produtores. “Se pegarmos só os R$ 60 bilhões, a inadimplência era de 1,8% em no final de junho deste ano, de 2% em dezembro [2009] e de 2,2% em setembro”.

A grave crise que atingiu o setor antes de 2007 se deu, em boa parte, devido ao câmbio. Os agricultores plantaram a safra 2004/05 com alto custo atrelado ao dólar (cotado na época em R$ 3,10) enquanto a comercialização se deu com preços em baixa e câmbio desfavorável (dólar cotado em R$ 2,60). Na safra 2005/06, o problema se repetiu, com o dólar a R$ 2,50 no momento do plantio e entre R$ 2,06 e R$ 2,20 na hora da venda.

Para reduzir cada vez mais a inadimplência, o banco está investindo em mecanismos de proteção para o produtor. Além do seguro contra problemas climáticos, o Banco do Brasil deve ampliar a atuação em operações de mercado futuro, nas quais os agricultores pagam uma taxa para garantir a comercialização da safra a um preço pré-determinado.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

País ganhou R$ 115 bi desde 2006 com alta no preço de exportações 25.08.10

25.08.10


A elevação nos preços dos produtos exportados pelo Brasil bem acima dos preços das importações gerou ganhos ao País US$ 57,9 bilhões (o equivalente a R$ 115,2 bilhões) entre janeiro de 2006 e junho de 2010, segundo estudo elaborado pelo Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec).
Esse montante equivale a cerca de dez vezes o tamanho do programa Bolsa Família, do Governo federal, e representa aproximadamente 28% de todo o crescimento das reservas internacionais acumuladas pelo Brasil desde 2006 até o primeiro semestre deste ano.

Entre janeiro de 2006 e junho de 2010, o preço das exportações totais do País teve uma alta de 54,3%, enquanto as importações apresentaram uma elevação de 28,4%. Entre os segmentos da pauta de exportação, o de produtos básicos acumula valorização de preço no período, com alta de 68,9%, beneficiado pelos elevados reajustes do minério de ferro. Já com as importações, as maiores elevações de preços foram registradas no segmento de combustíveis e derivados, com alta de 52,9%, e no de bens de consumo não duráveis, que apresentou elevação de 50,3% no período.

De acordo com o estudo do Depec, esse ganho acumulado em quatro anos e meio, equivalente a 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, foi possível, principalmente, pelo atual perfil da economia mundial. “O crescimento robusto das economias emergentes tem sustentado os preços das exportações brasileiras. Já as economias desenvolvidas estão com elevada capacidade ociosa e dificuldade de ampliar as margens, com reflexo em preços deprimidos nas importações destinadas ao Brasil”, cita o relatório.
Fonte: Último Segundo

BB pretende aumentar em 20% recursos aplicados na safra deste ano 25.08.10

25.08.10

O Banco do Brasil espera aplicar cerca de R$ 42 bilhões nas operações de crédito rural na safra 2010/2011. O valor representa um aumento de 20,7% em relação à safra 2009/2010, quando foram investidos 34,7 bilhões.

O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto, disse ontem (24) que até a primeira quinzena de agosto já foram aplicados R$ 2,5 bilhões, um aumento de 11,6% em relação ao mesmo período da safra anterior. “Se a demanda for maior, queremos dizer que temos recursos para atendê-la”, afirmou, durante coletiva para fazer o balanço das aplicações na safra passada e perspectivas para a atual.

Os R$ 34,7 bilhões liberados em crédito rural na safra 2009/2010 representaram um aumento de 14,2% em relação à safra 2008/2009. A agricultura familiar ficou com R$ 8,7 bilhões, enquanto os demais produtores e cooperativas rurais contrataram R$ 26 bilhões.

Desses recursos, R$ 21,6 bilhões foram para operações de custeio, o equivalente a 62,3% do total. As operações de custeio representaram R$ 7,3 bilhões, um aumento de 39,2% em relação à safra 2008/2009.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Lílian Beraldo

Safra de grãos da Rússia recuou 38% até o momento 25.08.10

25.08.10

A Rússia possui grãos suficientes para corresponder à demanda local, mesmo após a colheita ter diminuído em 38 por cento em 2010, disse uma autoridade sênior na segunda-feira passada (23). No entanto, estes dados indicam que o ex-exportador deve importar milhões de toneladas.

A Rússia, que já foi o terceiro maior exportador de trigo do mundo, foi atingida por uma intensa seca em muitas regiões produtoras, destruindo amplas áreas de safra e levantando a questão de importações.

Analistas estimaram importações russas de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas, enquanto uma reportagem do jornal Vedomosti mostrou que a Rússia pode importar pelo menos 5 milhões de toneladas. Rumor que o porta-voz do Ministério da Agricultura negou rapidamente.


O vice-ministro da Agricultura, Alexander Petrikov, disse que a Rússia colheu 40,3 milhões de toneladas de grãos (peso bruto) até 19 de agosto. Ele disse que os grãos foram colhidos em 19,3 milhões de hectares, ou 48 por cento da área plantada. A produtividade média caiu para 2,08 toneladas por hectare ante 2,69 toneladas por hectare em 19 de agosto de 2009.

O peso bruto é normalmente 7 a 8 por cento superior ao volume após os grãos serem limpos, mas essa diferença pode ser menor em anos mais quentes e secos, como este. A safra final é calculada com base no volume limpo.


Petrikov disse que a Rússia possui grãos suficientes para cobrir a demanda local. "As necessidades domésticas da Rússia são de 77 milhões de tonelada", disse Petrikov. "Os estoques de cerca de 23 milhões de toneladas e reservas de intervenção do governo de 9,5 milhões de toneladas, serão mais que suficiente para cobrir as necessidades."

Petrikov confirmou a previsão do ministério de 65 a 67 milhões de toneladas para a safra de 2010 em um cenário otimista e 60 milhões de toneladas em uma visão mais pessimista.


No entanto, os estoques de passagem do país, os quais já foram estimados anteriormente pela agência oficial de estatísticas Rosstat em 21,7 milhões de toneladas, já incluem os 9,5 milhões de toneladas de reservas de intervenção do governo.
Fonte: Reuters

Rússia decreta embargo às exportações de grãos 10.08.10

10.08.10

Forte seca compromete colheita

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, anunciou no dia 5 de agosto a suspensão das exportações de grãos do dia 15 deste mês até o fim do ano por causa da seca e dos incêndios que estão atingindo as áreas produtoras do país. A Rússia está entre os maiores fornecedores mundiais de trigo, centeio e cevada, e exportou em 2009 cerca de 25% de sua produção de grãos.


Algumas estimativas indicam que a onda de calor e incêndios das últimas cinco semanas, considerada a maior da década, reduzirá a colheita russa deste ano em até 30%. Pelo menos 50 pessoas já morreram em incêndios florestais. A justificativa dada pelo governo russo para suspender as exportações é a necessidade de manter a oferta e o preço dos alimentos estáveis para a população.


A área atingida por incêndios no país chega a quase 200 mil hectares e o governo já prometeu destinar US$ 1,2 bilhão para agricultores prejudicados pela seca. Na capital russa, Moscou, a temperatura está próxima dos 40 graus Celsius (40ºC).


Com o anúncio de hoje, o preço do trigo atingiu a maior cotação em 23 meses. Para o Brasil, a alta dos preços é boa, porque os produtores nacionais deverão ficar menos dependentes do apoio governamental para comercialização. No entanto, como metade do consumo brasileiro é importado de outros países, o cereal ficará mais caro.


Técnicos do Ministério da Agricultura acreditam que a quebra na safra de grãos da Rússia pode abrir espaço para o Brasil acessar mercados até aqui abastecidos por aquele país.Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Nádia Franco

Safra brasileira de grãos deste ano deve superar a anterior em 9,2% 10.08.10

10.08.10

A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve chegar a 146,4 milhões de toneladas em 2010, resultado recorde na série histórica da produção nacional, informou na quinta-feira passada, dia 5 de agosto, o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a sétima estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a safra deve ser 9,2% maior do que a obtida em 2009 (134,0 milhões de toneladas). A projeção supera em 0,3% a do levantamento anterior, divulgado em junho (145,9 milhões de toneladas).

A área plantada das três principais culturas – soja, milho e arroz, que respondem por 83,1% do total – deve apresentar variações de 7,2%, -6,5% e -5,9%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Quanto à produção, o milho e a soja devem apresentar expansão de 4,4% e 19,8%, respectivamente, e o arroz deve ter retração de 10,3%. Esse grãos representam 90,9% do total produzido.

Das cinco regiões do país, o Sul deve produzir o maior volume de grãos – 63,1 milhões de toneladas. O Centro-Oeste deve responder por 50,9 milhões de toneladas, seguido do Sudeste, com 16,5 milhões; do Nordeste, com 12 milhões; e do Norte, com 3,9 milhões.

De acordo com o IBGE, apenas o Sudeste deve registrar queda na produção (-4%). A Região Norte deve apresentar incremento de 1,7%; o Nordeste, de 2,3%; o Sul, de 20,3% e o Centro-Oeste, de 4,3%.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou hoje, em Brasília, um levantamento da safra de grãos. Segundo a estatal, devem ser colhidos 147,1 milhões de toneladas na safra 2009/2010.

A diferença entre os dados divulgados pelo IBGE e pela Conab se deve aos períodos avaliados. O IBGE analisa a colheita de janeiro a dezembro, enquanto a Conab se baseia no ano-safra, que vai de agosto a julho.
Fonte: Flávia Villela, repórter da Agência Brasil; edição: Juliana Andrade

Pecuaristas criticam exigências ambientais feitas por frigoríficos 10.08.10

10.08.10

Criadores de Mato Grosso afirmam que não vão aceitar "abusos".
Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do país: 27,3 milhões de cabeças.

Pressionados a provar que cumprem a legislação ambiental, pecuaristas de Mato Grosso reagiram contra os maiores frigoríficos do Brasil.
Em carta aberta aos grupos Marfrig e JBS-Friboi, a Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso) disse que o setor sofre ameaças, mas não irá aceitar "abusos" e "formação de cartel".
Desde que firmaram acordos com o Ministério Público Federal no Pará e em Mato Grosso, os dois frigoríficos passaram a exigir que seus fornecedores comprovem a origem legal do gado.
O objetivo da medida é barrar a expansão do desmate e o uso de áreas de preservação e reservas indígenas para a criação do gado.
Para a Acrimat, porém, as exigências "invertem o ônus da prova" e são uma "forma de manipular a relação comercial com o pecuarista".
"Nós, produtores, não temos nenhuma relação com os acordos assinados junto ao Ministério Público Federal e ONGs. Não somos testemunhas nem responsáveis por assinatura desses pactos."
Os criadores criticaram os frigoríficos, que exigem a apresentação de documentos "como se fossem os responsáveis pela fiscalização e execução das leis": "Marfrig e JBS-Friboi colocam os pecuaristas na vala comum de invasores de terra, dos que vivem à margem da lei. Não somos transgressores".
Em nota, o grupo JBS-Friboi disse que a "sustentabilidade é um valor fundamental" e que, por conta disso, possui um controle na aquisição de gado de acordo com a legislação socioambiental.
O grupo Marfrig disse que promove boas práticas ambientais e que "se reserva o direito de adquirir matéria-prima de fornecedores alinhados" com essa exigência.
Fonte: Rodrigo Vargas, Agência Folha, de Cuiabá

Agroindústria cresce 6% no primeiro semestre 10.08.10

10.08.10

No primeiro semestre de 2010, a agroindústria brasileira cresceu 6%, resultado bem superior ao obtido no mesmo período de 2009 (-5,3%), porém abaixo do assinalado pela média da indústria geral (16,2%). Os setores vinculados à agricultura (4,4%), de maior peso na agroindústria, apresentaram desempenho semelhante aos setores associados à pecuária (4,3%). O grupo inseticidas, herbicidas e outros agrotóxicos para uso agropecuário avançou 34,1% e o segmento madeira, 23,8%.

O crescimento de 6% da produção agroindustrial deve-se à safra recorde que está sendo colhida em 2010, ao aumento moderado do volume e dos preços exportados de algumas commodities e a recuperação na fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas. Vale destacar também a baixa base de comparação no primeiro semestre do ano passado, decorrente dos efeitos da crise econômica internacional ocorrida no final de 2008, que provocou queda nas exportações e nos preços internacionais. O cenário positivo para a agroindústria e o aumento da renda agrícola estimularam os investimentos no setor, refletidos sobretudo nos avanços observados em máquinas e equipamentos agrícolas (50%), em adubos e fertilizantes (3,1%) e em agrotóxicos agropecuários (34,1%).

Em relação ao setor externo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC), o volume exportado dos principais produtos da agroindústria apresentou as seguintes variações em comparação com o primeiro semestre de 2009: couros e peles de bovinos (17,1%), celulose (8,3%), carnes de bovinos congeladas (5,3%), carne de aves não cortadas em pedaços (2,5%), açúcar (0,9%), bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja (0,9%) e pedaços e miudezas de aves (0%). Por outro lado, registraram queda as exportações de álcool (-54,2%), fumo (-24,7%), óleo de soja em bruto (-13,5%) e grãos de soja triturados (-4,2%).

Produtos industriais derivados da agricultura

O setor de produtos industriais derivados da agricultura cresceu 2,6% no primeiro semestre de 2010, com resultados positivos em cinco dos oito subsetores pesquisados. O aumento dos derivados da cana-de-açúcar (15,7%) foi explicado pelo acréscimo tanto na produção de açúcar (20,1%), como na de álcool (11,9%), impulsionado sobretudo pelo crescimento do mercado interno, devido à expansão da frota de veículos bicombustíveis. Outras contribuições positivas vieram dos derivados da soja (2,8%) e trigo (1,5%), ambos puxados pelo crescimento da safra; laranja (35,7%) e celulose (2,7%). Em sentido oposto, as pressões negativas vieram de arroz (-7,6%), com redução na safra em função do excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, maior estado produtor; fumo (-11,2%) e milho (-4,5%).

Produtos industriais derivados da pecuária

O setor de produtos industriais derivados da pecuária avançou 3,4% nos seis primeiros meses do ano. Neste grupamento, os derivados de aves aumentaram 4,6%, apoiado principalmente no mercado interno e na ligeira recuperação das exportações. Os derivados da pecuária bovina e suína recuaram 0,9%. A produção de leite, produto predominantemente direcionado ao mercado interno, cresceu 5%, enquanto a de couros e peles apresentou expansão de 14,8%, influenciada em grande parte pelas exportações.
Fonte: IBGE, com o
Observatório

Morango amargo: 46 trabalhadores são resgatados em MG em condições análogas às de escravo 10.08.10

10.08.10


Trabalhadores estavam em situação de risco grave e iminente. Pagamentos de verbas rescisórias somaram cerca de R$ 246 mil

Duas ações fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE/MG) resultaram no resgate de 46 trabalhadores em três municípios do Sul de Minas Gerais.

As operações foram realizadas na primeira semana de julho em áreas de cultivo de morango nas zonas rurais de Estiva, Itapeva e Senador Amaral, região sul do estado, principal produtora de morango do país.

De acordo com a coordenadora das ações, a auditora fiscal do Trabalho, Valéria Guerra Mendes, as principais irregularidades encontradas foram: alojamento precário: uma parte do grupo vivia em barracas de lona sustentadas por ripas e toras de madeira, camas cobertas com pedaços de espuma de fina espessura; falta de água potável; mal armazenamento, manuseio e aplicação de agrotóxicos; não fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPIs); manutenção de três menores, de 14, 16 e 17 anos, em serviços insalubres e perigosos; ausência de local para refeições; falta de contrato de trabalho; e situação de risco grave e iminente.

"Nessa situação, os trabalhadores encontravam-se submetidos a condições degradantes de trabalho, caracterizando condições análogas às de escravo", explica Mendes.

Com o encerramento das ações fiscais, a SRTE/MG autuou os proprietários com a lavratura de 68 autos de infração e cinco termos de interdição relativos ao ônibus de transporte dos trabalhadores, galpão utilizado para o armazenamento de agrotóxicos; áreas de cultivo de morangos e alojamento. 46 trabalhadores foram retirados das fazendas, receberam as verbas rescisórias, que somaram cerca de R$ 246 mil e passam, com exceção da jovem de 14 anos e de um trabalhador que já possuía vínculo com outra empresa, a receber Seguro-Desemprego para Trabalhador Resgatado.
Fonte: SRTE/MG, com o Observatório

Secretário-executivo do Mapa destaca importância do programa Agricultura de Baixo Carbono 10.08.10

10.08.10

A sintonia entre agricultura e meio ambiente foi destacada pelo secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, durante abertura do 9º Congresso Brasileiro do Agronegócio, ontem, 9 de agosto, em São Paulo. “O ministério está trabalhando com enfoque na sustentabilidade. Vamos aumentar a produção, abastecer o mercado interno, exportar mais, melhorar a renda do produtor e manter o meio ambiente saudável”, disse.

Fontelles mencionou o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em junho, no anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, como carro-chefe do governo para incentivar o uso de técnicas que ampliem a eficiência na lavoura e reduzam a emissão dos chamados gases de efeito estufa. Neste primeiro ano, os produtores rurais contam com R$ 2 bilhões a juros de 5,5% ao ano.

Na abertura do evento, líderes do agronegócio e representantes governamentais apontaram os desafios centrais do setor para os próximos anos, como a sustentação da renda do produtor, mais investimentos em infraestrutura, inovação, pesquisa e abertura de novos mercados. “Nunca tivemos tanta clareza do imenso potencial da agricultura e de seus desafios para torná-los realidade. Temos conhecimento e competência para isso, mas é preciso integração entre as entidades que representam o setor”, expressou o vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Luis Carlos Guedes.
Fonte: Laila Muniz, Assessoria de Comunicação Social do Mapa, com o
Observatório

OMC: recursos naturais representaram um quarto do comércio mundial em 2008 23.07.10

23.07.10

Comércio mundial crescerá 10% em 2010
Em 2008, o comércio de recursos naturais representava 3,7 trilhões de dólares, ou seja, 24% do comércio mundial de mercadorias. Este valor sextuplicou entre 1998 e 2008.

O comércio mundial aumentará 10% em 2010, depois de ter sofrido uma redução de 12% no ano passado, anunciou nesta sexta-feira, em Xangai, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, ao apresentar o relatório anual da instituição.
"Nossa previsão para o comércio mundial este ano é de 10% em volume, depois dos -12% de 2009", declarou Lamy. A OMC elevou sua previsão em relação à cifra adiantada em março ( 9,5%). Segundo a OMC, em 2009 ocorreu uma queda sem precedentes do volume de negócios desde a Segunda Guerra Mundial, por culpa da crise econômica, que afetou fortemente a demanda. "O crescimento do comércio registra um rápido retorno, principalmente graças ao contínuo dinamismo da China e de outros países", explicou Lamy, em um segundo discurso pronunciado no Instituto para o Comércio Internacional de Xangai. Neste sentido, Lamy estimou que, salvo surpresas ruins, a projeção de um crescimento de 10% "pode, inclusive, ser muito conservadora". Em seu informe, a OMC incentiva os Estados a reforçar sua cooperação na área do comércio internacional dos recursos naturais, advertindo sobre possíveis novas tensões em caso contrário. "Acho não apenas que é possível encontrar, nas negociações, compromissos mutuamente benéficos, que abarquem o comércio dos recursos naturais, como também que o fato de não tratar dessas questões seria uma fonte de crescente tensão nas relações comerciais internacionais", afirma Lamy no relatório. Recursos naturais A Rússia é o primeiro exportador mundial de recursos naturais, com uma fatia do mercado de 9,1% em 2008, em especial graças à forte alta dos preços dos combustíveis. A Arábia Saudita ocupa o segundo lugar com 7,6%. Do lado dos importadores, os Estados Unidos encabeçam a lista ao comprar 15,2% dos recursos naturais à venda em 2008, seguidos do Japão (9,1%) e da China (8,6%). Mas frente ao caráter não renovável de certas matérias-primas, os países ricos em recursos naturais geralmente limitam as exportações através de tributação ou de restrições quantitativas, assinala a OMC. Essas tarifas sobre as exportações dizem respeito a 11% do comércio de recursos naturais, contra 5% do de outros produtos, segundo o informe. Estas medidas têm efeitos prejudiciais para os outros países ao influenciar os preços mundiais e afetar os benefícios entre importadores e exportadores, lamenta a OMC, que recomenda tomar medidas que permitam favorecer a conservação dessas matérias-primas. Lamy indica que sua conclusão, que "não surpreenderá ninguém", é que as coisas melhorarão nesse aspecto "se conseguirmos fechar rapidamente a Rodada de Doha". A Rodada de Doha, que deve resultar numa maior liberalização do comércio internacional, reduzindo os direitos alfandegários de milhares de produtos, foi lançada no Qatar, em 2001, mas até o momento todas as reuniões organizadas para concluí-la resultaram em fracasso.
Fonte: France Presse, com o
Observatório

Três maiores frigoríficos suspendem compras de 221 fazendas 23.07.10

23.07.10

Outras 1.787 propriedades são objeto de averiguação mais detalhada
O Greenpeace informou que os três maiores frigoríficos do Brasil, JBS/Bertin, Marfrig e Minerva, suspenderam a compra de gado de 221 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximos a áreas recém-desmatadas da Amazônia. Outras 1.787 propriedades, num raio de até 10 quilômetros de novos desmatamentos, unidades de conservação e terras indígenas, passam por averiguação. As empresas declararam também ter o ponto georreferenciado de mais de 12.500 fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
"A apresentação desses números é uma clara e bem-vinda sinalização de que o setor está de olho nas novas exigências do consumidor preocupado com o meio ambiente em todo o mundo. As empresas precisam agora ampliar e consolidar esse trabalho, realizando auditorias nos processos, garantindo transparência e confiabilidade aos dados e convencendo seus fornecedores a disponibilizarem mapas com os limites georreferenciados das propriedades", afirma Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Nos relatórios entregues pelas empresas ao Greenpeace consta a averiguação de outras 1.787 propriedades. Além disso, os frigoríficos declararam ter a localização geográfica das fazendas que representam 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
Somente da lista de fornecedores da JBS, segundo a própria companhia, foram excluídos 31 fornecedores por estarem em unidades de conservação e/ou terras indígenas, ao passo que outras 1.491 estão sendo verificadas por se encontrarem a menos de 10 quilômetros de novas áreas de desmatamentos, unidades de conservação e terras indígenas. "Estas unidades em alerta em verificação estão suspensas temporariamente do cadastro da JBS", informou a empresa, em nota. No Bioma Amazônico dados de 9.813 propriedades de fornecedores foram coletados até o momento. Já a Marfrig Alimentos, segundo o Greenpeace, mapeou 2 mil propriedades e suspendeu a compra de gado de 170 fazendas da região, enquanto o Minerva excluiu de sua lista 20 fornecedores, sem informar, no entanto, quantas unidades foram pesquisadas. "Cada empresa tem um procedimento, estamos tentando padronizar. O Minerva, por exemplo, nem faz a verificação de campo. Mas o que importa é que já há medidas efetivas para combater o desmatamento", declarou o coordenador do Greenpeace.
Fonte: Notícias Agrícolas

JBS cria monitoramento para compra de gado também em Mato Grosso O frigorífico JBS Friboi informou que criou um sistema de monitoramento da região do Bioma Amazônico e preservação de áreas indígenas e unidades de conservação (UC) por meio de imagens de satélite. O sistema contribuirá para a gestão sustentável da compra de gado de fornecedores da companhia, em linha com o acordo entre os frigoríficos e o Greenpeace (assinado em outubro do ano passado) para o combate ao desmatado da região. Segundo nota da empresa, foi implantado um sistema de rastreamento de carga tipo GPS/GPRS em 170 caminhões boiadeiros que atuam nos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre para coleta de coordenadas em currais de embarque de animais. Foram comprados 300 aparelhos GPS para viabilizar o monitoramento. As informações coletadas no momento do embarque do gado são inseridas no banco de dados da JBS e encaminhadas para a Apoio Consultoria, empresa especializada em Sensoriamento Remoto e Georreferenciamento para implantação e operação do Programa de Monitoramento do Bioma Amazônico da companhia. Os dados das propriedades, compostos pelo nome e CPF do proprietário, além do nome da fazenda, área produtiva e localização e coordenadas geográficas do curral de embarque de animais, são analisados junto à base cartográfica montada com imagens de satélite, mapas de unidades de conservação federais, estaduais e municipais, terras indígenas e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Até o momento, a JBS conseguiu levantar dados de 9.813 propriedades no bioma amazônico. Já foram excluídos 31 fornecedores do cadastro da empresa por estarem em unidades de conservação e/ou terras indígenas e outras 1.491 estão sendo verificadas por se encontrarem a menos de 10 quilômetros dos limites dos polígonos de unidades de conservação e terras indígenas e 10 quilômetros dos limites dos polígonos das áreas em processo de degradação. — Estas unidades em alerta de verificação estão suspensas temporariamente do cadastro da JBS e estão sendo avaliadas pela Apoio Consultoria — disse a empresa, em nota.
Fonte: Canal Rural

BNDES vai investir até R$ 2,5 bi no Marfrig 23.07.10

23.07.10

Banco compra títulos de dívidas da empresa

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) comprometeu-se a investir até R$ 2,5 bilhões no frigorífico Marfrig, com aquisição de debêntures (títulos de dívida).

Os papéis poderão ser convertidos em ações. O banco já é acionista da empresa, com fatia de 13,89%. Segundo o frigorífico, os resultados serão usados na aquisição da americana Keystone Foods e da irlandesa O'Kane Poultry."A operação é positiva porque a Keystone tem canal de distribuição na Ásia, o que fortalece a internacionalização", disse Rafael Cintra, analista da Link Investimentos. O valor da aquisição é de US$ 1,26 bilhão.

Desde 2007, quando teve início o processo de consolidação do setor, o banco já investiu, por meio da BNDESPar (o braço de participações em empresas do banco), R$ 9,7 bilhões em frigoríficos - quase 87% das operações diretas do banco com o setor.

No total, o BNDES destinou mais de R$ 14 bilhões aos frigoríficos até maio.

O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos, Péricles Salazar, afirma que o banco não oferece o mesmo tratamento para as pequenas empresas. "A internacionalização de grandes empresas é positiva, mas é preciso fomentar as pequenas e médias", disse.
Fonte: Folha de São Paulo

Pesquisadores criticam mudanças no Código Florestal 23.07.10

23.07.10


Atualmente em tramitação no Congresso Nacional, a proposta de revisão do Código Florestal Brasileiro não agrada cientistas, que já se uniram contra através da elaboração de uma carta publicada na edição de 16 de julho na revista Science.

O texto é assinado por pesquisadores ligados ao programa Biota da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Biota-Fapesp): Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), situado em Piracicaba (SP), Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.

A principal discussão é que o Código proposto não contou com a participação efetiva de pesquisadores e sua aprovação poderá trazer perdas irreparáveis para o meio ambiente.

Para Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Cena/USP, o Código Florestal, criado em 1965, tem pontos que necessitam de revisão, em especial no que diz respeito aos pequenos agricultores, cujas propriedades eventualmente são pequenas demais para comportar a presença das APPs e a RL.

"Mas, qualquer que seja a reformulação, ela deve ter uma base científica sólida. Essa foi a grande falha da modificação proposta, que teve o objetivo político específico de destruir 'empecilhos' ambientais à expansão da fronteira agrícola a qualquer custo", disse Martinelli à Agência Fapesp.

Segundo ele, o argumento central da proposta de reformulação foi construído a partir de um "relatório cientificamente incorreto encomendado diretamente pelo Ministério da Agricultura a um pesquisador ligado a uma instituição brasileira de pesquisa".

"O relatório concluía que não haveria área suficiente para a expansão agrícola no país, caso a legislação ambiental vigente fosse cumprida ao pé da letra. O documento, no entanto, foi produzido de forma tão errônea que alguns pesquisadores envolvidos em sua elaboração se negaram a assiná-lo", apontou.

O principal argumento para as reformas, segundo o pesquisador, baseia-se na alegação de que há um estrangulamento da expansão de terras agrícolas, supostamente bloqueado pelas APPs e RL. Para os proponentes da mudança, esses mecanismos de proteção ambiental tornam a legislação atual excessivamente rigorosa, bloqueando o avanço do agronegócio. Esse bloqueio, no entanto, não existe, afirma. "A falácia desse argumento foi cientificamente desmontada."

Martinelli cita estudo coordenado por Gerd Sparovek, pesquisador da Esalq (USP) (para ler, baixe esse estudo em nossa página de Documentos), que usou sensoriamento remoto para concluir que a área cultivada no Brasil poderá ser praticamente dobrada se as áreas hoje ocupadas com pecuária de baixa produtividade forem realocadas para o cultivo agrícola.

"Melhorando a eficiência da pecuária em outras áreas por meio de técnicas já conhecidas, não há qualquer necessidade de avançar sobre a vegetação natural protegida pelo Código Florestal atual", disse.

Para o pesquisador do Cena/USP, a maior parte das reformulações propostas tem o único propósito de aumentar a área agrícola a baixo custo. "O mais paradoxal é que as mudanças beneficiam muito mais os proprietários de grandes extensões de terra do que pequenos produtores", disse.

Martinelli não acredita que as mudanças no Código Florestal possam beneficiar o desenvolvimento da produção de alimentos no Brasil. Segundo ele, se houvesse preocupação real com a produção de alimentos, o governo deveria ampliar e facilitar o crédito aos pequenos produtores, investir em infraestrutura - como estradas e armazenamento - para auxiliar o escoamento desses produtos e, principalmente, investir maciçamente em pesquisas que beneficiassem essas culturas visando a aumentar sua produtividade.
Fonte: Assessoria/Agronotícias

Multinacionais devem manter mesmo padrão de qualidade em todos os países 23.07.10

23.07.10


O vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, defende que as empresas transnacionais mantenham nos países em desenvolvimento o mesmo padrão de qualidade das suas nações de origem. Segundo ele, algumas vezes essas companhias buscam vantagens competitivas à custa das sociedades onde as legislações são mais flexíveis.

“A questão central é a empresa ter um padrão único em qualquer país em que esteja” disse Itacarambi. “Onde a lei permite, ela tem uma padrão, onde não permite, ela tem outro?”, perguntou ao participar da Conferência Latino-Americana de Responsabilidade Corporativa na Promoção da Integridade e no Combate a Corrupção.

Como exemplo, ele citou que alguns tipos de agrotóxicos foram proibidos em diversos países, mas no Brasil as empresas produtoras fazem pressão para que seu uso não seja proibido. “Se o produto está sendo banido em 60 países, como é o caso de alguns agrotóxicos, problemas existem. Se existem problemas que provocam danos à saúde, uma empresa que é responsável com a sociedade deveria tomar a iniciativa de não colocar [o produto] no mercado”, destacou.

De acordo com Itacarambi, práticas como essa, apesar de estarem dentro da legalidade, podem causar danos à sociedade. “Empresas que são responsáveis com a sociedade devem utilizar o princípio da precaução.”

Tais atitudes, ressalta, não ocorrem sem a conivência de parte da sociedade local. “Tem a responsabilidade das empresas que vendem os alimentos, que devem verificar se esses produtos estão contaminados. Tem o agricultor que usa. Essa responsabilidade está em toda a cadeia.”

Para resolver tais situações, Itacarambi defende ainda uma posição mais firme do consumidor, recusando-se a comprar tais produtos com altos níveis de agrotóxicos, e do comércio, que também deve se negar a vendê-los.
Fonte: Daniel Mello, repórter da Agência Brasil; edição: João Carlos Rodrigues

Bioma Pampa já perdeu mais da metade da vegetação original 23.07.10

23.07.10


O bioma Pampa, que ocupa a maior parte do Rio Grande do Sul, já perdeu quase 54% da vegetação original. Os dados mais recentes do desmatamento do bioma, divulgados ontem (22) pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que, entre 2002 e 2008, 2.183 km² de cobertura nativa foram derrubados. No total, o bioma já perdeu mais de 95 mil km² da vegetação original.
O levantamento foi realizado pelo Centro de Monitoramento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Apesar do grande percentual desmatado, o ritmo de devastação do Pampa é o menor entre os biomas brasileiros.

De acordo com os dados do MMA, a região perdeu anualmente, em média, 364 km² de vegetação nos últimos seis anos. No Cerrado, o ritmo anual de devastação é de 14 mil km² por ano e, na Amazônia, a derrubada atinge 18 mil km² de floresta anualmente.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil; edição: Lana Cristina

4,3 mi ha de terras agrícolas brasileiras pertencem a estrangeiros 07.07.10

07.07.10


No Brasil, 4,3 milhões de hectares foram comprados por estrangeiros e distribuem-se entre 3.694 mil municípios localizados, na maior parte das vezes, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. O total revela a fragilidade do sistema brasileiro, que não possui limitações quanto à ocupação de terras no território nacional.

Dentre os Estados da federação, Mato Grosso é o que apresenta maior concentração de terras por proprietários de fora do país. Uma área de 844 mil hectares em está sob domínio estrangeiro, seja por grupos ou corporações internacionais e fazendeiros, entre outros. Na maior parte das vezes, o capital “gringo” destina-se a subsidiar atividades ligadas ao agronegócio, como a produção de grãos (soja, milho e demais), cana-de-açúcar, algodão.
Isto quer dizer que, com o passar do tempo, o interesse pelo território mato-grossense aumentou e a introdução do capital de outros países estabeleceu uma competição com os produtores nacionais. O resultado da equação foi um: o preço da terra no Estado aumentou 300% nos últimos quatro anos, segundo identificou o Instituto Nacional de Reforma e Colonização Agrária.

Os números do Sistema Nacional de Cadastro Rural, do Incra, mostram que os 844 mil hectares estão distribuídos entre 1.229 propriedades em Mato Grosso. A preferência pelo Estado – essencialmente agrícola – colocou-o em uma posição absoluta. Noutras unidades federadas, apesar do total de propriedades ser maior, suas áreas são menores.

É o caso de São Paulo, onde 12.291 propriedades foram adquiridas. A área corresponde a 491 mil hectares e a produção de cana-de-açúcar predomina. No Paraná, são 5.130 propriedades (299 mil hectares) adquiridas por meio de capital estrangeiro. Ao lado de Mato Grosso, São Paulo e Paraná, os maiores índices de concentração de terras verificam-se no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia. Cerca de 60% das terras estrangeiras no Brasil localizam-se nestes Estados.

Nos seis, o tamanho das áreas destinadas à exploração econômica varia. Alguns possuem entre 2 e 5 cinco mil hectares. Outros, de 5 a 10 mil hectares. Há também 10 mil a 20 mil hectares além de outras superiores a 20 mil hectares.

Ao Só Notícias, o Incra informou que os números sobre a distribuição de terras podem sofrer alteração. Isto porque, segundo o órgão, os dados são constantemente verificados pelo Sistema Nacional de Cadastro Rural e, eventualmente, corrigidos, em função das informações depuradas pelas regionais do Incra nos Estados.
Fonte: Leandro J. Nascimento/Só Notícias, com o Observatório

Clima: projeções para a safra verão 2011 confirmam um novo episódio La Niña 07.07.10

07.07.10

Depois de um período de aproximadamente um ano com águas aquecidas (El Niño), desde junho se observa um processo de resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, indicando o retorno do fenômeno La Niña e alterações no clima já na próxima primavera.

O resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial deve aumentar gradualmente no decorrer deste inverno, com o La Niña totalmente configurado durante a primavera e permanecendo durante o verão 2011. A previsão é de um episódio de intensidade moderada a forte e deve durar pelo menos até o outono de 2011.

O último La Niña ocorreu no verão 2007/2008. Porém, dadas as características como intensidade, rapidez na formação e provavelmente duração, o episódio deste ano está muito semelhante com o observado no segundo semestre de 1998 e verão 1999.

SOJA: Para a lavoura de soja do Brasil o fenômeno La Niña tem dois impactos bem caracterizados: Primeiro atrasa o retorno das chuvas no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Enquanto para as lavouras do Sul do Brasil e também de Mato Grosso do Sul reduz a incidência de chuva e aumenta o risco de estiagens regionalizadas no verão. Para a safra 2010/2011, portanto, muda o cenário climático, principalmente quando comparado com o observado na safra passada.

O retorno das chuvas este ano deve ocorrer somente no final de outubro e no decorrer de novembro, mesmo assim de forma muito irregular, o que deve implicar no atraso do plantio para as lavouras de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins. Durante o verão as chuvas nesses estados devem apresentar um comportamento médio, com o risco das chuvas se prolongarem até abril e meados de maio.

Já as lavouras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e também de Mato Grosso do Sul não devem enfrentar grandes problemas na fase de plantio entre outubro e novembro, porém devem considerar o risco de estiagem durante os meses de verão. Inclusive, a continuidade do La Niña remete para um outono também com chuvas abaixo da média.

MILHO SAFRINHA: O fenômeno La Niña aumenta o risco para as lavouras do Paraná, Mato Grosso do Sul e de São Paulo, que enfrentam período de escassez de chuva durante o outono, assim como, não dá para eliminar o risco de frio (geada) a partir de maio. Já para as lavouras de Milho Safrinha de Mato Grosso e Goiás, o cenário climático é mais favorável, pois o período de chuvas deve se prolongar até abril e meados de maio de 2011.

LAVOURA DA ARGENTINA E DO PARAGUAI: Assim como para as lavouras de soja do Sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai em períodos de La Niña também se observa uma redução das chuvas e aumenta o risco de estiagens regionalizadas no verão. Para a safra 2011, portanto, muda o cenário climático em relação ao observado na safra passada, diminuindo em tese o potencial de produção.

Para a fase de plantio das lavouras de verão entre outubro e novembro não devem enfrentar grandes problemas, pois a primavera mesmo com a presença do La Niña, ainda é um período de boas chuvas. Porém, os produtores da Argentina devem considerar fortemente o risco de estiagem durante os meses de verão. Inclusive, a continuidade do La Niña remete para um outono também com chuvas abaixo da média.

LAVOURA AMERICANA (safra 2010): Definidas (favoravelmente) as condições de plantio das lavouras de soja e milho, daqui para frente às preocupações se voltam para a ocorrência e distribuição das chuvas durante o verão americano. De um modo geral se pode afirmar que as condições climáticas se mostram favoráveis para produção das lavouras do Meio-oeste dos Estados Unidos. A tendência para este verão é de uma condição média, com elevação da temperatura e redução das chuvas. Cabe ressaltar apenas que, como é tico do verão americano, este ano podem ocorrer alguns períodos de estiagens regionalizadas, entre julho e agosto, principalmente nas áreas produtoras localizadas mais a Oeste, incluindo parte dos estados de Nebraska, Iowa, e Missouri. A previsão da instalação do La Niña para o outono (no Hemisfério Norte) está associado com redução das chuvas, o que em tese deve favorecer o período de colheita a partir de setembro.
Fonte: Somar Metereologia/SóNotícias

JBS enfrenta resistência dos criadores de gado norte-americanos 07.07.10

07.07.10

Chicago - A Associação de Produtores de Gado norte-americana R-CALF/USA entregou uma petição ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos para suspender a compra do confinamento McElhaney Cattle Company pelo frigorífico brasileiro JBS. A transação está avaliada em US$ 24 milhões e inclui 100% dos ativos, incluindo confinamentos e fábrica de ração. O JBS é o maior produtor mundial de carne bovina.

Segundo o grupo, a aquisição pode causar problemas de competitividade no setor, pois em 2008 o JBS comprou a empresa com as maiores operações de confinamento no país, a Five Rivers Ranch Cattle Feeding. A Five Rivers foi adquirida como parte das operações da Smithfield Foods com bovinos.

A compra do confinamento McElhaney, localizado em Welton (Arizona), seria "especialmente nociva para os produtores de gado independentes", de acordo com carta da R-CALF/USA à Justiça.

Em fato relevante divulgado na quarta-feira, o JBS informou que o confinamento McElhaney tem capacidade de confinar mais de 130 mil bois simultaneamente e "está estrategicamente localizado na região da unidade de produção da JBS em Tolleson, também no estado do Arizona". A transação está sujeita à aprovação por parte dos órgãos regulatórios competentes.

Fonte: Filipe Domingues /Agência Estado; as informações são da Dow Jones.

Desaparecimento de abelhas pode prejudicar produção de frutos no Brasil 07.07.10

07.07.10


A diminuição da quantidade de abelhas pode prejudicar a cultura de frutos como melão, manga, melancia e goiaba no Brasil. A bióloga e pesquisadora da Embrapa Semiárido, Márcia Ribeiro, em entrevista à Rádio Nacional, afirmou que os Estados Unidos e o Canadá já estimam a perda de milhões de dólares na produção de frutos com o desaparecimento das abelhas.

De acordo com a bióloga, no Brasil, ainda não há estudos sobre esses prejuízos. “Mas já se sabe que o número de abelhas está diminuindo aqui também”. Ela explicou que em diversas culturas as abelhas são necessárias para que haja a polinização das flores e, consequentemente, a planta possa produzir frutos.

Para a pesquisadora, o Brasil começou a investir, em estudos de polinizadores e formas de polinização nos últimos anos. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lançou, em setembro do ano passado, edital para a pesquisa da polinização em diversas culturas. A pesquisadora salienta que essas pesquisas estão apenas começando.

Segundo Márcia Ribeiro, as abelhas são mortas por pessoas que colhem mel de colmeias naturais. “Elas vão até a vegetação nativa, extraem o mel dos ninhos sem nenhum cuidado e deixam as abelhas morrerem, causando um desequilíbrio no meio ambiente.”

Fonte: Agência Brasil; edição: Talita Cavalcante

Lobby do etanol ganha 'aliados' nos Estados Unidos 07.07.10

07.07.10

O lobby do setor brasileiro do etanol encontrou dois reforços inusitados para sua meta de abrir o resistente mercado americano.

Diante do maior desastre ambiental dos Estados Unidos - o derramamento de cerca de 35 mil barris diários de petróleo no Golfo do México ao longo dos últimos 65 dias -, o presidente americano, Barack Obama, abraçou a bandeira da energia renovável e da redução da dependência de petróleo.

Como resposta ao déficit público do país, o discurso em favor do corte nos gastos públicos da ala mais extremista do Partido Republicano, o Tea Party, deu força à eliminação dos subsídios locais.

"O velho argumento de que a abertura do mercado americano de etanol só vai beneficiar o Brasil caiu por terra", afirmou Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

"O desastre no Golfo do México abriu a discussão interna sobre se vale a pena a exploração de petróleo em águas profundas nos Estados Unidos e o incentivo à ampliação do uso do biocombustível."

Os novos "aliados" serão úteis para os dois objetivos de curto prazo do setor sucroalcooleiro do Brasil. O primeiro é acabar com a tarifa específica de importação de etanol, de US$ 0,54 por galão, que torna inviável a exportação brasileira ao mercado americano.

O segundo objetivo é acabar com o subsídio de US$ 0,45 a cada galão de etanol (de milho) adicionado à gasolina nos Estados Unidos, que vigora desde 1978 e inflaciona o preço do produto no mercado. Essa conta alcança US$ 6 bilhões ao ano. "O real debate, nos Estados Unidos, é sobre o fim do subsídio. Não é sobre a tarifa. A questão é: quem vai pagar essa conta?", afirmou Jank.

A vigência de ambos os instrumentos termina em 31 de dezembro. A Unica acredita que, com alguma dificuldade, poderá convencer os legisladores americanos a acabar com a tarifa e o subsídio. A agenda do Congresso, entretanto, será curta por causa das eleições legislativas marcas para o dia 2 de novembro.

Fonte:AE /Agência Estado; as informações são do jornal O Estado de S. Paulo

EUA começam a pagar compensações por conta de subsídios ao algodão 07.07.10

07.07.10

O governo dos Estados Unidos já começou a pagar as compensações ao Brasil por causa da questão dos subsídios ao algodão, em que perdeu a questão para o Brasil no âmbito da Organização Mundial do Comércio -OMC. O dinheiro irá para um fundo que beneficiará os produtores do país. Esta semana o governo americano depositou US$ 30 milhões em uma conta bancária nos Estados Unidos em favor do Instituto Brasileiro do Algodão, recém-criado.

“As ações autorizadas para a aplicação do dinheiro são basicamente de formação e capacitação técnica dentro de qualquer esfera no setor do algodão seja para produtores ou trabalhadores, explicou Haroldo Cunha, presidente da Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.


Temos também muito importante para o setor do algodão o combate de pragas. Por exemplo, o combate ao bicudo, um praga que traz bastante prejuízo e um custo muito alto ao produtor de algodão. Também deve ser investido muito na promoção do uso de algodão. Além disso, temos os programas que visam o ajuste das propriedades, as normas trabalhistas, a legislação social e todo e qualquer programa em relação à conservação de recursos naturais.

Quando nós soubemos que a pesquisa estaria fora dessas atividades, ressaltou Cunha, foi uma perda muito considerável. O dinheiro vem de uma fonte do tesouro americano, que é a chamada CCC. Nesta fonte de recursos, eu acredito que qualquer fonte de recursos, eles não permitem que a pesquisa seja feita fora de uma instituição ligada ao USDA. A pesquisa só é feita dentro dos Estados Unidos, por entidades americanas. Isso, de certa maneira, faz até sentido porque eles estariam promovendo a pesquisa de um país concorrente a eles”, explicou Haroldo Cunha, presidente da Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.

Os depósitos no fundo deverão somar US$ 140 milhões por ano. A gestão dos recursos ficará a cargo de um conselho que terá representantes dos agricultores e do governo.
Fonte: Globo Rural, com o Observatório

Ministra alerta que novo Código Florestal pode gerar disputa entre Estados 23.06.10

23.06.10

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, alertou hoje que existe o risco de se criar uma competição entre estados na tentativa de atrair investimentos caso não haja clareza no novo Código Florestal sobre o papel que cabe às unidades da federação no cumprimento da nova lei.
“Temos que discutir com serenidade, discutir os requisitos da descentralização, dos recursos técnicos e verificar se cinco anos é pouco ou muito”, disse ela, referindo-se à proposta de reforma do Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional, que prevê, entre outros pontos, uma moratória de cinco anos para autorização de novas áreas de desmatamento e trégua para multas como forma de propiciar a adaptação às novas regras.
Para a ministra, é necessário levar em consideração as “especificidades regionais”, argumentando que, enquanto existem estados com boa infraestrutura e ferramentas para melhor gerir as questões ambientais, existem outros mais frágeis que carecem de investimentos nesse sentido. Ela observou que não se pode comparar a situação de quem vem desmatando na Amazônia há pouco tempo com aqueles agricultores que estão na terra há 50 anos.
“Não podemos achar que vamos continuar praticando uma agricultura com desmatamentos. O que devemos fazer é investir em tecnologia para recuperar as áreas degradadas”, defendeu ela. Teixeira, no entanto, informou que ainda está fazendo uma avaliação da proposta de mudança e que tem dialogado não só com o relator da matéria, deputado Aldo Rebelo ( PC do B-SP), como também com os membros da comissão de Meio Ambiente e da bancada ruralista da Câmara dos Deputados.
Fonte: Agência Brasil

Conselho Monetário Nacional proíbe crédito rural a quem manteve trabalho escravo 23.06.10

23.06.10
As instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural não podem mais conceder crédito a pessoas físicas ou jurídicas inscritas no cadastro de empregadores por manter trabalhadores em condições análogas à de trabalho escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego. A decisão foi aprovada ontem (22) em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Segundo o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, mesmo depois do fim do processo administrativo no Ministério do Trabalho, relativo ao auto de infração, os nomes dessas pessoas ficam inscritos no cadastro por pelo menos dois anos, tendo suas atividades monitoradas.

“Mesmo que o processo judicial continue, com o fim do processo administrativo e a entrada dessas pessoas na lista do Ministério do Trabalho, elas não poderão contratar esse crédito. Na verdade, é mais um instrumento para desestimular as práticas de degradação de pessoas”, afirmou Bittencourt.
 
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Lana Cristina

Cotonicultores elogiam acordo, mas duvidam de fim dos subsídios americanos 23.06.10

23.06.10

O acordo que suspendeu até o final de 2012 o início da retaliação comercial aos Estados Unidos dificilmente erradicará os subsídios concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha. Ele, no entanto, considera positivo o esforço para trazer a ajuda a níveis razoáveis.


“A possibilidade de retaliação pelo Brasil foi importantíssima como mecanismo de pressão. Sem isso [a ameaça de retaliação], não seria possível chegar a um acordo dessa magnitude”, afirmou Cunha.

Segundo o presidente da Abrapa, o ambiente está bastante favorável para que o governo norte-americano diminua os subsídios a níveis aceitáveis. Não apenas pelo aval da Organização Mundial do Comércio (OMC) para o Brasil aplicar as sanções, mas pelas próprias pressões internas nos Estados Unidos. “Os próprios contribuintes norte-americanos já questionam o uso dos recursos do Tesouro norte-americano nesses subsídios”.

Em novembro do ano passado, a OMC autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos em até US$ 830 milhões por causa de subsídios concedidos aos produtores de algodão pelo governo norte-americano. Desse total, US$ 591 milhões são em produtos que terão a tarifa de importação reajustada e cerca de US$ 240 milhões em propriedade intelectual, que envolve marcas, patentes e direitos autorais que podem ser quebrados pelo Brasil.

O acordo prevê a suspensão das retaliações pelo Brasil até 2012, quando a lei agrícola norte-americana será reformulada. Pelo acerto, os Estados Unidos terão de limitar os gastos com subsídios e reduzir as ajudas no programa de garantias de crédito à exportação do algodão.

Outro item do acordo prevê a criação de um fundo de US$ 147,3 milhões pelo governo dos Estados Unidos para financiar auxílio técnico à produção de algodão no Brasil. Segundo Marcio Cozendey, chefe de Assuntos Econômicos do Itamaraty, o processo de abertura da conta para o fundo está em andamento e o primeiro depósito deve ser feito em até 60 dias.

Fonte: Wellton Máximo, repórter da Agência Brasil; edição: Rivadavia Severo

Chuvas dão prejuízo de R$ 100 milhões para setor sucroalcooleiro do Nordeste 23.06.10

23.06.10


Os prejuízos para a cadeia produtiva do açúcar e álcool no Nordeste podem passar de R$ 100 milhões, devido às chuvas que atingiram os estados de Pernambuco e Alagoas na última semana. A avaliação é do presidente do Sindicato dos Produtores de Açúcar e Álcool de Pernambuco, Renato Cunha, que enfatizou a destruição das lavouras e também das estradas que servem ao transporte da cana-de-açúcar até às usinas.

De acordo com Cunha, a expectativa para este ano era que o Nordeste esmagasse cerca de 63 milhões de toneladas de cana. Após as chuvas, que deixaram parte das lavouras submersas, a expectativa é que a região faça a moagem de cerca de 59 milhões de toneladas. Além de moer menos, o Nordeste deverá atrasar em pelo menos um mês o início do processamento da cana, que deveria ocorrer em agosto.

“Sendo otimista, acredito que vamos esmagar cerca de 59 milhões de toneladas de cana”, lamentou Cunha. A expectativa nacional é moer neste ano 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Além do volume menor, outro fator preocupa os usineiros nordestinos. As lavouras mais próximas ao litoral, plantadas em região de várzea, ficaram submersas, o que resultou na alteração do nível de sacarose do produto. “A sacarose é a riqueza da cana-de-açúcar. Submersa, a planta não respira e seu nível de sacarose cai muito”, explicou.

As cheias dos rios Mundaú e Canhoto atingiram usinas e canaviais na Zona da Mata alagoana. Nas áreas montanhosas, onde a chuva não provocou alagamentos, o problema se concentra nas estradas e na manutenção dos empregos. Por se dar em terrenos mais acidentados, a monocultura da cana no Nordeste acaba contando com um nível de mecanização menor que as lavouras do Centro-Sul do país e, com isso, emprega proporcionalmente mais pessoas.

Enquanto o Centro-sul, onde a cultura ocorre em áreas planas, emprega em média 0,8 trabalhador para cada mil toneladas de cana, a Zona da Mata nordestina emprega 5,8 homens a cada mil toneladas. Segundo dados do sindicato, enquanto a participação do Nordeste na produção nacional de cana-de-açúcar varia entre 11% e 12%, a participação no número de empregos gerados pelo cultivo da cana em todo país é de 33%.

Além dos empregos gerados pelo cultivo, pequenos produtores rurais que vendem cana-de-açúcar para as indústrias também tiveram suas plantações destruídas. Em todo estado de Pernambuco, 12 mil pequenos proprietários se dedicam ao cultivo da cana.
Fonte: Luciana Lima, repórter da Agência Brasil ; edição: Nádia Franco

Empresários brasileiros vão à África plantar soja e algodão 23.06.10

23.06.10


Depois da investida de chineses e coreanos, as pouco exploradas terras da África ganharam novos investidores: os brasileiros.

Atraídos pelo baixo custo de produção, pela proximidade com os mercados da Europa, da Ásia e do Oriente Médio e pelo baixo preço da terra, empresários rurais brasileiros estão indo ao continente plantar algodão, soja, milho e outros produtos.

O Brasil já tem forte presença no setor de infraestrutura na África, mas o investimento em plantações é recente e vem se intensificando nos últimos anos.

No final deste mês, o grupo mato-grossense Pinesso irá começar a plantar algodão e soja no Sudão em parceria com uma empresa sudanesa. A expectativa é plantar 100 mil hectares nos próximos quatro anos.

O Sudão também receberá, em julho, uma comitiva de produtores brasileiros de soja, que terão conversas iniciais com o governo local, informa a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso).

Na mesma época, outra comitiva irá à Etiópia e à Mauritânia, também a convite dos governos locais, para negociar o cultivo de milho.

Empresas brasileiras já estão em pelo menos outros seis países da África, cultivando cana-de-açúcar e arroz.

Outras investem em tecnologia agrícola, como a Irriger, que implanta sistemas de irrigação no Sudão desde 2008. Convidada pelo governo, a companhia desenvolve projetos em fazendas de milho, soja, algodão e cana.

Os governos locais oferecem incentivos como isenção tributária e boas condições de financiamento para atrair investimentos estrangeiros.
FRONTEIRA AGRÍCOLA

A savana africana é tida como "o novo cerrado" para a FAO (braço das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação). Segundo a organização, a região pode se tornar um centro mundial de produção de grãos e alimentos, já que apenas 10% de sua área agricultável é utilizada.


"A África tem solos férteis, mas falta tecnologia. E isso os brasileiros têm como poucos", diz Gilson Pinesso, diretor do grupo Pinesso, que foi procurado pelo governo sudanês para plantar algodão no país.

Por causa da fertilidade do solo e da menor ocorrência de pragas, Pinesso estima que irá gastar apenas US$ 850 por hectare -menos da metade dos US$ 1.850 de que precisa no Brasil.


"Eles não são bobos", analisa José Rezende, sócio da PriceWaterHouse Coopers. "Do mesmo jeito que saíram do Sul, onde a terra estava cara, e foram para o Centro-Oeste, agora estão vendo oportunidades na África."

O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, diz que investir em países africanos pode ser vantajoso pela proximidade com grandes mercados consumidores, como Egito e Arábia Saudita. De acordo com ele, esses países importam, em alimentos, até US$ 70 bilhões por ano.

Fonte: Estelita Hass Carazzai e Luiza Bandeira, Folha de São Paulo

Brasil segue usando agrotóxico banido 23.06.10

23.06.10


Apesar de vetos da Anvisa, produtos encontrados no feijão e no tomate ganham aval do Ministério da Agricultura


Agrotóxicos proibidos em vários países e já vetados no Brasil pelo Ministério da Saúde devem continuar a ser usados em alimentos comuns da mesa do brasileiro, como arroz, feijão e tomate.

No final de 2009, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu banir cinco agrotóxicos ligados a problemas como câncer e má-formação fetal: triclorfom, cihexatina, acefato, endossulfam e metamidofós, estes três últimos encontrados em alimentos no país.

Pela indicação do órgão do Ministério da Saúde, o uso seria diminuído gradativamente até que as substâncias fossem totalmente eliminadas no final do ano que vem.
Em março deste ano, no entanto, o Ministério da Agricultura publicou uma portaria na qual mantém o uso desses compostos, por meio do Plano Nacional de Manejo do Risco de Agrotóxicos.
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A medida é polêmica porque, pela lei, a palavra final sobre o tema é das pastas da Saúde e do Meio Ambiente, e não da pasta da Agricultura.

No tomate, no alface e no arroz, a utilização desses agrotóxicos já é proibida, mas, como os produtos estão à venda no mercado, acabam usados nesses alimentos.

No caso do feijão e do pimentão não há proibição, mas os compostos são achados em quantidades acima dos limites legais, segundo pesquisas feitas pela Anvisa.


DOENÇAS NEUROLÓGICAS
Pesquisas recentes mostram a relação da exposição a essas substâncias com doenças do sistema nervoso.

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Neste ano, a Academia Americana de Pediatria fez uma pesquisa com 1.100 crianças e constatou que as 119 que apresentaram transtorno de deficit de atenção tinham resíduo de organofosforado (molécula usada em agrotóxicos) na urina acima da média de outras crianças.


Em 2009, foi usado 1 milhão de toneladas de agrotóxicos em lavouras do país. Ou seja, 5 kg por brasileiro.

OUTRO LADO

O Ministério da Agricultura defende a realização de testes, conhecidos como "avaliações de risco", para saber se os efeitos nocivos dos agrotóxicos podem ser minimizados sem que as substâncias sejam necessariamente banidas do país.


Segundo Luís Rangel, coordenador da Secretaria de Defesa Agropecuária da pasta, a iniciativa de manter a utilização das substâncias foi tomada para que o Ibama e a Anvisa se mobilizem e participem da avaliação de risco.

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Para Rangel, a substituição dos agrotóxicos banidos pela Anvisa seria inviável pelo custo elevado dos produtos mais modernos. Isso, afirma o coordenador, comprometeria a viabilidade econômica de muitos agricultores.


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Pesquisadora e professora de Toxicologia do Curso de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Brasília e integrante do grupo de peritos em resíduos de pesticidas da ONU, Eloísa Dutra Caldas diz que o problema é complexo.

Embora considere que, num mundo ideal, esses agrotóxicos devessem ser banidos, ela sustenta que "o agricultor precisa desses inseticidas, porque os substitutos são muitos caros".

Fonte: Vanessa Correa, colaboração para a Folha de São Paulo
A reportagem completa pode ser lida em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1906201022.htm

Exportações do complexo soja devem atingir recorde 09.06.10

09.06.10


A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) elevou na segunda-feira, dia 8, as suas previsões de exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo), na comparação com as previsões de abril.

O país exportará na temporada 2010/11 (fevereiro/janeiro) um recorde de 29,2 milhões de toneladas do grão, contra 29 milhões na projeção anterior e contra 28 milhões na safra passada, de acordo com a associação.

"A demanda continua forte, especialmente da China, a gente realmente projeta uma exportação alta", afirmou o economista da Abiove Henrique Paes de Barros.

As exportações brasileiras de farelo de soja deverão atingir no mesmo período 13,2 milhões de toneladas, ante 13 milhões de toneladas na projeção passada, uma alta de mais de 1 milhão de toneladas ante o ano anterior.

"A exportação de farelo está indo bem para a União Europeia (principal mercado, respondendo por mais de 70 por cento do que o Brasil exporta). No acumulado em relação ao ano passado, está praticamente no mesmo patamar, a demanda também está aquecida", comentou Barros.

O Brasil exportará 1,35 milhão de toneladas de óleo de soja em 10/11, acima da estimativa de abril (1,3 milhão de toneladas), mas ainda abaixo do que exportou na temporada passada (1,45 milhão de toneladas).

"O óleo está exportando menos pelo programa de biodiesel, cada vez mais a exportação está sendo direcionada ao mercado interno", disse ele, comentando o aumento da mistura neste ano para 5 por cento.

"É mais interessante para as indústrias do que ficar com acúmulo de crédito de ICMS", explicou o economista, observando que eventual nova demanda da China, por conta de uma disputa comercial com a Argentina, ainda não foi suficiente para alavancar as exportações.

Segundo ele, mesmo que a China deixe de comprar da Argentina, ela pode trazer de outros lugares ou substituir importação de óleo de soja por outros óleos comestíveis.

As divisas geradas com as exportações do complexo soja (o principal produto da pauta de exportação do agronegócio) foram estimadas em 15,2 bilhões de dólares, contra 17,2 bilhões no ano passado, em meio a previsões de preços mais baixos do grão e do farelo.

SAFRA MAIOR - O aumento das estimativas de exportação ocorreu em meio a uma alta na previsão da safra, cuja colheita já foi encerrada. A Abiove ajustou sua projeção de produção para 68,4 milhões de toneladas, ante 67,9 milhões de toneladas na estimativa de abril, quando ainda havia algumas lavouras sendo colhidas.

Com uma maior oferta, a associação aumentou a expectativa de processamento em 10/11 para 33,1 milhões de toneladas, ante 32,9 milhões na projeção anterior e 30,7 milhões na temporada passada.
Fonte: Reuters, Agronotícias

IBGE prevê safra de grãos de 145,8 milhões de toneladas em 2010 09.06.10

09.06.10

A safra brasileira de grãos deve totalizar 145,8 milhões de toneladas este ano, com crescimento de 8,8% sobre os 134 milhões de toneladas colhidos em 2009 e 1% menor que a safra recorde de 2008, de 145,9 milhões de toneladas. A estimativa consta do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de maio, divulgado ontem, dia 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A área a ser colhida, de 46,8 milhões de hectares, encolheu 0,9% ante 2009. As três principais culturas: soja, milho e arroz, que respondem por 83,1% da área plantada, apresentam variações de 7,2%, -6,7% e -6,1%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Quanto à produção, o milho e a soja registram aumento de 3,7% e 19,6%, respectivamente, e o arroz, retração de 10,8%.

A safra agrícola esperada para 2010 tem a seguinte distribuição regional: Região Sul, 62,2 milhões de toneladas (18,7%); Centro-Oeste, 51,1 milhões de toneladas (4,6%); Sudeste, 16,5 milhões de toneladas (-3,8%); Nordeste, 12,1 milhões de toneladas (3,2%) e Norte, 3,8 milhões de toneladas (1,1%). O estado do Paraná mantém a posição de maior produtor nacional de grãos, superando Mato Grosso em 1,8 ponto percentual.

No levantamento de maio da produção agrícola destacam-se as variações de estimativa, na comparação com abril, da produção de nove produtos. As oscilações negativas são de trigo em grão (-8,2%), feijão em grão total (-5,0%), algodão herbáceo em caroço (-1,2%), arroz em casca (-1,2%) e milho em grão total (-0,3%). Já as positivas são de soja em grão (0,3%), café em grão (1,8), cevada em grão (3,1%) e aveia em grão (24,9%).

As lavouras de inverno, concentradas no Sul do país, devem ter acréscimos em aveia (24,9%), cevada (3,1%) e decréscimo para o trigo (-8,2%). Para o trigo, a mais importante cultura desse período, a produção esperada ficou em 5,2 milhões de toneladas (-8,2% frente ao LSPA de abril).

A queda é reflexo da inclusão da primeira avaliação da safra no Rio Grande do Sul, cuja produção esperada é 17,6% inferior a informação anterior. O Paraná, maior produtor nacional trigo (57,5% da produção nacional), também reduziu a produção em 4,0% devido a não efetivação dos plantios anteriormente previstos.
Riomar Trindade
, repórter da Agência Brasil; edição: Tereza Barbosa

Conab estima recorde na safra 2009/2010, com 146,9 milhões de toneladas de grãos

O bom regime de chuvas nas áreas de maior produção, o aumento da produtividade do milho no Paraná e em Goiás e o aumento da área plantada com esse cereal e a soja em Mato Grosso são os principais fatores que levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a estimar uma colheita recorde de 146,92 milhões de toneladas de grãos para a safra 2009/2010, que chega à fase final.

O resultado do nono levantamento desta safra, divulgado hoje (8), é 8,7% superior aos 135,13 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2008/2009. A soja deve ser responsável por 68,7 milhões de toneladas, volume 20,2% maior que o da safra passada. A produção total de milho, somadas a primeira e a segunda safras, deve chegar a 53,46 milhões de toneladas, um aumento de 4,8% em relação ao ciclo anterior. Assim, as duas culturas representam 83,1% do volume de toda a safra de grãos.

Segundo a Conab, faltando menos de um mês para o final da safra, já foram colhidos 76% do arroz, 98% do milho primeira safra e quase todo o feijão. Apesar do recorde de produção, a área total plantada no ciclo 2009/2010 é 0,6% inferior à do período anterior, ficando em 47,4 milhões de hectares.

Para a safra de inverno, a estatal estima que a área de plantio do trigo deve totalizar 2,12 milhões de hectares, uma redução de 12,5% em relação à do ciclo anterior. A queda deve ocorrer principalmente nos dois maiores estados produtores, o Rio Grande do Sul e o Paraná, que detêm 89% da produção brasileira. A previsão é que sejam colhidos em todo o país 5,06 milhões de toneladas de trigo, contra os 5,88 milhões de toneladas da safra anterior.

A pesquisa de campo feita pelos técnicos da Conab com representantes de cooperativas, sindicatos rurais, órgãos públicos e privados ligados ao setor em todo o país foi realizada entre os dias 1° e 22 de maio.
Danilo Macedo
, repórter da Agência Brasil; edição: Juliana Andrade


Quebra da safra de milho pode chegar a 900 mil toneladas em MT

Apesar de ter contribuído para a safra recorde de grãos no país, o clima prejudicou sensivelmente a produção de milho de Mato Grosso. De acordo com o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, a perda no estado pode chegar a 900 mil toneladas.

“O dado que poderá ter alguma novidade é o milho safrinha, principalmente no estado de Goiás, porque tivemos um veranico que afetou a produtividade de forma muito significativa em Mato Grosso. Lá, tivemos uma queda acentuada de 900 mil toneladas pela projeção anterior”, disse o diretor da Conab, durante a apresentação dos resultados do nono levantamento da safra de grãos para o período 2009-2010. “Estamos agora atentos ao estado de Goiás para ver qual será o comportamento”.

Na Região Nordeste, a queda se deu na produção de arroz. Mas não foi expressiva, segundo Porto. “Há estoque público do produto e isso nos dá tranquilidade para dizer que haverá disponibilidade de arroz para o mercado”, assegurou.

Já a safra de trigo pode reservar surpresas boas. Porto explicou que as análises da Conab sobre a produção de trigo foram conservadoras e que, por isso, o país poderá ser “surpreendido positivamente”, mas ainda é cedo para comemorar. “O trigo sempre apresenta uma situação inusitada e é difícil fazer uma projeção em função dos aspectos climáticos”.

Quanto à safra de grãos como um todo, a projeção feita pela Conab está se consolidando em 147 milhões de toneladas.
Sobre a influência dos hortigranjeiros na alta da inflação, Sílvio Porto disse que o tomate e a batata foram os mais prejudicados pelas chuvas. “Mas a resposta em termos de produção virá rapidamente, em função do ciclo curto, que pode mudar a situação em 60 dias”.
Fonte: Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

Presidente da República diz que Brasil deve regular venda de terras para estrangeiros 09.06.10

09.06.10

O presidente Luiz Inácio da Silva disse, no dia 7pp., que o Brasil deve começar a discutir a regulamentação da venda de terras brasileiras a estrangeiros, durante o lançamento o Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011.
O presidente da República afirmou que o Congresso Nacional deve estar atento à questão. “A compra de terra no Brasil por estrangeiros é um problema que precisamos começar a discutir”.
“Uma coisa é [o estrangeiro] comprar usinas, outra é comprar a terra da safra, terra onde tem minério. Essa é uma coisa que teremos que discutir para saber como vamos fazer para não permitir que haja abuso na compra de terras por estrangeiros”.
Fonte: Ivan Richard, repórter da Agência Brasil; edição: Rivadavia Severo

Parlamentares criticam o encontro de Aldo Rebelo com a bancada ruralista para discutir o novo Código Florestal 09.06.10

09.06.10

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) entregou, dia 08 pp., o relatório na Comissão Especial que vai instituir o novo Código Florestal Brasileiro. O texto foi concluído sob uma chuva de críticas dos ambientalistas de todo o país, incluindo a bancada do setor no Congresso Nacional. Os parlamentares ficaram ainda mais insatisfeitos quando souberam que o relator do projeto se encontrou com integrantes do grupo ruralista da Câmara e do Senado para mostrar os trechos mais polêmicos do documento.

Na semana passada, por exemplo, o deputado Moreira Mendes (PPS-RO) revelou ao Correio que Aldo Rebelo marcou uma reunião informal com outros deputados e senadores ruralistas. “Não foi uma reunião oficial, mas fiquei muito satisfeito com o texto porque está adequado à realidade brasileira”, afirmou Mendes.

O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Sarney Filho (PV-MA), ficou irritado com a notícia. De acordo com ele, Rebelo não teve a mesma atitude com nenhum outro representante da bancada ambientalista. “Tudo o que sabemos sobre o texto final do relatório está nas matérias veiculadas na imprensa. Ou seja, são informações evasivas. O retrocesso na área ambiental se dá, justamente, nos detalhes”, criticou o parlamentar. “É uma pena que na semana seguinte ao Dia Mundial do Meio Ambiente o Brasil ganhe um presente de grego como deve ser o relatório”, completou.

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Até a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que costuma adotar um tom ameno quando trata de assuntos mais delicados, disparou contra o relatório do novo Código Florestal Brasileiro. Nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, a chefe da pasta ambiental chegou a ressaltar que, do jeito que o novo texto foi produzido, era mais vantajoso para o meio ambiente que o antigo fosse mantido.

“Eu estou esperando para ler o relatório, porque não conheço o texto final do deputado Aldo Rebelo. ... Nós, do Ministério do Meio Ambiente, acreditamos, porém, que nem era necessário alterar o atual Código Florestal se formos levar em consideração o que foi divulgado até agora. ... destacou Izabella.

Reserva legal
O relatório preparado por Rebelo traz aspectos muito polêmicos, como a transferência, da União para os estados, da responsabilidade de edição das normas ambientais. Mesmo sob as alegações de que as 27 unidades da Federação teriam de se reportar à esfera federal e de que a decisão final seria tomada por órgãos como os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Aldo Rebelo não convenceu. Os ambientalistas temem que os estados flexibilizem muito as regras para atrair investimentos.

A nova proposta de Código Florestal Brasileiro cria desconforto entre os ativistas da área ambiental também porque Aldo Rebelo sugere que os pequenos proprietários de terra possam abrir mão da reserva legal. O texto estipula que médios e grandes fazendeiros podem manter o percentual de preservação estipulado fora do terreno, com o aluguel da área correspondente em espaços dentro de parques. Nesse caso, a crítica é de que a medida evitaria que grandes agropecuaristas fossem obrigados a recuperar áreas já degradadas.
Fonte: Igor Silveira, Correio Braziliense

Lideranças esperavam que o plano safra fosse melhor 09.06.10

09.06.10

As medidas do novo Plano de Safra 2010/11 são boas, mas ainda insuficientes para permitir ao setor rural a superação de antigas amarras da política agrícola. Dirigentes do setor avaliam que o oitavo e último pacote da gestão Luiz Inácio da Silva, que prevê R$ 100 bilhões ao segmento empresarial, ignorou questões estruturais, como a crônica deficiência logística e de infraestrutura para o escoamento da produção, além das limitações do atual modelo de crédito rural, baseado no aumento da oferta de recursos, e não na garantia de renda do produtor.

Parte do setor reconhece méritos no "esforço do governo", mas ainda critica a falta de solução para questões simples, como exigências excessivas de garantias reais aos financiamentos, cobertura limitada do seguro rural, timidez dos estímulos à industrialização da produção e juros finais altos - 6,75% ao ano para custeio agropecuário.

"Apesar de aumentar o volume de crédito, o governo deixou passar incentivos à agregação de valor, não deu mais capital de giro. Além disso, ficamos com um juro [6,75% para custeio] de quando a Selic estava em 18% ao ano", aponta o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. "Não está ruim, mas poderia ser bem melhor". As cooperativas queriam um novo programa de investimentos para agregação de valor às commodities. "A real necessidade do setor seria de uns R$ 150 bilhões".

Em ano eleitoral, a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) deixou de apresentar o documento geral com as reivindicações dos produtores ao governo como fazia nos últimos anos. Mesmo assim, o presidente da Comissão de Grãos, Fibras e Cereais, o goiano José Mário Schreiner, considera "louváveis" alguns pontos do Plano de Safra, como os estímulos à recuperação de áreas degradadas e aos médios produtores, mas aponta as deficiências. "O crédito para armazéns ainda não resolve porque o retorno é lento e tem impacto sobre o limite individual. É um esforço louvável, mas ajuda pouco porque os produtores estão condições de elevar os limites de crédito", afirma Schreiner. "Temos que mudar o modelo de crédito rural, buscar uma nova política agrícola".

Os produtores do Centro-Oeste também apontam avanços, mas reivindicam ajustes. "O plano é bom, houve bom aumento de recursos, o que atende bem ao Sul e Sudeste", avalia o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira da Silva. O programa para os médios produtores, que prevê R$ 5,65 bilhões, "é importante", segundo ele. E as ações de sustentabilidade, reunidas sob o programa "Agricultura de Baixo Carbono", são "um passo positivo" para recuperar áreas. "Mas em regiões como Bahia, Piauí, Goiás, Mato Grosso do Sul esse plano atende pouco porque o limite individual de crédito ainda é baixo", afirma. O módulo médio dos produtores dessas regiões soma 1 mil a 1,5 mil hectares. "Precisaria de R$ 1,2 milhão a R$ 2 milhões de limite", receita. Os limites para a soja subiram de R$ 450 mil para R$ 500 mil por beneficiário.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) avalia que o governo ainda não entendeu a real extensão dos benefícios do seguro rural. "Não conseguimos ter uma política de seguro rural para manter renda ao produtor", critica o presidente da SRB, Cesário Ramalho. "Além disso, estamos estatizando demais o crédito na mão do Banco do Brasil, muito dos R$ 92,5 bilhões não foram liberados e o ' mix ' de juros dá uma média de 15% ao ano, o que é uma exorbitância, o mais caro do mundo", afirma.

Em defesa do último Plano de Safra sob seu governo, o presidente da República afirmou ontem, dia 8, na sede da Embrapa, ter feito muito pela agricultura do país. "Tenho convicção de que tivemos avanço extraordinário no governo, no meio empresarial, na agricultura familiar e na Embrapa", disse, ao lado do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. "Tivemos cuidado para não criar esqueletos e não precisamos ficar discutindo as desgraças de outras épocas que não foram resolvidas", afirmou, em referência às complexas renegociações de dívidas rurais. Mas Lula admitiu que falta avançar na autossuficiência do país na produção de fertilizantes e na imposição de regras para evitar "abusos" na compra de terras por estrangeiros. "A agricultura está predestinada, chegou a hora e a vez de ser o celeiro do mundo, além de vender máquinas e alimentos para a África e a América Latina", vaticinou o presidente.
Fonte: Valor Econômico, Agronotícias

Plano Safra destina R$ 3,15 bilhões a ações que estimulem a sustentabilidade 09.06.10

09.06.10

O Plano Agrícola e Pecuário 2010\2011, divulgado dia 7 pp. pelo Ministério da Agricultura, traz como destaque a criação do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), destinado a financiar práticas na lavoura que reduzam a emissão dos gases de efeito estufa. Serão R$ 2 bilhões destinados a esse tipo de financiamento.

Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao todo serão aplicados R$ 3,150 bilhões para estimular a sustentabilidade, por meio de práticas agronômicas que preservem o meio ambiente e aumentem a produtividade.

Além dos recursos do ABC, haverá R$ 1 bilhão em créditos, pelo Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa), e R$ 150 milhões, pelo Plantio Comercial de Recuperação de Florestas.

Os produtores que optarem por adotar sistemas de plantio direto na palha (que protege o solo, evitando o processo erosivo) poderão ter, ainda, R$ 2 bilhões em financiamentos de custeio – valor que corresponde a um acréscimo de 15% sobre a estimativa de R$ 15 bilhões para esse tipo de plantio.

“Esses são os maiores recursos da história [R$ 116 bilhões, valor total do Plano Safra]. São números cabalísticos e globais. Dinheiro grosso em qualquer país do mundo, e que se deve ao crescimento obtido pela agricultura brasileira. Dessa forma, teremos condições de bater recordes nas próximas safras”, disse o ministro durante o lançamento do plano.

Segundo ele, enquanto a economia tem apresentado alta de juros, nenhum dos planos safra teve aumento das taxas. “Tivemos casos em que houve inclusive de baixa de juros”, acrescentou.

“O pequeno produtor ganhou, com o Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], um programa que o protege. Mas faltava algo para o médio produtor, que neste ano receberá atenção especial por meio do Pronamp [Programa Nacional de Amparo ao Médio Produtor] ”, completou.

O ministro destacou a necessidade de se buscar alternativas de sustentabilidade reais e econômicas. “A floresta plantada é a única alternativa real. Essas decisões ajudarão o Brasil no cumprimento das metas assumidas [na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-15, realizada em dezembro em Copenhague], de redução dos gases de efeito estufa”, disse.
Fonte: Danilo Macedo e Pedro Peduzzi, repórteres da Agência Brasil; edição: Juliana Andrade

Organizações de produtores rurais ameaçam denunciar a Monsanto ao Cade/MJ 26.05.10

26.05.10


E Camex aumenta cobrança do direito antidumping sobre glifosato da China

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja do estado do Mato Grosso (Aprosoja) e a Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange) devem recorrer ao Ministério da Justiça contra a empresa Monsanto. Pequenos e médios produtores rurais denunciam que a multinacional está obrigando aos sementeiros a destinar 85% da produção às culturas transgênicas.

A denúncia será feita ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), vinculado ao Ministério da Justiça. O presidente da Aprosoja, Glabuer Silveira, conta que é difícil encontrar no mercado a semente convencional. Ele também denuncia a indústria por cobrar 2% de royalties sobre as sementes utilizadas, caso o produtor produza acima da média de 55 sacas.

Produtores reclamam que o quilo da semente da soja transgênica também aumentou, de R$ 0,35 para R$ 0,44. De acordo com a Aprosoja e a Abrange, a imposição de regras aos sojicultores é consequência do controle do mercado brasileiro pela Monsanto. Pelo menos 70% do mercado estão sob domínio da empresa.
Fonte: Radio Agencia NP

Camex aumenta cobrança do direito antidumping sobre glifosato da China

O Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em reunião realizada hoje (26/5), no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), alterou a forma da cobrança do direito antidumping atualmente incidente sobre as importações brasileiras de glifosato chinês. O glifosato é um herbicida destinado, principalmente, ao controle de plantas daninhas e usando em “dobradinha” com as sementes de soja transgênica da empresa Monsanto, produtora do “Round up”, este de uso obrigatório pelos produtores que desejarem ter a “garantia” desta empresa, e que tem no glifosato seu ingrediente ativo.

A alíquota de 2,1% foi substituída pela aplicação de um antidumping específico, limitado a US$ 2,52 por quilo. As importações do produto, cujo preço médio, por quilo, seja superior a US$ 3,60 não pagarão o direito antidumping. Esse valor representa a diferença entre o preço normal do produto chinês e o preço de exportação para o Brasil.

O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, em entrevista coletiva realizada após a reunião, explicou que as importações com preço médio, por quilo, inferior ao valor estipulado pagarão, como direito antidumping, a diferença até completar US$ 3,60, sendo que o limite é US$2,52.
Para a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola, a medida não deve ter nenhum impacto sobre custos para o produtor rural brasileiro. Segundo ela, o objetivo da alteração na forma de cobrança é “prevenir importações com preços subfaturados”.

Sardinha importada mais cara

O conselho de ministros ainda decidiu alterar, temporariamente, as alíquotas de importação de cinco produtos, entre os quais destaca-se o imposto para a importação de sardinha em conserva (NCM 1604.13.10), que foi alterado de 16% para 32%. O objetivo é inibir as importações, em função da reestruturação e revitalização em andamento na cadeia pesqueira do Brasil.
Fonte: Mara Schuster. Assessoria de Comunicação Social do MDIC, com o Observatório

Carne industrializada exportada pela JBS é recolhida nos Estados Unidos 26.05.10

26.05.10


A JBS, o maior processador mundial de carne bovina, está realizando nos Estados Unidos o recall de parte de seus produtos exportados da fábrica de Lins, pertencente à marca Bertin.

De acordo com um comunicado da empresa, autoridades norte-americanas detectaram a presença de ivermectina (vermífugo aplicado ao gado) acima do limite permitido pela legislação.

A JBS afirma, no texto, que "analisará os produtos e que tomará as medidas cabíveis para solucionar esse impasse" e que o impacto financeiro do caso deve ser limitado, já que pode atender ao mercado norte-americano com produtos de outras fábricas.A fábrica não poderá fazer novas exportações aos EUA até que o problema seja esclarecido. A JBS está trazendo os produtos já enviados de volta ao Brasil.

A empresa atribuiu a informação ao Ministério da Agricultura. O ministério, porém, negou ter recebido a notificação do recall da autoridade sanitária americana, atribuindo a informação à própria JBS. A previsão é que o comunicado oficial seja enviado na próxima semana.

Por meio da assessoria de imprensa, o ministério informou ainda que todos os produtos passam por inspeção no Brasil para verificar se atendem às normas do país de destino. Os EUA refazem os testes quando o produto chega a seu território.

Os exames no Brasil não apontaram níveis superiores ao limite sugerido pelos norte-americanos. O ministério afirmou não ter condições de apontar a razão da divergência dos testes por não ter tido acesso ao laudo.

Pelos dados do Ministério da Agricultura, os EUA compraram 43 mil toneladas de carne bovina industrializada em 2009. O lote devolvido ao Brasil era de 39 toneladas.

Em período de silêncio determinado pela Comissão de Valores Mobiliários por conta de uma oferta de ações que deve ser realizada em breve, a JBS informou que não poderá dar informações adicionais sobre o recall.
Fonte: Folha de São Paulo

Setor rural precisa de política pública de qualidade por seu papel na economia 26.05.10

26.05.10

Curitiba – Qualificar as políticas públicas, definindo um novo papel para o setor rural no desenvolvimento nacional. Foi o que defendeu o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Humberto Oliveira, no dia 26 de maio, ao participar da 2ª Conferência Estadual de Desenvolvimento Rural e Sustentável, em Curitiba.

Na ocasião, ele apresentou as propostas da Política de Desenvolvimento do Brasil Rural (PDBR). “Tudo o que diz respeito ao campo não deve interessar só ao setor agrícola, mas a toda a sociedade. No campo, estão desafios importantes como questões ambientais, gestão de recursos hídricos, novos padrões de consumo de energia, biodiversidade e a diversidade cultural, que deve ser preservada”, disse Oliveira.

O secretário lembrou que 70% da produção que chega à mesa dos brasileiros são de responsabilidade da agricultura familiar. Ele destacou, ainda, a necessidade de incentivos para a permanência do homem no campo. “Ainda temos grandes espaços vazios no campo. Nos grandes centros urbanos, estão concentrados 70% da população. Isso pede um novo modelo de desenvolvimento para áreas rurais”, observou.

Segundo Oliveira, historicamente, o orçamento público têm se concentrado nas grandes metrópoles e ainda há déficit de hospitais, universidades e equipamentos públicos nos pequenos municípios. Ele lembrou que os primeiros passos para mudar essa realidade foram dados com a criação do Programa Territórios da Cidadania, realizado pelo governo federal em parceria com estados, municípios e sociedade civil. “Só este ano, estão destinados R$ 27 bilhões para obras e serviços em regiões mais necessitadas, especialmente no meio rural.”

Participam da conferência sobre desenvolvimento rural 710 delegados, eleitos em 317 conferências municipais e 20 regionais, realizadas em todo o Paraná.
Fonte: Lúcia Nórcio, repórter da Agência Brasil, edição: Lana Cristina

Relatório da Comissão Especial do Código Florestal não exigirá reserva legal de pequena propriedade 26.05.10

26.05.10

Brasília – O deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), presidente da Comissão Especial para a Reforma do Código Florestal Brasileiro, adiantou dois pontos que estarão no relatório a ser apresentado no dia 1º de junho pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Segundo ele, não será exigida a área de reserva legal nas pequenas propriedades, que, atualmente, varia de 20% a 80% da área total, dependendo do bioma em que se encontram.

Micheletto disse que, de acordo com o relatório, em áreas com até quatro módulos fiscais, em torno de 70 hectares, as áreas consolidadas poderão ficar como estão, sem necessidade de reflorestamento. Além disso, o documento do relator prevê o pagamento por serviços ambientais, quando o produtor recebe para preservar uma área de floresta. “Queremos que deixem o homem do campo produzir em paz”, afirmou.

As alterações na legislação ambiental, em vigor desde 1965, já vinham sendo discutidas pelo governo há vários meses quando a comissão especial foi criada, no ano passado. Entre as principais mudanças de consenso, estão a autorização do plantio em áreas de várzea já consolidadas, no topo de morros e em encostas e a compensação de reflorestamento da reserva legal obrigatória em outras áreas.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil Edição: Lana

Crédito rural: aumento de 26% confirma incentivo ao médio produtor e a agricultura sustentável 26.05.10

26.05.10

Brasília- Faltando dois meses para o fim da safra 2009/2010, a concessão de crédito para o setor rural é quase 26% superior ao que foi aplicado no mesmo período da safra anterior, passando de R$ 57,6 bilhões para R$ 72,4 bilhões, entre julho e abril. Apenas para a agricultura comercial foram aplicados R$ 62,9 bilhões de julho a abril de 2009/2010 – 27% a mais do que no mesmo período do ciclo 2008/2009. Para investimento, os recursos passam de R$ 8 bilhões.

Produção sustentável
Entre julho de 2009 e abril de 2010, o crédito concedido pelo Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa) foi de R$ 380 milhões, quase cinco vezes mais do que o volume liberado no mesmo período do ciclo anterior. “Esses resultados indicam que o produtor rural está cada vez mais preparado para adaptar-se ao desenvolvimento sustentável que incluirá, a partir da próxima safra, um novo programa de investimento para a agricultura de baixo carbono”, observa o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
No mesmo período acima considerado, a aplicação de recursos do Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (Proger Rural), destinado ao produtor de médio porte, é cinco vezes maior ao que investido na safra 2008/2009. Os dados consolidados da concessão de crédito até abril indicam quase R$ 2,5 bilhões, incluindo custeio e investimento.

Custeio e comercialização
Os 49,8 bilhões liberados para custeio e comercialização beneficiaram também os produtores que utilizaram os recursos para estocagem. Para a comercialização, neste ano, mais de R$ 17 bilhões foram aplicados até agora - representando um crescimento de 39,7% em relação ao mesmo período de 2009. Desse total, R$ 7,4bilhões  foram destinados a Empréstimo do Governo Federal (EGF) e R$ 4,7 bilhões em crédito agroindustrial.   

Outros R$ 643 milhões foram direcionados para Linha de Crédito Especial (LEC) com a finalidade de apoiar a comercialização de café, leite e derivados, milho, lã, mel, carne suína e frutas. Destaque para a cadeia produtiva de maçã, pêssego, abacaxi, maracujá, pêssego e goiaba que já recebeu R$ 108 milhões nesta safra por meio da LEC. A linha é um instrumento para incentivar, especialmente, a agroindústria de sucos de frutas e outros derivados.
Fonte: Débora Pinheiro, Assessoria de Imprensa do Mapa

Parlamentares discutem erradicação do trabalho escravo em encontro nacional 26.05.10

26.05.10

Brasília – A erradicação do trabalho escravo foi debatido entre parlamentares que participaram, hoje (26),de encontro nacional sobre o tema em Brasília.

“Necessitamos de uma legislação mais dura capaz de acabar com a questão [do trabalho escravo]. Que no caso tem como centro a questão da expropriação das terras”, disse o deputado Paulo Rocha (PT-PA). A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 438 prevê que em propriedades onde existam trabalhadores em situações análogas a de escravidão, será feita a expropriação da terra.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse que o conceito de trabalho escravo é subjetivo. “O complicador está na definição do que é trabalho análogo ao da escravidão”.

O senador Jose Nery (PSOL-PA) rebateu a argumentação do deputado Mendes afirmado que o Código Penal é bem claro quanto a caracterização do trabalho análogo ao de escravidão. “O Código Penal conseguiu caracterizar o trabalho escravo, como a jornada exaustiva, que tem levado trabalhadores a morte como acontece nos canaviais em São Paulo onde há trabalhadores que chegam a trabalhar dez ou 12 horas por dia”.

Nery disse ainda que o Código Penal também caracteriza o trabalho escravo aquele em condições degradantes a aquele na qual o trabalhador é submetido a um regime de servidão por dívida.Fonte: Roberta Lopes, repórter da Agência Brasil, edição: Rivadavia Severo

Safra recorde de grãos faz VBP Agrícola crescer apenas 1,14% 11.05.10

11.05.10

Preços aos produtores tiveram queda significativa

A produção brasileira de grãos deve totalizar este ano 146,5 milhões de toneladas, um recorde histórico, com aumento de 9,4% em relação à safra obtida em 2009 – 133,9 milhões de toneladas. O resultado deve ser 0,4% superior ao recorde de 2008, de 145,9 milhões de toneladas. Em 2010, o Paraná deverá superar Mato Grosso e voltar a ser o principal produtor de cereais, leguminosas e oleaginosas do país.

Mas a estimativa de abril do Ministério da Agricultura para o Valor Bruto da Produção Agrícola Brasileira (VBP), em 2010, divulgada no dia 10 pp., é de R$ 160,12 bilhões, uma variação real em relação ao ano passado de apenas 1,14%. Esse aumento é inferior a 50% do que havia sido previsto no mês passado, de 2,32% (veja matéria mais abaixo) e quase 10% abaixo de previsões anteriores de empresas privadas de consultoria (veja “Renda agrícola brasileira volta a nível pré-crise”, de 06.04.10, em Notícias anteriores fev/abr 2010).

A previsão de safra consta do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de abril (quarta estimativa), divulgado dia 6 pp. pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IBGE prevê um aumento de 0,1% em relação à área plantada no ano passado, chegando a 47,3 milhões de hectares. Em relação a 2009, para as três principais culturas – arroz, milho e soja (que representam 82,3% da área plantada) –, a estimativa é de que haja variações de -5,0%, 5,9% e 6,5%, respectivamente. Segundo o IBGE, a produção do milho e da soja deverá crescer 4,0% e 19,2%, respectivamente, enquanto a do arroz terá retração de 9,7%.
A distribuição regional da produção de grãos deve ser: Sul, 62,2 milhões de toneladas; Centro-Oeste, 51 milhões de toneladas; Sudeste, 16,5 milhões de toneladas; Nordeste, 12,9 milhões de toneladas e Norte, 3,9 milhões de toneladas. Em relação à safra passada, estima-se uma queda de 4,0% apenas no Sudeste. As demais terão incrementos: Norte, de 3,2%; Nordeste de 9,6%; Sul, de 18,7%; e Centro-Oeste, de 4,4%.
O Estado do Paraná deve retornar à posição de maior produtor nacional de grãos, superando em 1,5 ponto percentual o Mato Grosso, que no ano passado assumiu a liderança, resultado de uma safra paranaense muito afetada pelas condições climáticas desfavoráveis, como a seca no início de 2009, geadas em junho e chuvas excessivas no período final das culturas de inverno.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou sua projeção para a safra de grãos. Segundo a estatal, no ciclo 2009/2010 devem ser produzidos 146,81 milhões de toneladas, consolidando um novo recorde (veja matéria a seguir).
A diferença entre os dados divulgados pelo IBGE e pela Conab se deve aos períodos avaliados. O instituto analisa a colheita de janeiro a dezembro e a estatal se baseia no chamado ano-safra, que vai de agosto a julho.

Fonte: Riomar Trindade, repórter da Agência Brasil; edição: Juliana Andrade; e Eline Santos, Assessoria de Imprensa do MAPA, com o Observatório


Conab projeta safra recorde a dois meses para fim do ciclo

A distribuição equilibrada de chuvas nas áreas de maior produção e a boa produtividade do milho e da soja continuam aumentando as expectativas de colheita desta safra. O oitavo levantamento da safra de grãos 2009/2010, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima a produção de 146,81 milhões de toneladas, o que deve consolidar um novo recorde faltando apenas dois meses para o fim deste ciclo.

Essa projeção é 8,7% superior aos 135,13 milhões de toneladas do ciclo 2008/2009 e 0,4% maior que o levantamento divulgado no mês passado. A soja e o milho representarão, juntos, cerca de 122 milhões de toneladas, ou 83,1% de toda a safra.
A soja deve chegar a 67,8 milhões de toneladas, 18,7% ou 10,7 milhões de toneladas a mais que a do ciclo anterior. Já o milho deve alcançar 54,18 milhões de toneladas, um aumento de 6,2%.

A área total plantada com grãos é de 47,5 milhões de hectares, uma redução de 172,1 mil hectares em relação ao ciclo anterior. O levantamento foi feito por técnicos da Conab que ouviram representantes de cooperativas e sindicatos rurais, órgãos públicos e privados em todos os estados, no período de 22 a 28 de abril.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Talita Cavalcante


Previsão de abril para Valor Bruto da Produção Agrícola é 1,14% de aumento

A estimativa de abril do Valor Bruto da Produção Agrícola Brasileira (VBP), em 2010, é de R$ 160,12 bilhões. Levando em conta o desconto da inflação, a variação real em relação ao ano passado é de 1,14%. Esse aumento é inferior a 50% do que havia sido previsto no mês passado, de 2,32%. E quase 10% abaixo de previsões anteriores de empresas privadas de consultoria (veja “Renda agrícola brasileira volta a nível pré-crise”, de 06.04.10, em Notícias anteriores fev/abr2010).

Os preços recebidos pelos produtores estão em média mais baixos este ano do que em 2009. Os de soja estão 11,8% mais baixos e os do milho, inferiores em 11,7%. O coordenador de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Garcia Gasques, explica que a redução de preços em produtos de peso no faturamento bruto da agricultura - como milho e soja - reflete no valor da produção.

“Estes dois produtos representam 37,9% do valor da produção agrícola estimada em abril para o País e isso, sem dúvida, tem impactos fortes no valor estimado para este ano”, comenta. Para a soja, o decréscimo de preços não implicou em queda do valor da produção, pois o aumento da produção esperada vem compensando a redução de preços em 2010. 

O grupo que vem apresentando redução de valor da produção em 2010 é composto pelos seguintes produtos: amendoim, 24,5%; arroz, 16,4%; feijão, 22,5%; fumo, 10,2%; milho, 8,2%; tomate, 19,9%; uva, 29,4%. Em contrapartida, 11 produtos apresentam elevação no valor da produção em 2010. Os maiores aumentos devem ocorrer em cebola, 130,9%; trigo, 37,6%; café, 15,9 % e cana de açúcar, 7,4 %. “Esses itens combinam maiores preços e quantidades produzidas na expansão do valor da produção em 2010”, ressalta.

Aumento no Sul

Os valores da produção regional mostram que a região Sul deve ter, este ano, o maior aumento de valor em relação a 2009: 12,5 %. Paraná e Santa Catarina são os responsáveis por essa expansão, com aumentos no valor da produção de 23,7%, no Paraná, e de 35,2 %, em Santa Catarina. As regiões, Norte e Centro-Oeste devem registrar redução no valor da produção.
Fonte: Eline Santos, Assessoria de Imprensa do MAPA, com o Observatório

Hyundai quer terras aqui para garantir segurança alimentar à população coreana 11.05.10

11.05.10

Empresa negocia com governos de PI, MA, TO e BA 10 mil hectares para plantar soja; objetivo é exportar para a Coreia e garantir a segurança alimentar de sua população Pelo menos outros nove grupos de países asiáticos visitaram o país em busca de terras, investimento considerado estratégico
Veja mais abaixo: FAO preocupada com prejuízos à população local na África
Executivos da empresa sul-coreana Hyundai negociam com governos estaduais a compra de terra no Brasil com o objetivo de plantar e exportar soja para a Coreia do Sul. Representantes da empresa visitaram o Piauí na semana passada e, em junho, terão reuniões com os governos do Maranhão, do Tocantins e da Bahia.
Os coreanos querem comprar 10 mil hectares no Brasil, mas ainda não têm prazo para fechar o negócio. Segundo o diretor da Hyundai Corporation no Brasil, Gi-Seob Kim, o projeto é "muito recente".

Essa não é a única investida de orientais no agronegócio brasileiro. Desde o início do ano, ao menos mais nove grupos, entre coreanos, chineses e indonésios, visitaram o país em busca de terra para plantio e exportação.
O investimento é tido como estratégico para garantir o suprimento de alimentos a esses países, que têm grande população e pouca área agricultável.
A Coreia do Sul, por exemplo, tem apenas uma área de terras agricultáveis pouco menor que o Sergipe, para abastecer uma população de 48,5 milhões de pessoas. Segundo Gi-Seob Kim, várias empresas do país têm comprado terras no exterior para exportar alimentos já há alguns anos.
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China quer influenciar preços das commodities

Apesar da investida coreana, os maiores interessados na compra de terras no Brasil têm sido os chineses, os maiores importadores de soja do mundo.
Segundo o diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Kevin Tang, nos últimos meses seis grupos chineses demonstraram interesse em comprar terras no Brasil -três deles com participação estatal.
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O governo da Bahia, de olho na oportunidade, levará à China nesta semana uma delegação de empresários para prospectar negócios em agricultura.
Segundo Tang, a intenção dos chineses não é só garantir suprimento, mas também assegurar que o país não fique à mercê das tradings do setor e possa ter mais controle sobre a cotação das commodities.

Fonte: Estelita Hass Carazzai e Luiza Bandeira, da Agência Folha, Matheus Magenta, da Agência Folha, em Salvador, com o Observatório
Para ler a reportagem completa (para assinantes da FSP e do UOL), vá a
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0905201008.htm

FAO preocupada com compra de terras por estrangeiros afetando a vida da população local 11.05.10

11.05.10

A investida de empresas orientais em agricultura não tem como foco apenas o Brasil.
Japoneses, sul-coreanos e chineses já compraram ou planejam comprar terras na América do Sul, na África e em regiões da própria Ásia com o objetivo de plantar soja, milho e outros produtos.
Desde 2003, uma empresa japonesa possui 1.250 hectares de terras na Argentina, onde produz soja e milho, que são exportados para o Japão. Todos os funcionários são japoneses.
Na África, a presença de chineses em investimentos semelhantes já foi caracterizada por especialistas como "neocolonialismo" e é alvo de preocupações da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Para Jacques Diouf, diretor-geral da organização, é preciso evitar que esses negócios prejudiquem as populações locais.
Para especialistas, porém, esse tipo de problema não deve acontecer no Brasil.André Cunha, doutor em economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que a penetração de estrangeiros é mais fácil quando o Estado é pouco estruturado, o que não é o caso do Brasil.
Na opinião de Paulo Vizentini, professor de relações internacionais da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o Brasil pode até se beneficiar desse tipo de investimento, já que possui muita área agricultável ociosa.
Desenvolvimento tecnológico do Agronegócio brasileiro assusta chineses

O alto nível de organização do agronegócio brasileiro também pode barrar a entrada de estrangeiros no ramo. O secretário de Agricultura de Goiás, Leonardo Veloso, diz que chineses demostraram interesse em adquirir terras no Estado, mas se "assustaram" com o desenvolvimento tecnológico.

Uma das opções à compra de terra tem sido a formação de parcerias com brasileiros, afirma o presidente da Apex (Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Alessandro Teixeira.
O problema de adquirir terras, diz, é que a produção agrícola chinesa é diferente da brasileira, desde o tipo de culturas e de terra até a tecnologia de cultivo, o que dificulta a gestão do negócio.

Fonte: Agência Folha (EHC e LB), http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0905201009.htm

Governo disponibiliza 100 bi ao agronegócio e 20 bi à agricultura familiar 11.05.10

11.05.10

O governo pretende destinar aproximadamente R$ 120 bilhões em crédito para o Plano Agrícola e Pecuário da safra de 2010/2011, de acordo com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Somente à agricultura empresarial estão previsto cerca de R$ 100 bilhões. Os valores seguem proporções semelhantes aos da safra de 2009/2010, quando foram destinados R$ 93 bilhões para o agronegócio e R$ 15 bilhões para a agricultura familiar.

Para o secretário-geral da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), Juca Juliano, a repartição dos recursos desta forma reafirma a opção do governo pela agricultura empresarial.

“Essa proporção de crédito reafirma a opção governamental pelo agronegócio. Existe a pequena e a grande política e a reforma agrária é pequena política. Tanto a pequena produção familiar quanto os assentamentos de reforma agrária consideram a política do governo fraca, pífia.”

Os recursos do governo devem impulsionar às monoculturas de cana-de-açúcar, soja, eucalipto, além da pecuária. Juca critica essa opção.

“Grandes culturas expulsam gente, poluem, etc, [mas] nós estamos caminhando pra isso: eucalipto, cana, pecuária. Ou seja, o Brasil está especializado em produtos de baixo valor agregado. A forma de integração à globalização e aos mercados mundiais é periférica e subalterna. No meu modo de ver, isso reduz muito às perspectivas de um futuro independente.”
Projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram enquanto a produção de soja desta safra deve crescer 19% em comparação a 2009, a produção de arroz recuará quase 9,7%.
Fonte: Radioagência NP

Uso de agrotóxicos bate recorde no país 11.05.10

11.05.10

A agricultura brasileira nunca usou tanto agrotóxico quanto em 2009. Apesar de o mercado ter encolhido 7% em receita em relação a 2008, para US$ 6,62 bilhões, o volume de produtos utilizados nas lavouras deu um salto de 7,6% e ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 1 milhão de toneladas vendidas em um único ano.
 
As indústrias de agrotóxicos negociaram em 2009 um volume de 1,06 milhão de toneladas - no ano anterior haviam comercializado 986,5 mil toneladas , segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag). Isso significa o equivalente a uma utilização de 22,3 quilos de agrotóxicos por hectare na safra 2009/10, um volume 7,8% maior do que o teria sido aplicado em 2008/9 (20,7 quilos por hectare), considerando a venda de 986,5 mil toneladas em 2008.
 
Um dos motivos para o aumento no consumo é que o produtor estava um pouco mais capitalizado que em anos anteriores na safra que está em fase final de colheita. Com mais recursos, foi possível elevar o uso de “tecnologia” nas lavouras, o que contribuiu para uma safra recorde de 146,3 milhões de toneladas, mesmo com uma redução de 74 mil hectares e plantio total de 47,6 milhões de hectares.
 
A categoria de herbicida, usada para controlar a infestação de ervas daninhas, foi a mais vendida em 2009, com um volume de 632,2 mil toneladas, aumento de 9,9%. A queda no preço do glifosato - principal herbicida do mercado - fez com que a receita nessa categoria recuasse 21,7% para US$ 2,5 bilhões em comparação a 2008, segundo o Sindag.
 
Mas o destaque nas vendas ficou por conta dos fungicidas. O aumento da incidência da ferrugem da soja no Sul e Centro-Oeste elevou a demanda para 127,8 mil toneladas, um crescimento de 14,8%. Em receita, a categoria foi uma das poucas a ter um resultado positivo, com crescimento de 13,8% e faturamento de US$ 1,8 bilhão.
 
A soja também foi a responsável pelo aumento no consumo total de agrotóxicos e por evitar um desempenho ainda pior na receita da indústria no ano passado. Os 23,2 milhões de hectares semeados com o grão receberam 530,1 mil toneladas de agrotóxicos, elevando em 18% o volume consumido. Diante do aumento da demanda, principalmente de fungicida, as vendas para os produtores de soja renderam ao setor US$ 3,12 bilhões, um incremento de 2,6%.
 
A demanda por agrotóxicos por parte dos produtores de milho ficou praticamente estável em 2009 em 143,7 mil toneladas (queda de 0,4%). Já os produtores de cana reduziram em 8,6% o uso de produtos químicos para 70,9 mil toneladas no ano passado, enquanto os cotonicultores elevaram a utilização para 69,6 mil toneladas, 13,8% a mais do que no ano anterior. O aumento no algodão ocorre mesmo com a área plantada tendo se mantido praticamente estável em 836 mil hectares na safra 2009/10.
Fonte: Alexandre Inacio, jornal Valor, com o Observatório

Governo quer país na liderança da produção de óleo de Palma 11.05.10

11.05.10

O Programa Nacional de Óleo de Palma, lançado dia 6 pp. em Tomé Açú, no Pará, quer tornar o país o maior produtor mundial desse óleo vegetal nos próximos anos, garantindo o suprimento de combustível renovável.
 
O programa prevê a ampliação da área destinada à plantação do vegetal para a produção de combustíveis a partir de energias renováveis. O óleo de Palma também é conhecido como dendê.


O projeto, que visa a aumentar em quase 50% a produção até 2014, de 80 para 130 mil hectares, vai ser aplicado em 44 municípios das regiões Norte e Nordeste.

Atualmente, o Pará lidera a produção de palmas no país, com 80 mil hectares plantados na região dos rios Capim, Guamá e Tocantins. A transformação do óleo de dendê em biodiesel é feita pela Petrobras, que está construindo três indústrias na região, para somar às nove já existentes no Estado. O Programa Nacional de Óleo de Palma prevê a participação imediata de 900 parceiros na agricultura familiar, e de 300 médios e grandes produtores.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou que a palma produz dez vezes mais óleo do que a soja na mesma área, sendo possível produzir cinco toneladas de óleo por hectare a cada ano. Com isso, um produtor que plante 10 hectares de palma, pode obter uma renda média de R$ 2 mil por mês aos preços atuais.
Segundo Wagner Rossi, somente dois países, a Tailândia e a Indonésia, concentram 90% da produção mundial de óleo de palma. Ele fala que com o programa, a participação brasileira nesse mercado vai aumentar. 

“Vai disponibilizar a possibilidade da multiplicação da cultura numa área muito grande no Brasil. Nós temos pelo menos, no momento, 29 milhões de hectares disponíveis, onde a palma poderia ser usada com eficiência. Isso inclui uma parte grande do Nordeste brasileiro e todos os estados do Norte.”

O aumento de área plantada não será feito com desmatamento, mas aproveitando áreas já degradadas, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
“O programa nasce com orientações claras do ponto de vista de que áreas podem ser aproveitadas para a expansão dessa cultura. É um programa construído em bases para proibir o desmatamento em áreas de florestas nativas para a expansão da fronteira agrícola associada à palma de óleo.”
Ambientalistas concordam que gerar combustível renovável é importante para a região. Mas, segundo o coordenador do Instituto do Homem e Meio Ambienta da Amazônia (Imazon), Paulo Amaral, se o projeto vai envolver pequenos produtores, é preciso alguns cuidados.
“Um sistema de monitoramento muito forte, para que não provoque pressão sobre as áreas ainda com cobertura florestal, deve observar a recomposição dessas áreas já abertas. E tem que se considerar assistência técnica e uma garantia da compra dessa produção para que um pequeno produtor possa se sentir seguro para entrar num programa desses.”
Fonte: Leandro Martins, repórter da Rádio Nacional da Amazônia; edição: Lílian Beraldo; com o Observatório

Financiamento para recuperação de áreas degradadas não decola 11.05.10

11.05.10

O agronegócio brasileiro contratou, entre julho de 2009 e março deste ano, R$ 56,3 bilhões dos R$ 93 bilhões programados no Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010 para financiar a safra atual. O volume representa um aumento de quase R$ 12 bilhões - ou 26% - em relação aos R$ 44,5 bilhões financiados no mesmo período da safra anterior. O balanço foi apresentados no dia 4 pp. pelo Ministério da Agricultura.

Algumas novidades desta safra, como os programas de estocagem de álcool e de recuperação de áreas degradadas, não tiveram o resultado esperado. Enquanto o primeiro emprestou apenas R$ 32,6 milhões dos R$ 2,3 bilhões disponíveis, o outro liberou R$ 330,4 milhões de um total de R$ 1,5 bilhão. Em entrevista à Agência Brasil no mês passado, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que os juros altos destas linhas atrapalharam a tomada de crédito e serão reduzidos para a próxima safra (2010/2011).
Já a agricultura familiar, além de tomar mais recursos na safra atual, ainda o faz de maneira mais rápida. A proporção liberada entre julho de 2009 e março de 2010 aumentou de 56,5% para 57,9% em relação ao mesmo período da safra anterior, com a liberação de R$ 8,6 bilhões dos R$ 15 bilhões previstos.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil; edição: Vinicius Doria

China quer comprar 100.000 ha para produzir aqui sua própria soja 22.04.10

22.04.10


Ação se daria através de uma empresa estatal chinesa, com grupos brasileiros associados

Fonte: jornal O Estado de S.Paulo


A empresa estatal chinesa Chongqing Grain Group pretende investir US$ 300 milhões (R$ 525 milhões) na compra de 100 mil hectares de terra no oeste da Bahia, com o objetivo de produzir soja para o mercado brasileiro e chinês. O empreendimento tem financiamento do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), que vai bancar 60% do custo. O restante será desembolsado pela empresa, ligada ao município de Chongqing.
 
Representantes da companhia e do banco estatal integraram a comitiva do presidente Hu Jintao no Brasil na semana passada e apresentaram o projeto no seminário empresarial dos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), realizado no Rio. O grupo continua no Brasil, em busca de um parceiro local para o investimento. O objetivo é finalizar a compra da terra até julho e produzir 250 mil toneladas de soja por ano. Reportagem publicada ontem pelo Chongqing News, ligado ao governo do município, afirma que a área cultivada poderá alcançar numa segunda etapa 200 mil hectares, com investimento total de US$ 842 milhões (R$ 1,47 bilhão).

Limite.

O interesse de chineses na compra de terras para plantar soja no Brasil cresceu nos últimos meses, especialmente depois da aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados do projeto que limita a 1.140 hectares o tamanho das propriedades rurais que podem ser compradas por estrangeiros na Amazônia Legal, área que abrange os Estados de Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Pará, Amapá, Tocantins e parte do Maranhão. Aprovado em outubro, o texto foi enviado ao Senado, onde aguarda votação.

A advogada Heloísa Di Cunto, sócia do escritório Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra, diz que desde setembro aumentou o número de consultas de clientes chineses interessados em adquirir propriedades rurais no Brasil. "As pessoas estão correndo para comprar as terras antes que a lei seja aprovada", observa Di Cunto, que chefia o departamento do escritório responsável pela China. Atualmente, a advogada assessora dois grupos chineses que estão fechando negócios para produção de soja em Mato Grosso, mas não revela seus nomes em razão de acordos de confidencialidade.

Há anos os chineses discutem a possibilidade de plantar soja no Brasil, mas os negócios só começaram a se concretizar recentemente. A China é o maior importador de soja e principal destino das exportações brasileiras do produto, que ocupa o segundo lugar nas vendas do país, atrás apenas do minério de ferro.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 11,42 bilhões em soja, dos quais US$ 6,34 bilhões foram destinados à China, o equivalente a 55,5% dos embarques da commodity. Além de garantir o suprimento de um produto essencial, a compra de terras tem o objetivo de evitar a intermediação das grandes tradings que operam nesse setor: Cargill, Bunge, ADM e Louis Dreyfus.

Pelo menos desde 2004, os importadores chineses tentam comprar soja diretamente dos fazendeiros brasileiros, sem sucesso. "As grandes tradings investem na safra e controlam esse comércio", ressalta Di Cunto. Essas empresas dão financiamento aos produtores e recebem em troca a garantia de entrega da colheita. Com a aquisição de terras, os chineses passam a controlar diretamente a produção e podem exportar o produto para a China, sem passar pela intermediação das grandes tradings.

Na avaliação de Di Cunto, o projeto de lei aprovado na Câmara cria um "protecionismo desnecessário" e pode reduzir o investimento estrangeiro direto na produção agrícola.
Para entender

Limite atual é de 3,8 mil hectares
O projeto de lei que limita a compra de terras por estrangeiros na Amazônia Legal foi apresentado em 2001 pelo deputado Nilson Mourão (PT-AC) e pelo então deputado José Dirceu (PT-SP). Na exposição de motivos, os parlamentares afirmavam que havia 34 mil imóveis rurais na mão de estrangeiros na região, com área equivalente a 4 milhões de hectares.

A legislação atual permite que estrangeiros comprem terras na Amazônia Legal no limite de até 3.800 hectares, desde que tenham empresa constituída no Brasil - não importa se a origem do capital é nacional ou estrangeira.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou em outubro substitutivo do deputado José Genoino (PT-SP). Na época da votação do projeto, Genoino ressaltou que os estrangeiros que adquirissem área superior a 1.140 hectares antes da aprovação do projeto poderiam manter as propriedades, desde que produtivas.

O projeto não precisou ser aprovado pelo plenário da Câmara porque a matéria pode ser analisada em caráter definitivo pela Comissão de Constituição e Justiça, que o aprovou por unanimidade. Falta agora a votação do Senado.

Só ausência de princípios morais justifica a venda massiva de terras para estrangeiros 22.04.10

22.04.10

Alerta parte de centenas de ONGs, contra a tentativa do Banco Mundial de instituir critérios “ socialmente aceitáveis” para esse tipo de compra


Abaixo a tradução (do inglês) da nota divulgada hoje, assinadas pelas ONGs Fian, Grain, Rede de Ação de Pesquisa Land e Via Camponesa, e subscrita até o momento pelas organizações listadas ao final do texto.

Tradução livre realizada por Maurício Galinkin, com a ajuda do Google Translator



“Estado e investidores privados, desde a empresa Citadel Capital até o Banco Goldman Sachs, estão comprando ou arrendando dezenas de milhões de hectares de terras na Ásia, África e América Latina para a produção de alimentos e combustível.
Esta apropriação (quase uma grilagem, dados os preços vís que são praticados) é uma séria ameaça para a soberania alimentar os povos e do direito à alimentação das comunidades rurais.

Em resposta a esta nova onda de apropriação de terras, o Banco Mundial (BM) está promovendo um conjunto de sete princípios para orientar esses investimentos e torná-los bem sucedidos. A FAO, IFAD e UNCTAD concordaram em participar com BM no impulsionamento conjunto para a adoção desses princípios.

Seu ponto de partida é o fato de que o atual interesse e corrida do setor privado para a compra de terras agrícolas é arriscado. Afinal de contas, o BM acaba de finalizar um estudo que mostra a magnitude dessa tendência e seu foco central na transferência de direitos sobre as terras agrícolas em países em desenvolvimento para os investidores estrangeiros. O BM parece convencido de que todos os fluxos de capital privado para expandir as operações do agronegócio mundial - onde ele ainda não se apoderou das terras ou exerce controle total sobre a produção local de commodities - são boas e devem ser autorizados a proceder de modo que as corporações multinacionais possam extrair mais riqueza do campo.

Uma vez que estes acordos de investimento são articulados sobre a privatização em massa e transferência de direitos sobre a terra, o BM quer que sejam atendidos alguns critérios para reduzir os riscos de retrocesso social: respeitar os direitos dos usuários (além dos proprietarios) existentes sobre a terra, água e outros recursos (pagando-lhes “por fora”); proteger e melhorar a vida no lar e na comunidade (proporcionar empregos e serviços sociais) e não causar danos ao meio ambiente. Estas são as ideias fundamentais por trás dos sete princípios do Banco Mundial para que seja “socialmente aceitável” a compra das terras pelas empresas e estrangeiros.
Estes princípios não vão conseguir os seus objetivos declarados, afirma o documento das ONGs. Para elas, eles são, sim, um movimento para tentar legitimar a apropriação/grilagem de terras. Facilitar, a longo prazo, a aquisição (externa e interna) de terras rurais pertencentes ou tradicionalmente utilizadas pelas pessoas ou famílias, por empresas é completamente inaceitável, não importa que as orientações sejam seguidas. Os princípios do BM, cuja adoção seria totalmente voluntária, têm o objetivo de desviar a atenção do fato de que a crise global atual de alimentos, marcada por mais de 1 bilhão de pessoas passam todos os seus dias com fome, não serão resolvidos pela agricultura industrial em larga escala, que praticamente todas estas aquisições de terras digam que visam promover.

A grilagem de terras já começou a intensificar-se em muitos países nos últimos 10-15 anos, com a adoção de políticas de desregulamentação, acordos comerciais e de investimento, mercado e as reformas da legislação e governança. Os alimentos e as crises financeiras recentes têm fornecido o ímpeto para um aumento da grilagem de terras pelos governos, e investidores financeiros tentam garantir a capacidade de produção agrícola e as reservas de alimentos, bem como os ativos capazes de trazer retornos elevados. Governos dos países ricos têm procurado arrendamento de terras agrícolas por longos períodos de tempo, para segurança alimentar de suas populações e o funcionamento de suas indústrias. Ao mesmo tempo, as empresas estão buscando, a longo prazo, concessões econômicas de produção agrícola para a produção de agrocombustíveis, borracha, óleos, etc Essas tendências também são visíveis nas zonas costeiras, onde os direitos a terra, aos recursos marinhos e as águas disponíveis estão sendo vendidas, alugadas, ou desenvolvidas para o turismo, para investidores corporativos e elites locais, em detrimento dos pescadores artesanais e comunidades costeiras. De uma forma ou outra, as terras agrícolas e florestas estão sendo desviados dos pequenos produtores, pescadores artesanais para fins comerciais, levando ao deslocamento de populacões de suas fontes de alimentação e vida, aumentando a fome e a pobreza.

Controle da água em jogo

Com o atual impuso, a globalização impulsionada pelas corporações atingiu uma nova fase que irá minar, como nunca antes aconteceu, a determinação dos povos à autossoberania alimentar e sobrevivência. O Banco Mundial e muitos governos vêm a terra e os direitos à terra como uma base de ativos crucial para empresas que buscam altos retornos sobre o capital próprio, desde que a terra não é apenas a base para a produção de alimentos e matérias-primas para a nova economia de energia, mas também uma forma de captação de água.

A terra está sendo reavaliada em termos puramente econômicos pelo Banco Mundial, governos e corporações. E nesse processo, a multi-funcionalidade e valores ecológicos, sociais e culturais da terra estão sendo negados. É, portanto, cada vez mais importante que esses recursos do Banco Mundial, e que são provenientes dos Estados Nacionais, sejam disponibilizados para aqueles que precisam deles para se alimentar e outros que, de forma sustentável, os utilizem para sobreviver como comunidades e sociedades.
A apropriação/grilagem de terras - mesmo onde não ocorrem despejos forçados - nega a terra para as comunidades locais, destrói vidas, reduz o espaço político para orientação das políticas agrícolas dos camponeses e distorce os mercados para os interesses do agronegócio, este cada vez mais concentrado, e comércio global, em vez de para a economia do pequeno proprietário/camponês sustentável, produção dirigida para mercados locais e nacionais. Essa apropriação/grilagem vai acelerar a destruição dos ecossistemas e da crise do clima por causa do tipo de monocultura que prevalece na produção em grandes extensões e de commodities, a produção agrícola industrial onde as terras serão usadas.

Promover ou permitir a grilagem viola o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e compromete a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. A grilagem ignora os princípios adotados pela Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR), em 2006, e as recomendações feitas pela Avaliação Internacional de Ciência e Tecnologia Agrícola para o Desenvolvimento (IAASTD).
A apropriação/grilagem de terras deve ser imediatamente interrompida. Os princípios do BM são uma tentativa de criar a ilusão de que a grilagem pode prosseguir sem conseqüências desastrosas para os povos, comunidades, ecossistemas e do clima. Essa ilusão é falsa e enganosa. Farmer's e organizações de povos indígenas, movimentos sociais e grupos da sociedade civil em grande parte concordam que é preciso:

1. Manter as terras nas mãos de comunidades locais e implementar uma verdadeira reforma agrária, a fim de garantir o acesso equitativo à terra e recursos naturais;
2. Fortalecer o apoio a práticas agroecológicas dos pequenos produtores e do campesinato, na agricultura, pesca e pecuária, incluindo a pesquisa participativa e programas de treinamento para que os fornecedores de alimentos em pequena escala possam ampliar sua produção, fornecendo uma alimentação saudável e segura para todos;
3. Revisão de políticas comerciais e agrícolas para apoiar a soberania alimentar e os mercados locais e regionais que as pessoas possam participar e se beneficiar;
4. Promover a alimentação orientada para a comunidade e os sistemas de agricultura com o controle das populações locais sobre a terra, água e biodiversidade. Aplicar estrita regulamentação obrigatória que reduza o acesso de empresas e outros atores poderosos (estatais e privadas) aos produtos agrícolas, litoral e pastagens, florestas e pântanos.

Só a ausência de princípios morais no mundo pode justificar grilagem!
22 de abril de 2010
Fian - Grain - Rede de Ação de Pesquisas Land – Via Campesina

Organizações que subscrevem o documento:

da África
- African Biodiversity Network (ABN) - Anywaa Survival Organisation, Ethiopia- Association Centre Ecologique Albert Schweitzer (Ceas Burkina), Burkina Faso- Coordination Nationale des Usagers des Ressources Naturelles du Bassin du Niger au Mali, Mali- CNCR (Conseil National de Concertation et de Coopération des Ruraux), Sénégal- Collectif pour la Défense des Terres Malgaches TANY, Madagascar - Confédération Paysanne du Congo, Congo RDC- Copagen (Coalition pour la protection du patrimoine génétique africaine) - East African Farmers Federation (EAFF)- Eastern and Southern Africa Small Scale Farmers' Forum (Esaff)- Economic Justice Network of Foccisa, Southern Africa- Food Security, Policy and Advocacy Network (FoodSpan), Ghana- Fora/Desc, Niger- Ghana Civil Society Coalition on Land (Cicol), Ghana- Haki Ardhi, Tanzania- Inades-Formation- Ipacc (Indigenous People of Africa Co-ordinating Committee)- London International Oromo Workhshop Group, Ethiopia- Roppa (Réseau des Organisations Paysannes et des Producteurs de l'Afrique de l'Ouest) - Synergie Paysanne, Bénin

da Ásia
- Aliansi Gerakan Reforma Agraria (Agra), Indonesia- All Nepal Peasants' Association (Anpa), Nepal- Alternative Agriculture Network, Thailand- Alternate Forum for Research in Mindanao (Afrim), Philippines- Andhra Pradesh Vyvasaya Vruthidarula Union (APVVU), India- Anti Debt Coalition (KAU), Indonesia- Aquila Ismail, Pakistan- Asian Human Rights Commission (AHRC)- Bantad Mountain Range Conservation Network, Thailand- Biothai (Thailand)- Bridges Across Borders Southeast Asia, Cambodia- Centre for Agrarian Reform, Empowerment and Transformation, Inc., Philippines- Centro Saka, Inc., Philippines- Cidse, Lao PDR- Daulat Institute, Indonesia- Delhi Forum, India- Focus on the Global South, India, Thailand, Philippines- Foundation for Ecological Recovery/Terra, Thailand- Four Regions Slum Network, Thailand- Friends of the Earth Indonesia (Walhi), Indonesia- Hasatl, Timor Leste- Imse, India- Indian Social Action Forum (Insaf), India- Indonesian Fisher folk Union (SNI), Indonesia- Indonesian Human Rights Committee for Social Justice (Ihcs), Indonesia- Indonesian Peasant' Union (SPI). Indonesia- International Collective in Support of Fishworkers (Icsf), India- Kelompok Studi dan Pengembangan Prakarsa Masyarakat/Study Group for the People Initiative Development (KSPPM), Indonesia- Kiara-Fisheries Justice Coalition of Indonesia, Indonesia- Klongyong and Pichaipuben Land Cooperatives, Thailand- Land Reform Network of Thailand, Thailand- Lokoj Institute, Bangladesh- Marag, India- Melanesian Indigenous Land Defense Alliance (Milda)- My Village, Cambodia- National Fisheries Solidarity Movement (Nafso), Sri Lanka- National Fishworkers Forum, India- National Forum of Forest Peoples and Forest Workers, India- Northeastern Land Reform Network, Thailand- Northern Peasant Federation, Thailand- NZNI, Mongolia- Paragos-Pilipinas, Philippines- Pastoral Peoples Movement, India- PCC, Mongolia- People's Coalition for the Rights to Water (KruHA), Indonesia- Permatil (Permaculture), Timor-Leste- Perween Rehman, Pakistan- Project for Ecological Awareness Building (EAB),Thailand- Roots for Equity, Pakistan- Sintesa Foundation, Indonesia- Social Action for Change, Cambodia- Solidarity Workshop, Bangladesh- Southern Farmer Federation, Thailand- Sustainable Agriculture Foundation, Thailand- The NGO Forum on Cambodia, Cambodia- Village Focus Cambodia, Cambodia- Village Focus International, Lao PDR- World Forum of Fisher Peoples (WFFP), Sri Lanka

na América Latina
- Asamblea de Afectados Ambientales, México- Bios, Argentina- Coeco-Ceiba (Amigos de la Tierra), Costa Rica- Fian Comayagua, Honduras- Grupo Semillas, Colombia- Red de Biodiversidad de Costa Rica, Costa Rica- Red en Defensa del Maiz, México - REL-Uita - Sistema de la Investigación de la Problemática Agraria del Ecuador (SIPAE), Ecuador

na Europa
- Both Ends, Netherlands- CADTM, Belgium- Centre Tricontinental – Cetri, Belgium- CNCD-11.11.11, Belgium- Comité belgo-brasileiro, Belgium- Entraide et Fraternité, Belgium- Fian Austria- Fian Belgium- Fian France- Fian Netherlands- Fian Norway- Fian Sweden- Fugea, Belgium- Guatemala Solidarität, Austria- SOS Faim – Agir avec le Sud, Belgium- The Slow Food Foundation for Biodiversity, Italy- The Transnational Institute (TNI), Netherlands- Uniterre, Switzerland

na América do Norte
- Agricultural Missions, Inc. (AMI), USA- Columban Center for Advocacy and Outreach, USA- Cumberland Countians for Peace & Justice, USA- Grassroots International, USA- National Family Farm Coalition, USA- Network for Environmental & Economic Responsibility, United Church of Christ, USA- Pete Von Christierson, USAPlant (Partners for the Land & Agricultural Needs of Traditional Peoples), USA- Raj Patel, Visiting Scholar, Center for African Studies, University of California at Berkeley, USA- The Institute for Food and Development Policy (Food First), USA- Why Hunger, USA

organizações internacionais:
- Fian International- Friends of the Earth International- Grain- La Vía Campesina- Land Research Action Network (Lran)- World Alliance of Mobile Indigenous People (Wamip)- World Rainforest Movement (WRM)

Pra variar, sojicultor de MT quer renegociar dívida... 22.04.10

22.04.10

Sojicultores de Mato Grosso querem renegociar dívidas, argumentando que a produtividade das lavouras foi menor nesta safra 2009/2010 e o volume de vendas antecipadas diminuiu, comprometendo a renda.

Fonte: jornal O Estado de São Paulo

Sojicultores de Mato Grosso querem renegociar dívidas, argumentando que a produtividade das lavouras foi menor nesta safra 2009/2010 e o volume de vendas antecipadas diminuiu, comprometendo a renda. "A safra deste ano teve produtividades muito diferentes, variando de 45 a 50 sacas, porque as lavouras foram afetadas por microclimas diversos", diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira.

A associação defende a equalização das dívidas do setor, com mudanças nas taxas de juros e o recálculo dos valores. O estoque total da dívida no Estado está estimado em R$ 11 bilhões - cerca de 70% correspondem a débitos de investimento. "O agravante é que a maior parte desta dívida tem taxas de juros acima de 10%. Mas tem casos de até 15%." Silveira explica que, "para o produtor que conseguiu vender pelo menos metade da safra, com rendimento médio de 50 sacas/hectare, esta safra não deu prejuízo."
O cálculo da Aprosoja indica que o agricultor com este perfil teve rentabilidade média de R$ 35/hectare. Segundo ele, esta é a situação de cerca de 50% dos sojicultores do Estado.

"O problema é que o estoque médio da dívida está em R$ 500/hectare no Estado, acima da rentabilidade do produtor, mesmo no melhor cenário", diz Silveira.
Diferença
R$ 40 era o preço da saca de soja entre agosto e outubro
R$ 28 a R$ 30 é o valor da saca hoje, após a finalização da colheita

EUA tentam driblar testes de transgênicos 22.04.10

22.04.10

O PHD Michael Hansen, cientista sênior da maior organização de consumidores do mundo, afirma à Revista Galileu que EUA e multinacionais do setor não querem testar efeito de transgênicos à saúde

Fonte: Mariana Lucena, Revista Galileu

Parece uma inocente espiga de milho. O que você não sabe é que genes de outras espécies foram inseridos no DNA dela. Não houve avaliação se o procedimento quebrou uma sequência genética importante – ou pior, se criou uma série de genes cancerígena. Por que você não sabe? Porque algumas multinacionais não permitem testes mais longos antes de a espiga chegar ao seu prato. É isso o que conta Michael Hansen, PhD em impactos da biotecnologia na agricultura e cientista sênior da maior organização de consumidores do mundo, a Consumers Union dos Estados Unidos.
O estudioso virá ao Brasil em 26 de abril para participar da conferência Segurança dos Alimentos: o que o mundo está discutindo a respeito dos transgênicos e agrotóxicos.

Nesta entrevista exclusiva, ele discute o perigo pelo qual estamos passando.

P- Estamos aderindo aos transgênicos de maneira responsável? R- Nos Estados Unidos, a resposta é absolutamente não. Aqui nós não exigimos testes de segurança antes que estes produtos entrem no mercado e sejam exportados. Existem acordos internacionais que aconselham os países a fazer isso, mas nos Estados Unidos estamos ignorando os potenciais problemas à saúde humana.

P- O Brasil está sendo mais exigente?
R- O Brasil permitiu que essas safras [de transgênicos] entrassem no mercado e os mesmos problemas se aplicam. Acredito que haja um problema com a soja, inclusive problemas ambientais, e entendo que a maioria dos dados usados no Brasil para aprovar a comercialização de soja transgênica foram obtidos em pesquisas feitas nos EUA. E também foi descoberto que os produtos químicos que são jogados na plantação de soja para matar ervas daninhas, com o tempo vão fazendo com que essas ervas daninhas se tornem resistentes. Isso já é um problema aqui nos Estados Unidos e logo será no Brasil.
Para ler a entrevista completa, clique
aqui

Fazenda e Agricultura chegam a acordo sobre comercialização da safra de grãos 22.04.10

22.04.10

 
 Os ministérios da Agricultura e da Fazenda chegaram a um acordo sobre o formato da portaria que define critérios para a comercialização da safra de grãos. O assunto vinha se arrastando há muito tempo e ameaçava prejudicar os leilões de comercialização.

Sem entrar em detalhes, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse no dia 15 pp., ao sair de reunião no Ministério da Fazenda, que a portaria seria assinada nesta semana. “Os modelos dos leilões ainda não foram definidos. Devemos assinar a portaria até segunda-feira (19) e começar imediatamente a atuar, sobretudo no mercado do milho”, afirmou. Rossi disse ainda que, numa próxima reunião, será definido os leilões de trigo.

Desde o final de janeiro os ministérios da Agricultura e da Fazenda negociam as portarias de apoio à comercialização de grãos, mas somente agora anunciaram um acordo, ainda que apenas para três produtos (milho, arroz e feijão). A Fazenda queria que as portarias viessem com informações mais detalhadas, mas a Agricultura defendia que o detalhamento ficasse apenas nos avisos específicos de cada leilão.

Apesar do ministro da Agricultura ter dito que a portaria será assinada no início desta semana, uma fonte da Fazenda estimou que o ato pode demorar um pouco mais, porque o texto da portaria teria ainda que ser finalizado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Fazenda até o dia 16, depois encaminhado para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e, só então, seguiria para assinatura dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo e da Agricultura, Wagner Rossi.
Por Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil, edição: Aécio Amado

Marina diz que governo e agronegócio querem desconstruir legislação ambiental 22.04.10

22.04.10


A senadora Marina Silva (PV-AC), pré-candidata à Presidência da República pelo PV, disse que o governo e o agronegócio querem “desconstruir” a legislação ambiental. O que, segundo ela, vai levar a uma paralisação geral do setor. Ela falou durante o seminário "O Futuro do Código Florestal em Face da Sustentabilidade do Agronegócio", realizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Para a ex-ministra do Meio Ambiente, é preciso criar uma “agenda positiva” que agregue governo, sociedade e setores da área para gerar um “reencontro do meio ambiente e da produção agrícola”. Ela criticou, no entanto, o discurso de alguns representantes do setor agropecuário. 
“O agronegócio precisa se atualizar para que continue competitivo nos novos parâmetros do século 21. Não está em questão sua importância estratégica, mas a necessidade de sua modernização e a proteção do meio ambiente para o bem do próprio setor”.
A senadora disse que a discussão de mudanças no Código Florestal Brasileiro em ano eleitoral, como está sendo feito no Congresso Nacional, é um erro, porque vai contaminar a discussão.
Marina disse ainda que na política brasileira há o costume de se transformar em consenso todos os temas que não querem que sejam resolvidos.
“Para tudo que não se quer resolver, a primeira coisa que se faz é criar um consenso. Reforma política, educação, segurança, tudo é um consenso, mas um consenso oco, que não tem ideias claras”.
Por Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil, edição: Rivadavia Severo

Renda agrícola brasileira volta a nível pré-crise 06.04.10

06.04.10

Puxada pelo bom desempenho das culturas de café e cana-de-açúcar, renda em 2010 deve ser R$ 10,1 bilhões superior à do ano passado


A dobradinha cana de açúcar-café vai garantir o crescimento da renda agrícola neste ano e a volta da receita do campo ao nível pré-crise. Entre grãos, algodão, café, cana e laranja, os produtores devem embolsar R$ 175,5 bilhões em 2010 com a venda da safra, nas contas da RC Consultores.

Em 2009, a receita total foi de R$ 164,9 bilhões e, em 2008, de R$ 174,2 bilhões. Neste ano, a cana e o café, juntos, vão contribuir com R$ 10,1bilhões para o crescimento da receita. A cifra praticamente equivale à perda da renda do campo que ocorreu em 2009 por causa da crise.

Ao contrário dos últimos anos em que os grãos, sustentados pela soja e o milho, foram os responsáveis pela expansão da receita agrícola, agora duas lavouras permanentes, a cana e o café, são as estrelas da safra.

Os preços da cana estão em alta por causa da redução da oferta de açúcar no mercado internacional. No caso café, apesar da grande safra, os estoques mundiais estão baixos e o consumo crescente. Na soja, safras abundantes nos principais produtores derrubaram os preços.

"O ano será mais favorável às lavouras permanentes", observa o sócio da consultoria e responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Numa série iniciada em 1994, ele observa que o comportamento mais frequente da renda agrícola foi de expansão da receita com grãos e recuo das lavouras permanentes, aquelas que são plantadas uma única vez e colhidas durante muitos anos. Neste ano, o quadro se inverteu.

A renda projetada para a cana é de R$ 34,1 bilhões, com acréscimo de R$ 7,1 bilhões na comparação com 2009, segundo o estudo da consultoria, que considera dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e preços no atacado pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para o café, a perspectiva é de que a receita atinja R$ 18,9 bilhões, com expansão de R$ 3 bilhões sobre a de 2009. Enquanto isso, as rendas da soja e do milho devem encolher R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.

Efeito no interior.
A mudança no dinamismo da receita agrícola, da soja para a cana e o café, já tem impacto no comércio das cidades do interior. Em Ribeirão Preto, por exemplo, que fica no interior do Estado de São Paulo e é principal polo de produção de cana do País, o mercado imobiliário está a todo vapor.

"Em dezembro, vendemos um loteamento de padrão médio com 310 terrenos em apenas oito horas", conta André Lopes, diretor comercial do Grupo WTB, incorporadora imobiliária. Em meados de março, a empresa lançou um loteamento de alto padrão com 180 terrenos que custam, em média, R$ 200 mil cada, e já vendeu 80% do estoque.

Lopes conta que a maioria dos compradores está ligada direta ou indiretamente aos negócios do açúcar e do álcool. O produtor de cana André Zaccherini, de 37 anos, dos quais 15 no setor sucroalcooleiro, conta que comprou nos últimos seis meses meia dúzia de lotes urbanos. "Vou construir num dos terrenos e os outros ficam para investimento." Ele ressalta que fazia tempo que a cana-de-açúcar não tinha um ano tão favorável.

Marco Mattar, presidente da construtora Trisul, é outro empresário que atesta o bom desempenho do mercado imobiliário da região. Ele conta que, no fim de 2008, lançou dois prédios de apartamentos de alto padrão, na faixa de R$ 500 mil. "Na crise, as vendas pararam, mas agora, com o impulso dado pela boa fase da cana, está quase tudo vendido."

Luiz Feijó, diretor comercial da New Holland, fabricante de tratores, diz que, no curto prazo, o mercado para tratores destinados às lavouras de cana é o que registra maior acréscimo no volume de vendas.

Werner Santos, diretor de vendas da John Deere, uma das maiores fabricantes de máquinas agrícolas, conta que o mercado ficou aquecido no primeiro bimestre deste ano.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) mostram que houve acréscimo de 28% no número de unidades vendidas em janeiro e fevereiro, na comparação com igual período de 2009. "O setor sucroalcooleiro voltou a investir em máquinas", comemora.

Café.

O comércio das cidades localizadas em polos produtores de café também está pegando carona no bom desempenho da lavoura. Em Varginha, por exemplo, município do sul de Minas Gerais, onde o café é pilar da economia local, concessionárias de veículos registram crescimento de vendas para produtores rurais, que já gastam por conta da safra que começa a ser colhida.

Na revenda Callis, da Volks, as vendas de utilitários, a maioria para produtores rurais, cresceram no primeiro trimestre quase 40% em relação a igual período de 2009 e 130% na comparação com os mesmos meses de 2008. "Em um dia, vendi dois utilitários que foram pagos com dinheiro obtido por meio da Cédula do Produtor Rural (CPR) do Banco do Brasil", conta o consultor da revenda Eduardo Vitor da Silva.

Em Patrocínio, região de produção de café do cerrado mineiro, as lojas também se preparam para embolsar a renda da safra. Pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade revela que os empresários do comércio vão ampliar, nos próximos meses, em 20% os estoques de mercadorias, principalmente de eletrodomésticos e eletrônicos. Além disso, pretendem contratar 300 trabalhadores temporários para atender a demanda.
Fonte: Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo

Ipea sugere a retomada da discusssão internacional sobre o uso do etanol 06.04.10

06.04.10


Veja também:
- EUA voltam a atacar etanol brasileiro

- Crise mundial e preços baixos reduziram investimentos no setor de cana
- Produção da cana deve crescer em Mato Grosso
Os países produtores de etanol devem retomar a qualquer momento as discussões sobre a viabilidade da cultura de cana-de-açúcar para a produção de álcool hidratado - em especial nos países da África Subsaariana, América Latina e do Caribe - e sua comercialização internacional. Quem aposta nessa tese são os técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Pedro Silva Barros e Giorgio Romano Schutte, que realizaram recente pesquisa sobre A Geopolítica do Etanol. Para eles, a crise financeira mundial, deflagrada em setembro de 2008, foi a principal responsável por ter tirado a discussão energética do foco das atenções. Esse fato foi agravado no Brasil, onde as atenções no debate sobre energia, em 2009, estiveram voltadas para o petróleo da camada de pré-sal. Com isso, os biocombustíveis perderam espaço na discussão. A pesquisa de Barros e Schutte ressalta que não se deve deixar em segundo plano a discussão sobre o “igualmente promissor futuro do etanol”. Para eles, em um cenário onde a preocupação com o meio ambiente é irreversível, torna-se obrigatório que o Brasil consiga articular de forma harmônica as várias fontes de energia. O estudo mostra que o Brasil tem muito a ganhar com o desenvolvimento do mercado de etanol,  uma vez que a produtividade obtida com a cana-de-açúcar é bem mais alta que as extrações derivadas de milho, nos Estados Unidos, e de beterraba, nos países europeus. Além disso, há o fato de o Brasil dominar todas as fases da cadeia produtiva, do plantio à comercialização e ao uso das melhores tecnologias de produção.

A única coisa que pesa contra o Brasil é o receio dos países consumidores em relação à dependência de poucos exportadores de etanol, como ocorre hoje. Mercado no qual o Brasil tem domínio quase absoluto, seguido de longe por: Estados Unidos, Índia, China e África do Sul. Os pesquisadores do Ipea afirmam que a efetivação de um mercado mundial de etanol passa pela transformação do produto em commodity (com preço internacional, definido pela Bolsa de Chicago).

Para os pesquisadores, é necessária uma ação articulada de incentivo à produção de cana de açúcar  em terceiros países, pelo setor privado, e de cooperação técnica, do setor público, para melhorar a produção agrícola – em especial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que já realiza algumas ações nesse sentido, em países da África.
Fonte: Stênio Ribeiro, repórter da Agência Brasil

EUA voltam a atacar etanol brasileiro 06.04.10

06.04.10

Os produtores de etanol dos Estados Unidos, que usam o milho como matéria-prima, lançaram nova ofensiva para tentar barrar a entrada do etanol brasileiro, de cana-de-açúcar. Na semana passada, dois deputados da bancada ruralista, em Washington, apresentaram um projeto de lei para tentar prorrogar por mais cinco anos os subsídios aos plantadores de milho e as tarifas à importação de etanol.

A Associação da Indústria de Cana de Açúcar do Brasil (Unica) considera que essa é a principal batalha do ano para os produtores brasileiros de etanol.

Recentemente, os usineiros brasileiros conseguiram grande vitória nos EUA, com o reconhecimento, pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), de que o etanol produzido a partir da cana é um biocombustível avançado, que reduz em ao menos 40% a emissão de dióxido de carbono em relação à gasolina. A decisão da EPA abre as portas para o mercado americano - desde que o lobby dos produtores do etanol de milho não consiga manter ou elevar as barreiras hoje vigentes.

Subsídios.

A atual legislação prevê dois tipos de benefícios aos produtores americanos. Um deles é o subsídio: para cada galão de gasolina com etanol, os produtores americanos de etanol ganham um crédito de US$ 0,45 para ser abatido em impostos. Outro benefício é a tarifa de importação, que impõe taxa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol brasileiro. Essa lei vigora até o fim do ano.

A ação bipartidária anunciada na semana passada pelos deputados democrata Earl Pomeroy e republicano John Shimikus visa a defender essa proteção aos produtores de milho americanos. Um projeto de lei similar e coordenado com a da Câmara deve ser apresentado no Senado nas próximas semanas.

Segundo os dois parlamentares, caso a atual legislação expire, 112 mil empregos podem ser perdidos e a produção de etanol será reduzida em 38%. "Em um momento em que a economia americana enfrenta problemas, não podemos permitir que esses incentivos fiscais expirem, minando o crescimento que temos visto na nossa indústria de etanol", disse Pomeroy. "A prorrogação dos créditos fiscais ajuda a indústria a contribuir com a segurança da nossa nação", acrescentou Shimkus.

A proposta foi imediatamente contestada por produtores do Brasil e pela indústria alimentícia dos EUA, que acaba pagando mais pelo milho que não é destinado ao etanol.

Reação.

Joel Velasco, representante da Unica em Washington, divulgou comunicado afirmando que "os americanos não se beneficiarão dessa alternativa mais limpa e econômica se o Congresso continuar erguendo barreiras comerciais contra o etanol importado". "É irônico que o Congresso permita que o petróleo de nações hostis aos EUA entrem no país sem pagar tarifa, enquanto punem a energia limpa do Brasil, um antigo aliado democrático."

A American Meat Institute, que representa os produtores americanos de carne, também se manifestou. "Infelizmente, essa lei continua a apoiar e a proteger de forma desonesta o etanol do milho nos últimos 30 anos à custa do contribuinte americano e do gado e das aves que dependem do milho para alimentação", disse, em comunicado, o presidente da associação, Patrick Boyle. "Chegou a hora de a indústria do etanol parar de usar o dinheiro dos impostos americanos e a passar a competir por conta própria no livre mercado."

A Unica tem agido no Congresso americano para defender a posição dos produtores brasileiros. O argumento principal é o de que os incentivos fiscais custam US$ 6 bilhões aos cofres americanos por ano.

A tarefa será difícil, já que este é um ano eleitoral e produtores de milho influenciam os votos para deputados em muitos Estados. O presidente Barack Obama também sabe que sua virada na disputa presidencial ocorreu graças à sua vitória nas primárias em Iowa, um dos principais Estados produtores de milho.

Os produtores de milho usam até o relatório da EPA para seu lobby. Como a EPA avaliou que o etanol de cana é menos poluente que o de milho, os produtores americanos dizem que esse é mais um motivo para o governo os defender.
Fonte: Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo, correspondente em Nova York

Crise mundial e preços baixos reduziram investimentos no setor de cana 06.04.10

06.04.10

A falta de investimentos nos últimos anos na renovação dos canaviais pode afetar a próxima safra do setor. Segundo o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, com a crise internacional e a baixa nos preços do álcool, a indústria deixou de investir na recuperação das lavouras.

De acordo com os dados divulgados pela Unica, os investimentos nos canaviais em 2009 foram 23% inferiores aos de 2008. Rodrigues destaca que o envelhecimento da plantação torna mais imprevisível a produção. “Ninguém tem condições de fazer planejamento de safra em um canavial desequilibrado”, ressaltou.

Rodrigues acredita que as empresas do setor terão que investir em seus canaviais na próxima entressafra, o que reduzirá a área disponível para a colheita. “Você termina essa safra com um canavial totalmente desequilibrado e as empresas querem normalizar o seu canavial. Aumentando a área de reforma ano que vem, você vai ter menos disponibilidade de área para  colheita”, explicou.

As novas áreas de plantação de cana-de-açúcar conseguirão, segundo Rodrigues, compensar dificilmente as áreas que precisam ser reformadas. “Evidente que continuará havendo expansões, mas o cenário provável é que não compense a redução da área a ser colhida na próxima safra”, destacou.

A safra deste ano, 2010/11, deve superar em 10% a anterior, totalizando 595 milhões de toneladas de cana moída, segundo estimativa da Unica. A produção de etanol deve chegar aos 27,3 bilhões de litros, 15% do que da última safra. No açúcar, a produção deve aumentar 19,1% e chegar a 34 milhões de toneladas.

Segundo a Unica, os resultados deverão mostrar a normalização da safra, após um ano atípico. O excesso de chuvas em 2009 prejudicou, de acordo com a entidade, a safra passada e foi responsável pela grande alta nos preços verificada a partir do final do ano. Além disso, os produtores haviam vendido parte do produto abaixo do preço de custo no início do ano para compensar uma falta de liquidez.

O presidente da Unica, Marcos Jank, ressaltou que, no entanto, as condições excepcionais verificadas no ano passado tem poucas chances de repetir. Ele acrescentou que a indústria trabalha em conjunto com o governo federal para fortalecer um programa de estocagem de etanol para dar mais estabilidade aos preços do produto.
Fonte: Daniel Mello, repórter da Agência Brasil, edição: Enio Vieira

Produção da cana deve crescer em Mato Grosso 06.04.10

06.04.10


Mato Grosso irá cultivar 215 mil hectares de cana-de-açúcar na safra 2010/2011. Deste total 93,4%, equivalente a 200,9 mil (ha), enviarão a cana à indústria sucroalcooleira para ser transformada em açúcar e etanol. O restante (14,095 mil/ha) será destinado à produção de mudas, cachaça e outros derivados do produto. Os números são preliminares e foram apurados pelo Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool-MT), com base na intenção de produção de 10 usinas em operação no Estado. O corte da cana é realizado entre abril e novembro.

De acordo com a entidade serão processadas 14,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nesta safra, leve alta de 0,39% sobre o volume moído no ano passado, que contabilizou 14,045 milhões (t). A quantidade ainda é 7,7% menor se comparado ao volume processado pelas unidades estaduais na safra 08/09, quando foram moídas 15,283 milhões (t), o número mais elevado das 5 últimas temporadas. Na avaliação do diretor-executivo do sindicato, Jorge dos Santos, a preocupação do setor não está concentrada na safra 10/11 e sim na 11/12.

Segundo ele, os industriais estão sem capital e a baixa remuneração com a venda do produto limita qualquer intenção de investimentos nos canaviais. O corte de uma mesma plantação de cana pode ser feito em até 5 anos subsequentes ao plantio e em muitas plantações esse prazo se finda este ano. "Se não houver novo plantio, adubação e tratamento dos canaviais não teremos produção suficiente a partir do ano que vem para atender o mercado", destaca Santos ao explicar que nem mesmo a recuperação no preço do etanol nos últimos meses foi suficiente para que a rentabilidade do setor aumentasse.

De acordo com os dados do Sindalcool, a produção total de etanol na safra 10/11 é de 818,958 milhões de litros, 0,84% a menos que o registrado na temporada anterior, que atingiu 825,914 milhões/l. A redução é puxada pela produção de anidro, que deve totalizar 254,2 milhões/l, ante os 271,9 milhões/t do ano passado, recuo de 6,5%. Já o hidratado aumentou, passando de 554 milhões/l para 564,7 milhões/l alta de 1,9%.
Fonte: A Gazeta

Novo ministro da Agricultura defende aumento da produção com preservação ambiental 06.04.10

06.04.10

O novo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse em sua posse que a compatibilização entre o aumento da produção agrícola e a necessidade de preservação ambiental seguirá sendo o grande desafio de seu ministério. Durante a cerimônia de transmissão de cargo, ele criticou quem elabora as políticas ambientais sem conhecer a realidade do campo.
 
“Quem melhor sabe como preservar é o produtor rural, porque faz isso com a vegetação, com os mananciais. Não são aqueles que, a distância, ainda que com boas intenções, pensam o mundo a partir de suas cabeças. Temos que fazer isso com respeito”, afirmou.
 
Rossi disse que dará continuidade às ações encampadas pelo ministro Reinhold Stephanes e destacou a luta de seu antecessor por aquela que foi considerada a maior preocupação do setor: os fertilizantes, cujo projeto para regular a exploração foi entregue dia 30 de março ao presidente Luiz Inácio da Silva.
 
“Apesar de ser uma das mais produtivas, há um pé que não está funcionando na agricultura brasileira. Temos alta dependência da importação de fertilizantes. Precisamos do apoio da Petrobras e de empresas privadas, como a Vale, para alcançar a autossuficiência. O ministro Stephanes se dedicou muito a isso e vamos dar continuidade”, disse.
 
Quanto ao apoio à comercialização de grãos, o novo ministro disse ter uma boa experiência no assunto, conquistada ao longo dos pouco mais de dois anos em que foi presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo ele, é unanimidade entre os técnicos do Ministério da Agricultura que alguns detalhes propostos pelo Ministério da Fazenda nas portarias interministeriais “engessa” todo o mecanismo de apoio aos produtores.
 
O substituto de Rossi na presidência da Conab ainda não foi escolhido. Segundo o recém empossado ministro da Agricultura, o presidente da Repeublica encarregou a ele e ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a tarefa. “Teremos, se possível, uma solução interna.”
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil. Edição: João Carlos Rodrigues

Agricultura deve aderir à proposta do Desenvolvimento Agrário no novo Código Florestal 06.04.10

06.04.10


O Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse - um dia antes de deixar o cargo - que a sua pasta vai aderir a proposta do Ministério do Desenvolvimento Agrário sobre as mudanças no Código Florestal Brasileiro. Para Stephanes, a proposta é a mais conciliadora entre o que pretendem os ministérios do Meio Ambiente, Agricultura e o Desenvolvimento Agrário. 
 
“A proposta é de que em riachos de até 6 metros de largura, a margem tenha 10 metros de florestamento. De 6 a 8 metros, a margem seria de 15 metros e, num rio acima de 8 metros, teríamos 30 metros de margem”.
 
Segundo Stephanes, se a legislação atual for aplicada que exige 30 metros de mata ciliar independentemente da largura do riacho, poderia ocorrer uma “reforma agrária ao inverso”, porque inviabilizaria as pequenas propriedades às margens de rios, forçando sua venda para produtores rurais maiores.
Stephanes disse que em um encontro curto que manteve hoje com o presidente Luiz Inácio da Silva, ele disse que trataria do assunto com a Casa Civil, que concentra as informações e propostas sobre o único ponto em que ainda há divergência entre agricultura e meio ambiente que é o da metragem de mata ciliar nas margens de rios. Nos outros quatro itens, haveria concordância entre os ministérios.
O tema deveria ter sido tratado ontem pelo Presidente e Stephanes, mas a reunião foi cancelada.
 
O ministro disse que as mudanças no Código Florestal, que provavelmente virão por meio de medida provisória, precisam ser feitas logo, sob o risco de ocorrerem iniciativas estaduais, como aconteceu em Santa Catarina, que estabeleceu uma legislação ambiental própria. “O Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul já estão com códigos próprios para serem aprovados”.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo

Agricultura familiar sustenta 30 milhões de pessoas 06.04.10

06.04.10


A agricultura familiar é responsável pelo sustento dos 30 milhões de brasileiros que vivem em ocupações rurais. No entanto, há, entre eles, um baixo nível de educação e a remuneração média é menor do que o salário mínimo. Boa parte (75%) do contingente de trabalhadores não remunerados é composta por mulheres.

A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que tem por base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada no dia 1º pp., no capítulo sobre o setor rural. A publicação é uma descrição da situação rural do país, que deverá ser utilizada para a formatação de políticas públicas no Brasil.

De acordo com a pesquisa, 43% da população rural não é remunerada. “A população rural é estimada em 30 milhões de habitantes. Isso corresponde a pouco mais de 16% da população brasileira. É maior do que a população de muitos países do mundo, mas que, por uma falha histórica do Estado, acaba ficando sem qualquer tipo de vínculo trabalhista, direitos e garantias sociais ou qualquer acesso a bens e serviços”, explica a coordenadora de área de Desenvolvimento Rural do Ipea, Brancolina Ferreira.

A baixa qualidade da educação prejudica sensivelmente a qualidade de vida da população rural e o desempenho da agricultura familiar como um todo, “tanto em termos de produção, acesso e uso de novas tecnologias, como por não dar a eles conhecimentos sobre como reivindicar o que precisam”, avalia a pesquisadora.

As mulheres, segundo a pesquisadora, constituem um grande contingente (75%) dos trabalhadores não remunerados que fazem parte da população economicamente ativa. “São mais de 4 milhões de mulheres e pouco mais de 2 milhões de homens nessa situação”, informou Brancolina.

Segundo ela, a alta concentração de terras no Brasil é um dos causadores dos problemas vividos pela população rural. “Os dados deixam claro que a terra continua concentrada nas mãos de poucos, e que as formas de acesso a ela são ainda provisórias e precárias”, disse a pesquisadora.

Fonte: Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo

No MS, em três anos 270 mil hectares do Pantanal viram carvão 06.04.10

06.04.10

Área equivale a duas vezes o território da cidade de SP Estimativa foi feita pelo Ibama; para ambientalista, produção de carvão vegetal na região serve para bancar a abertura de mais pastos A produção de carvão vegetal para a indústria siderúrgica fez desaparecer nos últimos três anos cerca de 270 mil hectares de matas nativas do Pantanal de Mato Grosso do Sul, o que equivale a duas vezes o território da cidade de São Paulo.A estimativa foi feita pelo Ibama no Estado e levou em conta a demanda utilizada pelas indústrias no período e as informações sobre movimentação de cargas contidas nas guias do DOF (Documento de Origem Florestal)."O avanço das carvoarias sobre as matas nativas, legalmente ou não, é uma séria ameaça à sobrevivência do Pantanal", afirma o superintendente do Ibama-MS, David Lourenço.Entre 2007 e 2009, segundo o Ibama, Mato Grosso do Sul movimentou 8,6 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal -a conta inclui o carvão importado do Paraguai. O auge foi o ano de 2007, com 4,5 milhões de metros cúbicos.Em 2009, diz o Ibama, houve queda significativa na produção: 1,2 milhão de metros cúbicos. O órgão atribui o resultado à crise internacional e ao aumento na fiscalização.No período, diz Lourenço, a produção derivada de florestas plantadas representou "praticamente nada" em relação à demanda da indústria. "Do produzido, 99% se dá por meio de lenha de floresta nativa. Não temos dúvida em relação a isso."Cada 80 metros cúbicos de lenha nativa rende, em média, 40 metros de carvão. A maior parte dessa madeira é retirada da região do planalto pantaneiro, afirma o superintendente."Antes a produção se concentrava no oeste do Estado. Mas o enfraquecimento gradativo do cerrado por lá levou a uma migração para o planalto pantaneiro, onde temos 47% de matas nativas preservadas."Para Luiz Benatti, chefe de proteção ambiental do Ibama no Estado, as indústrias carvoeira e siderúrgica são hoje duas das principais "indutoras do desmatamento" do cerrado."A carvoarias atuam diretamente. E as siderúrgicas só querem saber de colocar mais carvão para dentro da indústria, sem se importar com a origem e as condições em que foi produzido", afirma.O ambientalista Alcides Faria, diretor-executivo da ONG sul-mato-grossense Ecoa (Ecologia e Ação), diz que até mesmo as áreas da planície pantaneira já são alvo das carvoarias."Entre os impactos possíveis estão a erosão e o assoreamento dos rios", diz Faria. Para fazer pasto
De acordo com ele, a transformação de matas nativas em carvão é hoje uma opção rentável para a ampliação de áreas para a pecuária. "Muitos fazendeiros usam as natas nativas de suas propriedades para financiar, por meio da produção de carvão, a abertura de novas pastagens", afirma.O processo segue o mesmo rumo, diz o ambientalista, nas regiões pantaneiras da Bolívia e do Paraguai, que hoje também são grandes produtoras de carvão de origem nativa. "Há uma nítida expansão dessas atividades por todo o bioma." "Exagero"O presidente do sindicato do setor metalúrgico no Estado, Irineu Milanesi, diz que considera "exagerada" a estimativa feita pelo Ibama. De acordo com ele, as florestas plantadas "já são uma realidade". "Não conseguiríamos sustentar a indústria só com carvão de origem nativa. Isso é um exagero do Ibama", diz Milanesi.Para Marcos Brito, do sindicato que representa a indústria carvoeira, a ideia de que matas nativas são derrubadas para a produção de carvão é um "equívoco". "O que existe é o aproveitamento do material resultante de áreas desmatadas legalmente para a agropecuária."Segundo ele, o setor é o que mais gera empregos no Estado e será autossustentável em "sete a oito anos". "Já temos 307 mil hectares plantados e devemos chegar a 500 mil hectares. Este processo já está bastante adiantado", afirma Brito.
Fonte: Rodrigo Vargas, da Agência Folha, em Cuiabá

Aftosa expõe conflito de interesses entre produtores de carne e a indústria de vacina 23.03.10

23.03.10

Indústria fatura cerca de R$ 440 milhões neste ano (que representa um custo ao produtor)
Enquanto alguns Estados do país, sobretudo o Paraná, aceleram os trabalhos para suspender a imunização de seus rebanhos contra febre aftosa e se tornar “áreas livres da doença sem vacinação”, os laboratórios fabricantes de vacinas reforçam o lobby na tentativa de mostrar a importância do medicamento para evitar o surgimento de novos casos da doença.

Oficialmente, as indústrias afirmam que a decisão de suspender a vacinação em alguns Estados é um processo natural do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa. Nos bastidores do segmento, no entanto, questiona-se o risco que essa medida pode ter para o país e também para as próprias empresas do segmento.

Em jogo está um mercado que deve movimentar este ano cerca de R$ 440 milhões. O valor referente à venda de vacinas corresponde a aproximadamente 15% de todo o faturamento da indústria veterinária no Brasil. Só a saída do Paraná desse mercado representaria uma queda de R$ 20 milhões na arrecadação.

"A decisão de suspender a vacinação e a criação de novas áreas livres como Santa Catarina envolvem os governos federal e estaduais e a OIE [Organização Mundial de Saúde Animal]. Obter um novo status é a tendência do processo. É possível de se conseguir, mas requer uma vigilância sanitária muito mais rigorosa", diz Emílio Salani, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan).

O Paraná já pediu o novo status de livre de febre aftosa sem vacinação ao Ministério da Agricultura e deverá ser seguido por São Paulo e Minas Gerais, que também se esforçam para erradicar a doença.

Rondônia, com rebanho superior a 11 milhões de cabeças, é outro Estado que planeja pedir em 2011 o status de área livre de aftosa sem vacinação, colocando em xeque outros R$ 25 milhões. "Rondônia está muito avançado nesse processo e deve ser o próximo Estado a fazer o pedido ao ministério. Eles [Rondônia] têm hoje a melhor defesa sanitária do país", diz Sebastião Costa Guedes, presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte do Brasil (CNPC) e do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa).
Há no Brasil três laboratórios habilitados para produzir vacinas contra aftosa - Merial, Vallée e Intervet/Schering-Plough -, que têm, juntos, capacidade instalada para produzir 400 milhões de doses. Em fevereiro, a Bayer suspendeu as atividades de sua unidade de Porto Alegre, que tinha uma capacidade para outras 100 milhões de doses. Além dos já existentes, outros três laboratórios devem começar a produzir vacinas contra aftosa em escala comercial ainda este ano. Biovet, Ourofino e Inova Saúde Animal devem agregar uma capacidade de 200 milhões de doses de vacina por ano e elevar para 600 milhões o potencial de produção nacional. Essa capacidade supera em 60% a demanda estimada pelo Ministério da Agricultura para 2010, que é de 365 milhões. Não entra nessa conta o argentino Biogénesis-Bagó, que obteve do ministério brasileiro a autorização para vender no Brasil a vacina contra aftosa produzida na Argentina. "Os Estados passam, de fato, por um momento de calmaria em relação à febre aftosa. O que não sabemos é se isso ocorre porque os rebanhos estão protegidos ou se porque não existe atividade viral nessas regiões", disse ao Valor o uruguaio Hugo Zanocchi, presidente do Inova Saúde Animal, controlado pela Eurofarma e a Hertape Calier e que investiu R$ 80 milhões em uma fábrica de vacinas contra a doença. O executivo do Inova afirma que em meados da década de 90, o Uruguai decidiu por "motivos políticos" suspender a vacinação contra aftosa e se tornar uma região livre da doença sem vacinação. O objetivo foi alcançado e durante cinco anos o Uruguai gozou dos benefícios de seu novo status. "Quando o rebanho começou a ter sua renovação natural, os animais que nasceram estavam sem qualquer tipo de imunidade. O resultado foi em que poucos dias, 17 mil casos de febre aftosa foram identificados em todo o Uruguai em 2001, quando o país teve seu último surto", conta Zanocchi. "Um rebanho sem imunidade é um rebanho em risco. A pergunta que deve ser feita é: vale a pena correr esse risco?", questiona. No mesmo caminho do Inova, a Ourofino investiu R$ 30 milhões na planta de Cravinhos (SP) e aguarda apenas a licença de comercialização do produto. Em nota, o diretor de biológicos da empresa, Fausto Terra, afirma acreditar que "vacinar o gado contra a febre aftosa é uma garantia para o pecuarista não correr o risco de grandes perdas econômicas. Assim como ainda vacinamos as nossas crianças contra a poliomielite, apesar da erradicação da doença, é importante evitar um possível prejuízo com o gado doente". Na lista dos riscos pode ser incluída a extensa fronteira do país com seus vizinhos sul-americanos. Saindo do Acre, passando por Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul até chegar ao Paraná, são quatro países - Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina - que fazem fronteira com o Brasil, o que dificulta a fiscalização do trânsito de animais.
Foi, aliás, a falha na vigilância que fez o vírus da febre aftosa surgir pela última vez no Brasil, em outubro de 2005. A suspeita é que um animal contaminado tenha atravessado a fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul e posteriormente entrado no Paraná. Esse último caso provocou perdas estimadas em mais de US$ 15 milhões, só com o sacrifício de animais.

A situação uruguaia daquela época, mencionada por Zanocchi, é parecida com a atual no Brasil. Às vésperas de uma eleição que envolve além da presidência da República, o Brasil substitui este ano governadores, senadores e deputados. Vale lembrar que tanto o secretário de Defesa Agropecuária - Inácio Kroetz -, quanto o próprio ministro da Agricultura - Reinhold Stephanes -, são do Estado que pleiteia o status de livre de aftosa sem vacinação, o Paraná.

Fonte: Valor Econômico, com o Observatório

Produtores rurais definem proposta nacional do setor aos candidatos a Presidente 23.03.10

23.03.10

Produtores rurais das cinco regiões do país se reúnem nesta quarta e quinta-feira (24 e 25/03), em São Paulo, para consolidar propostas que visam eliminar os gargalos do segmento rural. As propostas foram retiradas de seminários regionais, que ocorreram no início do mês, e serão debatidas no Seminário Nacional, “O que esperamos do próximo presidente”.
O documento final será entregue aos candidatos a presidente da República e presidentes de partidos políticos. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, estará no evento representando os ruralistas mato-grossenses.

Os seminários regionais discutiram todas as áreas de interesse dos produtores, como política agrícola, meio ambiente, insegurança jurídica, alimento saudável, processo tecnológico, logística, qualificação profissional, responsabilidade social, pobreza rural e trabalho decente.

Entre as questões consideradas mais urgentes pelos produtores da região Centro-Oeste, conforme o presidente da Famato estão a dificuldade de escoamento da produção e o financiamento agrícola. “O produtor rural tem modernizado o sistema produtivo e garantido excelentes resultados em termos de quantidade e qualidade da produção, no entanto, continua sem rentabilidade e é isso que precisa ser equacionado”.

O encontro será no World Trade Center Hotel, na Avenida das Nações Unidas, 12.551, Brooklin Novo, São Paulo (SP), e contará com a presença da senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Fonte: Diário de Cuiabá

Justiça derruba liminar que liberava caminhões apreendidos pelo Ibama 23.03.10

23.03.10

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou uma liminar que liberava caminhões apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante fiscalização de transporte ilegal de madeira no Pará.
Uma decisão de primeira instância havia garantido ao proprietário uma liminar para reaver os veículos retidos. O Ibama entrou com recurso e argumentou que o uso indevido dos caminhões – para transporte de madeira de desmatamento ilegal – justificou a apreensão.
O argumento, apresentado pela Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto ao Ibama e pela Procuradoria-Regional Federal da 1ª Região (PRF1), ligadas à Advocacia-Geral da União (AGU), foi acolhido pelo TRF, que suspendeu a liminar.
"As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente submetem os infratores, aí incluídos aqueles que concorrem para sua efetivação, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados", de acordo com a sentença.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

MPF denuncia empresas por produção e compra ilegal de carvão no Pantanal 23.03.10

23.03.10

O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul denunciou a siderúrgica MMX, do empresário Eike Batista, e mais duas empresas que atuam no Estado por produção e comercialização irregulares de carvão.

A MMX é acusada de comprar carvão vegetal produzido com desmatamento de árvores nativas. O carvão, adquirido de fornecedor não licenciado, vinha do município de Bonito, na entrada do Pantanal, onde a exploração de madeira para esse fim é proibida.

De acordo com o MPF, a empresa também foi flagrada recebendo 25 documentos de origem florestal (DOF) falsos de uma empresa envolvida em um esquema de fraudes do sistema eletrônico de controle de produtos florestais.

As empresas Black Comércio de Carvão Vegetal e HF Agropecuária também foram denunciadas pela extração de madeira nativa para produção de carvão. Segundo a investigação, as duas empresas retiraram madeira de uma área equivalente a mais de mil campos de futebol do interior da Terra Indígena Kadiwéu, na região de Corumbá, também no Pantanal sul matogrossense.
Na denúncia contra a MMX, o MPF pede que a empresa responda por crime ambiental por deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, por operar em desacordo com licença ambiental concedida e por desobedecer um auto de infração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A Black Comércio de Carvão Vegetal e a HF Agropecuária Ltda deverão responder criminalmente pelo corte e transformação de madeira de lei em carvão. Além de multa, a lei prevê reclusão de um a dois anos.

Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Produtores rurais participam de evento para divulgar experiências inovadoras no campo 23.03.10

23.03.10

Começou no final da tarde desta segunda-feira (22), no Centro de Convenções em Brasília, a segunda edição do Salão Nacional dos Territórios Rurais, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para o encontro e a troca de experiências de pequenos produtores rurais.
Cerca de 2 mil pessoas participarão do evento que vai até a próxima quinta-feira (25) e terá exposição de 143 projetos e experiências inovadoras nas áreas de agricultura, economia solidária, culinária, saúde e educação, desenvolvida em 120 territórios rurais.
Durante o evento, haverá debates entre especialistas como o economista Ignacy Sachs, professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, na França, que participou de painel hoje (23), às 9h, sobre Desenvolvimento, Território e Democracia.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Territorial, Humberto Oliveira, o salão divulga as atividades dos produtores rurais e aumenta a visibilidade sobre a vida no campo, onde residem cerca de 50 milhões de brasileiros (mais de um quarto da população).
Segundo o secretário, o salão é resultado de uma política governamental de “tratar o meio rural como lugar de cidadania". "Queremos um Brasil rural com gente feliz, com gente que tenha capacidade de produzir, tenha ali o seu emprego, vivam com a sua família e passeiem nas grandes cidades quando necessário, mas que tenham ali direito à escola, à saúde, ao lazer e a equipamentos públicos de qualidade”.
Segundo Oliveira, outros países como a Inglaterra, a França e a Espanha têm dado atenção especial ao campo e, nos últimos cinco anos, mudaram a legislação para melhorar a assistência ao meio rural.
Além dos pequenos produtores rurais, participam do evento gestores públicos, parlamentares, lideranças de movimentos sociais, representantes de organismos internacionais e pesquisadores. Os pequenos produtores rurais são responsáveis por 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.
Lançado em fevereiro de 2008, o Programa, realizado em parceria com estados, municípios e a sociedade civil, abrange 120 Territórios da Cidadania em todo o Brasil. Até novembro de 2009, foram destinados R$ 31,1 bilhões para ações de apoio a atividades produtivas, infraestrutura, cidadania e desenvolvimento social. Para 2010, o presidente da República vai anunciar a disponibilização de mais R$ 27 bilhões para obras e serviços -quase dobrando em um ano o investimento anterior em dois anos - que asseguram acesso à cidadania e promoção do desenvolvimento econômico em regiões que mais necessitam, especialmente no meio rural. Fonte: Gilberto Costa, repórter da Agência Brasil

Stephanes: exploração mineral para fertilizantes pode ser feita de maneira sustentável 23.03.10

23.03.10

A futura exploração de matérias-primas para fertilizantes não acarretará em prejuízos ambientais, na opinião do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Ele participou, nesta terça-feira (23), de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, onde debateu a autossuficiência brasileira em potássio, fósforo e nitrogenados, minerais que servem de base para a produção do insumo. “A discussão de questões ambientais na exploração mineral vai surgir de maneira muito forte, mas temos tecnologia para explorar e recompor a floresta da maneira que quiserem”, enfatizou.

O ministro Stephanes assegurou aos senadores que “é possível realizar exploração mineral para fertilizantes sem desrespeitar a legislação ambiental brasileira, uma das mais restritivas do mundo”. Hoje, apenas um artigo de lei sobre reciprocidade poderia resolver e esclarecer essa questão: “vamos exigir reciprocidade dos países de onde importamos determinados produtos para ver se estão obedecendo as mesmas leis ambientais que somos obrigados seguir”, frisou.

Como exemplo, Stephanes citou a imposição ambiental com obstáculos ao plantio do dendê no País mesmo em áreas degradadas. “Importamos dendê da Malásia, aceitando a derrubada de florestas. Por que não exigir reciprocidade? Isso resolveria o nosso problema no Brasil imediatamente”, concluiu.
Fonte:Eline Santos, Assessoria de Comunicação do Mapa

Brasil agora é o terceiro maior exportador agrícola mundial 08.03.10

08.03.10


País já havia deixado Austrália e China para trás, e agora só tem pela frente os Estados Unidos e a União Europeia

O Brasil ultrapassou o Canadá e se tornou o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo. Na última década, o País já havia deixado para trás Austrália e China. Hoje, apenas Estados Unidos e União Europeia vendem mais alimentos no planeta que os agricultores e pecuaristas brasileiros.
Dados da Organização Mundial de Comércio (OMC), divulgados este ano, apontam que o Brasil exportou US$ 61,4 bilhões em produtos agropecuários em 2008, comparado com US$ 54 bilhões do Canadá. Em 2007, os canadenses mantinham estreita vantagem, com vendas de US$ 48,7 bilhões, ante US$ 48,3 bilhões do Brasil. O ritmo de crescimento da produção brasileira de alimentos já deixava claro que a virada estava prestes a ocorrer. Entre 2000 e 2008, as exportações agrícolas do Brasil cresceram 18,6%, em média, por ano, acima dos 6,3% do Canadá, 6% da Austrália, 8,4% dos Estados Unidos e 11,4% da União Europeia. Em 2000, o País ocupava o sexto lugar no ranking dos exportadores agrícolas. Uma série de fatores garantiu o avanço da agricultura brasileira nos últimos anos: recursos naturais (solo, água e luz) abundantes, diversidade de produtos, um câmbio relativamente favorável até 2006 (depois a valorização do real prejudicou a rentabilidade), o aumento da demanda dos países asiáticos e o crescimento da produtividade das lavouras. "Houve uma mudança nas vantagens comparativas em favor do Brasil, que teve um custo de produção baixo para vários produtos nesse período graças aos seus recursos naturais e ao câmbio", disse o analista sênior da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Garry Smith. ... Apesar disso, 80% da produção de grãos ainda estão em áreas temperadas. Canadá, EUA e UE detêm a tecnologia, mas não conseguem ampliar sua agricultura, porque quase não têm áreas novas disponíveis e enfrentam muita dificuldade para convencer as pessoas a permanecer no campo. Graças às pesquisas da Embrapa, o aumento da produtividade teve um papel fundamental no crescimento da produção agrícola brasileira. Entre 1990 e 2009, a área plantada de grãos no País subiu 1,7% ao ano, mas a produção cresceu 4,7%. "Tivemos uma forte expansão da produtividade e um aumento da área plantada entre 2000 e 2005", disse o diretor do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar. Segundo o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessoa, a expansão da safra de soja e o aumento da produção de carnes foram os principais responsáveis pelo avanço recente do Brasil na exportação agrícola. No complexo soja (grão, farelo e óleo), as exportações mais do que quadruplicaram, saindo de US$ 4,2 bilhões em 2000 para US$ 17,2 bilhões em 2009. As vendas de carne bovina subiram de US$ 813 milhões para US$ 4,2 bilhões no período, e as de carne de frango, de US$ 735 milhões para US$ 5,8 bilhões. ...

Nos produtos tradicionais, como café, suco de laranja e açúcar, o País manteve a liderança. A participação brasileira no mercado de café oscilou entre 29% e 33% nos últimos 10 anos, apesar do avanço do Vietnã. "O Brasil é líder na exportação mundial de café desde 1860", diz o diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), Guilherme Braga. No suco de laranja, o País é responsável por 80% das exportações mundiais, a maior fatia de um produto agrícola brasileiro. Dificilmente ganhará mais espaço, mas a concorrência também não está crescendo. É um setor muito consolidado, com apenas quatro empresas. "O suco é um exemplo do que vai ocorrer com a agricultura em outras áreas." O Brasil já ocupa o primeiro lugar no ranking de exportação em vários produtos agrícolas: açúcar, carne bovina, carne de frango, café, suco de laranja, tabaco e álcool. Também é vice-líder em soja e milho e está na quarta posição na carne suína. O País, no entanto, ainda está distante de ser o maior exportador de alimentos do mundo. Os EUA e a UE exportaram mais que o dobro do Brasil. Em 2008, os americanos venderam quase US$ 140 bilhões em produtos agrícolas, e os europeus embarcaram US$ 128 bilhões. "Para superar esses países, temos de fazer um gigantesca lição de casa", disse o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. "O Brasil precisa de uma estratégia agrícola que englobe várias áreas do governo." Os especialistas não arriscam prever quando ou se o Brasil vai alcançar a liderança, mas dizem que o potencial ainda é significativo, principalmente para carnes, milho e álcool. O País ainda não vende carne a alguns países por restrições sanitárias. No etanol, a exportação deve aumentar muito quando o mercado se consolidar.
Fonte: Raquel Landim, jornal Estado de São Paulo
Para ler o artigo completo, vá a
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_7883.htm

58 usinas mudam de mãos no Brasil nos últimos três anos 08.03.10

08.03.10

Consolidação do setor já envolveu mais de 100 das cerca de 400 usinas de açúcar, álcool e bioeletricidade brasileiras nos últimos três anos
 
O Grupo Cerradinho, dono de duas usinas de açúcar e álcool em São Paulo e uma em Goiás, procura um sócio. Precisa de um parceiro disposto a injetar dinheiro na empresa para diminuir sua dívida. Para se tornar um dos grandes do setor, o grupo se endividou justamente em um momento de preços baixos, entre 2007 e 2009, agravado pela crise de crédito que varreu o mundo. Foi preciso recorrer ao Santander, ao Citi e a outros nove bancos para renegociar um passivo de curto prazo de R$ 450 milhões, de um total de R$ 1,1 bilhão.
Como contrapartida, as duas instituições financeiras que lideraram a reestruturação ficaram com a tarefa de vender parte do grupo a um sócio estratégico. Com isso, a empresa, fundada nos anos 70 pelo empresário José Fernandes, em Catanduva (SP), tornou-se um dos alvos mais recentes da onda de fusões e aquisições do setor. Nos últimos três anos, houve uma média de 1,52 operação desse tipo por mês no País. Foram 58 operações envolvendo mais de 100 das cerca de 400 usinas de açúcar, álcool e bioeletricidade brasileiras. Famílias como Biagi, Junqueira e Rezende Barbosa, até então sinônimos de usineiros, fizeram apostas erradas na crise, enfrentaram dificuldades e viraram acionistas minoritários de grandes companhias. Mas a intenção dos Fernandes, do Grupo Cerradinho, é trilhar um caminho diferente do dos outros clãs. "Sempre fomos uma empresa familiar que cresceu com alavancagem. Agora, buscamos um parceiro minoritário para participar do processo de consolidação e crescimento do grupo", disse Luciano Sanches Fernandes, presidente da companhia. Depois da reestruturação financeira e da negociação de parte da companhia, vender ações na Bolsa deverá ser o próximo passo do grupo. O caso dos Fernandes é um exemplo da mudança no movimento de consolidação do setor. Na primeira onda, valeu a lógica da aquisição oportunista: usinas vendidas a preços baixos porque estavam com a corda no pescoço, atoladas em problemas financeiros, amplificados pela crise de liquidez. Agora, a consolidação passa a ser amparada não mais nas oportunidades criadas pela crise, mas nas parcerias estratégicas.
Fonte: Eduardo Magossi e Gustavo Porto, da Agência Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100307/not_imp520624,0.php

Frango: exportação eleva preço interno 08.03.10

08.03.10
As cotações do animal vivo no mercado brasileiro foram impulsionadas para cima pelo bom desempenho das exportações de carne de frango em fevereiro.

De acordo com pesquisas do Cepea, os preços domésticos também tiveram o auxílio da oferta equilibrada e bem programada no período. Assim, os valores médios pagos pelo quilo do animal no mercado independente, em fevereiro, foram superiores aos de janeiro em todas as praças consultadas pelo Cepea. Na capital de São Paulo, o frango vivo teve média de R$ 1,60/kg em fevereiro, valor 1,2% maior que o de janeiro
Fonte: Cepea/Esalq

Safra 2010/2011 contará com crédito para integração lavoura-pecuária 08.03.10

08.03.10
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que o próximo Plano Agrícola e Pecuário, conhecido como Plano Safra 2010/2011, terá linhas de crédito específicas para a integração lavoura-pecuária e para recuperação de áreas degradadas. "Serão linhas de crédito específicas e reforçadas. Além disso, terão taxas de juros diferenciadas", disse o ministro.
Stephanes explicou que, por razões econômicas, alguns produtores já vêm desenvolvendo a alternância da pecuária com a lavoura e com a silvicultura, mas o governo quer ampliar o volume de produtores que desenvolvem essa metodologia, que permite a máxima utilização do espaço existente para os vários tipos de atividade. "Isso já vem sendo adotado aqui e ali por alguns produtores", disse o ministro. Em relação ao crédito para recuperação de áreas degradadas, Stephanes salientou que, apesar de já haver uma linha disponível para este fim aos produtores, ela vem sendo pouco acessada. "Hoje a demanda é pequena, mas não sabemos se é por causa dos juros ou por dificuldades de acesso. Estamos estudando a situação para apresentar a linha de crédito no próximo Plano Safra", disse. O ministro ressaltou a importância da qualificação do manejo da pecuária. "A pecuária caminha cada vez mais para uma produção intensiva ou semi-intensiva. Em consequência disso, haverá liberação de grande quantidade de terras", salientou.
Fonte: Jornal do Comércio

Brasil deve ter 44,5% do mercado internacional de carnes até 2020 08.03.10

08.03.10
Em dez anos, o Brasil deverá ser responsável pela produção de 44,5% das exportações mundiais de carne bovina, suína e de frango. A conclusão está no documento Projeções do Agronegócio – Brasil 2009/10 a 2019/20, elaborado pelo Ministério da Agricultura e divulgado na quinta-feira passada, dia 4. A participação brasileira no mercado mundial de carnes em 2010 será de 37,4%, de acordo com a pesquisa da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério.

As exportações brasileiras de carne de frango, a mais vendida, que atualmente já representam 41,4% do mercado mundial, passarão a ter 48,1% de participação. A carne bovina passará de 25% para 30,3% e a suína, de 12,4% para 14,2%.
— Esses números só não são melhores por efeito da crise mundial — afirmou o coordenador-geral de Assuntos Estratégicos, José Garcia Gasques. A produção nacional de carnes deverá crescer 37,8% nesse período, o que representa 8,4 milhões de toneladas de carnes a mais. Segundo Gasques, mais de 70% desse incremento serão destinados ao mercado interno.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que participou da apresentação do trabalho, disse que a pecuária brasileira está se encaminhando para o sistema intensivo ou semi-intensivo, nos quais criam-se mais animais em uma área menor. Ele disse que, no Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, que deve ser apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio, será oferecida, além da linha que já existe para recuperação de áreas degradadas, uma para incentivar a integração lavoura-pecuária. — Essa parte será intensificada como um item específico no próximo plano agrícola, afinal, temos que cumprir os compromissos assumidos na COP 15 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em dezembro do ano passado em Copenhague] — afirmou o ministro. A pesquisa divulgada nesta quinta, dia 4, leva em consideração dados sobre a produção e o consumo mundial de alimentos dos últimos 30 anos. Outro estudo, com projeções do agronegócio brasileiro para os próximos 20 anos, está em fase de conclusão.
Fonte: Agência Brasil

Aumento da produção agropecuária precisa ocorrer sem desmatamento 08.03.10

08.03.10

O Brasil pode aumentar a produção agropecuária, inclusive de carne, sem aumentar os impactos ambientais como o desmatamento, diz o pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Paulo Barreto. Na quinta-feira passada (4), o Ministério da Agricultura divulgou a projeção de que o país será responsável por quase metade do mercado mundial de carnes.
“Será necessário aproveitar melhor as terras já desmatadas, ou seja, aumentar a produção nestas áreas, além de melhoria da genética do gado, de melhor manejo dos solos e do pasto”, afirmou Barreto. Para ele, o governo precisa manter o combater o desmatamento ilegal, especialmente aquele que ocorre em terras públicas, onde as pessoas ocupam gratuitamente. "Se a ocupação destas terras continuar barata ou gratuita, fica mais barato desmatá-las do que investir no aumento da produtividade das áreas já desmatadas.”
Mauro Pires, diretor do Departamento de Política para o Combate ao Desmatamento, do Ministério do Meio Ambiente, acredita que o Brasil tem território suficiente para combinar proteção ambiental e produção agrícola. “Na medida em que o Brasil avança em produtividade, com tecnologia, aproveitando melhor as áreas já abertas, nós ganhamos, porque evitamos o desmatamento”. Segundo Pires, essa expansão na área de carnes significa um crescimento do agronégócio brasileiro. “Essa ampliação demonstra a competitividade do Brasil no mercado de exportação. Entretanto, essa produção deve ocorrer em áreas abertas de forma a não atingir localidades de proteção ambiental.” Pires acredita que, pelo fato do Ministério da Agricultura estar comprometido com as metas de redução de gases de efeito estufa, esse crescimento do agronegócio deve ocorrer de forma a não prejudicar o meio ambiente.
Fonte: Agência Brasil

Safra de grãos é 5,9% superior à 2008/9 e alcança 143 milhões de t 22.02.10

22.02.10

A produção nacional de grãos, da safra 2009/10, foi projetada pela Conab em 143,09 milhões de toneladas. O resultado, de acordo com o quinto levantamento, é o segundo melhor da história e 5,9% superior as 135,13 milhões t da última temporada, ou 1,2% a mais que o do mês passado (141,35 milhões t). O recorde da produção é do ciclo 2007/08, que foi de 144,1 milhões t.

O bom desempenho se deve à estabilidade de chuvas nos principais estados produtores, diferentemente do período anterior, que foi marcado pela estiagem nos estados da região Sul e Mato Grosso do Sul, provocando redução significativa na colheita, especialmente de soja e milho.

A oleaginosa, juntamente com o milho primeira safra, é a cultura mais beneficiada pelo clima e deve alcançar 66,73 milhões t, 16,7% ou 9,57 milhões t a mais que a temporada 2008/09, de 57,17 milhões t. Esta estimativa confere um novo recorde nacional de produção.

Outras culturas, como feijão primeira safra e algodão, também elevaram a produção. O primeiro registrou crescimento de 10,6% ou colheita de 142,1 mil t, graças à recuperação da produtividade. Já o algodão cresceu 2,1%, o equivalente a 40 mil t. Por outro lado, e em razão do excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, o arroz apresenta queda de 1,10 milhão t, ou -8,7%. O milho também diminuiu 1,29 milhão t, ou -3,8%, em razão da redução de área.

Área
A área total plantada está calculada em 47,65 milhões de hectares, inferior 22,8 mil hectares da anterior. Com exceção da soja e do feijão primeira safra, as demais culturas pesquisadas tiveram redução de área, entre elas o algodão (-25,6 mil ha), o arroz (- 113,9 mil ha), o milho primeira safra (-1,11 milhão ha) e o segundo safra (-164,2 mil ha).

A pesquisa de campo foi realizada pelos técnicos da Conab entre os dias 18 e 22 de janeiro, de acordo com informações prestadas por produtores, representantes de cooperativas e sindicatos rurais, órgãos públicos e privados.
Fonte: Raimundo Estevam/Conab

Em janeiro, IBGE estima safra de grãos 7,2% maior que a de 2009


A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas(1) deve somar 143,4 milhões de toneladas em 2010, 7,2% maior que a obtida em 2009 (133,8 milhões de toneladas) e 1,9% acima do 3º prognóstico, de dezembro (140,7 milhões de toneladas). É o que aponta a primeira estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), de janeiro. A área a ser colhida, de 48,1 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 2,1% em relação a 2009, que foi de 47,2 milhões de hectares.

A safra esperada para 2010 tem a seguinte distribuição regional: Região Sul, 59,4 milhões de toneladas (+13,3%); Centro-Oeste, 49,8 milhões de toneladas (+2,1%); Sudeste, 16,5 milhões de toneladas (+2,1%); Nordeste, 13,9 milhões de toneladas (+19,3 %) e Norte, 3,9 milhões de toneladas (+1,7%). Na primeira avaliação para 2010, o Paraná retoma a posição de maior produtor nacional de grãos, superando o Mato Grosso em 0,6 pontos percentuais.

Destaque para as estimativas de seis produtos

No LSPA de janeiro destacam-se as estimativas de seis produtos: algodão herbáceo (em caroço), arroz (em casca), café (em grão), feijão (em grão) 1ª safra, milho (em grão) 1ª safra e soja (em grão).

Algodão Herbáceo (em caroço)

A primeira estimativa da produção de algodão herbáceo em caroço para 2010 é de 3,0 milhões de toneladas, acréscimo de 2,1% sobre as 2,9 milhões de toneladas obtidas em 2009. Embora tenha havido diminuição de 1,0% da área plantada, consequência do desestímulo dos produtores face aos altos custos de produção, dificuldades de financiamentos e baixas cotações da pluma, a produção está acrescida pela perspectiva de obtenção de rendimento 2,8% superior ao registrado em 2009.

Arroz (em casca)

A produção esperada de arroz é de 12,0 milhões de toneladas, 5,2% aquém da registrada em 2009. Tal quadro já fora apontado por ocasião dos primeiros prognósticos realizados no final de 2009. O Rio Grande do Sul, principal produtor (60,8% da produção nacional), apresenta queda de 8,1% na produção esperada e 2,9% na área, em função do excesso de chuvas que atrasou a semeadura, determinou a perda total de áreas em função do encharcamento das lavouras na região da Depressão Central do Estado, além de uma menor incidência de luz, que em conjunto resultaram numa estimativa de queda no rendimento médio de 5,4%, em relação a 2009.

Café (em grão)

A estimativa de janeiro é de 2.805.821 t, ou 46,8 milhões de sacas de 60kg de grãos beneficiados, 15,3% a mais que o obtido em 2009. A área destinada à colheita é de 2.142.549 ha, apenas 0,2% superior ao ano passado. A área total ocupada com a cultura no País decresce 1,0%, constatação verificada em Minas Gerais, Rondônia, Bahia, Paraná e Rio de Janeiro. O rendimento médio esperado é 1.310 kg/ha, 15,0% maior que o obtido em 2009. O acréscimo previsto na produção, em relação à safra colhida em 2009, é consequência, principalmente, da particularidade que apresenta o café arábica, espécie predominante no País (70%), de alternar anos de altas e baixas produtividades.

Feijão (em grão) 1ª safra

Para o feijão 1ª safra, aguarda-se produção de cerca de 2,0 milhões de toneladas, 23,1% maior que a obtida em 2009 (1,6 milhão de toneladas). A área plantada ou a plantar é de 2,4 milhões de hectares, 0,5% inferior à de 2009. Como se observa, nesse novo levantamento, mantém-se uma pequena retração na área, tendo em vista que os preços, por ocasião da implantação dessa safra, não estavam em patamares elevados.

Milho (em grão) 1ª safra

A estimativa para o milho 1ª safra é de produção de 33,4 milhões de toneladas, 1,3% abaixo da obtida em 2009. A queda é resultado da retração de 9,7% na área total plantada. No Paraná, maior produtor nacional (18,8% de participação), a redução na área plantada é de 30,1%.

Soja (em grão)

A produção esperada de 66,1 milhões de toneladas de soja em 2010 apresenta variação positiva de 16,0% em comparação ao obtido em 2009. A área a ser colhida apresenta crescimento de 6,0%, e o rendimento médio esperado acréscimo de 9,4% (respectivamente, 23,0 milhões de hectares e 2.871 kg/ha). A cultura ocupou áreas antes exploradas com o milho, e em menor escala com o algodão e o arroz, devido as maiores cotações e liquidez da soja. No Mato Grosso, maior produtor nacional (28,7% de participação), as condições climáticas são bastante favoráveis, e até o momento o excesso de chuvas não afeta a colheita – que já ocorre desde o final de dezembro.
Fonte: Comunicacão Social do IBGE

(1) Caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale.

2010 será ainda pior para exportadores 22.02.10

22.02.10

Exportações de manufaturados serão mais afetadas, diz AEB

Para entidade, superavit comercial deve cair de US$ 25,3 bilhões para US$ 8 bilhões e rentabilidade das vendas vai diminuir
No ano passado, houve retração de 10,7% no volume exportado e recuo de 13,4% nos preços dos produtos, aponta Funcex Afetados pelo câmbio, os exportadores viram a rentabilidade de suas vendas ao exterior cair com força, embarcaram um volume menor de produtos e conviveram com preços deprimidos em 2009. O pior é que esse cenário tende a se agravar em 2010, quando o saldo comercial deve ceder dos US$ 25,3 bilhões verificados no ano passado para US$ 8 bilhões, segundo cálculos da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Com a queda do dólar diante do real, a rentabilidade das exportações caiu 19,6% no ano passado. É que os exportadores, principalmente de manufaturados, têm seus custos atrelados ao real, mas recebem menos dólares por seus produtos vendidos ao exterior com a desvalorização da moeda.
"Não existe espaço para mudança da taxa de câmbio, e a tendência é que a perda de rentabilidade se agrave porque agora os preços das commodities começaram a cair também", afirma José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Castro prevê que, diante da retomada forte da economia neste ano -com crescimento estimado do PIB em torno de 5%- e da manutenção de um câmbio desfavorável, muitas empresas vão deixar de exportar e focar sua atuação no mercado doméstico.Tal movimento, afirma, já ocorreu em 2009 -quando preços e quantidades exportadas despencaram- e tende a se intensificar neste ano.
De acordo com a Funcex, houve retração do volume exportado -de 10,7%- e recuo dos preços dos produtos -de 13,4%, em média. Somados, esses dois fatores provocaram a queda de 23% das exportações no ano passado, diz a fundação em seu boletim."Hoje, já não compensa mais exportar em muitos setores. É mais rentável vender no Brasil, principalmente para ramos intensivos em mão de obra, como móveis, vestuário e calçados."
Segundo José Augusto de Castro, o país importará mais neste ano graças ao aumento rápido do consumo, atendido parcialmente pelo mercado externo -ainda mais num cenário de câmbio favorável às importações.
Pelas estimativas da Funcex, as importações vão subir 20%, num ritmo maior do que a expansão das exportações -de apenas 8,5%.
O vice-presidente da AEB diz que o saldo no ano passado só não foi menor porque a economia brasileira se contraiu e demandou menos produtos do exterior -as importações recuaram 26,3%, com mais intensidade do que as exportações.
Agora, diz, a situação se inverteu e haverá um processo mais forte de troca de insumos e produtos nacionais por importados.
Roberto Giannetti da Fonseca, diretor-titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, declara que o "problema central do exportador brasileiro é o câmbio" e cobra uma atuação "ativa e inteligente" do Banco Central para conter a especulação no mercado e a sobrevalorização da moeda brasileira.
"O setor exportador vive uma grave e aguda crise, e o governo parece não perceber que temos um problema estrutural sério. Vamos voltar a uma indesejável situação de elevados deficit em conta-corrente em pouco tempo se o saldo comercial continuar a cair."
Fonte: Pedro Soares, da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro


Exportações de manufaturados serão mais afetadas, diz AEB

Mais otimista, a AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior) prevê saldo comercial de US$ 12 bilhões no ano, projeção superior à da Funcex.
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, disse, porém, que, se tivesse feito a estimativa em fevereiro, o número seria menor, já que o preço das commodities está em queda.
Castro afirmou que os setores mais afetados neste ano serão os manufaturados, apesar da queda das commodities. No ano passado, tal cenário já havia se configurado: os ramos que perderam mais exportações, em volume, foram outros equipamentos de transporte (avião é o principal produto) e veículos automotores, de acordo com a Funcex. Já os que tiveram as maiores quedas de preço foram extração de petróleo e combustíveis.
Para o vice-presidente da AEB, as exportações dependem fundamentalmente da reação mais firme da economia global -posta em dúvida com a crise na Grécia e a perspectiva de alta dos juros nos EUA. Já as importações crescerão baseadas nos estímulos ao consumo interno, como o aumento real do salário mínimo.
Roberto Giannetti da Fonseca, diretor-titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, diz que a "combinação perversa" de valorização do real e o "dumping cambial" da China eliminou a competitividade de vários setores. Ele refere-se à desvalorização artificial da moeda chinesa, que cria uma vantagem competitiva. Em alguns casos, os produtos são de 40% a 50% mais baratos do que os brasileiros. Entre os ramos mais afetados estão eletroeletrônicos, calçados, móveis e cerâmicas.
Fonte: Pedro Soares, da sucursal da Folha de São Paulo no Rio de Janeiro

Safra recorde eleva valor do frete 22.02.10

22.02.10

Alta é de 25% em relação ao mesmo período de 2009 e tendência é de mais aumento, com o avanço da colheita

Transporte já representa 42% do preço da saca

A perspectiva de safra recorde de soja e o excesso de milho nos armazéns estão impulsionando o valor do frete neste início de colheita em Mato Grosso. A alta é de 25% em relação ao mesmo período de 2009, quando o custo para escoar a produção até o porto estava em R$ 180/tonelada, e de 7% sobre o maior valor registrado em 2009. Hoje, o custo para transportar soja do médio-norte do Estado até o Porto de Paranaguá (PR) é de R$ 225/tonelada, ante R$ 210/tonelada no início de março de 2009, pico do escoamento.

"O frete está alto e só tende a piorar com o avanço da colheita", diz o diretor do CentroGrãos, centro de comercialização da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), João Birkhan. O diretor da Agrosecurity, Fernando Pimentel, diz que o alto nível dos estoques de milho, a expectativa de boa colheita na safra de verão e o aumento da área de milho safrinha tendem a puxar ainda mais os custos do frete. "Não dá para escoar soja e milho simultaneamente."
 
Diante disso, os produtores usam os armazéns apenas como área de transbordo, para secagem da soja, que logo é transportada para os portos. Ele explica que este tipo de operação demanda um número muito maior de veículos, o que acaba elevando ainda mais o frete. O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, explica que o frete hoje em Sorriso representa 42% do valor dos R$ 28 da saca de 60 quilos de soja.
Fonte: Fabíola Gomes - O Estado de S.Paulo

Baru, umbu e mangaba podem ter apoio na PGPM-Bio 22.02.10

22.02.10

Novos produtos da sociobiodiversidade, como baru, umbu, mangaba, cupuaçu, buriti e óleos de copaíba e andiroba poderão receber apoio do governo federal, por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM-Bio). Babaçu e açaí estão entre os que já têm ajuda.

A Conab terminou nesta semana o levantamento do custo da produção dessa segunda leva de produtos extrativos, após trabalho de pesquisa iniciado há três semanas, em áreas produtivas dos estados do PA, AM, GO, MT, MG, SE e BA. A proposta será repassada ao grupo gestor formado por órgãos dos ministérios da Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente, para aprovação e cálculo dos índices de preços mínimos. O custo de produção é um dos itens utilizados no cálculo do preço mínimo da PGPM-Bio.

Segundo os técnicos da Companhia, outros sete produtos já fazem parte do programa, como babaçu, borracha natural, castanha-do-brasil, piaçava, açaí, carnaúba e pequi, cujo objetivo é melhorar as condições de vida dos produtores extrativistas e garantir a conservação dos recursos naturais.
Fonte: Raimundo Estevam/Conab

Paraná supera Mato Grosso e é maior produtor nacional de grãos 22.02.10

22.02.10


Produtores paranaenses de soja já iniciaram a colheita da safra de verão que promete ser uma das maiores, contribuindo para que o Paraná retome a liderança na produção de grãos, perdida no ano passado para Mato Grosso. A previsão é de que sejam colhidos 29,32 milhões de toneladas, superando em 0,6% a safra de Mato Grosso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume produzido no Estado representa 20,5% da projeção de produção nacional de grãos - 143 milhões de toneladas.

Apesar da boa produtividade, nem tudo é motivo de comemoração. Os preços, cotados pelo mercado internacional, estão em queda e são alvo de preocupação. “Desde junho estão em queda livre e, por enquanto, não há o que inverta a tendência”, disse Lucílio Alves professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Dados apresentados pelo economista Alexandre Mendonça de Barros, da MB Associados, a produtores reunidos no Show Rural, em Cascavel, no oeste do Paraná, apontam para uma produção mundial de soja de 253 milhões de toneladas, um aumento de 20% ante 2009. Principalmente em razão das previsões de recordes dos três principais produtores - Estados Unidos, com 91 milhões de toneladas, Brasil, com 65 milhões (nova projeção da Conab reajustou para 66,7 milhões), e Argentina, com 53 milhões (no ano passado teve quebra de 31%). Diante de um consumo de 235 milhões de toneladas, resultariam estoques de 60 milhões, visto que outros 43 milhões fazem parte da reserva inicial.
Fonte: Gazeta do Povo, com informações do jornal O Estado de S.Paulo.

Projeção é de exportações recordes de arroz 22.02.10

22.02.10

As exportações brasileiras de arroz vão bater recorde ao fim do ano-safra da cultura, em fevereiro. O volume de março de 2009 a janeiro de 2010 chega a 866,3 mil toneladas, base casca, e já supera a marca de 789 mil toneladas de 2008/2009. O levantamento foi feito pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) com dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.

Os volumes crescentes há seis anos colocam o Brasil no clube dos dez maiores exportadores de arroz, ainda distante das 9 milhões de toneladas comercializadas pela Tailândia, mas bem acima das quase insignificantes 23,5 mil toneladas que vendeu em 2003. O país ainda não é superavitário no item, mas as importações, feitas basicamente do Mercosul, vêm caindo e podem fechar o ano-safra com volume pouco superior ao das exportações. Até janeiro, chegaram a 871,5 mil toneladas.

A atual escalada das exportações começou em 2004. Naquele ano, o volume ainda foi baixo, de 92,2 mil toneladas, mas correspondeu a um salto que quadruplicou as 23,5 mil toneladas de 2003. Outra multiplicação semelhante elevou o volume para 379,7 mil toneladas em 2005. Após uma pequena queda em 2007, para 319,1 mil toneladas, houve mais um pulo, para 790 mil toneladas em 2008, estimulado pela cotação internacional do arroz, que dobrou de preço, chegado à inédita marca de US$ 1,026 mil a tonelada na Tailândia.

O Brasil encontrou brechas para se tornar exportador quando a superoferta do mercado internacional foi enxugada pelo crescimento do consumo da China e da Índia, países com dificuldades para ampliar suas áreas agricultáveis. Naqueles anos de 2004 e 2005, havia excedentes internos provocados por boas safras locais e remessas do Mercosul. A cadeia percebeu que havia oportunidades em outros continentes e passou a buscá-las. Em 2008, quando o preço do arroz foi às alturas, já tinham alguns canais abertos no mercado internacional e tratou de ampliá-los.
Fonte: Canal Rural, com informações do jornal O Estado de S.Paulo

Observatório: forte crescimento em 2009 08.02.10

08.02.10

Ao contrário do que aconteceu com o agronegócio brasileiro, o crescimento do número de frequentadores em 60% e de downloads de documentos em 180%, em 2009 com relação a 2008, marcam a performance do
Observatório do Agronegócio no ano que passou.
Em 2009 registraram-se 52.744 acessos (diariamente distintos) e 33.766 donwloads de documentos disponibilizados pelo Observatório.
Deve-se ressaltar que em 2009, a partir de março, este Observatório passou a ser atualizado quinzenalmente, após um período de cerca de 18 meses com atualizações diárias de segunda a sexta-feiras, e as estatísticas mostram que, apesar disso (ou, quem sabe, devido a isso...) a frequência ao nosso sítio aumentou em 60%. Cada edição quinzenal do Observatório contou com mais de 2.200 leitores, em média.
Registro, então, meu agradecimento a tod@s vocês que compartilham esse esforço de registrar e difundir as principais questões relativas aos impactos do agronegócio, sejam eles positivos ou negativos, na sociedade e no meio ambiente (em nosso país e no mundo). Espero continuar contando com a frequência de todos vocês e, em especial, com o apoio indispensável para que este sítio possa continuar a existir e mostrar os diversos lados desses agronegócios.
Maurício Galinkin
Editor

Agronegócio registra retração de 4,9% em 2009, revela IBGE 08.02.10

08.02.10
O agronegócio brasileiro fechou 2009 com retração de 4,9%, desempenho inferior ao de 2008 (alta de 1,7%), mas superior ao desempenho da indústria em geral, que registrou queda de 7,4%. Os dados foram divulgados dia 5 de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Técnicos do IBGE atribuem a queda da agroindústria no ano passado à crise econômica global e à seca na Região Sul do país, com a consequente redução de 8,3% da safra agrícola e o recuo de 28,7% nos investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas, além da queda de 2,1% na compra de adubos e fertilizantes e de 15,7% na aquisição de defensivos agropecuários. A agroindústria apresentou resultados negativos nos quatro trimestres de 2009: -6,7% no primeiro; -4,2%, no segundo; -5,9% no terceiro; e -2,8% no quarto. Ambos os semestres apresentaram queda, que foi de 5,3% no primeiro e de 4,5% no segundo. A retração menos intensa no segundo semestre se deve à melhora da atividade pecuária, que cresceu 1,8% no período. O resultado da agricultura em 2009 foi influenciado negativamente pela estiagem, iniciada no último trimestre de 2008, sobretudo no Sul, principal região produtora do país, e pelo menor uso de adubos e defensivos, que contribuíram para a redução da produtividade e da produção.
Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a safra de grãos de 2009 foi a segunda maior da história (133,8 milhões de toneladas de grãos), resultado 8,3% inferior à safra recorde de 2008 (146 milhões de toneladas). Em consequência da crise econômica internacional, houve queda no volume e no preço das commodities agropecuárias exportadas, com impacto negativo no resultado da agroindústria na comparação com o de 2008. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC), o volume exportado dos principais produtos da agroindústria teve as seguintes variações em relação a 2008: álcool (-34,7%), óleo de soja em bruto (-22,3%), couros e peles de bovinos (-15,2%), carnes de bovinos congeladas (-12,3%), pedaços e miudezas de aves (-3,4%) e bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja (-0,2%). Por outro lado, aumentaram as exportações de açúcar (24,8%), fumo (4,9%), celulose (16,9%), suco de laranja (0,7%) e grãos de soja triturados (16,6%).
O setor de produtos industriais derivados da agricultura recuou 4,0% em 2009, com resultados negativos em seis dos oito subsetores pesquisados. De acordo com o IBGE, a queda dos derivados da cana-de-açúcar (-5,9%) é explicada pela redução de 15,4% na produção de álcool, devido ao direcionamento da safra para a produção de açúcar, que cresceu 4,0%, reflexo da alta dos preços internacionais, em função da queda da safra da Índia, o segundo maior produtor mundial.
Com isso, as exportações de açúcar subiram 24,8%, enquanto as vendas externas de álcool recuaram 34,7%. Outras influências negativas vieram dos derivados da soja (-9,1%), do milho (-2,4%) e do trigo (-4,2%), além do fumo (-2,4%) e da laranja (-9,5%). Já as contribuições positivas vieram do arroz (6,4%), produto direcionado ao mercado doméstico, e da celulose (0,2%), influenciada pela exportação.

Produtos Industriais Utilizados pela Agricultura

O setor dos produtos industriais utilizados pela agricultura apresentou retração (-12,7%), por conta da queda da fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas (-28,7%) e de adubos e fertilizantes (-2,1%). Este segmento foi afetado pela redução da renda agrícola, decorrente da queda do volume exportado e das cotações das commodities agrícolas, e do aumento dos custos no período de plantio da safra de 2009.

Com isso, o investimento em máquinas e equipamentos, e a compra de adubos e fertilizantes, itens fundamentais para o crescimento da produtividade agrícola, foram menores. Além do mercado interno, o setor externo também contribuiu para a queda da produção de equipamentos agrícolas. Conforme estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), houve quedas tanto na quantidade exportada de colheitadeiras (-65,5%), como na de tratores de rodas (-46,3%).
Produtos Industriais Derivados da Pecuária

O setor de produtos industriais derivados da pecuária recuou (-1,2%). Os derivados de aves caíram (-0,7%), devido à redução das exportações, principalmente para a Ásia e União Européia. Os derivados da pecuária bovina e suína tiveram sua produção reduzida (-2,9%), em razão da menor quantidade exportada, com destaque para a Rússia e União Européia. A produção de leite, direcionada ao mercado interno, cresceu 2,7%, enquanto a de couros e peles retraiu-se (-11,3%), com a redução nas exportações.
Produtos Industriais Utilizados pela Pecuária

O setor de produtos industriais utilizados pela pecuária recuou (-0,7%). O grupo rações, de maior peso, teve queda (-4,5%), enquanto o de produtos veterinários avançou 19,1%.
Fontes: Riomar Trindade, repórter da Agência Brasil (edição: Juliana Andrade), Comunicação Social do IBGE, com o
Observatório

Agronegócio no Centro-Oeste perde mais com clima quente 08.02.10

08.02.10

Novo estudo confirma previsões anteriores
Prejuízo em Mato Grosso, polo de agronegócio, pode chegar a R$ 333 bi até 2050, devido principalmente à escassez de água
Conforme indicou a edição de 21 de dezembro passado deste Observatório, o agronegócio brasileiro deverá ter uma nova geografia econômica nos próximos decênios, devido aos impactos do aquecimento global já previstos por cientistas brasileiros e em sintonia com os estudos mundiais. Indicações de novos resultados de estudos já começam a chegar aos jornalões brasileiros. O impacto na disponibilidade de água na região Centro-Oeste não será apenas no agronegócio, é bom frisar, pois o Cerrado tem sido a “caixa-d’água” que garante boa parte da geração de energia hidrelétrica do país (Maurício Galinkin, editor do Observatório).
Estimativa integra nova fase do relatório "Economia do Clima", primeiro a fazer no Brasil o cálculo do custo do aquecimento global O Centro-Oeste sofrerá as maiores perdas econômicas do Brasil, em termos proporcionais, com aquecimento global. Até 2050, o prejuízo pode atingir R$ 639 bilhões, o equivalente a dois anos e meio de crescimento. Só em Mato Grosso, principal polo do agronegócio da região, o valor chega a R$ 333 bilhões. É como se o Estado parasse de gerar riquezas durante mais de cinco anos.As informações fazem parte de uma nova etapa do estudo "Economia do Clima", que no fim do ano passado estimou prejuízo de até R$ 3,6 trilhões nos próximos 40 anos em todo o Brasil. Um novo relatório, com lançamento oficial previsto para o primeiro trimestre, detalha onde e como acontecerão os estragos. AgriculturaEm entrevista à Folha, Carolina Dubeux, coordenadora operacional do projeto (que reúne 11 instituições de pesquisa), adiantou alguns resultados. Segundo a pesquisadora da Coppe/UFRJ, os indicadores demonstram uma diminuição significativa das áreas "aptas às culturas alimentares". Sobretudo por conta do clima mais quente e seco e do acesso à água mais limitado.
O estudo baseia-se em dois cenários do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) -um com emissões menores de gases-estufa, outro com emissões maiores. A medida de comparação é o PIB, soma de todas as riquezas produzidas, de 2008.No Nordeste, as áreas de cultivo podem encolher 23% até 2070. No pior cenário, a região perde R$ 653,7 bilhões, quase duas vezes seu PIB de 2008. Alagoas tem prevista a maior perda relativa da região (R$ 95 bilhões), quase cinco anos de crescimento jogados fora.
No Norte, as quedas variam entre R$ 91,6 bilhões e R$ 267 bilhões. Roraima, cujo PIB (de R$ 4,2 bilhões) é o menor do Brasil, perderá, no mínimo, o equivalente a 14 meses de produção. Na pior hipótese, amargará estragos comprometendo três anos de sua economia.
O estudo alerta que a redução nas áreas de cultivo aumentará a pressão sobre as florestas nativas. A expansão do pasto também é uma preocupação, afirma Dubeux. "As pastagens têm baixa produtividade, mas em algumas regiões, elas serão uma opção tentadora para substituir as lavouras. É uma situação preocupante."
Tanto o Nordeste quanto o Norte enfrentarão ondas de calor. A quantidade de chuvas também deve diminuir, reduzindo a vazão dos rios e, assim, prejudicando a geração de energia. Embora o estudo não detalhe quais seriam os impactos específicos em cada empreendimento, as bacias hidrográficas que alimentam as três maiores hidrelétricas planejadas ou em construção no Brasil -Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará- poderiam ser afetadas.
A redução nas vazões também deve chegar ao Centro-Oeste, onde, segundo o Plano Decenal de Energia, Goiás receberá 15 novas hidrelétricas nos próximos oito anos. Poluição atrai poluição
"Precisaremos de investimentos muito grandes para compensar os efeitos negativos da redução dos recursos hídricos", diz a coordenadora do estudo, que aponta uma queda de até 31,5% da capacidade de geração de energia firme [aquela garantida mesmo sob condições climáticas adversas].
A dificuldade para gerar energia nos rios deve impulsionar o uso das usinas termelétricas, mais poluentes.
Segundo Eduardo Haddad, professor da USP e coordenador de modelagem econômica da pesquisa, isso aumenta a dependência do uso do petróleo e seus derivados, "amenizando parte do impacto econômico nos Estados produtores", como Rio de Janeiro e Sergipe. As consequências ambientais, por outro lado, podem se agravar com a energia "suja".
A agricultura, pilar econômico da região Centro-Oeste, deve sofrer efeitos em todas as culturas. As áreas favoráveis à produção de arroz e feijão podem encolher 12% e 10% respectivamente até 2050. As plantações de soja também serão afetadas, com redução de área potencial de até 34%.

Fonte: Giuliana Miranda, colaboradora da Folha de São Paulo. Texto original em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0702201001.htm

São Paulo terá o maior prejuízo absoluto
Embora São Paulo tenha escapado das projeções climáticas mais pessimistas, o Estado terá os maiores prejuízos absolutos, acreditam os pesquisadores. No pior cenário, os danos chegam a R$ 1,2 trilhão - mais de um terço da queda de PIB projetada para o país todo. Ainda que as emissões diminuam, os danos potenciais são de, pelo menos, R$ 230 bilhões, ou seja, 25% do PIB nacional em 2008.
"Apesar de uma pequena perda na agropecuária, São Paulo enfrentará principalmente a queda na demanda das áreas mais afetadas. O Estado tem uma economia que depende muito dos fluxos do mercado interno", afirma Eduardo Haddad, da USP. Ganhos no Sul
Já a região Sul, ao contrário do resto do país, pode sair economicamente beneficiada. As temperaturas mais elevadas e a diminuição das geadas favorecerão a agricultura. Em um cenário com menos gases-estufa, os Estados da região podem chegar a ganhar R$ 563 bilhões. Na pior das hipóteses, as perdas provocadas pelo aquecimento global representam um comprometimento de menos de quatro dias de crescimento.
Segundo Carolina Dubeux, que coordena o estudo, o relatório completo mapeará os impactos das mudanças climáticas de maneira ainda mais detalhada. "O estudo estará disponível em linguagem acessível justamente para que todos possam compreender. Nosso objetivo é que as mudanças sejam debatidas amplamente", diz.

Fonte: Giuliana Miranda, colaboradora da Folha de São Paulo. Texto original em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0702201002.htm

Ruralistas forçam barra por agrotóxicos ultraperigosos  08.02.10

08.02.10

A pressão sobre a Anvisa aumentou no segundo semestre de 2009. Diretores do ministério, dirigentes de empresas, sindicatos de fábricas desses defensivos agrícolas e parlamentares iniciaram uma campanha para rever proibições da Anvisa e suspender consultas públicas feitas pela agência, com parecer pelo banimento desses ingredientes.
As empresas estão recorrendo à Justiça, que tem dado ganho de causa à Anvisa.

Stephanes participa diretamente de pressão sobre Anvisa

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, participa diretamente dessa ação contra a Anvisa e comandou, no início de dezembro, uma reunião em sua sala para tratar do assunto. Estavam presentes todos os segmentos interessados na liberação dos agrotóxicos, e representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Anvisa. A temperatura subiu, e o clima fechou entre Stephanes e representantes da Anvisa. O ministro não esconde o descontentamento.
— A Anvisa não pode decidir sozinha sobre agrotóxicos. Não é uma decisão exclusiva da agência. Sei que a agricultura orgânica é melhor do que a que utiliza agrotóxico. Mas não tenho dúvida que, sem esses produtos (agrotóxicos), não vamos produzir mais e alimentar mais gente. Claro que, se algum deles faz, de fato e comprovadamente, mal à saúde, defendo que seja retirado do mercado — disse Stephanes.
Essa frente de defesa do agronegócio contra a Anvisa chegou ao extremo no dia 23 de dezembro do ano passado, quando dois parlamentares da bancada ruralista — Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Paulo Piau (PMDB-MG) — enviaram um ofício ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nesse ofício, argumentaram que, na reunião no Ministério da Agricultura, ficou decidido que a Anvisa cedera e teria se comprometido a fazer mudanças na reavaliação toxicológica de ingredientes ativos, utilizados em mais de 200 agrotóxicos no Brasil.
Esses parlamentares chegaram a enviar em anexo a minuta de uma instrução normativa, a ser baixada por Temporão, suspendendo consultas públicas de quatro produtos e revogação de decisões sobre vários agrotóxicos. Os parlamentares chegaram a fazer, no documento, duros ataques à direção da Anvisa, acusada por eles de defender interesses obscuros.
“É um tiro de morte na autonomia da Anvisa” “Sr. ministro, estamos falando de produtos essenciais para a agricultura brasileira, setor responsável pelo superávit da balança comercial e grande gerador de riquezas e empregos neste país. São claros e evidentes os interesses obscuros dos gestores dessa agência (Anvisa) ao se intitularem os únicos e exclusivos responsáveis por tão importante decisão”.
O ex-ministro da Saúde Agenor Álvares, diretor da Anvisa desde maio de 2007 e responsável pela área de agrotóxicos, reagiu com indignação à pressão dos setores ruralistas. Afirmou que, na reunião no Ministério da Agricultura, da qual participou, jamais a agência cedeu e sinalizou com a revisão de consultas públicas ou proibições.
Agenor disse que não foi feito acordo algum e que não haverá qualquer recuo da Anvisa.
O diretor afirmou também que essa pressão visa a atingir a autonomia da Anvisa e criticou a elaboração da instrução normativa que, se fosse publicada, iria liberar todos os produtos hoje sob suspeita de agredir a saúde.
— É uma proposta inaceitável, dos maiores absurdos que já vi. Essa pressão é uma intervenção direta na autonomia de uma agência, cujo papel é proteger a saúde da população. E estamos obtendo o respaldo da Justiça nas nossas decisões. Se interesse escuso há, é o de defender a saúde do brasileiro contra esses produtos. Essa pressão é um tiro de morte na autonomia da Anvisa, que não vai arredar pé — disse Agenor.
Fonte: Evandro Éboli, O Globo.
Produtos perigosos
ABAMECTINA: O produto pode provocar aborto ou má-formação. É proibido na Nova Zelândia.
ACEFATO: Pode causar danos no cérebro e nos nervos e provocar câncer a longo prazo. É proibido em toda a Comunidade Europeia.
CARBOFURANO: Provoca sintomas graves, que aparecem em um ou poucos contatos com o produto e pode levar à morte. É proibido na Comunidade Europeia, Estados Unidos, Líbia e Canadá.
CIHEXATINA: Pode causar câncer, aborto e má-formação no feto. Pode atingir o cérebro e os nervos. É proibido no Japão, Estados Unidos, Canadá, China, Áustria e Comunidade Europeia.
ENDOSSULFAN: Pode alterar o funcionamento de várias glândulas, como tireoide, e atingir órgãos como ovários, testículos e o pâncreas. É proibido na Comunidade Europeia, Índia, Burkina Faso, Cabo Verde, Nigéria, Senegal e Paraguai.

Mudanças no Sisbov ainda dependem de análise das sugestões recebidas na consulta
Mudanças no Sisbov ainda dependem de análise das sugestões recebidas na consulta

08.02.10

Terminou no último dia 19 a consulta pública sobre as mudanças propostas pelo Ministério da Agricultura para o novo Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), para o recebimento de sugestões e críticas. A consulta foi aberta em 21 de dezembro e recebeu pouco mais de 40 sugestões. Essas sugestões estão sendo analisadas e serão submetidas à Comissão Técnico-Consultiva do Sisbov. Entre as principais mudanças propostas estão deixar de exigir o “passaporte” individual do animal e permitir suaa identificação coletiva, e a possibilidade de ter um agente certificador autônomo, credenciado pelo Mapa, no processo de certificação. "O passaporte individual possui apenas uma informação que é utilizada no processo, o código de barras. Como esse mesmo código de barras já está no elemento de identificação do animal, a avaliação é a de que esse documento é uma burocracia desnecessária", explica o diretor de Programa da Área Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Márcio Rezende.
A identificação coletiva de animais é permitida no novo sistema, mas os animais que estiverem identificados na Propriedade Cadastrada no Sisbov com essa modalidade não poderão ser destinados à produção de carne para exportação para mercados que exigem identificação individual. "Para fornecimento de carne para a UE, os animais terão que estar individualmente identificados com números únicos, pelo menos 90 dias antes do abate", diz Rezende. Segundo o diretor de defesa agropecuária do Mapa, as principais sugestões da União Europeia ao Sisbov, como cruzamento de dados entre o Sisbov e os sistemas de saúde animal e saúde pública; redefinição do papel de certificação no sistema, visando principalmente à eliminação de intermediários entre o produtor e o sistema e aperfeiçoamento da base de dados, foram abordadas na proposta. "A proposta simplifica os procedimentos operacionais e o acesso direto do produtor às suas informações, além de eliminar um erro de concepção do sistema instituído pela IN 17/2006, no qual a mesma entidade que orientava os trabalhos na propriedade era a entidade que certificava esses procedimentos." Atualmente, 1.817 propriedades estão habilitadas para exportar para a União Europeia e cerca de 2 mil aguardam a aprovação para entrar na lista.
Fonte: Fernanda Yoneya, jornal Estado de São Paulo, com o
Observatório
Original em http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup505541,0.htm5.00

Ministro nega apagão e diz que custo no Brasil é "europeu" 08.02.10

08.02.10

O ministro da SEP (Secretária Especial de Portos), Pedro Brito, afirma que o Brasil está longe de ter um apagão nos portos e que o custo portuário, diante da atual movimentação, é comparável ao que é cobrado na Europa.
"Para a escala de movimentação de cargas nos portos brasileiros, nossos custos são comparáveis aos dos portos europeus e mais baixos que os custos nos Estados Unidos", diz.O ministro nega haver no país um apagão portuário, mesmo diante da supersafra que começa a ser carregada para os portos. "Essa expressão não traduz em absoluto a situação do setor portuário. Eu diria que estamos a anos-luz de qualquer possibilidade de apagão", afirma o ministro.Para sustentar o argumento, ele diz que toda a demanda do agronegócio exportador foi atendida no ano passado. Mais: o ministro afirma que sobra espaço nos portos do país.Mal ou bem, a exportação agrícola, avaliada em US$ 64,8 bilhões em 2009, de fato passou pelos portos do país. Mas a questão é como e a que custo a produção agrícola alcançou os portos. O Ministério da Agricultura afirma que as condições de transporte e logística para parte da produção agrícola brasileira estão longe de ser adequadas. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirma que a situação, em algumas regiões, já representa um freio para a produção."As condições logísticas estão quase inviabilizando a região norte do Mato Grosso. Temos hoje cerca de 20 milhões de toneladas de grãos que são escoadas por portos inadequados, distantes das zonas de produção", diz. Para compensar, o governo libera R$ 1 bilhão para minimizar (subsidiar) o impacto do custo de transporte.Para Stephanes, o atraso do projeto do porto de Itaqui se explica pela "incompetência" dos governos. Segundo o ministro da Agricultura, no entanto, mesmo a estrutura de Itaqui ainda não será suficiente para o agronegócio.Stephanes defende a implantação da hidrovia Teles Pires/ Tapajós como solução para o escoamento da produção de Mato Grosso -o maior produtor de grãos do país- rumo ao porto de Santarém (PA). O problema (entre vários outros existentes) é o arranjo da hidrovia dentro do desenho que o setor elétrico pretende dar aos aproveitamentos hidrelétricos.
Fonte: Agnaldo Brito, enviado especial da Folha de São Paulo a Balsas (MA), com o
Observatório. Texto original em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0702201004.htm

Apagão logístico impede o avanço do agronegócio, diz a Folha de São Paulo 08.02.10

08.02.10


País deixa de produzir 3 milhões de toneladas por falhas na estrutura logísticaPorto maranhense de Itaqui, estratégico, está no limite e com obras atrasadas; sem ele, opções para o Norte e o Nordeste estão a 3.000 km .....O Ministério da Agricultura estima que 20 milhões de toneladas de grãos produzidas no país são desviadas para portos muito mais distantes do que sugere qualquer planejamento logístico, situação que afeta em cheio a renda do produtor rural e realimenta um paradoxo que tem se tornado recorrente no setor agrícola: a renegociação de dívidas por falta de renda. Projeto de papel
A Folha percorreu mais de 2.000 km entre a capital e o interior do Maranhão -Estado que freia a produção por falta de porto-, conversou com produtores, líderes do setor agrícola e governos e constatou que a infraestrutura para transporte de grãos em escala prevista para o porto de Itaqui, no topo do Brasil, está só no papel.Idealizado em 2004 e prometido para entrar em operação (pelo menos parcialmente) em 2007, o Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão), com sorte, terá a primeira fase pronta em 2012. A licitação está prometida para abril. Etapa inicial que elevaria a capacidade de recepção e embarque de soja de 2 milhões para 7 milhões de toneladas.A estrutura corrigiria também uma situação inédita: reduzia o custo da logística ferroviária, que hoje é igual ao custo rodoviário (US$ 75 por tonelada). "Isso é uma aberração", diz José Hilton, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão. …
O projeto completo para grãos em Itaqui, cujo prazo ninguém se atreve a arriscar, elevaria a capacidade do porto para 13 milhões de toneladas. Seria então a maior porta de saída do agronegócio graneleiro do país, papel exercido hoje pelos longínquos portos de Santos e Paranaguá, hoje responsáveis por receber e transferir para navios aproximadamente 18 milhões de toneladas por ano, exatamente por deficiência nas saídas do Norte.
A despeito da distância de Santos e Paranaguá em relação a promissoras regiões produtoras como Tocantins, Piauí, Maranhão, oeste baiano e norte do Mato Grosso, os portos do Sul seguem como principal destino dos grãos dessas regiões.Segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), entre todas as saídas dos chamados corredores Centro-Norte, Porto Velho (RO) é a que mais se destaca. O porto recebe a produção de Rondônia e do noroeste de Mato Grosso. De Porto Velho partem barcaças – que pertencem ao Grupo Maggi - para transbordo em navios transoceânicos em Itacoatiara (AM) e Santarém (PA).As duas outras opções são Vila do Conde (PA) e Itaqui, no Maranhão, considerado o melhor porto para esse fim, seja pela posição geográfica (quatro dias mais perto da Europa e da América do Norte), seja pela capacidade de receber navios gigantes, algo impossível nos portos de Santos e Paranaguá.….
Levantamento realizado pelo Ministério da Agricultura e pela CNA mostra que a fronteira agrícola do Nordeste e norte do Centro-Oeste já deixou de produzir 3 milhões de toneladas de soja devido ao apagão portuário, volume que retira do país, neste momento, o equivalente a cerca de US$ 1 bilhão em divisas, cifra considerável se for levado em conta o fato de que, no ano passado, o complexo soja rendeu US$ 17 bilhões em receitas ao Brasil.
Fonte: Agnaldo Brito, enviado especial da Folha de São Paulo a São Luís (MA), com o
Observatório. Texto completo em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0702201002.htm