Notícias até 19 de AGOSTO 08 -Clique no título para ler e para fechar janela

Primeira licitação de floresta pública: recursos darão apenas para fiscalizar e monitorar área licitada 19.08.08

19.08.08

Nove meses depois da abertura do edital, e após uma briga judicial que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governo conseguiu licitar ontem (18) a Floresta Nacional do Jamari (RO), primeira área de "concessão florestal para manejo sustentável" do Brasil. As três áreas licitadas, que somam 96 dos 220 mil hectares da unidade, renderão R$ 3,8 milhões anuais aos cofres públicos e poderão ser exploradas por 40 anos pelas empresas vencedoras da concorrência.

A Alex Madeiras ganhou a concessão da unidade de manejo florestal I, de 17 mil hectares, com o preço de R$ 759,7 mil por ano. A unidade de manejo florestal II, de 33 mil hectares, vai ficar sob a concessão da Sakura, que ganhou a licitação com a oferta de R$ 1,6 milhão. A terceira e maior área licitada, de 46 mil hectares, ficou com a empresa florestal Amata, por R$ 1,3 milhão anual.

As vencedoras da licitação poderão retirar madeiras nobres e praticar atividades extrativistas, como a colheita de óleos, sementes, resinas e outros. A abertura das unidades para ecoturismo e esporte de aventura também estão previstas na concessão.

De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro, responsável pela licitação, os recursos arrecadados ao longo da concessão serão utilizados para fiscalização, monitoramento e controle das áreas licitadas. A Lei de Gestão de Florestas Públicas prevê o repasse de até 30% do montante arrecadado para o SFB e para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A outra parcela, de pelo menos 70%, cabe ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pela gestão das unidades de conservação federais, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, ao Estado de Rondônia e aos Municípios de Cujubim e Itapuã do Oeste, onde se localizam as áreas manejadas.

O SFB recebeu 19 propostas de 14 empresas. De acordo com o órgão, além do preço, a escolha das vencedoras levou em conta critérios socioambientais, previstos no edital, que considerou as propostas com maior benefício social, menor impacto ambiental, maior eficiência e maior agregação de valor local.

A parte não licitada da Floresta do Jamari, 124 mil hectares, será destinada ao uso comunitário, à conservação integral e à mineração, de acordo com o Plano de Manejo da unidade, aprovado pelo Ibama em 2005.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil
Comentário do editor:
Conforme informa o próprio Serviço Florestal Brasileiro, esses recursos "serão utilizados para fiscalização, monitoramento e controle das áreas licitadas". A pergunta que fica é: vale a pena entregar toda a madeira nobre da área apenas para esse fim (cuja fonte deveria ser o Orçamento da União)?

Justiça pode cobrar dívida rural 19.08.08

19.08.08

A maior parte é dívida de grandes agricultores e cooperativas, que fizeram operações acima de R$ 500 mil.

A manobra da bancada ruralista que permitiu a substituição da taxa Selic pela TJLP, na votação da Medida Provisória (MP) de renegociação da dívida rural na Câmara dos Deputados, expôs um problema que tem tirado o sono dos produtores rurais que pegaram empréstimos com risco da União. Qualquer parcela do empréstimo que o produtor deixar de pagar, o débito poderá ser inscrito na Dívida Ativa e cobrado na Justiça pelo governo Federal. Cerca de R$ 20 bilhões de empréstimos rurais têm risco da União e se enquadram nessa situação. Em pelo menos R$ 5,35 bilhões desses empréstimos, os devedores estão inadimplentes e podem ter o débito inscrito na Dívida Ativa. A maior parte é dívida de grandes agricultores e cooperativas, que fizeram operações acima de R$ 500 mil.

A inscrição de operações rurais na Dívida Ativa começou a ser feita em 2006 e se tornou um importante fonte de pressão do governo para os devedores colocarem as contas em dia. Quando um deles deixa de pagar uma parcela do empréstimo - com exceção dos enquadrados no Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa) - todo o saldo devedor é inscrito na Dívida Ativa. E sobre esse saldo é cobrada uma multa de 20%, o que faz elevar substancialmente o endividamento do produtor.

Além disso, o valor da dívida inscrita é corrigido pela variação da taxa Selic mais 1%. No caso do Pesa, apenas o valor da prestação não quitada é inscrito na dívida. Aqueles devedores com débitos inscritos na dívida ativa são incluídos na lista do Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público (Cadin) e ficam sujeitos a restrições de acesso a incentivos fiscais e financeiros e operações de crédito com recursos federais. "É penalização para quem deixou de honrar compromissos. Quem não pagou precisa ser tratado de forma diferente de quem pagou", diz uma fonte do governo.

A troca da taxa Selic (hoje em 13%) pela TJLP (atualmente em 6,25%) feita pelos deputados no projeto de conversão da MP 432 pretende valer justamente para a renegociação das dívidas inscritas na Dívida Ativa. A MP permitiu o parcelamento de débitos em cinco anos, prazo estendido para 10 anos na votação do projeto de conversão depois de acordo com o governo. Além de descontos entre 33% a 65% do saldo devedor - essa vantagem beneficia mais quem deve menos -, o projeto acaba com a multa de 20%.
Fonte: Agência Estado, com o Observatório

Faltam apenas 15% de fertilizantes a serem adquiridos para nova safra em MT 19.08.08

19.08.08

Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), faltando apenas alguns dias para o início da safra 2008/2009 de soja, 15% dos produtores mato-grossense ainda não possui os fertilizantes necessários para plantio de 900 mil hectares, área estimada pelo Imea.

Os levantamentos mostram que 70% dos fertilizantes estão comprados e pagos. Do restante necessário, 15% não foi comercializado e os outros 15% estão comprados e devem ser pagos até fim deste mês.

O aumento nos preços está tirando o sono de muitos produtores. Para se ter uma idéia, o preço do 00-18-18, fertilizante mais usado no Estado, saiu de US$ 340,00 em junho de 2007 em Rondonópolis para US$ 884,00.

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Otoni Prado, destaca ainda que um fator que influenciou nesta crise de insumos é a linha de crédito.

"E é claro que não podemos deixar de destacar o aumento de preço que os fertilizantes tiveram nos últimos anos, que sobre conforme o preço da soja. Está demonstrado que existe um cartel internacional neste sentido, um grande oligopólio por parte das empresas que vendem fertilizantes", observa.

De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o mercado brasileiro de fertilizantes é o quarto maior do mundo. Nos últimos 10 anos, apresentou crescimento na ordem de 70%. O consumo aparente de fertilizantes no país atinge cerca de 20,9 milhões de toneladas.

Desse total, 41,84%, ou seja, 8,7 milhões de toneladas, é produzido no mercado interno. O restante, 58,16%, que representa 12,2 milhões de toneladas, é originário de diversos países, dependendo do tipo de nutriente.

A soja é a cultura que possui o maior consumo aparente de fertilizantes. Responde por 33,85% do consumo total brasileiro, o que equivale a 7,1 milhões de toneladas. O peso dos fertilizantes na composição dos custos de produção dessa commodity oscila entre 20 e 33% no Centro-Oeste e 14 a 22% no Rio Grande do Sul e Paraná.

O CNA observa que nas safras 2005/2006 e 2006/2007 esse peso diminuiu em função da redução do uso de fertilizantes nas lavouras.
Fonte: A Gazeta, com o Observatório

Produtividade agrícola brasileira deve manter-se alta na próxima safra 19.08.08

19.08.08

Apesar da necessidade brasileira de importar fertilizantes – cerca de 60% do que consome -, a produtividade da safra que se inicia não será prejudicada. A afirmação foi feita pelo presidente da Câmara Temática de Insumos Agropecuários, Cristiano Simon, em reunião realizada ontem (18) no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a presença do ministro Reinhold Stephanes.

"Acho que a forma como o agricultor tem racionalizado o uso do fertilizante, por meio da correção da acidez do solo, do uso de calcário, tudo isso melhora também a absorção dos nutrientes nas plantas. No momento em que há uma escassez e um efeito de custo são necessárias idéias e criatividade para diminuir esse impacto o máximo possível", afirmou Simon.

O presidente da Câmara Temática de Insumos Agropecuários observou, também, que houve melhoria no uso de sementes, de produtos fitossanitários e de adubo orgânico, o que ajudará a equilibrar a situação. Segundo ele, os representantes da indústria disseram que grande parte dos fertilizantes necessários para esta safra já foram importados e há estoques no campo.

O diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, disse que já foram importados este ano cerca de 14 milhões de toneladas de fertilizantes, volume 19% maior que no mesmo período do ano passado. Ele explicou, entretanto, que isso se deve à antecipação feita nas compras dos produtores, por receio de nova alta nos preços. Ao final do ano, segundo ele, a quantidade adquirida deve ser 5% superior à do ano passado, "que é o que o país cresce".

Daher ressaltou, entretanto, que mesmo com a baixa do preço do petróleo, os produtores brasileiros não devem esperar queda no valor dos fertilizantes.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

Ruralistas voltam a protestar contra Cristina na Argentina 19.08.08

19.08.08

Buenos Aires - Produtores rurais da Argentina voltaram a protestar ontem (18) contra o governo da presidente Cristina Kirchner. Nas manifestações realizadas nas províncias de Buenos Aires, Santa Fe e Entre Ríos, os ruralistas protestaram contra a permanência de medidas ordenadas pelo governo para a restrição das exportações de carne bovina, trigo e laticínios. Os ruralistas também exigem que o governo defina uma política de estímulo ao setor agropecuário e ameaçam realizar locautes agrários.

O pivô destes novos protestos são as fortes limitações que o governo argentino aplica às vendas de carne, trigo e laticínios para o exterior. Com estas restrições, a administração Cristina redireciona os produtos para o mercado interno argentino, e assim, tenta forçar uma queda de seus preços. Os produtores criticam a medida, alegando que estão perdendo lucrativos mercados no exterior. As restrições para as vendas de trigo afetam o Brasil, cujo mercado possui alta dependência desse cereal proveniente da Argentina.

Os protestos foram realizados pela Federação Agrária, a mais combativa das quatro associações agropecuárias. Seu líder, Eduardo Buzzio, declarou que as manifestações realizadas nesta segunda-feira são apenas um "advertência" ao governo. "Esperamos que o governo leve em conta (as exigências), já que depois destas manifestações o passo seguinte é o locaute, que incluirá a paralisação da comercialização de cereais e oleaginosas, além da realização de piquetes nas estradas", disse.
Fonte: Ariel Palacios, Agência Estado

Produção de açúcar da Alemanha em 08/09 deve cair 10% 19.08.08

19.08.08


Londres - A produção de açúcar de beterraba da Alemanha deve alcançar 3,520 milhões de toneladas em 2008/09, de acordo com a consultoria Wirtschaftliche Vereinigung Zucker (WVZ). O número mostra uma queda de 10% em relação a 3,901 milhões de toneladas produzidas na safra anterior. O conteúdo de açúcar na beterraba em 2008/09 pode atingir uma média de 17,7%, contra 15,5% em 2007/08.

Segundo a consultoria, pode haver uma queda na área plantada e na produtividade. Produtores plantaram até agora 371.037 hectares de beterraba em 2008/09, queda de 5% em comparação a 391.496 hectares na safra anterior. A produtividade média é estimada em 60,1 toneladas por hectare em 2008/09, contra 64,2 tons por hectare em 2007/08.

A produção total e os estoques de açúcar da Alemanha devem alcançar 3,698 milhões de toneladas em 2008/09.

Área plantada de cana na Índia diminui 17% no ano

Mumbai - A área plantada de cana-de-açúcar na Índia somou 4,4 milhões de hectares de 1 de junho a 13 de agosto, uma queda de 17% no ano, segundo o Ministério da Agricultura. A área de milho e algodão também diminuiu. A área do cereal alcançou 6,3 milhões de hectares, queda de 9,6% no ano, e a de algodão chegou a 8,6 milhões de hectares, recuo de 5%. Já a área plantada de arroz registrou aumento de 10%, somando 28,2 milhões de hectares.
Fonte: informações da Dow Jones, com Deise Vieira, Agência Estado

Ibama adia, mais uma vez, o leilão de 'boi pirata' para a próxima terça 19.08.08

19.08.08

O leilão dos "bois piratas" apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que estava marcado para hoje (19) foi adiado para a próxima semana. Atendendo a uma orientação do próprio Ibama, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um edital informando que a oferta dos 3.046 animais será feita na próxima terça-feira, dia 26/08, às 9h.

Essa será a quarta tentativa do governo de vender os bois, que foram apreendidos em junho na Estação Ecológica Terra do Meio, que fica em Altamira, no Pará. A região foi declarada de conservação em 2005 e, há um ano, a Justiça determinou a saída dos criadores de gado do local. Após duas notificações para que o proprietário dos bois, Lourival Medrado Novaes dos Santos, da Fazenda Lourilândia, deixasse a área, o Ibama e a Polícia Federal apreenderam os animais.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado

Ambientalistas reagem aos "acordos" de Minc que reduzem proteção ambiental na Amazônia 18.08.08

18.08.08

Em manifesto divulgado no final da tarde de sexta-feira passada (15), diversas organizações ambientalistas começaram a reagir aos acordos acertados entre o ministro do Meio Ambiente - Carlos Minc - e o da Agricultura, Reinolds Stephanes, que permitiriam o plantio de espécies exóticas na recomposição florestal e, tmbém, permitiriam reduzir a exigência de Reserva Legal na região, de 80 para 50%.

Diz o manifesto:

Contrariando seu discurso de posse, quando afirmou que o Presidente Lula não permitiria a redução da Reserva Legal na Amazônia, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou acordo com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para possibilitar que os produtores rurais possam fazer a recuperação da reserva legal com espécies exóticas. Isso significa na prática a redução da reserva legal de 80% para 50% na Amazônia, pois monoculturas de espécies exóticas não cumprem a função ecológica prevista no Código Florestal.

A proposta é a mesma do projeto de lei 6424/05, conhecido como Floresta Zero, de autoria do Senador Flexa Ribeiro, por permitir bacias hidrográficas sem cobertura florestal. A possibilidade de compensação de reserva legal em outra bacia hidrográfica desestimula a recuperação de áreas degradadas e mantém o cenário de desequilíbrio ambiental promovido pelos desmatamentos.

Consideramos fundamental que qualquer discussão ou negociação em torno do Código Florestal seja feita de forma transparente e com participação da sociedade civil e da comunidade científica. Esse debate precisa levar em conta os demais biomas brasileiros, igualmente importantes.

Aprimorar o Código Florestal, na lógica de otimizar o uso de áreas desmatadas e impedir novos desmatamentos é uma perspectiva positiva do ponto de vista socioambiental. Para tanto, é fundamental que as mudanças consolidem um entendimento comum de valorização da floresta.

As entidades abaixo assinadas reconhecem que é indispensável para o País promover o desenvolvimento econômico sustentável e a geração de empregos. Combinar esses fatores à conservação e recuperação dos recursos naturais, garantindo a integridade dos ecossistemas é nosso desafio.

A crise climática global e o papel dos desmatamentos na emissão de gases de efeito estufa exigem uma postura enérgica de controle dos desmatamentos e manutenção dos ativos florestais existentes no País. Recente estudo divulgado pela Embrapa sobre “Aquecimento global e a nova geografia da produção agrícola no Brasil” demonstra que o aquecimento global deve alterar profundamente a configuração da agricultura no Brasil e provocar perdas de R$ 7 bilhões.

Infelizmente, no governo Lula, vale a máxima de Schelling: “não existe absurdo que não encontre o seu porta-voz”.

Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida - Apremavi
Conservação Internacional - CI
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento - FORMAD
Instituto Centro de Vida - ICV
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON
Instituto Socioambiental - ISA
Greenpeace
Grupo de Trabalho da Amazônia – GTA
Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
WWF Brasil

Tecnologia de ponta faz safra dobrar 18.08.08

18.08.08

Para produzir mais grãos na mesma área de cultivo, agricultores do sudoeste de São Paulo adotam técnicas como o plantio direto adensado, rotação com culturas de inverno e o uso de sementes resfriadas. O tratamento correto do solo possibilita o cultivo intensivo, com a obtenção de até 2,7 safras cheias por ano, um recorde nacional. Essas inovações, aliadas à tecnologia das máquinas e à melhoria genética, fizeram com que a produção por hectare praticamente dobrasse nos últimos dez anos.

"Se depender de nós, não será a falta de alimentos que trará de volta a inflação", afirma o produtor Ariovaldo Fellet, de Itaberá, a 315 km de São Paulo. Conforme dados da Secretaria de Agricultura do Estado, a média de produtividade do trigo na região subiu de 1,5 mil para 3 mil quilos por hectare (kg/ha). O feijão passou de 1,6 mil para 2,4 mil kg/ha; o milho de 3,5 mil para 6,6 mil kg/ha e a soja de 1,8 para 3,3 mil kg/ha.

Muitos produtores, no entanto, obtêm resultados acima da média. De acordo com o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Secretaria Estadual da Agricultura em Itapeva, a tecnologia das máquinas e o melhoramento genético dos cultivares também contribuiu para esse avanço. "Mas o resultado só foi alcançado porque o agricultor soube absorver e aplicar as inovações."

O sucesso com os grãos fez com que a região resistisse ao avanço da cana-de-açúcar. As imensas plantações de trigo que ondulam ao vento nas margens da rodovia SP-258, que liga a região de Itapeva ao nordeste do Paraná, são um sinal de que a fartura chegou ao campo. Grande parte das lavouras está sob pivôs de irrigação.
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo. (AE)

ANP vende todo biodiesel ofertado no segundo dia de leilão 18.08.08

18.08.08

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) conseguiu vender todos os 66 milhões de litros de biodiesel ofertados na sexta-feira passada (15), segundo dia de leilão, obtendo um deságio de 0,39% em relação ao preço inicial e movimento negócios de R$ 172,2 milhões.

O produto foi vendido por um total de 18 unidades produtoras a um preço médio de R$ 2,609, contra os R$ 2,620 fixados inicialmente. A Oleaplan, do Rio Grande do Sul, foi responsável pelo maior volume de vendido: 13,64% dos 66 milhões – o equivalente a 9 milhões de litros de biodiesel. Juntas, as empresas do Rio Grande do Sul venderam 25,7 milhões de litros – 38,9% do total ofertado.

No primeiro dia de leilão, na quinta-feira (14), a ANP já havia vendido 264 milhões de litros do produto, de um total de 347 milhões ofertados (veja notícia abaixo)

Nos dois dias de leilão foram licitados 330 milhões de litros e arrecadados cerca de R$ 860 milhões. O décimo e o décimo primeiro leilão realizado pela ANP tem por objetivo atender à determinação governamental de que, a partir de 1º de julho, fossem utilizados 3% de biodiesel no diesel mineral comercializado em todo o país.

A mistura do biodiesel ao diesel mineral no país foi autorizado pelo governo Federal em 2004, mas a obrigatoriedade da adição só passou a valer em 1º de janeiro deste ano. Inicialmente em 2% de biodiesel por litro de diesel mineral (B2), a adição passou a 3% (B3), em 1o de julho.

Está prevista a elevação do volume para 5% (B5), também de forma obrigatória, a partir 2013. A meta, no entanto, poderá ser antecipada para 2011, tendo em vista o crescimento contínuo da oferta do produto no país.

ANP lembra que o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é uma ação interministerial do governo federal que objetiva “a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, da produção e do uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda”.
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil

Carreamento de fertilizantes pelos rios aumenta zonas mortas nos mares do mundo 15.08.08

15.08.08

Uso excessivo de fertilizantes leva a multiplicação de micróbios e morte de peixes.
Áreas dos oceanos com nível muito baixo de oxigênio já ultrapassam 400, alertam cientistas.

As zonas mortas nos oceanos do mundo, onde a ausência de oxigênio impede o desenvolvimento de vida marinha, aumentaram mais de um terço entre 1995 e 2007, revela um estudo divulgado hoje na revista americana "Science". Os principais fatores dessa catástrofe oceânica são a contaminação por fertilizantes e a queima de combustíveis fósseis, segundo cientistas do instituto de Ciências Marinhas da Universidade William and Mary, na Virgínia, e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.

O aumento das zonas mortas no mar transformou-se no principal agente de pressão sobre os ecossistemas marítimos, no mesmo nível da pesca excessiva, perda de habitat e outros problemas ambientais. Segundo os cientistas, seu aumento se deve também a certos nutrientes, especialmente o nitrogênio e o fósforo, os quais, ao entrarem em excesso nas águas litorâneas, causam a morte de algas.

Ao morrer, essas plantas microscópicas afundam e se transformam em alimento de bactérias que, durante a decomposição, consomem o oxigênio a sua volta. Na linguagem científica, esse processo da diminuição progressiva de oxigênio se chama "hipóxia".

Mais de 400

Segundo Robert Diaz, professor do Instituto de Ciências Marinhas, e Rutger Rosenberg, cientista da Universidade de Gotemburgo, atualmente existem 405 zonas mortas em águas próximas às costas em todo o mundo, o que representa uma superfície de mais de 26.500 quilômetros quadrados.

Diaz, que começou a estudar as zonas mortas em meados da década de 1980, após advertir sobre o problema nas águas da Baía de Chesapeake (costa atlântica dos Estados Unidos), afirma que, em 1995, já havia 305 zonas mortas no mundo todo. De acordo com o cientista, no início do século passado só havia quatro zonas mortas, número que passou para 49 em meados de década de 1960, 87 na de 1970 e para 162 na de 1980.

"Não existe outra variável de tanta importância para os ecossistemas marítimos litorâneos que tenha mudado tão drasticamente e em um lapso tão curto", afirmam Diaz e Rosenberg no estudo. Segundo Diaz, as provas geológicas demonstram que as zonas mortas não eram "um fenômeno natural" na Baía de Chesapeake e outros estuários. "As zonas mortas eram raras. Agora são comuns. Cada vez há mais em mais lugares", diz o cientista.

Diaz e Rosenberg afirmam que, em muitas ocasiões, só se dá importância à hipóxia quando esta começa a dizimar os organismos que, em última instância, servem de alimento à população. Como exemplo, eles citam o desaparecimento de algumas espécies de peixes e os surtos crônicos de epidemias bacterianas em outras.

Menos comida

Por outro lado, ao impedir o desenvolvimento de alguns habitantes dos fundos marítimos, como os mariscos e alguns vermes, a hipóxia elimina uma importante fonte de nutrição para outros predadores, assinala o estudo.

Segundo os cientistas, a chave para frear o aumento de zonas mortas é manter os adubos em terra e impedir que cheguem ao mar.

"É necessário que cientistas e agricultores trabalhem em conjunto para desenvolver métodos agrícolas que reduzam a transferência de nutrientes da terra para o mar", diz Diaz.
Fonte: Agência EFE/portal G1

Leilão de biomassa movimenta 68,9 milhões de megawatts-hora e R$ 10,7 bilhões em contratos 15.08.08

15.08.08

Mais abaixo:
O lado dos trabalhadores:
- Fiscais do Trabalho resgatam 89 em condições precárias em usinas de açúcar no ES
-
Fiscalização considera graves condições de trabalho em usina interditada no Paraná
- Relatório denuncia mortes de trabalhadores de canaviais por exaustão

O leilão de energia de reserva, voltado para a contratação da oferta de térmicas a biomassa, gerou uma receita total de R$ 10,7 bilhões ao comercializar 68,888 milhões de megawatts-hora (MWh). O preço médio da licitação foi de R$ 58,84 por MWh, deságio de 3,6% do preço inicial de R$ 61 por MWh (para o consumidor), informou o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antônio Carlos Fraga Machado. A disputa, que teve início às 10h, durou quase seis horas. O preço do leilão para usineiros ficou entre R$ 148 e R$ 157 MW.

Das 44 usinas que participaram do leilão, 31 empreendimentos venderam. Foram comercializados no leilão 548 MW médios de energia assegurada. O leilão negociou para entrega a partir de 2009 (produto 2009) e fornecimento a partir de 2010 (produto 2010). No produto 2009, foram vendidos 4,415 milhões de MWh, a um preço médio de R$ 60,86 por MWh, deságio de 0,3%. Em termos de energia assegurada, foram comercializados 35 MW médios. Nessa disputa, as usinas vendedoras foram a Clealco Queiroz, Cocal II e Ferrari.

O volume de energia vendido no produto 2010 foi de 64,473 milhões de MWh, a um preço médio de R$ 58,71 por MWh, deságio de 3,8%. Em termos de energia firme, foram comercializados 513 MW médios. Nesse produto, venderam energia 28 usinas, sendo 27 com bagaço de cana e um projeto com capim elefante. A licitação realizada hoje adicionou ao sistema 2,379 mil MW de potência instalada, no total.

Preço ao Usineiro

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, afirmou que o preço final do leilão de energia reserva, voltado para contratação de térmicas a biomassa, ficou entre R$ 148 por MWh e R$ 157 por MWh para os usineiros. "O valor final varia para cada empreendimento, mas os preços ficaram nessa faixa", disse o representante do governo após a realização do leilão.

Para os consumidores do sistema elétrico, o preço médio da licitação foi de R$ 58,84 por MWh. A diferença entre os preços reflete a metodologia aplicada pelo governo Federal para este leilão. Pelas regras da licitação, o contrato firmado entre o empreendedor e a CCEE é na modalidade disponibilidade. Com isso, o usineiro recebe do sistema um pagamento para deixar disponível para o sistema elétrico, por meio de um encargo chamado Encargo de Energia de Reserva. No início do leilão, essa "receita" representava um valor de R$ 157 por MWh.

Entretanto, uma das características especiais desse leilão é que o usineiro não é obrigado a gerar durante 12 meses e sim apenas na época da safra, quando há bagaço de cana-de-açúcar disponível. Para evitar um duplo benefício, o governo desconta dos R$ 157 por MWh a receita que o empreendedor irá obter quando oferta a energia no sistema, que é liquidada no mercado de curto prazo. Com isso, se chega aos R$ 61 por MWh, que foi o preço inicial da licitação - no caso, o gerador irá receber uma receita fixa equivalente a R$ 96 por MWh por vender ao
spot.

Mercado de Curto Prazo

De acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, esses R$ 96 por MWh serão pagos pelos agentes que estarão expostos ao mercado de curto prazo. "Como a demanda do mercado está totalmente contratada em 2010, é muito difícil que as distribuidoras paguem isso. Provavelmente, quem irá pagar são os geradores que foram deslocados na ordem de despacho com a entrada das usinas a biomassa, que são mais baratas", disse o executivo. Fonte: Wellington Bahnemann, Agência Estado

O lado dos trabalhadores:
Fiscais do Trabalho resgatam 89 em condições precárias em usinas de açúcar no ES

O grupo móvel da Superintendência Regional do Trabalho do Espírito Santo anunciou ter encontrado 2.500 trabalhadores de uma usina de açúcar e álcool em condições degradantes. Segundo o grupo, 89 foram resgatados.
As blitze ocorreram nos municípios de Conceição da Barra e Pedro Canário, em unidades sob responsabilidade da Infinity Bio-Energy.

Nos relatórios de fiscalização, aos quais a Folha teve acesso, o auditor Rodrigo de Carvalho relata que, na Disa, uma das unidades da Infinity, trabalhadores tiveram a carteira de trabalho retida por dois meses, sem receber salário. Além disso, foram detectadas irregularidades nas instalações e nas condições da jornada de trabalho.
Na Disa, havia 1.663 trabalhadores; na Cridasa (a outra unidade), 837. Segundo Carvalho, a empresa se comprometeu a regularizar a situação e houve apenas o resgate de 25 pessoas na Cridasa e 64 na Disa -que, insatisfeitas, quiseram voltar aos locais de origem.

No caso da Disa, o auditor diz que, durante a operação, os trabalhadores resgatados disseram que foram procurados por funcionários da empresa para assinar avisos prévios de demissão, datados de 2 de julho, para não caracterizar o resgate.
O presidente e sócio da Infinity Bio-Energy, Sérgio Thompson-Flores, afirmou que não recebeu nenhum comunicado de resgate de trabalhadores e que as demissões ocorreram por iniciativa da empresa.
A empresa nega que tenha cometido fraude nos avisos prévios e diz que foi ela quem chamou a Superintendência apenas para avalizar os desligamentos.

Thompson-Flores diz que a Infinity assumiu formalmente as duas unidades há pouco tempo -uma delas há menos de um mês-, e que, por isso, não foi possível fazer todos os ajustes.
Fonte: Thiago Reis, Folha de São Paulo

Fiscalização considera graves condições de trabalho em usina interditada no Paraná

Curitiba - As condições de trabalho degradantes flagradas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego na Usina Central de Porecatu, no Paraná, estão entre as mais graves encontradas nos últimos tempos pelos auditores fiscais no setor sucroalcooleiro brasileiro. A afirmação foi feita ontem (14) pela coordenadora da fiscalização, Jackeline Corrijo.

Segundo a coordenadora, as investigações já estão praticamente concluídas, e os auditores devem retornar a Brasília neste fim de semana. As investigações tiveram início terça-feira, com base em denúncias recebidas pelo Ministério do Trabalho.

Foram flagrados 228 trabalhadores em condição análoga à de escravos. De acordo com Jackeline, a empresa informou que as verbas rescisórias desses trabalhadores serão pagas até hoje (15). Há mais 2.500 trabalhadores com o pagamento atrasado desde julho.

Na operação, o grupo de fiscalização móvel lavrou 153 autos de infração, interditou cinco frentes de trabalho e apreendeu 39 ônibus que transportavam trabalhadores sem autorização. “Até agora, nos setores interditados, nenhuma providência foi tomada. As empresas não entendem que, quanto mais rápido corrigirem as distorções, menos prejuízos terão”, afirmou Jackeline.

As penalidades que a empresa sofrerá serão determinadas nos autos de infração, informou Jackeline. "É preciso deixar claro que interdição não é penalidade”, ressaltou. Depois de receber as multas administrativas cabíveis, a empresa pode recorrer, lembrou a auditora.

A fiscalização encontrou trabalhadores sem equipamentos de proteção individual fazendo aplicação de agroquímicos e expostos a risco de vida por intoxicação aguda. “Eles iam para suas casas com as roupas contaminadas, colocando em risco a vida de seus familiares, sem nenhuma orientação sobre como proceder”, destacou Jackeline. E eram transportados até a frente de trabalho no mesmo compartimento onde eram levados os produtos químicos.

Nas frentes interditadas não havia sanitários, água fresca, produtos para higienização ou locais adequados para a refeição.

A reportagem da Agência Brasil procurou a assessoria da Usina Central de Porecatu, mas não foi atendida.
Fonte: Lúcia Norcio, repórter da Agência Brasil

Relatório denuncia mortes de trabalhadores de canaviais por exaustão

As mortes de 21 trabalhadores rurais nos canaviais de São Paulo, entre 2004 e 2008, devem ser tema de relatório a ser entregue pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca) a autoridades brasileiras e organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Em entrevista à Agência Brasil, a relatora Cândida Costa afirmou que as condições de trabalho que incluem jornada de 12 horas diárias, pouca comida, pouco descanso, equipamentos inadequados ou nenhum equipamento de segurança, falta de acompanhamento de saúde, entre outras coisas, levam os cortadores de cana à morte por exaustão.

“As causas das mortes nos boletins de óbito são quase sempre parada cardiorrespiratória e acidente vascular cerebral, mas nós acreditamos que isso se dê pelas péssimas condições e trabalho excessivo”, alegou Cândida que participou quarta-feira (13) de audiência pública na Câmara dos Deputados para falar sobre o documento.

Ainda segundo ela, os acidentes de trabalho nestas fazendas não são notificados. “Nós consideramos que a situação é análoga à escravidão. Porque, apesar de eles terem a carteira de trabalho assinada, a jornada de trabalho é muito maior que a permitida por lei”, afirmou.

Os trabalhadores mortos tinham idades entre 20 e 50 anos e trabalhavam na região de Ribeirão Preto (SP) e proximidades. De acordo com a relatora da Plataforma Dhesca, a quantidade de pessoas trabalhando nas plantações de cana nessas regiões varia de acordo com “o pico da safra”, mas estima-se que passem pela região, todos os anos, de 40 a 200 mil cortadores de cana.

Cândida Costa disse que o Ministério do Trabalho e Emprego intensificou a fiscalização e duas comissões formadas por membros das indústrias canavieiras, por sindicatos dos trabalhadores e pelo governo foram montadas para trabalhar no caso. Entre os assuntos que estão sendo discutidos está o pagamento por produtividade, que faz com que o trabalhador se esforce ainda mais para aumentar o salário, e a certificação social das fazendas.

"Nós notamos avanços na fiscalização do Ministério do Trabalho, que inibe um pouco essas práticas, e nas comissões formadas para negociar. Esperamos que as centrais sindicais incluam a questão dos direitos trabalhistas quando tratarem da certificação social", concluiu a relatora.
Mariana Jungmann, repórter da Agência Brasil

Bancada ruralista na Câmara aumenta rombo do Tesouro em R$ 800 milhões 15.08.08

15.08.08

Troca de indexador desvia recursos do Tesouro Nacional para beneficiar inadimplentes

"Não podemos premiar a inadimplência", diz uma fonte do governo. "É uma questão moral".

A troca de indexador no estoque de débitos rurais inscritos como Dívida Ativa da União, estimado em R$ 7,1 bilhões, deve resultar em um impacto fiscal adicional de até R$ 800 milhões nos próximos dez anos, segundo cálculos da equipe econômica do governo. A repactuação geral das dívidas de R$ 75 bilhões, anunciada no fim de maio deste ano, previa um custo fiscal de R$ 1,16 bilhão aos cofres da União.

A alteração, autorizada por emenda da Câmara dos Deputados à medida provisória de renegociação das dívidas rurais, permitiu a troca da taxa Selic, atualmente em 13% ao ano, pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 6,25% ao ano. A modificação ainda depende de votação no Senado, mas o lobby ruralista tem trabalhado duro para manter a emenda da Câmara. O governo ameaça vetar a alteração, o que provocaria a indexação dos débitos inscritos na Dívida Ativa da União com a Selic mais 1% ao ano, como previsto nos contratos originais.

A aprovação da troca de indexadores causou uma crise na base política de sustentação do governo no Congresso. Composta por muitos ruralistas, a base votou em peso na mudança. A emenda, proposta pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), passou por 264 a 128 votos. A situação virou uma "questão moral" para a equipe econômica do governo, que busca evitar mais concessões a produtores inadimplentes por temer pressões adicionais de outros devedores não beneficiados pela medida. "Não podemos premiar a inadimplência", diz uma fonte do governo. "É uma questão moral".

Nos cálculos da equipe econômica, as 31.083 operações inscritas na Dívida Ativa da União já teriam "enorme vantagem" ao ter dispensada a multa de 20%. Com isso, o volume de débitos cairia de R$ 7,1 bilhões para R$ 5,6 bilhões. Quando aplicados os descontos e bônus previstos nos termos da renegociação geral de maio, as dívidas seriam reduzidas a R$ 4 bilhões.

"É absolutamente possível pagar", diz a fonte do governo. Mesmo se computadas as operações que ficaram inadimplentes desde o início de 2008, e que ainda não foram lançadas na Dívida Ativa da União, seria possível honrar os compromissos. Nesse caso, estima-se, o volume subiria a R$ 8,2 bilhões. Ocorre que 37% das dívidas está nas mãos de grandes devedores, cujo saldo situa-se entre R$ 100 mil a R$ 5 milhões. "E eles têm um poder de pressão muito grande no Congresso", analisa a fonte.

Os ruralistas contestam os benefícios exagerados da MP. "É um absurdo pagar Selic. É crédito rural, e não dívida fiscal", diz o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), relator da MP na Câmara. "Um tecnocrata que não planta nada, não tem noção da agricultura. Não quero ser injusto. Hoje, do jeito que está, ninguém vai pagar".

E dá um exemplo: uma dívida de R$ 500 mil paga em dia desde 2001, quando surgiu o programa de saneamento de ativos (Pesa), somará R$ 593 mil ao fim de 2025, quando expira o prazo da renegociação. Quem atrasou quatro parcelas, deve hoje R$ 725 mil, mas foi inscrito na dívida ativa com R$ 1,14 milhão e ainda teve o prazo de pagamento reduzido a 2017. "Se aplicar a TJLP com bônus, a dívida voltaria a R$ 819 mil, algo razoável e justo", diz.
Fonte: Valor Econômico

Mapa prevê agronegócio com superávit 24% maior em 2008 15.08.08

15.08.08

O Brasil deve exportar este ano US$ 74 bilhões em produtos do agronegócio, um crescimento de 26,71% em relação ao ano passado, quando as vendas do setor foram de US$ 58,4 bilhões. A estimativa foi feita ontem (14) pelo secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Célio Porto.

Ele disse que as importações do setor devem fechar o ano em US$ 12 bilhões, resultando num saldo comercial de US$ 62 bilhões, enquanto em 2007 o superávit foi de US$ 49,8 bilhões. Com isso, o superávit do agronegócio será 24% maior.

O valor das exportações do agronegócio representará, segundo Porto, 37% de todos os embarques brasileiros para o exterior.

Este ano, o setor deve ter três segmentos com vendas internacionais superiores a US$ 10 bilhões. Além do complexo soja e das carnes, que já atingiram esse patamar no último ano, os produtos florestais também alcançarão a marca.

Segundo o secretário, o setor de lácteos é outro segmento que deve entrar na pauta das exportações, nos próximos anos, como um dos principais produtos e conquistar novos mercados - a exemplo do que ocorreu com o setor de carnes, nos últimos anos. Entre 2001 e 2007, houve crescimento de 994,4% nas exportações, que passaram de US$ 27 milhões para US$ 300 milhões.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

ANP comercializa 264 milhões de litros de biodiesel no décimo leilão 15.08.08

15.08.08

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) comercializou ontem (14), no décimo leilão, 264 milhões de litros do produto, de um volume total ofertado de 347,06 milhões de litros do produto.

O preço de referência adotado no leilão foi de R$ 2,62 por litro e o preço médio comercializado foi de R$ 2,60 – um deságio médio de 0,59% -, o que possibilitou a movimentação de R$ 687,62 milhões.

Segundo a ANP, a usina ADM, de Mato Grosso, responsável por 12,8% das vendas, com 33,9 milhões de litros, foi a maior vendedora de biodiesel.

A agência informou ainda que das 20 vendedoras do leilão, nove são da Região Centro-Oeste do país, quatro da Região Nordeste, quatro da Região Sul, duas da Região Sudeste e uma da Região Norte.

Hoje (15), a ANP vai realizar o 11º Leilão de Biodiesel, com oferta de 66 milhões de litros do produto, o que totalizará uma negociação de 330 milhões de litros nos dois leilões.

A realização dos dois leilões objetiva atender a determinação do governo federal para que, a partir de primeiro de julho deste ano, passasse a ser adotado obrigatoriamente no país o B3 - mistura de 3%de biodiesel ao diesel mineral comercializado em todo o país.

Participaram do 10º Leilão de biodiesel somente os produtores detentores do selo “Combustível Social”, concedido pelo Ministério da Agricultura. Já no leilão desta sexta-feira todas as empresas que cumpram as exigências da ANP poderão participar.

Para participar de qualquer um dos leilões, no entanto, os produtores precisam ter autorização da ANP para exercer a atividade de produção de biodiesel, contar com o Registro Especial da Secretaria da Receita Federal e cadastro no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf).

O uso comercial do biodiesel no Brasil foi autorizado em dezembro de 2004, inicialmente para a mistura B2. Uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de março deste ano, determinou a adição obrigatória de 3% de biodiesel ao diesel comercializado no país, a partir de 1o. de julho de 2008.

Está prevista a elevação do volume para 5% (B5), também de forma obrigatória, a partir 2013. A meta, no entanto, poderá ser antecipada para 2011, tendo em vista o crescimento contínuo da oferta do produto no país.
A ANP lembra que o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é uma ação interministerial do governo federal que objetiva “a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como economicamente, da produção e do uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda”.
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil

Países em desenvolvimento são destino de 48% das exportações do agronegócio brasileiro 15.08.08

15.08.08

A participação das nações em desenvolvimento nas compras dos produtos agropecuários nacionais subiram de 39,6% para 48,2%, no total do que é exportado pelo Brasil, entre 2001 e 2007.

A China foi responsável por metade desse crescimento, passando de 3,7% para 8% do total das exportações brasileiras.

Mas, se, por um lado, os países desenvolvidos reduziram sua participação no universo das compras dos produtos agrícolas que o Brasil exporta, em contrapartida, aumentaram o volume de compras a uma taxa anual de 13,2%.

Já os mercados em desenvolvimento intensificaram as importações de produtos do agronegócio brasileiro, em média, 20% ao ano.

Os dados fazem parte do estudo Intercâmbio Comercial do Agronegócio – Principais Mercados de Destino, lançado hoje pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O total das exportações do país no setor saltaram, de 2001 a 2007, de US$ 23,9 bilhões para US$ 58,4 bilhões. Em 2006, o Brasil teve participação de 6,9% no total exportado pelo agronegócio mundial, que foi US$ 609,8 bilhões.

Segundo o secretário de Relações Internacionais do Mapa, Célio Porto, cerca de 70% desse desempenho deve-se ao crescimento da produção, enquanto o restante foi gerado pelo aumento dos preços das commodities agrícolas.

Para ele, o Brasil tem grande potencial de crescimento no setor porque ainda tem poucas relações comerciais com grandes países consumidores, como Índia e Indonésia, que juntos, têm população de quase 1,5 bilhão de habitantes. Um dos destaques é a Rússia, que concentra 90% dos US$ 3,7 bilhões em importações do Brasil em produtos do agronegócio. Irã e Venezuela também se sobressaíram nos últimos anos, com crescimentos anuais próximos a 30%.

Porto disse que o ministério tem procurado facilitar as importações de fertilizantes, um dos principais vilões da crise dos alimentos, além de estimular as exportações em geral. O primeiro passo, segundo ele, foi o incentivo à formação de consórcios ou condomínios de compradores para baratear o custo do frete, já que, muitas vezes, precisa-se de um navio inteiro para trazer a carga.

Um outro ponto são as missões ao exterior para tratar do assunto. Segundo o secretário, além dos países já visitados, deve-se criar uma missão de técnicos e empresários para ir ao norte da África, “onde haveria grandes produtores dos três fertilizantes: fósforo, potássio e nitrogenados.”
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

CNA é contra punição a fazendeiros que desrespeitam a lei agredindo o meio ambiente 14.08.08

14.08.08

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pretende entrar com mandado de segurança ou uma ação direta de inconstitucionalidade para suspender o Decreto 6.514, publicado no dia 22 de julho, que altera dispositivos da Lei 9.605 de Crimes Ambientais, de 1998, tornando-a mais rígida. A entidade divulgou ontem (13) uma nota técnica com análise preliminar das possíveis conseqüências que a medida pode acarretar aos produtores rurais.

Segundo o presidente da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA, Assuero Doca Veronez, "o decreto inova e amplia a abrangência da lei". Isso, argumenta ele, seria ilegal. A entidade é contra as penalidades para os produtores que não tenham cerca de 20% de suas propriedades compostas de mata original. Além disso, condena a obrigatoriedade de reflorestamento e a apreensão de animais domésticos em áreas de reserva ambiental.

Para Veronez, a apreensão de produtos e subprodutos agropecuários em área de reserva ambiental ou de preservação permanente, como ocorreu no Pará com o “boi pirata”, é ilegal. "O que a lei de crimes ambientais prevê é a apreensão dos objetos do crime. Ou seja, se você está pescando num lugar proibido são apreendidos o barco, a rede, se está caçando, apreende-se a arma, se está derrubando uma floresta, a moto-serra e os apetrechos que estão sendo usados. O boi não derruba, portanto, não está cometendo crime", justificou.

Quanto ao reflorestamento de 20% das propriedades, cálculos da CNA estimam em 35 milhões de hectares a redução da área utilizada atualmente pela agropecuária, o que representaria cerca de 15% da área produtiva.

Entretanto, o presidente da comissão considerou positivo os entendimentos entre os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, para permitir que os produtores possam recompor essas áreas fora de suas propriedades, inclusive em áreas públicas ainda não regularizadas, além de poder replantar metade da área que a lei exige com florestas exploráveis economicamente.

"A idéia é boa. Mostra que há disposição para flexibilizar, mas tem que mudar a lei. É uma saída interessante, pois resolve dois problemas ao mesmo tempo", disse. Apesar de gostar do projeto, Veronez disse que a legislação atual não permite tal ação. Os dois ministros disseram terça-feira (12), após reunião, que grupos de trabalho dos dois ministérios estudaram as formas de viabilizar a medida.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Fiscalização encontra 228 trabalhadores em situação degradante em usina de açúcar e álcool no Paraná 14.08.08

14.08.08

Curitiba - O Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego encontrou 228 trabalhadores em situação degradante nas frentes de trabalho da Usina Central de Porecatu, no Paraná.

A equipe, que investiga as condições dos trabalhadores da usina desde a semana passada, lavrou até agora 153 autos de infração, interditou cinco frentes de trabalho e apreendeu 39 ônibus que transportavam trabalhadores sem autorização.

Segundo a auditora fiscal Luize Surkam Neves, coordenadora do grupo na Região Sul, cerca de 2.500 trabalhadores estão sem o pagamento de julho.

“Nossa fiscalização aqui não tem data para terminar. Estamos em contato direto com a direção da empresa e efetivando os cálculos para o pagamento das rescisões desses 228 trabalhadores”, disse.

Os fiscais constataram que 22 trabalhadores não usavam equipamentos de proteção individual na aplicação de agroquímicos, estado expostos a risco de vida por intoxicação aguda.

Os auditores também flagraram os trabalhadores sendo transportados até a frente de trabalho no mesmo compartimento onde eram transportados os produtos químicos.

Em alguns setores da empresa, já interditados, não havia sanitários, água fresca nem produtos para higienização.

Os empregados eram obrigados a custear enxadas, limas e demais instrumentos utilizados no trabalho.

A reportagem da Agência Brasil procurou a assessoria da Usina Central de Porecatu, mas não foi atendida.
Fonte: Lúcia Norcio, repórter da Agência Brasil

BNDES financiará R$ 1,2 bi para Brenco produzir etanol em Goiás 14.08.08

14.08.08

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará R$ 1,2 bilhão dos R$ 1,8 bilhão que a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco) está investindo para implantar o Pólo de Alto Taquari-Mineiros, de produção de etanol e energia elétrica. O Pólo terá quatro unidades de processamento de cana-de-açúcar e implantação da lavoura, nos municípios de Alto Taquari (MT), Costa Rica (MS) e Mineiros (GO).

As duas primeiras unidades vão começar a operar no ano que vem e as duas seguintes em 2010. Quando as quatro unidades estiverem funcionando, o Pólo terá capacidade instalada de moagem de 15 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, poderá produzir até 1,4 milhão de metros cúbicos de etanol e poderá exportar até 220 megawatts de energia elétrica. Elas trabalharão durante a safra com três turnos, de oito horas cada um.

Os investimentos são destinados principalmente às áreas industrial, agrícola e de co-geração de energia, mas incluem também projetos ambientais e sociais, no entorno das unidades. "O empreendimento envolve a construção das unidades em áreas de nova fronteira da cana e com produção em larga escala", diz nota do BNDES. Uma parte dos recursos do financiamento será liberada diretamente do banco de desenvolvimento para a empresa e outra será repassada por intermédio de um pool de bancos. Segundo o banco estatal, os principais méritos do projeto são a aquisição de equipamentos nacionais, no montante de R$ 880 milhões, geração de 8,4 mil empregos diretos e mecanização de 100% da colheita.

Repasses para o setor

Os desembolsos do Banco para o setor sucroalcooleiro nos sete primeiros meses deste ano somaram R$ 2,7 bilhões e no ano passado foram de R$ 3,6 bilhões. As liberações no setor vêm crescendo. Em 2004 foram de apenas R$ 0,6 bilhão, passaram para R$ 1 bilhão em 2005 e dobraram em 2006, para R$ 2 bilhões. Etanol e energia elétrica são áreas prioritárias para o banco e o governo federal.
Fonte: Adriana Chiarini, Agência Estado

Álcool e biodiesel representarão 20% da matriz energética, prevê ANP 14.08.08

14.08.08

A participação dos combustíveis renováveis (álcool e biodiesel) na matriz energética do País poderá chegar a 20%, ou até mesmo ultrapassar essa fatia até o final de 2008, segundo previsão do superintendente de abastecimento de energia da ANP, Edson Silva. No primeiro semestre, a participação desses dois produtos, juntos, chegou a 18,5%. "Todas as variáveis apontam para um aumento até o final deste ano, não há indícios de aumento no preço do álcool ou de diminuição de oferta", afirmou.

Ele avalia que o aumento no consumo de álcool está vinculado sobretudo à queda de preços, mas também ao crescimento da produção e venda de veículos tipo flex. Silva vê um futuro promissor para o mercado de álcool no País já que, segundo ele, "as exportações estão crescendo e não temos problemas de desabastecimento".

No que diz respeito ao biodiesel, o consumo aumentou 368,8% no primeiro semestre ante igual período do ano passado. Segundo Silva, a expansão desse combustível no Brasil é ascendente e o País já é o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos. Ainda de acordo com Silva, há atualmente 65 unidades produtoras de biodiesel autorizadas pela ANP no País.
Fonte: Jacqueline Farid, Agência Estado

Consumo de álcool combustível cresce mais de 52% no primeiro semestre 14.08.08

14.08.08

De janeiro a junho, o consumo de álcool combustível no país cresceu 52,9% e já se igualou ao da gasolina.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que esse crescimento foi motivado pela retração média de 12,1% no preço do litro do combustível, que passou de R$ 1,70 para R$ 1,50 nas bombas.

“O álcool está funcionando como uma âncora e vem segurando o preço da gasolina. A despeito da gasolina ter tido um aumento na refinaria autorizado pelo governo, este aumento não se refletiu na bomba. Pelo contrário, a gasolina até caiu de preço”, disse o superintendente de Abastecimento da ANP, Edson Silva.

Os dados indicam que o consumo de álcool hidratado no país subiu de 3,9 bilhões de litros para 6 bilhões de litros do primeiro semestre de 2007 para o segundo semestre de 2008. Já a demanda pelo álcool anidro, que é misturado à gasolina, aumentou de 2,74 bilhões de litros para 3 bilhões de litros no período, um aumento de 9,82%.

O consumo de gasolina A – sem a mistura do álcool - caiu de 9,1 bilhões de litros para 9 bilhões de litros, uma queda de 1,59%.

O consumo do óleo diesel aumentou no semestre 9,8%, e continua liderando a matriz energética veicular do país com 61,2% do mercado.

O consumo de GNV (gás natural veicular) retraiu no período 1,3%.

“Eu não tenho dúvidas de que, mais do que uma política de governo, o que vem segurando o aumento no preço da gasolina nas refinarias é o crescimento do consumo de álcool no país, que apresenta melhor preço e a possibilidade de com o carro flex o consumidor escolher qual combustível é mais vantajoso ao abastecer o seu veículo”, explicou Silva.

De acordo com a ANP, a maior oferta e o melhor preço do álcool nas bombas têm levado a uma mudança significativa na matriz energética do país, do ponto de vista do consumo de combustíveis.
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil

Exportação de carne bovina cresceu 52,78% em julho, divulga Abiec 14.08.08

14.08.08

As exportações de carne bovina brasileira somaram US$ 513,69 milhões no mês de julho, crescimento de 52,78% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os embarques também cresceram em volume, passando de 122,8 mil para 124,1 mil toneladas no mês passado, alta de 1,04%. Os dados foram divulgados ontem (13) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

No acumulado de janeiro a julho, a receita cambial com as exportações de carne bovina totalizou US$ 3,01 bilhões, resultado que supera em 18,2% o desempenho dos sete primeiros meses do ano passado, quando os embarques somaram US$ 2,55 bilhões. Em volume, no entanto, as vendas externas brasileiras acumulam uma queda de 16,6% no período e somam 826,5 mil toneladas. Entre janeiro e julho do ano passado, os embarques de carne bovina haviam somado 991,3 mil toneladas.

De acordo com o diretor executivo da Abiec, Luiz Carlos de Oliveira, os números de janeiro a julho ainda são reflexo da pouca oferta de animais para o abate. Além disso, os preços no mercado internacional também contribuíram para uma forte retração no volume exportado. Entre janeiro e julho deste ano, o preço médio da carne bovina brasileira no mercado internacional foi de US$ 3.651 por tonelada, valor 41,7% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em julho, a tonelada da carne bovina exportada teve um preço médio de US$ 4.137, 51,2% a mais do que em julho de 2007.

As expectativas da indústria são de que em 2008 as exportações brasileiras somem US$ 5 bilhões. O otimismo em relação ao desempenho deste ano se deve à habilitação de mais fazendas para exportar para União Européia e também à possibilidade de o Chile voltar a importar do Brasil. Segundo Oliveira, já está programada uma visita de técnicos chilenos ao Brasil. Com relação aos Estados Unidos, o diretor executivo da Abiec acredita que em setembro as exportações para os norte-americanos estarão normalizadas.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado

Conab leiloa 29,8 mil toneladas de arroz

14.08.08

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) leiloou hoje (13) 29,8 mil toneladas de arroz armazenadas no Rio Grande do Sul. Os estoques vendidos foram considerados de risco pela Justiça, por mau armazenamento ou desvios e, por isso, foi determinada sua oferta.

O leilão eletrônico abriu com preço de R$ 28 a saca de 50 quilos do produto. Segundo a Conab, as sacas foram vendidas, em média, por R$ 31,50. Por ser uma ordem judicial, essa operação não faz parte do acordo entre governo e produtores de fazer apenas um leilão mensal para manter estável o preço do grão.

No dia 27, serão ofertadas mais 50 mil toneladas de arroz estocadas no Rio Grande do Sul e 10 mil em Santa Catarina. Tanto técnicos do governo quanto representantes do setor procurados pela reportagem disseram que o leilão de hoje não deve interferir no preço produto.

O interessado em adquirir produtos nos leilões promovidos pela estatal deve se cadastrar em uma bolsa de mercadorias e autorizar um corretor a fazer a negociação. A Conab também disponibiliza um software em sua página na internet para que qualquer pessoa possa acompanhar as operações.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

MMA terceiriza decisão de acesso a recursos da biodiversidade em unidades de conservação federais 13.08.08

13.08.08
O governo oficializou a "flexibilização" das regras de acesso a recursos da biodiversidade em unidades de conservação federais para pesquisa científica. A norma, que consta em portaria do Ministério do Meio Ambiente, reestrutura o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio) e permite que as autorizações para pesquisa sejam emitidas por instituições científicas, como universidades.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinará termos de compromisso com essas entidades para transferir a aprovação de pesquisas, o que deverá reduzir a burocracia para estudos com uso da biodiversidade, o que inclui plantas medicinais. As instituições emitirão as licenças e informarão ao órgão ambiental sobre as pesquisas em andamento, sendo “co-responsáveis” pela pesquisa.

A portaria também institui um Comitê de Assessoramento Técnico, que subsidiará as decisões do ICMBio na aprovação prévia de autorizações para atividades como coleta e transporte de material biológico e captura ou marcação de animais silvestres, além de propor critérios de concessão de licenças e de fiscalização, por exemplo.

A nova regra atende pedido da comunidade científica, que sempre apontou a burocracia como um entrave à realização das pesquisas. Representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) estiveram com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, no último dia 5 para negociar as mudanças na legislação.

“Vemos a portaria como um avanço bastante positivo, e agora queremos testá-la. Na teoria ficou muito bom, queremos colocar em prática”, apontou a vice-presidente da SPBC, a bióloga Helena Nader.

A cientista lembrou que, além da portaria do MMA publicada segunda-feira (11) no Diário Oficial da União, há outras questões relativas a pesquisa com uso da biodiversidade que só poderão ser desburocratizadas por meio do anteprojeto de lei – em tramitação da Casa Civil – que irá substituir a Medida Provisória 2.186/2001, que atualmente regula o tema.

“A portaria vai ser um grande teste. O anteprojeto regulamenta outros aspectos, em relação à legislação e ao acesso ao patrimônio genético, por exemplo. O ministro [Carlos Minc] disse que pretende enxugar, reduzir os detalhes; vamos acompanhar. O que a comunidade científica quer é menos lentidão e menos entrave para as pesquisas, enquanto a biopirataria corre solta”, ponderou Helena Nader.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil, com o Observatório

Acordo entre Minc e Stephanes prevê que recomposição das reservas legais pode ser feita em outras áreas 13.08.08

13.08.08

E talvez em biomas diferentes

1- Versão da Agência Brasil

Em mais uma reunião para discutir agendas em comum entre os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, os ministros Reinhold Stephanes e Carlos Minc acordaram [ontem, 12] que
a recomposição de reservas legais poderá ser feita em áreas diferentes das desmatadas [grifo do editor]. Stephanes preferiu se referir aos acordos como "harmonização de pensamentos".

"O mais importante é incentivar as pessoas a recuperarem as áreas degradadas. E incentivar quem quer fazer sua reserva legal, mesmo em área fora da sua propriedade, porque não diminui a produção", disse Minc. Segundo ele, a recomposição dessas reservas poderia ser feita, inclusive, dentro de área pública ainda não regularizada.

Outro ponto destacado pelos ministros diz respeito aos agricultores que hoje não cumprem a determinação de preservar 20% de sua propriedade com mata original.
Ficou acertado que eles poderiam recuperar 10% com florestas que possam ser exploradas economicamente, como o dendê [grifo do editor]. "Porque está seqüestrando carbono, produzindo um combustível que polui menos e recuperando uma área degradada", explicou Minc. Essa foi a segunda reunião realizada pelos dois ministros para tratar da agenda comum. Para o próximo encontro, o principal tema de discussão será a regularização dos produtores. Stephanes alega que, atualmente, quem tenta regularizar sua propriedade de acordo com a legislação ambiental é punido com multa. Minc reconheceu a situação e disse que deve haver tratamento diferenciado.

"Vamos preparar uma modificação num decreto encaminhado à Casa Civil, dizendo o seguinte: aquele que mostra a situação e diz que quer se regularizar, não pode ser multado. Ele está fazendo exatamente aquilo que a gente quer, que é vir para nós e dizer que vai se regularizar. Essa legalização deve ser incentivada e não punida", afirmou o ministro do Meio Ambiente.

Stephanes informou que, a partir das decisões tomadas, os grupos de trabalho dos dois ministérios estudarão medidas para que as ações sejam implantadas. Ele ressaltou que a principal novidade é o relacionamento estreito entre os dois ministérios. "É a primeira vez que ministros das duas pastas sentam à mesa para discutir as questões que cada um acha que tem em relação à outra área, tentando harmonizar os nossos pontos", afirmou.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

2- Versão do Ministério da Agricultura:
Pela primeira vez, Agricultura e Meio Ambiente discutem pauta comum, diz Stephanes

Esta é a primeira vez que os ministros da Agricultura e Meio Ambiente discutem juntos temas em comum das duas pastas e buscam um entendimento. A declaração do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes foi dada, na noite de ontem (12), após se reunir com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Este foi o segundo encontro de Minc e Stephanes para debater agenda composta por 15 pontos.

Ontem (12), os dois ministros discutiram incentivos para a recuperação de áreas degradadas. A intenção do governo é, segundo Stephanes, tornar a recuperação mais vantajosa e, ao mesmo tempo, tornar mais rígida a punição para o desmatamento ilegal.

Para isso, o
governo deverá permitir que uma parte das florestas plantadas para a produção econômica seja considerada pela legislação como reconstituição de reserva legal [grifo do editor]. “Isso permitirá que os requisitos ambientais sejam respeitados com geração de emprego e renda para região. Além disso, é uma opção econômica para se chegar ao desmatamento zero como pretende o governo, disse Stephanes”

Outro ponto da pauta diz respeito à legalização ambiental de propriedades rurais. “Hoje, o produtor é multado quando mostra que está numa situação ilegal, o que acaba sendo um desestímulo para legalizar a sua situação perante o governo”, explicou Minc. A intenção é, via decreto, retirar esta restrição e atrair mais produtores para regularizar suas propriedades, conforme a legislação ambiental.
Fone: Assessoria de Comunicação do Mapa

2-
Versão do Ministério do Meio Ambiente
Meio Ambiente e Agricultura avançam em agenda comum

Os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, avançaram em mais quatro pontos da agenda comum das duas pastas, que inclui 15 itens. Após reunião, ontem (12),
os ministros afirmaram que há "harmonização" de pensamento entre os dois em relação às seguintes questões: passivo ambiental em áreas de preservação permanente, recuperação de áreas degradadas na Amazônia e no Cerrado, ampliação de alternativas para constituição de servidão florestal em áreas de preservação e ainda recomposição de reservas legais e APPs com espécies exóticas consorciadas com nativas [grifo do editor].

Minc destacou que um dos acertos é a possibilidade de que os produtores possam fazer a recomposição da reserva legal fora de suas áreas produtivas, como em outras terras particulares ou em terras públicas, para que cumpram a lei sem diminuir a produção.
"Estamos estudando a viabilidade legal disso. Em terras particulares, por exemplo, a recuperação teria que ser no bioma e no estado de origem. No caso da área pública, o produtor poderia adotar uma área referente ao que tem, por lei, que recompor [grifo do editor]. É bom para ele e é bom para o governo", disse.

No caso das espécies exóticas, os dois ministros
destacaram o uso do dendê em áreas de recuperação. É um triplo ganho, segundo Minc, porque ao plantar a oleaginosa o produtor "seqüestra carbono, produz um combustível que emite menos gases e ainda recupera áreas degradadas" [grifo do editor].

"Agricultura e meio ambiente estão cada vez mais próximos na sua percepção. Nós queremos produção sustentável e agricultura quer a conservação dos solos e a proteção da água", destacou Minc. Stephanes reiteirou que as duas pastas estão sintonizadas. "O ministro da Agricultura está sendo um pouco mais ambientalista e o ministro do meio ambiente um pouco mais da agricultura. Isso é o mais importante. Estamos procurando nos entender e estamos nos entendendo", acrescentou.

As duas pastas já haviam acordado, recentemente, em relação ao Zoneamento Agroecológico da Cana- de-Açúcar e às alterações no Anteprojeto de Lei de Acesso e Repartição de Benefícios.
Fonte: Gisele Teixeira, Assessoria de Comunicação do MMA

USDA prevê recorde para safra global de trigo 13.08.08

13.08.08

Os produtores de todo o mundo devem colher uma safra recorde de trigo em 2008/09, divulgou ontem (12) o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que elevou em 1 por cento a sua previsão em relação à projeção do mês passado, o que deve elevar os estoques globais para o seu maior nível em três anos.

O USDA projetou a produção global de trigo em um recorde de 670,8 milhões de toneladas, alta de 6,5 milhões de toneladas na comparação com a estimativa do mês passado. Em relação a 2007/08, o mundo deverá produzir 60,2 milhões de toneladas a mais.

Uma safra maior representará um salto nos estoques finais globais, para 136,2 milhões de toneladas, crescimento de 3,1 milhões em relação ao mês passado, o patamar mais alto desde 2005/06.

Analistas já previam um aumento na produção global de trigo, uma vez que o tempo tem sido favorável para a promover um aumento na produtividade. Além disso, os preços recordes incitaram os agricultores a expandirem seu plantio.

Um salto na produção dos 27 países integrantes da União Européia, na Índia, Rússia, Ucrânia e nos Estados Unidos mais do que compensou reduções na Argentina e no Afeganistão.

A Argentina, entre os principais exportadores globais, tem sido atingida por seca e por incertezas relacionadas às políticas de exportação do governo, que impediram os produtores de semearem mais.

O Afeganistão tem sofrido uma severa seca e deverá ter a necessidade de elevar as importações de trigo, segundo o USDA.

Enquanto isso, os Estados Unidos, tradicionalmente os maiores exportadores, respondendo por 22 por cento do mercado mundial, devem exportar menos que os 12 países integrantes da ex-União Soviética em 2008/09.

O USDA prevê exportações dos EUA em 08/09 em 27,2 milhões de toneladas, contra 28,3 milhões de toneladas dos países integrantes da ex-União Soviética.

Outros países da região do Mar Negro, a Rússia e a Ucrânia, devem ampliar suas exportações em 08/09. O governo dos EUA elevou a suas estimativas para cada país em 1 milhão de toneladas em relação à previsão do mês passado: a Rússia deverá exportar 13,5 milhões e a Ucrânia, 8,5 milhões.

Os fornecedores do Mar Negro estão ganhando mercado de exportadores tradicionais como Estados Unidos, Canadá, União Européia, Austrália e Argentina, que respondem geralmente por cerca de 70 por cento do mercado global, considerando a vantagem de frete mais barato para embarcar o produto para países do Norte da África e Oriente Médio.
Fonte: Reuters, com o Observatório

Renda agrícola deve ser 17% maior em 2008, estima Ministério da Agricultura 13.08.08

13.08.08

A renda agrícola nacional, que leva em consideração o valor bruto dos 20 principais produtos agrícolas, deve ser de R$ 156,7 bilhões em 2008, cerca de 17% a mais que no ano passado.

Os números, divulgados hoje, foram calculados pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura e, como quase todas as culturas já foram colhidas, a estimativa não deve sofrer grandes alterações.

O maior crescimento deve ser alcançado pela Região Centro-Oeste, onde a renda agrícola deve passar de R$ 28 bilhões para R$ 39,4 bilhões, um aumento de 40,6%.

Para chegar ao resultado final, os técnicos multiplicam o volume da produção da safra pelo preço recebido pelos produtores nas principais regiões produtoras do país.

O valor real, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo nota divulgada pelo ministério, "o valor de desempenho da agricultura é o sinalizador do comportamento e tendência das commodities no mercado".

Além do destaque para o Centro-Oeste, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste apresentaram crescimentos de 8,2%, 4,7% e 4,8%, respectivamente. A Região Norte foi a única com queda na renda, de 12,9%, mesmo com aumento de 13,1% na produção de grãos. Isso porque, para que haja aumento da renda, também é fundamental que os preços dos produtos não caiam.

Por conta do aumento de produção e do preço, sete produtos tiveram aumentos de renda expressivos: feijão (89,4%), cebola (54,8%), café (48,1%), trigo (44,3%), milho (32,2%), soja (31,3%) e amendoim (33,6%). Segundo o ministério, produtos como o algodão, a cana-de-acúcar, a pimenta-do-reino, o tomate e a uva devem sofrer forte queda, devido à diminuição da produção, dos preços ou de ambos.

A Região Sudeste segue liderando o ranking de renda agrícola com R$ 49 bilhões, seguida pela Região Sul com R$ 43,5 bilhões. O Nordeste aparece com R$ 17,6 bilhões e o Norte com R$ 5,8 bilhões.

Se a tendência de crescimento se mantiver, entretanto, é possível que, no próximo ano, haja mudança de posições no ranking da renda agrícola, influenciada, principalmente, pela produção de soja no Mato Grosso.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Tratamento da biomassa residual faz Sadia entrar no relatório da ONU sobre desenvolvimento 13.08.08

13.08.08

Programa de Suinocultura Sustentável Sadia leva empresa a ser listada entre 50 casos de sucesso em todo o mundo.

A Sadia é uma das 50 empresas do mundo inteiro incluídas no relatório intitulado “Criando Valores para Todos: Estratégias de Negócios com os Pobres”, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A idéia é destacar ações do setor privado destinadas a reduzir a pobreza, melhorar as condições de vida dos mais pobres e, com isso, contribuir para o desenvolvimento econômico mundial.

O PNUD escolheu a Sadia para figurar no relatório pelo seu Programa de Suinocultura Sustentável Sadia, o Programa 3S. Com biodigestores já instalados em 1.104 propriedades de suinocultores parceiros da Sadia, o projeto tem a finalidade principal de envolver os cerca de 3,5 mil produtores integrados na redução das emissões de gases do efeito estufa e na comercialização de créditos de carbono, usando o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto. Além do macrobenefício que se estende a todo o planeta, o programa tem alcançado um impacto positivo no micro-universo da vida do suinocultor.

O projeto influi diretamente no desenvolvimento humano, proporcionando diversificação de renda e competência dos produtores de pequeno porte, que somam 90% dos fornecedores integrados da Sadia. Isso porque, além de possibilitar a comercialização do crédito de carbono, o uso do sistema de biodigestor pode incrementar os ganhos do produtor, oferecendo subprodutos como estoque de biofertilizante para uso agrícola e biogás para utilização como energia elétrica. Os biodigestores também afastam vetores prejudiciais à saúde das famílias.

O estudo do PNUD cita casos bem-sucedidos de empresas que efetivamente direcionam suas ações para além das práticas empresariais, levando em conta a inclusão dos pobres na economia. No caso da Sadia, o relatório destaca que o projeto atua preventivamente para reduzir a pobreza extrema, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável da suinocultura no Brasil.

“O programa contribui para o desenvolvimento sustentável da suinocultura brasileira e apresenta modelos alternativos de negócios, que no futuro poderão ser replicados nas áreas mais pobres do país”, diz o PNUD em um trecho do relatório, destacando a contribuição da Sadia para a prevenção e redução da pobreza extrema nas zonas rurais.

Para Paloma Cavalcanti, coordenadora institucional do programa 3S, a inclusão da empresa no relatório da ONU é o reconhecimento de um trabalho pioneiro, que efetivamente melhora as práticas da suinocultura. “O Programa é um exemplo de ação que integra princípios de sustentabilidade, objetivando gerar resultado social, ambiental e econômico”, afirma.
Fonte: Máquina da Notícia

Brasil está entre os 10 maiores exportadores de arroz 13.08.08

13.08.08

Pelo segundo mês consecutivo, a balança comercial do arroz foi superavitária. Em julho, o país comercializou com o exterior 95,5 mil toneladas (crescimento de 197% em relação a 2007) ante à importação de 32,1 mil toneladas (queda de 77%, na mesma comparação). No acumulado do ano, as remessas totalizaram 338 mil toneladas - 120% a mais que no mesmo período de 2007 - e a internalização, 363,1 mil toneladas (26,9% menos). Diante dos volumes embarcados até agora, a estimativa é que o Brasil termine 2008 como 10º maior exportador do grão, fato inédito para este produto. Aliado a isso, houve uma mudança no perfil, com predominância do arroz inteiro e não do quebrado. Diante deste cenário, a capacidade ociosa da indústria caiu.

A falta do produto no mercado internacional - por quebra de safra em alguns importantes produtores - e os preços mais altos estimularam as vendas do cereal e, ao mesmo tempo, fizeram com que as importações caíssem - também pelo segundo mês consecutivo. Analistas e representantes do setor não temem que o aumento das exportações de arroz venham a afetar a oferta interna do produto. De acordo com dados do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), em julho, as compras do produto somaram 32,1 mil toneladas no mês passado ante a 97,2 mil toneladas no mesmo período de 2007 e 35 mil toneladas no mês passado. O assessor-comercial do Irga, Camilo Oliveira, explica que o mercado ficou mais atrativo para os outros países do Mercosul, o que ocasionou a queda nas compras. Mas, segundo ele, com o dólar em baixo e a tendência de queda nas cotações internacionais por causa da safra em importantes produtores, as importações podem voltar a crescer. Ele acrescenta ainda que, tradicionalmente, o arroz dos países vizinhos entra no Brasil a preços mais competitivos.

Mudança de perfil

"Se o ritmo de escoamento externo for mantido, o Brasil deve encerrar o ano comercial com equilíbrio entre importações e exportações, ajustando o quadro de oferta e demanda do cereal", acredito o analista Élcio Bento, da Safras & Mercado. Ele destaca a mudança no perfil exportador. De acordo com os dados do Irga, em julho, 81,3% dos embarques foram de arroz inteiro ou parboilizado - produto de maior valor agregado. No acumulado do ano, o índice é de 66,6%. Na comparação com 2007, a diferença é grande: naquela ocasião, apenas 16% do que o Brasil comercializava com o exterior era inteiro ou parboilizado. O resultado isso é uma receita cambial maior: US$ 117,3 milhões, no acumulado do ano frente a US$ 24.2 milhões no mesmo período de 2007 -384% a mais.

De acordo com Oliveira, teoricamente, o Brasil está ocupando a 10º colocação no lugar da Austrália, que praticamente não vai exportar porque teve problemas climáticos. Mas, na prática, aquele país atendia ao Japão e, neste mercado, o Brasil ainda não chegou. Ou seja, outro exportador está vendendo para os japoneses e o Brasil assumindo o mercado deste.
Fonte: Gazeta Mercantil

Com safra recorde, pode sobrar milho no mercado 13.08.08

13.08.08

Em ano de produção recorde e consumo interno estabilizado, demanda externa será o fiel da balança para definir equilíbrio do mercado.

A colheita da maior safra da história brasileira pode fazer com que sobre milho no mercado interno no final do ciclo 2007/08. Com o consumo doméstico estabilizado e a produção crescente, a demanda externa será a principal válvula de escape para “enxugar” o excedente e aliviar a pressão sobre os preços no pico da colheita da safrinha, agora em agosto.

Acontece que, justamente no ano em que o Brasil colhe uma safra recorde do grão, as exportações do cereal, que dispararam no ano passado e incentivaram a ampliação do plantio neste ano, já não demonstram o mesmo fôlego. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, houve queda de 21% nos embarques brasileiros de milho, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Entre janeiro e julho de 2008, as vendas externas do produto somaram 3,31 milhões de toneladas, ante 4,21 milhões de toneladas no mesmo período de 2007. A diferença só não é maior porque as vendas de março foram quase 120% superiores às registradas em igual mês de 2007, equilibrando as quedas registradas em quase todos os outros meses, em especial junho (55%) e julho (-64%).

Segundo as estimativas de safra mais recentes, o país terá de exportar entre 10 milhões e 12 milhões de toneladas de milho para que não haja grande excedente no mercado interno. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém inalterada a estimativa para as exportações de milho, apesar da atual lentidão nos negócios externos.

Nos cálculos da estatal, a produção total de milho do Brasil, somando a safra de verão 2007/08 e a safrinha 2008, deverá alcançar 58,5 milhões de toneladas, para um consumo de 44,5 milhões de toneladas. Nesse quadro, que inclui estoque inicial (do governo e das indústrias, de 6,6 milhões de toneladas), a Conab prevê exportação de 11,5 milhões de toneladas, acima das 10,9 milhões vendidas em 2007.

“Não há outra alternativa, vamos ter boa produção interna, e há necessidade de exportação para enxugar o excedente, e isso acontece depois da safrinha, de agosto para frente”, avalia a agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Margorete Demarchi.

Mas as vendas externas deste ano dificilmente repetirão o desempenho de 2007, acreditam analistas. A valorização do real frente ao dólar, a queda dos preços internacionais do milho, uma colheita acima do previsto nos Estados Unidos e a possibilidade de perda de competitividade em relação à Argentina, que abriu recentemente os registros de exportação, são os principais fatores que podem impedir o Brasil de embarcar os volumes previstos pela estatal. A Conab admite que as vendas podem não chegar a 11,5 milhões de toneladas, mas afirma que não devem apresentar recuos muito expressivos com relação ao ano anterior.
Fonte: Gazeta do Povo, com o Observatório

Lovatelli: não estamos preparados para sustentabilidade 12.08.08

12.08.08

Nem o governo nem a iniciativa privada estão preparados para a sustentabilidade. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, lembrando que, apesar das dificuldades, muitas iniciativas têm sido tomadas. "Empresas estão mudando sua forma de agir, de investir. Isso pode ser pouco, mas as demandas relacionadas à sustentabilidade também são novas", afirmou, antes da abertura oficial do 7º Congresso Brasileiro de Agribusiness, realizada ontem em São Paulo.

O executivo lembrou, no entanto, que o governo ainda está atrapalhado quanto ao avanço dos aspectos legais que possam dar mais garantias e segurança às iniciativas das empresas. "O setor está disposto a deixar o atraso para trás. As coisas estão mudando, e rapidamente", disse Lovatelli.

Mercado

Para Lovatelli, as exigências dos mercados consumidores devem fazer com que a desconsideração pela sustentabilidade no agronegócio deixe fora do mercado quem não adotar as regras que estão sendo cobradas. "Quem vai definir as regras é o mercado. Não vejo essas cobranças como um problema, mas como uma oportunidade", disse o presidente da Abag. Para ele, o Brasil atingiu um patamar que o coloca em uma posição de ser cobrado e para assumir responsabilidades diante do mundo.

Segundo Lovatelli, a moratória da soja foi ampliada em mais um ano e o próximo passo será pedir que o governo faça parte da iniciativa, se juntando às empresas. "Pretendemos conversar com as secretarias de meio ambiente dos Estados e buscar o aprimoramento do monitoramento das regiões fiscalizadas", disse Lovatelli, que também preside a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado, com o Observatório

Aquecimento global vai provocar queda na produção agrícola brasileira 12.08.08

12.08.08

Perdas nas safras com aquecimento global podem superar R$ 7 bilhões em 2020
Agricultura pode transformar-se em solução, diante das mudanças do clima
Mudança climática vai ter grande impacto negativo na segurança alimentar

"O País esta vulnerável", diz Eduardo Assad, chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária, que coordenou junto com Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) da Unicamp, a pesquisa “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”. "Áreas que atualmente são as maiores produtoras de grãos podem não estar mais aptas ao plantio bem antes do final do século", alertam os pesquisadores.

As perdas nas safras de grãos, causadas pelas mudanças climáticas, poderão chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, dobrando para R$ 14 bilhões em 2070, de acordo com o estudo acima citado. Segundo informou à à Agência Brasil o engenheiro agrônomo Hilton Silveira Pinto, da Unicamp, esse valor foi estimado em função da diminuição da área de produção e da produtividade.

Para evitar uma situação ainda pior, o Brasil deve adotar ações urgentes para evitar que as mudanças climáticas afetem a agricultura nacional de forma significativa, como, por exemplo, impedir o avanço do desmatamento. Essa é uma das recomendações dos pesquisadores Hilton Silveira Pinto, da Universidade de Campinas (Unicamp), e Eduardo Delgado Assad, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”.

O estudo traça dois cenários para a agricultura, diante da perspectiva de mudanças climáticas, um mais pessimista e outro mais otimista. Hilton Silveira analisou que o mundo todo vai ser forçado a caminhar para o cenário mais otimista.

“Porque, se caminhar para [o cenário pessimista], há indicações muito seguras hoje de que o pior cenário já está pior do que se imaginava. Ou seja, os modelos que foram feitos, como os que nós seguimos, já estão um pouco atrasados. Porque o aumento de CO2 atualmente medido já fugiu da curva original traçada. Já está mais do que se esperava”. Por isso, ele recomenda que sejam adotadas ações para minimizar esses efeitos.

O estudo foi divulgado ontem (11) pelos pesquisadores Hilton Silveira Pinto e Eduardo Delgado Assad, da Unicamp e da Embrapa, no 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, em São Paulo.

Com boas práticas, agricultura poderá ser solução

Apesar de ser considerada uma das vilãs do aquecimento global, a agricultura pode passar a ser vista como uma solução, diz a pesquisa “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”.

Hilton Silveira destacou que há cerca de dois anos, sob o ponto de vista climático e não considerando as queimadas de florestas e pastos [nota do editor], a pior vilã agrícola no Brasil era a cana-de-açúcar, porque estava vinculada às queimadas, que aumentam as emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera.

“Hoje, com a tecnologia que temos, a cana-de-açúcar é, vamos dizer, a menina mais boazinha da agricultura. Ela consegue seqüestrar [capturar] em todo o ciclo industrial quase um terço da energia fornecida em carbono”, afirmou o pesquisador.

Isso significa que a cana está fazendo com que a taxa de carbono atmosférica caia, apesar de todo o processo agro-industrial. Outras culturas também ajudam a incorporar muito mais CO2 ao solo.

“Então, a agricultura não é mais a bandida. Ela passa a ser a mocinha da história”. Graças às modernas tecnologias, as coisas que eram analisadas anteriormente como ruins ganham uma nova percepção.

Segundio ele, com a adoção de boas e modernas práticas, como o plantio direto, evita-se a queimada e faz com que a área cultivada com milho ou soja, por exemplo, absorva durante um ano cerca de 500 quilos de CO2 por hectare. Antigamente, isso era generalizado. Hoje, somente ocorre entre os agricultores mais atrasados. “Você queimava a mata para fazer agricultura. Aí, sim, estava causando aumento de CO2. Hoje, não mais” [referindo-se, naturalmente, aos agricultores que já adotaram boas práticas e às tecnologias disponíveis para todos: nota do editor].

Clima poderá impossibilitar crescimento do agronegócio

O setor do agronegócio cresceu 7,89% no ano passado, superando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no Brasil. Para isso contribuíram os altos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais negociados no mercado externo) e a safra recorde de 133,3 milhões de toneladas de grãos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2007, o PIB evoluiu 5,4%. O agronegócio representou 24% da economia brasileira no ano passado.

O estudo da Unicamp/Embrapa acentua, porém, que as mudanças climáticas podem interferir de forma negativa nesse processo de crescimento. Em relação à soja, a pesquisa analisa que o aquecimento global pode diminuir a área de baixo risco ao cultivo no país em, pelo menos, 21% até 2020.


Nordeste poderá sofrer de forma mais intensa efeitos do aquecimento

Os efeitos do aquecimento global na agricultura e na pecuária brasileiras deverão ser mais sentidos na Região Nordeste, segundo estudo acima referido.

De acordo com o diretor do Cepagri, isso ocorrerá por causa do baixo volume de água disponível atualmente no Polígono da Seca. “Se pensarmos que o aumento de temperatura fará com que evapore mais água e diminua a quantidade de água nos solos, a agricultura, que já está bem ruim hoje, que é semi-árida, vai ficar ainda pior. Vai ser muito difícil, porque o solo ficará árido. Nem chuva deverá ter mais lá [em volume] suficiente para a agricultura.”

Um dos coordenadores da pesquisa, Silveira disse que o leste da Bahia, por exemplo, que é atualmente um grande produtor de grãos, poderá enfrentar escassez de água para irrigação, com o aumento das temperaturas. “Provavelmente, [essa produção] não vai ser mais possível.”

As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol deverão sofrer queda acentuada no Nordeste do país, o que acarretará perdas de produção. As maiores perdas estão previstas para as culturas de soja.e café. Conforme o estudo, no Nordeste, o Agreste e a região do Cerrado serão as áreas mais atingidas pela elevação da temperatura.

A pesquisa não é, entretanto, conclusiva e ainda terá desdobramentos, com novos modelos regionalizados e com mais detalhamento, para garantir a precisão das informações, alertou Silveira.

Ações imediatas podem reduzir impacto do aquecimento na agricultura

O Brasil deve adotar ações urgentes para evitar que as mudanças climáticas afetem a agricultura nacional de forma significativa, como por exemplo impedir o avanço do desmatamento. Essa é uma das recomendações do estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”.

De acordo com Hilton Silveira, o estudo tem o objetivo de alertar o governo e a sociedade brasileira como um todo para o fato de que as mudanças climáticas devem ocorrer, “com 95% de probabilidade” e, se nada for feito, o cenário pode não ser nada positivo.

“A idéia é fazer uma previsão de medidas tecnológicas para que isso não aconteça, no caso de os cenários estarem corretos”. Entre as medidas indicadas para a agricultura, ele citou a arborização dos cafezais, o plantio direto, a integração da pastagem com a lavoura.

Essas medidas, segundo Silveira, além de seqüestrar carbono da atmosfera, fazem com que haja uma proteção ao desenvolvimento agrícola. Ele lembrou que o efeito de adaptações, como o melhoramento genético, é também positivo.

Em relação ao desmatamento, ele destacou que a perspectiva de aumento da produção de biocombustíveis, como o etanol, vai ter que respeitar todas as regras do zoneamento da cana-de-açúcar no país. “Essas regras consideram a probabilidade climática de você poder cultivar a cana-de-açúcar nas diversas regiões do Brasil, desde que respeite a potencialidade dos solos, o zoneamento ecológico e econômico, as áreas de proteção permanente, as reservas indígenas e assim por diante”.

O pesquisador destacou, ainda, a necessidade de se respeitar as áreas de produção de alimentos básicos. Ele acredita que, no futuro, isso vai se tornar uma indicação governamental, uma política pública. E, com isso, vão sobrar apenas as áreas de cultivo de pastagens degradadas.

As emissões de gás carbônico (CO2) pela agricultura, somadas às do desmatamento de terras para cultivo correspondem a até 32% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa, de acordo com relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial na produção de gases do efeito estufa. Segundo Hilton Silveira, se o país conseguir conter o desmatamento, principalmente na área amazônica, poderá cair da quarta colocação no ranking mundial para a 18ª posição.

Outro fator que diminuiria a contribuição do país para o aquecimento é o fim das queimadas.Para isso, ele destacou a necessidade de medidas governamentais no sentido de proibir essa prática.

Perdas nas safras com aquecimento global podem superar R$ 7 bilhões em 2020

As perdas nas safras de grãos, causadas pelas mudanças climáticas, poderão chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020, dobrando para R$ 14 bilhões em 2070, de acordo com o estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”. Esse valor foi estimado em função da diminuição da área de produção e da produtividade.

O café, por exemplo, apresenta tendência de sair das áreas tradicionais, que são os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e passar a ser cultivado no Sul da Bahia, em 2050. A diferenciação é obtida na comparação das extensões que são perdidas com as novas áreas de produção.

A agricultura brasileira já vem experimentando queda da produção de algumas culturas. Silveira chamou a atenção para o fato de que a compensação tecnológica pode minimizar os efeitos do aquecimento global, projetado já para o ano de 2020.

Ele explicou que um pequeno aumento da área de cultivo, acompanhado do grande aumento da produtividade promove essa compensação. “Se você aplicar técnicas corretas e desenvolver novas variedades, certamente pode compensar [os efeitos do]aquecimento global com novas tecnologias. Esse é o caminho que nós indicamos”.

As projeções mostram que as perdas serão de até R$ 8 bilhões para a soja em 2070. Esse valor corresponde à metade das perdas previstas para a agricultura, na ocasião.

No cenário mais otimista estabelecido pelo estudo, as culturas analisadas, excluindo cana e mandioca, devem experimentar um prejuízo anual de produção que varia de R$ 6,7 bilhões, em 2020, até R$ 12,2 bilhões, em 2070. Em contrapartida, o país “poderá ganhar entre R$ 17 bilhões e R$ 18 bilhões com a cana-de-açúcar”, disse Silveira.

Aquecimento global reduzirá crescimento da agricultura brasileira

O aumento da temperatura global vai provocar crescimento menor da agricultura brasileira nos próximos anos, informam os pesquisadores da Embrapa e Unicamp. O estudo que realizaram detectou a possibilidade de quebra da produção agrícola, principalmente de grãos.

“Das culturas que nós vimos até agora, apenas a cana-de-açúcar é que sai ganhando, pelo menos até 2050. Nas outras culturas, a área [plantada] diminui e a produtividade diminui”. Ao contrário do que muitos poderiam pensar, essa expansão projetada para a cana não se deve à produção de etanol. “O etanol é conseqüência”, afirmou Silveira.

Ele esclareceu que a produção de cana vai aumentar porque a modificação climática continua sendo adequada a essa cultura. “O etanol vai sair ganhando porque o clima vai favorecer a produção de cana”.

A mandioca é outro produto que não sairá perdendo com o aquecimento global, segundo o engenheiro agrônomo. Embora o Nordeste tenha que deixar de produzir mandioca (também conhecida como aipim ou macaxeira) devido ao aquecimento global, essa raiz poderá ser cultivada na Amazônia, ainda que não imediatamente.

Isso ocorrerá “acima de um limite de anos em que a diminuição das chuvas na região permita [que se cultive] a mandioca”. Hilton Silveira estima que depois de 2020 e até 2050 serão criadas condições mais propícias para o cultivo de mandioca na Amazônia.

“O que a gente está querendo é mostrar que tecnologias a serem desenvolvidas podem fazer com que o fantasma do aquecimento global na agricultura não seja tão ruim. A gente pode adaptar culturas, pode perder plantio ou produção de soja no Sul, por exemplo, e ganhar em cana-de-açúcar”.

O engenheiro agrônomo destacou também a necessidade de que as mudanças do clima preparem as autoridades para outro problema da maior relevância no Brasil, que são as migrações sociais e as dificuldades que isso representará na área da saúde.

Outro problema apontado pelo pesquisador da Unicamp é o fato de que “o Brasil tem uma mania muito grande de deixar acontecer para depois correr atrás”. Daí o alerta que está sendo feito para que o governo e a sociedade possam adotar medidas preventivas com bastante antecedência.

Silveira ressaltou que a única instituição que liberou recursos para trabalhos de pesquisa na área da agricultura e mudanças climáticas foi a Embrapa. Nas demais, “fala-se muito e age-se pouco”, criticou. Ele enfatizou que é preciso que o Brasil atue da mesma forma que países desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra, e passe a agir imediatamente para minimizar os efeitos do aquecimento global.

Ele criticou também o fato de os dados climáticos existentes não serem disponibilizados pelos órgãos oficiais do setor, como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e a Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo, o que prejudica os trabalhos dos pesquisadores.

Mudança climática vai ter grande impacto negativo na segurança alimentar

A perda de produção poderá ser "dramática" em algumas regiões, com conseqüências graves para a segurança alimentar, principalmente no Nordeste. Das nove culturas avaliadas algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca, milho e soja -, só duas serão beneficiadas pelo aquecimento global: cana e mandioca. Todas as outras sofrerão com a perda de áreas propicias para cultivo e aumento do custo de produção.

De acordo com o estudo dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global poderão impor prejuízos de R$ 7,4 bilhões ao agronegócio brasileiro em 2020 e R$ 14 bilhões, em 2070, alterando - para pior - a economia e a geografia da produção agrícola no país.
Fontes: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil, jornal O Estado de S. Paulo (AE) e o Observatório

Europa prepara ampliação de barreiras para a carne bovina 12.08.08

12.08.08

As exigências da União Européia em relação à origem da carne bovina - motivo que desabilitou diversas propriedades brasileiras para fornecer carne para exportação àquele mercado - devem ir além da rastreabilidade.

Aos pecuaristas brasileiros interessados em produzir para atender o nicho de exportação é recomendado que se preparem para fornecer cada vez mais detalhes sobre o processo de produção. No caso do mercado europeu, acredita Emilio Salani, diretor técnico da Merial Saúde Animal, a questão da rastreabilidade é apenas a primeira fase. "Em um futuro próximo, haverá mais rigor na exigência de detalhes solicitados quanto aos processos de produção animal, tanto em relação à alimentação quanto ao uso dos medicamentos", avalia.

Essa espécie de "segunda etapa", se ocorrer, poderá levar o pecuarista a prestar informações, por exemplo, do protocolo sanitário utilizado na fazenda. Se o gado foi vacinado ou vermifugado de forma correta, que tipo de vacinas ou medicamentos foi utilizado, em quais épocas o gado foi vacinado e contra quais tipos de doenças, poderiam ser algumas das exigências inclusas, segundo Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria. A rastreabilidade informa o que o animal comeu e quais medicamentos foram ministrados, sem fornecer, no entanto, detalhes em relação ao manejo.

"A tendência é de que os importadores busquem quem cumpra protocolo sanitário conhecido mundialmente. A utilização de produtos de empresas idôneas e o fato de serem aplicados corretamente serão diferenciais", comenta Tito Rosa. "Também vale no caso da nutrição animal", complementa. Para o consultor, esse aprofundamento das exigências solicitadas não deve ocorrer agora, já que a oferta de carne no mundo está restrita. No entanto, diz Tito Rosa, quando houver mais oferta, haverá janela para que o bloco avalie a questão.

Para representantes do segmento produtivo brasileiro, o excesso de informações exigidas pelo bloco nada mais é do que uma espécie de ferramenta sanitária para a proteção de seu mercado. No entanto, os europeus afirmam que se trata de uma preocupação em relação à qualidade da carne bovina importada.

Tito Rosa, da Scot, acrescenta que a preocupação cada vez maior com os detalhes do manejo sanitário deve ser levada em frente pelo produtor não só para satisfazer compradores no mercado externo, pois, além de haver um enorme mercado interno a ser atendido, a preocupação com o manejo de forma correta evita prejuízos. A forma de ministrar os medicamentos é importante porque, por exemplo, uma vacina mal aplicada não será eficaz.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, anunciou na última sexta-feira, no Pará, que todo o território nacional deverá estar livre da febre aftosa dentro de três anos. A meta foi anunciada durante encontro com lideranças do agronegócio na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa). Segundo o ministro, o governo trabalha de forma bilateral com países que fazem fronteira com o Brasil, como Paraguai, Bolívia e Venezuela, e, multilateralmente, com organismos internacionais, visando a eliminar a aftosa no continente.

Stephanes disse, ainda, que o Mapa deverá realizar, em breve, auditoria na estrutura de defesa agropecuária do estado com o objetivo de avaliar o risco de febre aftosa naquela região. Hoje, 44 municípios do centro-sul do estado são reconhecidos internacionalmente como livres de febre aftosa com vacinação. A meta agora é estender esse reconhecimento às demais regiões.

Representantes da indústria também compartilham do otimismo do governo. Salani, da Merial, disse acreditar que a meta traçada pelo governo é possível.
Fonte: DCI

Perda de Mercado: suíços desistem da salsicha com tripa brasileira 12.08.08

12.08.08

Genebra - O Brasil perdeu lugar nas mesas dos suíços. Um dos pratos mais tradicionais da culinária dos países dos Alpes - a salsicha - não será mais fabricado com ingredientes brasileiros, mas sim da Argentina. O assunto se transformou em debate nacional na Suíça, com o envolvimento até do Senado do país e mesmo reuniões com o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Celso Amorim.

O problema alegado é a falta de controle sanitário no Brasil, que acabou obrigando os suíços a seguir as recomendações da União Européia (UE) e adotar um embargo contra as carnes nacionais. Em 2006, o governo suíço adotou uma série de barreiras sanitárias contra a carne brasileira. O temor dos europeus era de que o intestino dos animais brasileiros estivessem contaminados pela febre aftosa.

As barreiras acabaram afetando o prato nacional suíço. Para que seja produzida, a salsicha precisava do intestino da vaca brasileira, mais precisamente da tripa do gado Zebu, que permite o revestimento da carne com um diâmetro de 36 a 38 milímetros. No total, a indústria suíça precisa de cerca de 20 mil quilômetros de tripas para embalar as salsichas por ano.
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo. (AE)

Stephanes quer rediscutir decreto sobre reserva legal 12.08.08

12.08.08

São Paulo - O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, considerou "pesado e forte" o decreto presidencial 6.514, que trata da regularização de reservas legais em todo o Brasil, impondo pesadas multas sobre os produtores que não cumprirem a legislação. "Já estamos em contato com o ministro Minc (Carlos Minc, do Meio Ambiente) e provavelmente vamos criar uma agenda para discutir nas próximas semanas ou no próximo mês para superar alguns entraves", disse Stephanes.

O decreto foi duramente criticado pelos representantes do agronegócio presentes ao 7º Congresso Brasileiro de Agribusiness, uma vez que as punições englobam as cadeias de produção. "Teremos uma reunião com o ministro Minc nas próximas duas semanas para falar sobre o decreto. Esse decreto tem artigos que são insanos", disse o secretário de agricultura de São Paulo, João de Almeida Sampaio.

De acordo com o secretário paulista, o decreto possui pontos importantes, mas da forma como foi colocado e com os prazos estipulados é praticamente impossível atender todas as exigências. Ele informa que a averbação das reservas legais do Estado de São Paulo implicaria numa área de cerca de 3,5 milhões de hectares. "Apenas com cana plantamos 4,8 milhões de hectares. Existem fazendas no Estado com mais de 100 anos que quando desmataram suas terras estavam totalmente dentro da legislação", disse o secretário.
Fonte: Alexandre Inacio, Agência Estado

Embarque de frango até julho cresceu 19%, divulga Abef 12.08.08

12.08.08

As exportações brasileiras de carne de frango de janeiro a julho totalizaram 2,2 milhões de toneladas, aumento de 19% na comparação com os sete primeiros meses de 2007. Os dados foram divulgados ontem (11) pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) e serão apresentados ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que visitou a sede da entidade, em São Paulo.

A receita com as exportações somou US$ 4 bilhões, aumento de 57% sobre o mesmo período do ano passado. Para 2008, a Abef projeta exportações de até US$ 7 bilhões.

Em julho, os embarques de carne de frango totalizaram 339 mil toneladas, um crescimento de 19,5% em relação a julho do ano passado. A receita cambial no mês totalizou US$ 689 milhões, aumento de 57% sobre julho de 2007.
Fonte: Ana Conceição, Agência Estado

BNDES financia produção de biodiesel em Mato Grosso do Sul 12.08.08

12.08.08

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 128 milhões para um projeto de extração de óleo vegetal e produção de biodiesel, no município de Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul. Os recursos foram concedidos à Brasil Bioenergia S.A. A participação do banco no projeto corresponde a 80% do investimento, orçado em R$ 160 milhões.

O óleo vegetal para produção de biodiesel virá da soja. A indústria ainda está analisando outras alternativas ao grão, entre as quais o pinhão manso, uma oleaginosa com maior concentração de óleo e menor custo de esmagamento.

O projeto deve gerar 140 empregos diretos e cerca de três mil indiretos.

De janeiro a agosto deste ano, o BNDES já registra 18 projetos na área do biodiesel contratados, no valor de R$ 1,85 bilhão.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil

Violência no campo cresce com milícias expulsando pequenos produtores no Piauí 11.08.08

11.08.08

O Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Evandro Luz afirmou que os trabalhadores rurais estão sendo expulsos com violência das terras por grileiros. A expulsão acontece mediante ameaças e agressão física. Segundo Evandro Luz, isso é feito por milícias contratadas por posseiros, grileiros ou proprietários de terras na região Sul do Piauí. Estas milícias seriam formadas por capangas e até por policiais.

"Temos notícias de milícias formadas por capangas de fora do Piauí, que armam ciladas para os agricultores, inclusive, plantam armas nas abordagens que fazem com policiais para incriminar os trabalhadores", denunciou Evandro Luz.

O presidente da Fetag informou que os conflitos acontecem nos municípios do cerrado, citando: Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves, Redenção, Santa Luz, Currais, Bom Jesus e Uruçuí.

O advogado da Fetag foi designado para representar criminalmente contra os agressores dos trabalhadores. O Presidente Evandro Luz pediu à Secretaria de Segurança para investigar o crime. Ele teme que o conflito na região possa resultar em alguma morte.

O trabalhador rural, José Durval dos Santos, de Baixa Grande do Ribeiro, denunciou que os trabalhadores rurais da região foram ameaçados e espancados por capangas e policiais, segundo ele, a mando de fazendeiros de Balsas, no Maranhão, conhecidos por irmãos Peteck.

A ação resultou na prisão de cinco trabalhadores rurais. "Eles estavam trabalhando em uma cerca em três lotes da fazenda Serra Grande e mais de 20 PMs chegaram dando chutes e colocando armas na boca dos trabalhadores e já procurando por armas.

Depois apareceram duas armas que não são de propriedade deles. Dois dos presos já foram soltos. Mas três continuam presos", relatou José Durval dos Santos, que veio á sede da Fetag, em Teresina, pedir ajuda para soltar os trabalhadores rurais.

"Estes Irmãos Peteck tinham terras no Piauí, mas venderam e agora querem se apossar de terras do Instituto de Desenvolvimento do Piauí, próximas às da Fazenda Serra Grande, Chão Preto e Confiança. Os registros fundiários para o contrato de concessão de direito real de uso são os de números 2347, 2348 e 2349", finalizou José Durval.
Fonte: Diário do Povo

Pesquisadores trabalham para elevar teor vitamínico de alimentos para os mais pobres 11.08.08

11.08.08

Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cerca de 50 países da América Latina, Ásia e África estão participando de um projeto para aumentar o teor vitamínico de alguns alimentos, como a mandioca. O objetivo é mudar o quadro nutricional no mundo, definido como “caótico” pelo pesquisador José Luiz Viana de Carvalho, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Os pesquisadores já conseguiram aumentar de quatro microgramas por quilo para 12 microgramas por quilo o teor de betacaroteno nas raízes da mandioca. A meta é chegar a 15 microgramas por quilo. O betacaroteno é uma espécie de precursor da vitamina A. Também conhecida como macaxeira e aipim, a mandioca é uma das principais fontes de betacaroteno e de energia para cerca de 500 milhões de pessoas, principalmente nos países mais pobres e em desenvolvimento.

Em entrevista à Agência Brasil, José Luiz Viana de Carvalho destacou a importância do estudo para a biofortificação de alimentos básicos na dieta do brasileiro, como a mandioca, porque a falta de vitamina A acarreta problemas de visão que podem levar até a cegueira total. “A vitamina A atua diretamente no funcionamento da visão e no sistema imunológico do ser humano.”

Aumentar o teor de betacaroteno na mandioca significa melhorar um produto que, em teoria, é apenas energético, devido à presença forte de amido, explicou o pesquisador. Segundo ele, no caso do Brasil, os benefícios da biofortificação da mandioca serão úteis principalmente para a Região Nordeste, onde existe uma carência grande dessa vitamina.

É uma oportunidade para o produtor consumir também um produto de qualidade nutricional superior ao que consumia anteriormente. Para os pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, o ideal é estender a cultura da mandioca biofortificada para todo o país, embora a base do projeto sejam os agricultores de baixíssima renda e reduzida condição tecnológica, que vivem em áreas marginais.

Os pesquisadores envolvidos no projeto, que começou em 2003, têm ligação com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

O ciclo de produção da mandioca, de um ano, é bem maior do que o de outras culturas básicas na dieta do brasileiro, como o arroz, o feijão e a batata doce, que têm safra de quatro meses. “Enquanto em outros cultivos, podem ser feitas duas ou três [pesquisas] com a mandioca é possível apenas uma por ano”, disse Carvalho. Por isso, o trabalho com a mandioca deve ser concluído em 2013 ou 2014, acrescentou.

O pesquisador ressaltou que o aumento do teor de ferro e zinco na mandioca contribuiria para combater a anemia, que, para ele, é a maior deficiência nutricional no mundo. “O que mais falta no mundo é ferro na alimentação.” Aliado ao zinco, o ferro reduz a anemia, aumenta a capacidade de trabalho, impede o retardo no desenvolvimento e fortalece o sistema imunológico.

Com isso, as pessoas que consomem alimentos básicos terão uma fonte nutricional mais potencial, em termos de qualidade, afirmou o pesquisador. “Não se trata de fazer apenas enchimento, de dar somente massa, e sim de dar massa com uma estrelinha a mais.”

Carvalho informou que, enquanto não se finaliza o projeto de fortificação da mandioca, estão sendo feitos testes em Sergipe e no Maranhão, Estados que registraram os piores índices nutricionais do país. Esses testes, que deverão ser concluídos no ano que vem, mostrarão são os impactos sociais e econômicos da mandioca fortalecida.

No Brasil, o projeto de biofortificação envolve oito culturas agrícolas. Mundialmente, esse número alcança 12 culturas.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil

Preços altos podem atrapalhar formação de estoques públicos de grãos 11.08.08

11.08.08

Os altos preços dos alimentos podem prejudicar a proposta do governo de alcançar os 6 milhões de toneladas de grãos nos estoques públicos em 2009. Isso porque a aquisição de produtos agrícolas em momento de preços elevados pode provocar um aumento ainda maior. A avaliação é do diretor de Gestão de Estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Colombini.

“Não podemos sair estimulando a alta dos preços dos alimentos em nível de atacado, porque isso se reflete na conta do consumidor. Então, temos que ter uma estratégia capaz de adquirir e dar sustentação aos produtos diretamente do agricultor, e não interferir de uma forma excessiva, com risco de afetar o consumidor final”, afirmou Colombini.

O diretor explica que o objetivo do governo, ao formar estoques, é “proteger o produtor para que ele tenha um incentivo maior para aumentar a sua produção agrícola”, mas também, e principalmente, “defender os consumidores contra altas excessivas dos produtos agrícolas”.

Hoje, os estoques públicos contam com menos de 1,5 milhão de toneladas de grãos, compostos em mais de 80% por arroz. Para o próximo ano, a proposta é ter 4,1 milhões de toneladas de milho, 1,6 milhão de arroz, 200 mil de trigo e 100 mil de feijão.

Colombini diz que o governo não terá problemas para gerenciar novos estoques: “Temos os armazéns do próprio governo e uma rede de estocadores que prestam serviços ao governo estocando esses produtos, como é o caso do arroz no Rio Grande do Sul. Há uma capacidade estática no Brasil de estocar até 130 milhões de toneladas de grãos”.

Apesar de a produção da safra atual estar estimada em mais de 143 milhões de toneladas, as épocas diferentes de colheita das várias culturas agrícolas e a rapidez de escoamento de algumas delas fazem com que sobre espaço de armazenagem.

Em relação à projeção do governo de dobrar a produção em 10 anos, Colombini afirma que “já estão sendo construídos novos silos graneleiros para estocagem de grãos”. Ele disse, inclusive, que o governo já tem um plano para cinco novos complexos armazenadores distribuídos em estados estratégicos, cada um com capacidade para 50 mil toneladas, para regular o preço de mercado.

A melhor forma de compor estoques, sem afetar os consumidores, segundo o diretor da Conab, é comprar aos poucos, observando a época de colheita de cada grão e os estados que oferecem os menores preços. Alguns produtos, inclusive, já começarão a ser adquiridos pelo governo.

“Agora, por exemplo, é uma boa época para adquirirmos o milho do Mato Grosso, que está sendo colhido, e, possivelmente, vamos comprar no mercado a partir do dia 20 de agosto. Outro produto que, com certeza, iremos ao mercado comprar e fazer estoques é o feijão terceira safra, que começa a ser colhido agora, principalmente no Paraná”, afirmou.

No passado, a política de governo brasileira era de garantir que tudo produzido pelo agricultor fosse comprado. Assim, os estoques públicos eram volumosos. Com a evolução do mercado, optou-se pela redução dos estoques e o lançamento de programas de sustentação de preços. Agora, com o aumento dos custos de produção, influenciados principalmente pelo preço do petróleo e dos insumos agrícolas, volta-se a estocar em quantidades maiores.
Fonte:Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Conab acredita que aumento do preço mínimo do feijão deve ampliar área plantada 11.08.08

11.08.08

O preço mínimo estipulado pelo governo para o feijão deve gerar um aumento “expressivo” na área plantada do produto. A estimativa é do analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) João Figueiredo Ruas.

O valor garantido aos agricultores para uma saca de 60 quilos passará de R$ 47 na safra 2007/08 para R$ 80 na que se inicia agora. Se o mercado estiver pagando menos que isso, o governo entrará adquirindo parte da produção.

O preço de custo atual do grão é R$ 66, bem abaixo do valor médio recebido pelo produtor brasileiro, em torno de R$ 135, dependendo da região. Entretanto, por ser uma cultura de alto risco, é necessário que o produtor receba o suficiente para que os três ciclos de plantio por safra se compensem. “Com o novo preço mínimo, a renda do produtor estará garantida”, disse Ruas.

O diretor de Gestão de Estoques da Conab, Rogério Colombini, ressaltou a importância de estimular o plantio de um produto que contribui para a segurança alimentar dos brasileiros. “O governo quer que a produção do feijão aumente porque o feijão é um item que pesa muito no custo da alimentação do brasileiro e, conseqüentemente, no índice da inflação.”

Na safra 2007/09, que está se encerrando, o país deve alcançar uma produção de 3,54 milhões de toneladas e consumir 3,4 milhões. Apesar de equilibrada, a equação é arriscada. “Aparentemente temos sobra, mas temos que esperar o fim da colheita”, disse Ruas. Segundo ele, hoje chegou a notícia de que deve haver quebra da safra de feijão no Nordeste, por causa das chuvas que atingiram a região.
Fonte:Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Cobrança de royalties por soja transgênica aumenta na safra 2008/2009 11.08.08

11.08.08

A taxa tecnológica paga pelo produtor para usar a semente de soja transgênica na safra 2008/2009 será 16,67% mais cara do que em 2007.

Após dois anos de congelamento, os royalties cobrados pela multinacional Monsanto, detentora da tecnologia Roundup Ready (RR), subiram de R$ 0,30 para R$ 0,35 por quilo na compra de semente certificada. Embora o preço da soja esteja valorizado no mercado internacional, a medida pesa no bolso do agricultor especialmente num ano de elevação massiva de custos. E pode afetar negativamente o plantio.

Nos próximos dias, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag) pretende reunir seus assessores para discutir o reajuste.

– O repasse destes custos dificultará o plantio, apesar de boa parte dos agricultores familiares multiplicarem semente na propriedade – avalia Elton Weber, presidente da Fetag.

Além disso, entidades gaúchas reclamam que o novo valor foi estipulado por meio de um comunicado, sem discussão com o segmento. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Semente (Abrasem), a taxa de indenização sobre o uso de semente salva prossegue em 2% para o valor da saca do grão vendida.

Na segunda-feira, o presidente da Federação da Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, afirmou desconhecer o reajuste, mas se apressou em afirmar que o limite do produtor gaúcho são os 2% sobre o custo final do produto.

– Além desse teto, estamos desautorizados pelos produtores e teremos que rever a situação – adianta Sperotto.

A Monsanto não irá se pronunciar sobre o novo valor de royalties, mas confirmou que a taxa de 2% permanecerá a mesma.

Neste novo cenário, o presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), Narciso Barison Neto, estima que o preço médio do quilo de semente irá subir para entre R$ 1,50 e R$ 2. Ainda assim, enfatiza, que o recolhimento da taxa tem permitido avanço de pesquisa tecnológica na melhoria da produtividade.

A expectativa de Barison é que na safra 2008/2009 haja novo crescimento da taxa de utilização de sementes certificadas. Ao se confirmar o cenário, a semente de fábrica cobrirá 40% da área prevista de 4 milhões de hectares a serem plantados com soja no Rio Grande do Sul a partir de setembro. No ano passado, este índice era de apenas 20%.

Ainda assim, cálculos da Apassul indicam que agricultores gaúchos estão gastando aproximadamente R$ 80 milhões mais em royalties por continuarem multiplicando semente na propriedade. Isso porque ao optar pelo pagamento de 2% sobre a venda na moega, o desembolso chega a R$ 36 contra R$ 17,5 para quem compra direto da indústria. A conta considera o rendimento de 2,4 mil quilos por hectare ao preço de R$ 45 a saca de soja.

– Apesar de o consumo de semente certificada ter crescido, são milhões de reais que o produtor paga à Monsanto por decisão própria – diz Barison.

As duas últimas safras

> Na safra 2006/2007, o valor cobrado pela Monsanto caiu de R$ 0,50 por quilo de semente para R$ 0,30, 1% do preço da saca de soja. O objetivo foi estimular o uso de sementes legais nas lavouras.

> No mesmo ciclo, a empresa definiu duas taxas de indenização sobre o uso de sementes contrabandeadas ou multiplicadas. A taxa foi estipulada em 2% sobre o valor da saca de soja colhida e vendida. Na época, a intenção da Monsanto era elevar a taxa para 2,7% a partir de junho de 2007, mas isso acabou não acontecendo.

> Na safra 2007/2008 foram aplicadas as mesmas taxas e valores.

De acordo com levantamento das indústrias que produzem sementes no Estado, o custo atual com royalties passará de R$ 15 para R$ 17,5 por hectare, considerando o uso de 50 quilos por hectare.
Fonte: Zero Hora

USP firma acordo com Monsanto: jornal Brasil de Fato diz que existem cláusulas de sigilo

11.08.08

O jornal Brasil de Fato desta semana (ed. 284) denuncia dois acordos que colocam instituições públicas a serviço dos interesses privados. A Monsanto firmou um convênio com a Universidade de São Paulo (USP), no início deste ano, cuja versão original do contrato, revisto após pressão de professores e estudantes, submetia a USP a sigilo absoluto e a subordinava a uma lei dos EUA. Uma cláusula que permaneceu no documento, a oitava, estabelece que a Universidade e sua Fundação, a Fusp, são obrigadas a manter sigilo em relação à toda informação relacionada às atividades da Monsanto.

A parceria entre a USP e a transnacional estadunidense se insere dentro de um projeto de pré-iniciação científica para estudantes do ensino médio da rede estadual, feito também em parceria com a Secretaria de Educação do Estado. A USP disponibilizará seus laboratórios e alguns docentes que aceitem receber esses estudantes. A Monsanto financiará parte do projeto, num valor de R$ 220 mil, destinado a garantir bolsas a professores da rede estadual que acompanharão os alunos participantes. Ao todo, o projeto atingirá 500 estudantes e 60 docentes. As bolsas estudantis serão, por sua vez, financiadas pelo banco Santander, com uma verba bastante superior àquela fornecida pela Monsanto.

Para Ermínia Maricato, representante docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo no Conselho de Pesquisa da USP, o convênio com a transnacional pode prejudicar a imagem da instituição de ensino. “Não concordo que a USP assine convênio com essa empresa, contra a qual existem fatos graves”, finaliza.
Fonte: Dafne Melo e Luís Brasilino, Brasil de Fato

Exportação de etanol foi recorde em julho 11.08.08

11.08.08

O volume de etanol exportado pelo Brasil no acumulado entre janeiro e julho de 2008 é 31,3% superior ao registrado em igual período de 2007. Nos primeiros sete meses de 2008, foram exportados o equivalente a 2,054 milhões de toneladas de álcool ante 1,56 milhão de toneladas em 2007. Em julho, foram exportados 480,5 mil toneladas, recorde para um único mês, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e compilados pelo Ministério da Agricultura.

A receita com as exportações brasileiras no acumulado de 2008 ficou em US$ 1,171 bilhão, superior em 36,3% ao acumulado em 2007, que foi de US$ 859 milhões. Em julho, a receita atingiu US$ 280,8 milhões, também recorde e 74% superior aos US$ 161,5 milhões registrados em julho de 2007.
Fonte: Eduardo Magossi, Agência Estado

Agronegócio exportou em julho 50% a mais que no mesmo mês do ano passado 08.08.08

08.08.08
A balança comercial do agronegócio brasileiro registrou duas marcas significativas em julho. As exportações geraram US$ 7,9 bilhões em dividendos, 50% a mais que no mesmo mês de 2007, e o superávit foi de US$ 6,8 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o superávit foi de US$ 57,3 bilhões, com vendas externas de US$ 68,1 bilhões, 24% acima do valor obtido entre agosto de 2006 e julho de 2007.

Os dados, divulgados ontem (7) pelo Ministério da Agricultura, indicam que os valores devem continuar aumentando, uma vez que nos sete primeiros meses deste ano as exportações do agronegócio já somam US$ 41,7 bilhões. Os setores que mais contribuem para o crescimento são soja, carne, produtos florestais e cana-de-açúcar, tanto pelo maior volume vendido quanto pelo aumento dos preços internacionais.

Em julho foram exportados US$ 2,8 bilhões em produtos do complexo soja. Só em soja em grão o total foi de US$ 1,9 bilhão, um aumento de 121%, considerando um incremento de 71,8% nos preços do produto e de 28,7% na quantidade vendida. As carnes (bovina, suína e de aves) geraram US$ 1,4 bilhão, 55,2% a mais que no mesmo mês do ano passado.

O setor de lácteos, que está entre os maiores, foi destaque pelo bom desempenho no mês passado, exportando 226,3% a mais que em julho de 2007. Nos sete primeiros meses deste ano, foram US$ 291 milhões em produtos feitos à base de leite, 169% a mais que no mesmo período do ano anterior. Segundo o Ministério da Agricultura, os números "refletem o crescimento da demanda mundial por esses produtos e confirmam o processo de consolidação do Brasil como grande exportador de lácteos".

A União Européia (UE) segue liderando com ampla vantagem como principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com participação de 33,6% nos últimos 12 meses. No entanto, a Ásia, mesmo sem a inclusão dos países do Oriente Médio, quase empatou com a UE, com destaque para a China que, nos primeiros sete meses do ano, aumentou em 103% as importações de tais produtos. Assim, o país atingiu uma participação de 13,2% como destino das exportações, ultrapassando os Países Baixos, com 9,5%, e os Estados unidos, que têm 8,7%.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Exportação de suínos cresce 23% e receita avança 90% 08.08.08

08.08.08

A receita com as exportações de carne suína brasileira cresceu 90,48% em julho para US$ 168,86 milhões na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em volume, houve acréscimo de 23,34% para 56,12 mil toneladas. A informação foi divulgada hoje (08) pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). "As exportações continuam firmes, mantendo a previsão inicial. Os volumes se sustentam e os preços sobem", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs.

As vendas externas do setor nos sete primeiros meses do ano somaram 326,79 mil toneladas, alta de 0,08% ante igual período de 2007. Na comparação com o período janeiro a julho de 2007, a receita teve acréscimo de 37,54% para US$ 876,72 milhões.

A Rússia foi o principal mercado para a carne suína brasileira no acumulado de janeiro a julho, com participação de 43,46% no mercado. As exportações para a Rússia totalizaram 26,19 mil toneladas em julho, uma expansão de 12,15% em relação a julho de 2007. De janeiro a julho deste ano, entretanto, as exportações para o mercado russo caíram 11,38% em volume para 142 mil toneladas, embora tenham aumentado 26,28% em valor para US$ 459 mil.

O segundo mercado mais importante no mês foi Hong Kong, com 20,74% de participação, somando 67,78 mil toneladas. Na seqüência estão Ucrânia (com 20,40 mil toneladas), Argentina (com 16,96 mil toneladas) e Cingapura (com 13,31 mil toneladas).
Fonte: Agência Estado

CEPEA/ESALQ diz que soja em MT e PR está com baixa competitividade 08.08.08

08.08.08

Estudo comparou custos de produção no Brasil, Argentina e USA

Entre todas as propriedades analisadas (dos três países) na safra 2006/07, o maior custo operacional foi verificado no Brasil, na propriedade do Paraná, onde produzir um hectare de soja custou US$ 438,00 na safra 2006/07. Na seqüência, estão: a fazenda de Iowa, nos Estados Unidos (US-700, IA), com US$ 366,00/ha e a de Mato Grosso (BR-1300 – MT), com US$ 332,00/ha. Já os menores custos operacionais foram registrados na Argentina, na província de Buenos Aires, com US$ 150,00/ha (AR-2300, BAr) e com US$ 227,00/ha (AR-50000, BAr).

O terceiro menor custo operacional ficou para o Estado de Goiás (BR-480, GO) e para Dakota do Norte (US-3050, ND), ambos com US$ 291,00/ha.

Considerando somente o custo operacional, a produção de soja na Argentina está muito à frente da brasileira. O custo de produção daquele país é favorecido em três aspectos em relação ao o Brasil: baixo uso de fertilizantes, baixo custo com os herbicidas e incidência reduzida de doenças – não há grandes infestações de ferrugem asiática.

A principal vantagem competitiva da produção argentina diante da brasileira é a alta fertilidade do solo, que implica o uso reduzido de adubos químicos. Em algumas propriedades, esse insumo sequer é utilizado e, noutras, seu custo chega ao máximo de US$ 17,00/ha. Em situação bem diferente, os brasileiros investem uma grande parcela do capital em fertilizantes, gastando de US$ 63,00/ha, no Paraná, a US$ 79,00/ha, em Mato Grosso. Nos Estados Unidos, o dispêndio com fertilizantes vai de US$ 18,00/ha em Dakota do Norte a US$ 78,00 em Iowa.

Os gastos com herbicida na Argentina na safra 2006/07 foram apurados em cerca de US$ 29,00/ha. No Brasil, são de aproximadamente US$ 75,00/ha, no Paraná, e de US$ 53,00/ha, em Mato Grosso. Quanto a doenças e pragas, os argentinos e os norte-americanos não apresentaram gastos significativos. No entanto, nas lavouras do Brasil, foram registrados custos com controle de pragas e ferrugem asiática de US$ 65,00/ha, em Mato Grosso, a US$ 72,00/ha, no Paraná.

Em relação às propriedades típicas dos Estados Unidos, os argentinos apresentaram vantagem somente no que diz respeito aos fertilizantes, pois os gastos com herbicidas são semelhantes. No caso de fungicidas e inseticidas, os norte-americanos não apresentaram nenhum gasto, enquanto na Argentina despende-se de US$ 1,50/ha a US$ 3,00/ha.


Pasted Graphic 2
Figura 1 – Comparação de custo de produção da soja entre Brasil, Argentina e Estados Unidos, para o ano de 2006.
Fonte: Agri benchmark (2007) – elaborado por Cepea

Custos totais

Quando se analisa o custo total de produção da soja, incluindo-se o custo da terra, a depreciação das máquinas e outros custos fixos, verifica-se que a soja produzida no Estado de Iowa, nos Estados Unidos (US-700, IA), demanda US$ 745,00/ha, seguida pela Província de Buenos Aires, na Argentina (AR-2300B, BAr), com US$ 617,00/ha e pelo Paraná, no Brasil (BR-169, PR), com US$ 602,00/ha.

Embora a região de Iowa tenha apresentado na safra 2006/07 o maior custo total por hectare de soja, não é possível afirmar que esta foi a região menos competitiva. O indicador mais indicado para dar resposta sobre competitividade é o retorno por unidade monetária investida. A figura abaixo mostra que, mesmo com a região de Iowa apresentando o maior custo por hectare, teve um retorno positivo por unidade monetária investida. Para cada US$ 1,00 investido, o retorno foi de US$ 1,12, ou de 12%. Já as propriedades típicas de Dakota do Norte estão no vermelho, com retorno negativo entre 6 e 7%.

A propriedade típica da Argentina (AR-2300, BAr) apresentou o menor custo operacional, mas, com o custo da terra, teve o segundo maior custo por hectare e o pior retorno por unidade monetária investida. No Brasil, as propriedades típicas dos Estados de MT e do PR também demonstraram retorno negativo, sinalizando que o investimento na atividade não está remunerando o valor da terra e a depreciação da infra-estrutura. Com efeito, a persistência desse cenário representa a falta de sustentabilidade do negócio. Entre as brasileiras, somente a propriedade de Goiás obteve retorno positivo, de 12%.


Pasted Graphic 3


Fonte: Agri benchmark (2007) – elaborado por Cepea

Estudos comparativos

O Cepea e a CNA representam o Brasil no Agri Benchmark, projeto sediado na Alemanha que reúne pesquisadores e representantes de entidades e governos de vários países. O propósito é compreender melhor como são as fazendas pelo mundo através de comparações. Para tanto, as instituições parceiras adotam metodologias comuns.

Informações microeconômicas da produção brasileira de grãos passam a ser comparadas com as de outros 14 países: França, Hungria, Alemanha, Itália, Suíça, Dinamarca, Reino Unido, Polônia, Ucrânia, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, China e Malásia. A partir de análises, é possível apresentar o Brasil sem estereótipos, com informações técnicas atualizadas.

O método de coleta recomendado pela entidade que coordena o projeto, o IFCN, é o Painel, que consiste em reunião com grupo de até 10 produtores para a composição de uma propriedade típica de cada região visitada. Além do inventário da propriedade, são coletados quantidades utilizadas de insumos e os preços pagos localmente por produtores. Os dados do Brasil têm sido levantados por pesquisadores do Cepea, com apoio financeiro da CNA.

No caso da produção de soja, a comparação tem sido feita entre o Brasil, Argentina e Estados Unidos. Para as comparações sobre a safra 2006/07, do Brasil, foram enviadas informações sobre propriedades típicas do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e de Goiás.

De Mato Grosso, foi destacada como fazenda típica de produção de soja uma propriedade de 1.300 ha de área agrícola (BR-1300, MT), que no verão cultiva 100% da área com soja e, no inverno, 25% com milho safrinha – o restante não tem aproveitamento comercial. No Paraná, a propriedade típica submetida para comparações internacionais tem 169 ha (BR-169, PR), cultiva 80% desta área com soja no verão e os 20% restantes, com milho; no inverno, 80% é de milho. Em Goiás, a propriedade típica tem 480 ha (BR-480, GO), com 100% da área ocupada com soja no verão e 31% com milho no inverno – o restante não é usado comercialmente.
Fonte: Cepea/Esalq
Observação do editor: aparentemente não foram computados os subsídios recebidos pelos produtores norte-americanos, o que pode alterar substancialmente os resultados aqui apresentados.

Produtores rurais argentinos afirmam que período é de "decadência" para o setor 08.08.08

08.08.08

Em meio aos conflitos entre produtores rurais argentinos e o governo de Cristina Kirchner, o presidente da Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e da Região dos Pampas, Pedro Apaolaza, alerta que o setor enfrenta um período de "decadência” no país.

“As produções estão muito mal. Éramos o terceiro exportador de carne do mundo e, atualmente, estamos em oitavo lugar. O Brasil fez um grande esforço para ter uma política, conseguir resultados. É o primeiro exportador de carne no mundo e avança a grandes passos. Até o Uruguai, um país pequeno quando comparado ao nosso [Argentina], está exportando mais carne que nós, porque tem uma política agropecuária implementada. Nós não temos.”

Ao comentar a promessa de Cristina Kirchner em retomar a Resolução 125 – que propõe o aumento de impostos e restringe a exportação de grãos – ele avalia que a líder argentina “parece não ter assimilado” a derrota diante do Parlamento e que os votos contra a proposta constituem “uma realidade que não pode ser mudada”.

“É uma posição sem lógica. Cristina fala de redistribuição de riqueza, mas deveria saber que, para redistribuí-las, é preciso produzi-la. Nesse momento, o que estamos fazendo é repartindo pobreza. Temos 11 milhões de pobres na Argentina. A pobreza está aumentando e isso é fruto de más políticas, não é culpa do campo.”

Para Apaolaza, as discussões sobre o setor rural na Argentina estão “muito politizadas” e, na medida em que o país segue nesse contexto, não irá recuperar as posições perdidas no mercado internacional. “Isso gera conseqüências. Primeiro, deixaremos de exportar e depois, teremos que deixar de consumir.”

Ele acredita que a principal estratégia do governo deve ser a de reduzir o consumo, sobretudo, de carne, para que o país possa reservar mais produtos para a exportação. A venda externa de carne, segundo Apaolaza, está proibida no país há três anos.

“É preocupante e impossível produzir nessas condições. É uma inseguridade política que se cria e que não faz nenhum sentido e não existe em nenhum país do mundo.”

Em referência às exportações de trigo argentino para o Brasil – maior importador mundial e principal parceiro no Mercosul – ele avalia que o fechamento do mercado argentino pode levar empresários brasileiros a importar o produto de países como os Estados Unidos e o Canadá. De acordo com a confederação, a Argentina exporta cerca de 7 milhões de toneladas anuais de trigo para o Brasil.

“70% do trigo no Brasil vem da Argentina. Deixaríamos de vender tudo isso e de recorrer a outros mercados menos importantes. Cria-se um problema sério, porque, no caso do Brasil, é para o seu próprio consumo. Para que o Brasil não precise fazer esforços de produzir trigo em um clima que é tropical. Como havia dito o presidente Lula, devemos nos complementar e não competir. O que um pode fazer bem, que o outro não faça.”
Fonte: Paula Laboissière, enviada especial da Agência Brasil

Brasil deve dobrar produção de grãos em dez anos 08.08.08

08.08.08

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Brasileiro, disse ontem (7) que o Brasil deve dobrar a produção de grãos no prazo de dez anos. Ele fez essa avaliação após entrevista coletiva, convocada para a divulgação do levantamento da safra de grãos 2007/08, que apresentou uma colheita de 143,7 milhões de toneladas.

"Nós temos um planejamento um tanto ambicioso. Eu acho que através da nossa empresa de pesquisa, a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], do planejamento do governo, do aumento do incremento para financiamento da agricultura, tanto familiar quanto empresarial, nós sentimos que, nos próximos dez anos, devemos duplicar a nossa produtividade (sic). Haverá um momento crescente, usando, sem dúvida, o conhecimento, a pesquisa, a tecnologia, e acho que, ano a ano, vamos subir de 10% a 15% nosso índice de produtividade (sic)", disse Brasileiro.

Segundo ele, na safra 1993/94, o país produziu 76 milhões de toneladas de grãos, e o país levou 15 anos para atingir o crescimento de quase 100%, verificado hoje. Brasileiro considera que, com os investimentos maiores em pesquisas e a renegociação da dívida agrícola, aprovada quarta-feira (6) na Câmara dos Deputados, os produtores terão mais tranqüilidade para planejar seu trabalho.

"A partir da aprovação da MP 432 [da dívida agrícola], que é a maior renegociação de toda a história do endividamento agrícola do país, o produtor pode planejar o seu dia a dia, continuar na sua atividade normal e, conseqüentemente, também expandir. Quando há uma tranqüilidade, o homem do campo, em vez de ficar no banco renegociando seu endividamento, ele tem prazo para pagar e conseqüentemente ele irá planejar a sua produção e estará mais presente no dia a dia do campo", disse Silas Brasileiro.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Ibama aplica mais de R$ 11 milhões em multas em Rondônia 08.08.08

08.08.08

Mais de R$ 11 milhões em multas, cerca de 2,6 mil metros cúbicos de madeira ilegal apreendida e 81 autos de infração. Esses foram os resultados da Operação São Francisco, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que atuou em Rondônia durante 24 dias, na região da rodovia federal BR-429, que liga o município de Alvorada do Oeste a Costa Marques.

A operação em Rondônia faz parte de um grupo de operações estaduais previstas para acontecerem no conjunto da Operação Guardiães da Amazônia, que faz parte do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm). Os dados foram apresentados ontem (7), pelo chefe da divisão de Fiscalização da Gerência Executiva do Ibama em Ji-Paraná (RO), Renê Oliveira.

“É uma região muito conflituosa, com muitas madeireiras. Existem ainda algumas áreas preservadas, especialmente unidades de conservação, que merecem uma atenção maior por parte dos órgãos de fiscalização”, disse Renê.

O Exército e a Polícia Militar Ambiental deram reforço ao Ibama na fiscalização. Foram embargadas e autuadas áreas, que somam mais de 8,6 mil hectares – o que corresponde a 8,6 mil campos de futebol profissional.

Segundo Renê, parte da madeira encontrada é “excelente para a indústria moveleira, como as cerejeiras”, e o Ibama investiga a origem do material – sem descartar a hipótese de ser extraída de áreas indígenas e unidades de conservação. Ele informou que ela deve ficar em depósitos da região e poderá vir a ser requisitada por instituições sem fins lucrativos que precisem do material.

“A gente já vai a campo com uma visão e um foco para determinadas áreas e determinadas empresas. Logicamente nós, durante a operação, acabamos detectando outros problemas que, anteriormente, não sabíamos”, revelou o representante do Ibama. Parte do planejamento anterior à operação foi feito com sobrevôos pela região, em que foi possível levantar pontos de desmatamento. Também foi utilizado o Sistema de Detecção Via Satélite de Áreas Desmatadas, fornecido pelo Ibama.

“Conseguimos identificar diversos crimes que visavam burlar a fiscalização, como empresas que esconderam madeira por baixo de serragem ou no vizinho. Só que hoje em dia, com aeronaves, já é possível que consigamos detectar os infratores”, detalha Renê Oliveira.
Fonte: Morillo Carvalho, repórter da Agência Brasil

Bancada ruralista altera MP para beneficiar grandes caloteiros 07.08.08

07.08.08

A bancada ruralista conseguiu derrubar a cobrança de taxa Selic sobre os débitos rurais inscritos na Dívida Ativa da União (DAU). A emenda que prevê a troca da Selic pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6,75% ao ano, foi apresentada pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que supostamente é da base aliada do governo. O placar da votação foi de 264 a favor e 128 contrários e uma abstenção. Quase todos os partidos votaram a favor da queda da Selic. Ficaram contra o PT, PV e o PSOL.

No caso dos débitos da DAU, além da ampliação do prazo de pagamento de cinco para 10 anos, a Câmara aprovou a retirada da multa de 20%, que incide sobre as dívidas que são incluídas no Cadastro de Inadimplência (Cadin). Ficou definido que haverá um bônus de 38% a 70% para liquidação da dívida e de 33% a 65% para liquidação anual. Esse último bônus é aplicado sobre a parcela anual e não sobre o total da dívida.

O governo tentará restabelecer, no Senado, o texto original da medida provisória que regulamenta a renegociação de R$ 75 bilhões dos R$ 87,5 bilhões da dívida dos produtores rurais com a União. Segundo o secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, esse trabalho será imprescindível para não estimular a inadimplência.

Para Bittencourt, a decisão da Câmara, que ontem (6) trocou a Selic, atualmente em 13% ao ano, para a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6,25% ao ano, para a dívida ativa da União vinculada à agropecuária concede tratamento favorável ao produtor que não pagou a dívida nem procurou renegociar com o governo.

“Do jeito que ficou, o produtor que se esforçou para pagar a dívida pagará muito mais juros do que quem não renegociou e foi para a dívida ativa”, argumentou o secretário-adjunto.

“O texto atual quebra um dos princípios estabelecidos na medida provisória, que é que o produtor inadimplente tenha tratamento pior do que quem pagou”, acrescentou.

Pelo texto original da medida provisória, haveria pelo menos quatro faixas de juros na renegociação. Os produtores que pagaram em dia a dívida e desejam renegociar seriam beneficiados com juros menores. Para quem não pagou o débito, mas ainda não foi incluído na dívida ativa, a correção seria um pouco maior.

No caso dos produtores inscritos na dívida ativa, mas que desejem quitar o débito de uma só vez, a taxa subiria ainda mais. Por fim, a Selic corrigiria os débitos de quem está na dívida ativa e optou pela renegociação em dez anos.

Com a mudança na Câmara, os menores juros caberão justamente aos inadimplentes, que pagarão a dívida em prazo maior. “Agora, todo mundo vai querer entrar na dívida ativa para pagar menos”, advertiu Bittencourt.

Bittencourt, no entanto, procurou minimizar a derrota do governo. “Só houve problema em um dos quase 60 artigos da MP. Os outros pontos saíram conforme o acordado”, disse.

Segundo o secretário-adjunto, ainda não é possível estimar o impacto da decisão da Câmara sobre os cofres públicos. Ele, no entanto, ressaltou que a mudança no indexador não afetará o restante da dívida ativa.

“As condições estabelecidas na MP só valem para os produtores rurais que optarem por renegociar a dívida até maio de 2009. Depois desse prazo, o tratamento diferenciado acabará”, esclareceu.

O procurador-geral da Fazenda, Luís Inácio Adams, disse que a alteração na medida provisória abre precedente para outros passivos da União serem renegociados por juros menores.
Veja matéria de ontem:
Travando votações na Câmara, ruralistas arrancam mais benefícios do Ministério da Fazenda
Fontes: Wellton Máximo, da Agência Brasil, e Fabíola Salvador, Denise Chrispin Marim e Denise Madueño, da Agência Estado, com o Observatório

China já comprou 76% da soja prevista e demanda internacional deve diminuir 07.08.08

07.08.08

Se houver redução de compras será por questões pontuais e que não devem comprometer a meta para o ano.

Diante do temor de desaceleração da economia mundial, o mercado presta atenção aos indicadores chineses. Ontem, o Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China divulgou relatório em que admite que há grandes estoques e demanda fraca por óleo e farelo de soja, segundo informou a agência Bloomberg. O receio é de que o país desacelere as compras de soja, o que ainda não é consenso entre analistas do Brasil.

Em todo o ano de 2008, a previsão era de que a China importasse 35,5 milhões de toneladas de soja. Até junho, 27 milhões de toneladas, ou 76% do previsto, já foram comprados pelo país. "Acredito que se houver redução de compras será por questões pontuais e que não devem comprometer a meta para o ano", avalia Glauco Monte, consultor de gerenciamento de risco da FCSTone. Ele pondera que, por conta das Olimpíadas, já estava previsto uma demanda menor por óleo e farelo. Além disso, o próprio governo chinês tomou algumas medidas para reduzir a atividade industrial no país por conta dos jogos olímpicos, o que pode ter reduzido a produção de óleo no país e a demanda, portanto, por soja em grão. "Trata-se de diminuição pontual. A China comprou mais do que estava sendo esperado. Depois das Olimpíadas, teremos que monitorar o que vai acontecer", completa Monte.

Segundo a Bloomberg, as reservas de óleo de cozinha da China ocupam toda a capacidade de armazenagem e a demanda poderá não crescer antes do final deste mês, disseram analistas, como Gao Yingbin, da China CerealsOils Business Net, consultoria especializada em óleos vegetais. O receio é de que a queda das compras da China deprecie ainda mais os preços da soja, que hoje voltou a cair na Bolsa de Chicago (CBOT) - leia matéria abaixo. "Desaconselhamos nossos clientes das tradings de comprar grandes volumes de oleaginosas e de óleos vegetais porque ninguém sabe até onde os preços da oleaginosa vão cair", disse Gao. "A demanda continua fraca".

O contrato de óleo de soja e de óleo de palma negociado na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, caiu ontem pelo limite diário de 5%, depois de uma ampla retração das commodities causada pelo receio de que a demanda vá desacelerar juntamente com a perda de impulso do crescimento da economia.

A superintendência das reservas governamentais chinesas devem ter encomendado, no mês passado, 400 mil toneladas de óleo de soja, que deverão chegar na China em setembro e outubro, disse Gao. Os administradores das reservas poderão ser obrigados a promover uma venda maciça de até 250 mil toneladas de óleo de soja para dar lugar aos novos volumes pedidos, disse Gao à Bloomberg.

Como a superintendência das reservas estatais está sendo determinada pelo governo a baixar a inflação na área de alimentos, elas vão vender os estoques a preços abaixo do custo, se necessário, possibilidade que vem causando pânico no mercado, afirmou Gao. Pelo fato de a administração das reservas governamentais não terem anunciado suas intenções, as operadoras comerciais se desvencilharam de seus estoques para reduzir os riscos, e as processadoras de soja, por sua vez, foram obrigadas a interromper as operações, disse ele.

Flávia Moura, vice-presidente da área de grãos da consultoria New Edge está mais temerosa sobre os efeitos da crise americana na China e no Brasil. "Acredito que depois das Olimpíadas a demanda na China deve cair um pouco. O Brasil também deve ser afetado, sobretudo por causa do endividamento alto da população, que vai atingir a demanda", avalia a especialista da New Edge.

Efeito no Brasil

Até agora, a crise financeira nos Estados Unidos parece não ter afetado a demanda da China, pelo menos, no que diz respeito aos produtos do agronegócio exportados pelo Brasil. No primeiro semestre deste ano, o país asiático comprou 24% mais do agronegócio brasileiro. As vendas aos chineses saíram de R$ 3,7 bilhões de janeiro a junho de 2007 para US$ 4,6 bilhões em igual período deste ano. O complexo soja foi o principal responsável pelo aumento. Até junho, os chineses importaram US$ 3,1 bilhões entre grão, óleo e farelo, ante os US$ 2,5 bilhões do mesmo semestre de 2007.

O bom desempenho chinês na balança do agronegócio brasileiro desbancou os Estados Unidos que, até o ano passado, vigorava na primeira posição entre os maiores importadores. No ano de 2007, a China representava 8% das exportações do agronegócio do Brasil, percentual que até junho deste ano está em 11,7%.

Os Estados Unidos, por outro lado, estão comprando 8,5% menos produtos agrícolas do Brasil e neste ano estão em terceiro lugar no ranking de importadores. Alguns setores estão sendo mais penalizados com esse baixo desempenho americano, sobretudo os ligados ao setor moveleiro, afetado diretamente com a crise imobiliária. As importações de produtos florestais aos Estados Unidos caíram neste ano para US$ 979 milhões, ante os US$ 1.1 bilhão do primeiro semestre do ano passado. Já em 2007, o mercado sentiu um arrefecimento das importações desses produtos pelos Estados Unidos na ordem de 8,6%. O mercado americano também estão importando menos couro e carnes do Brasil, o que também já afeta a receita das indústrias frigoríficas do Brasil.
Fonte: Gazeta Mercantil

Maior processadora de grãos do mundo (ADM) ampliará presença na produção de etanol no Brasil 07.08.08

07.08.08

A Archer Daniels Midland (ADM), a maior processadora de grãos do mundo, sinalizou na terça-feira (5) uma onda de expansão no Brasil, após expor um tom relativamente pessimista sobre a produção de etanol de milho americano.

A ADM, uma grande produtora de etanol, tem sido uma animadora de torcida para o setor nos Estados Unidos, mas sua expansão no setor de etanol baseado em cana-de-açúcar do Brasil sugere que ela deseja diversificar da produção baseada em milho.

O setor de etanol americano está sob pressão financeira nos últimos meses devido à alta do preço do milho. Apesar do preço do milho ter caído acentuadamente no mês passado, o setor ainda enfrenta dificuldades.

Os subsídios pagos à indústria estão sofrendo crescente escrutínio, já que a produção de etanol é vista como um fator que está contribuindo para a alta do custo dos alimentos.

Cerca de um terço da produção americana de milho deste ano deverá ser usada para produção do combustível. John McCain, o candidato presidencial republicano, está entre aqueles que se opõem aos subsídios.

No mês passado, a ADM se uniu a outras grandes empresas pró-etanol no setor de agronegócio, como Monsanto, Deere e DuPont, para expor seu argumento por meio de anúncios e reforçar o lobby no Congresso americano.

John Rice, o vice-presidente executivo, comercial e de produção, notou na terça-feira que, ao mesmo tempo em que aumentam os preços do milho, o setor também está enfrentando uma série diferente de custos mais altos.

"O custo para construção de usinas - como aço inoxidável, os custos de mão-de-obra e tudo mais - atualmente está subindo", ele disse. "(Os produtores de etanol) não vêem margem no momento e encontrar capital também está muito difícil."

O tom pessimista em relação ao etanol americano contrasta com os planos brasileiros da ADM, à medida que ela confirmou os relatos de que estava negociando ingressar na produção de etanol de cana-de-açúcar.

"Nós estávamos interessados e continuamos interessados em investir no processamento de açúcar e etanol no Brasil, e estamos negociando com vários parceiros potenciais", disse Patricia Woertz, presidente-executiva.

Rice disse que a empresa investirá muito além do setor de etanol. "Nós estamos olhando para isto como toda uma gama de novas oportunidades para a ADM", ele disse.

Woertz também descartou a ameaça do Brasil de agir legalmente contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio em torno das tarifas sobre o etanol.

A ADM divulgou na terça-feira resultados trimestrais abaixo das expectativas de Wall Street, já que fracassou em traduzir o boom dos preços dos commodities em crescimento dos lucros. Os lucros caíram para US$ 372 milhões, ou 58 centavos por ação, em comparação a US$ 955 milhões, ou US$ 1,47 por ação no ano anterior, apesar dos números de 2007 terem sido reforçados por várias transações únicas.

As ações da ADM caíram 4,7%, para US$ 26,10, no final da manhã de terça-feira em Nova York.
Fonte: Hal Weitzman, do Financial Times, em Chicago
Tradução: George El Khouri Andolfato

Especialista da Embrapa defende inclusão de preocupações sociais e ambientais no modelo agrícola 07.08.08

07.08.08

O Brasil precisa preparar-se para ser inserido no cenário mundial, que vem exigindo cada vez mais a inclusão de elementos sociais e ambientais no modelo econômico de agricultura. A afirmação é do professor Altair Toledo Machado, PhD em genética e pesquisador da agrobiodiversidade da Embrapa. Ele é um dos especialistas que participaram, nesta quarta-feira, na sede da Conab, em Brasília, do encerramento do encontro sobre a produção nacional de alimentos.

Machado falou das políticas da agrobiodiversidade, agroecologia e sustentabilidade, a partir de um panorama histórico da agricultura no mundo, onde foram identificados pontos favoráveis e contrários à evolução tecnológica no agronegócio. As conseqüências do uso dos fertilizantes químicos e da engenharia genética, por exemplo, foram citados por ele como questões emblemáticas.

No caso das Filipinas, grande produtora de arroz, a modernização causou, de certa forma, perdas não apenas na biodiversidade do produto, mas também dos valores sociais e culturais. “Além da redução nessa diversidade, houve também a contaminação da prática agrícola nos arrozais, com a introdução dos insumos químicos”, explicou.

Outros exemplos são a Etiópia, Quênia e Tansânia, todos na África, produtores de sorgo, trigo e cevada. “Atualmente, esses países estão sofrendo de estresse ambiental em conseqüência da contaminação química do solo. Isso acarreta a perda de variedade dos produtos”.

Já o pesquisador da Embrapa, Elíbio Rech, defende o uso dos transgênicos na agricultura. Ele enfatizou os resultados obtidos pelo Brasil nesta área e disse que as possibilidades da genética vão além da questão agrícola. “Os estudos feitos até agora mostram que não há riscos para a saúde, em relação ao uso desta tecnologia”, destacou. Para ele, esse tipo de produto pode até contribuir para a expansão da agricultura familiar.

O coordenador da Fetraf-Sul, Altemir Antônio Tortelli, discorda da idéia. “Não acreditamos que o caminho para a agricultura familiar seja os transgênicos. A base para o projeto de desenvolvimento sustentável do país passa pela pesquisa e pela assistência técnica voltadas à agroecologia”, defende.
Fonte: Conab

Ministério da Agricultura interdita 17 graxarias que não esterilizam farinha de carne e osso 07.08.08

07.08.08

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SDA/Mapa) interditou 17 linhas de produção de farinha de carne e osso de graxarias que não implementaram o processo de esterilização das matérias-primas empregadas. A fiscalização foi realizada entre 28 de julho e 1º de agosto nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia e Distrito Federal.

A obrigatoriedade da esterilização é uma medida preventiva que, se efetivamente implantada, permitirá a reclassificação do Brasil, junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), como país de risco desprezível para Encefalopatia Espongiforme Bovina EEB (doença da vaca louca).

A OIE recomenda aos países esterilizar a farinha de carne e osso a 133º Celsius, durante 20 minutos. Atualmente, a OIE inclui o Brasil na categoria dos países com risco controlado mesmo sem nunca ter registrado ocorrência da EEB no rebanho brasileiro. O Mapa determina, por meio da Instrução Normativa nº 15 de 2003, a esterilização da farinha. Para isso, os frigoríficos e graxarias independentes devem dispor dos equipamentos necessários para a esterilização.

Após sucessivas prorrogações, foi estabelecido o dia 30 de junho como prazo final para comprovar a efetiva implementação do processo de esterilização. As fiscalizações constataram que a maior parte das graxarias se adequou ao cumprimento da exigência.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

IBGE aponta crescimento de 4,2% na agroindústria no primeiro semestre 07.08.08

07.08.08

Embora tenha ficado abaixo do crescimento da indústria, que foi de 6,3%, a agroindústria cresceu 4,2% no primeiro semestre do ano, abaixo dos 4,8% do mesmo período de 2007. Os dados foram divulgados ontem (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, o bom desempenho do setor deve-se ao crescimento da safra agrícola, ao aumento do consumo no mercado interno – em razão da melhora da renda do trabalhador – e a um cenário externo favorável à agricultura, com crescimento do volume exportado e dos preços.

O levantamento do IBGE indica que a expansão de 3,2% nos setores associados à agricultura – que exerce maior peso na agroindústria - superou a dos vinculados à pecuária, cujo aumento foi de apenas 1,6%. “O grupo inseticidas, herbicidas e outros defensivos para uso agropecuário apresentou forte acréscimo (46,6%), por conta, principalmente, do aumento da produção de soja, cana-de-açúcar e milho, lavouras intensivas no uso destes produtos”, informou o instituto.

Segundo a pesquisa do IBGE, os fatores ligados ao bom desempenho da economia, crescimento da safra agrícola e aumento do consumo interno também “contribuíram para a expansão da renda do setor e para o investimento em máquinas e equipamentos agrícolas (que cresceu 43,5%); adubos e fertilizantes (10,3%); e rações (7,5%)”.

Já o baixo crescimento da pecuária (1,6%), está, segundo o IBGE, diretamente ligado “ao embargo às exportações brasileiras de carne bovina pela União Européia, que impactou negativamente a produção de derivados de carne bovina e suína, levando o setor a fechar o semestre negativo em -3,7%”.

Quando analisado em bases trimestrais, os dados do IBGE mostram que a agroindústria apresentou resultados positivos nos dois primeiros períodos de 2008. Após crescer 6,1% no primeiro trimestre, o setor desacelerou no segundo (2,8%), por conta da redução do ritmo de crescimento da agricultura - que passou de 6,9% para 0,8%, enquanto a pecuária mostrou movimento inverso (de –1,0% para 4,4%).

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, também pesquisado pelo IBGE, estima para este ano safra recorde de 143,6 milhões de toneladas de grãos – resultado 7,9% superior ao de 2007, quando foram produzidas 133,1 milhões de toneladas. Nesse caso, o destaque foi a produção de soja, milho e arroz, que representam cerca de 90% da safra.

Na avaliação do IBGE, o avanço das exportações está diretamente ligado “ao crescimento mundial do consumo de alimentos, impulsionado pelo bom desempenho das economias dos países em desenvolvimento, a produção de biocombustível, a elevação dos preços internacionais dos produtos agropecuários e a crescente inserção dos produtos brasileiros nos mercados externos.”
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil

Clima favorável nas áreas de plantio de soja nos Estados Unidos provoca baixa de preço 07.08.08

07.08.08

São esperadas chuvas fracas e temperaturas um pouco mais baixas nas áreas ao norte e a leste do Meio-Oeste americano.

Os sinais de clima favorável nas áreas de plantio de soja nos Estados Unidos voltaram a dominar a atenção dos investidores ontem e puxaram nova baixa do preço da commodity. São esperadas chuvas fracas e temperaturas um pouco mais baixas nas áreas ao norte e a leste do Meio-Oeste americano, cenário benéfico para o desenvolvimento do grão. A liquidação de papéis pelos fundos de investimento manteve-se como destaque, embora, durante os negócios, a cotação da oleaginosa tenha registrado alta. Na bolsa de Chicago, os contratos de soja com vencimento em setembro recuaram 26,50 centavos de dólar, para US$ 12,59 por bushel. No mercado interno, o preço da saca de 60 quilos caiu 2,06%, para R$ 43,31, de acordo com o índice Cepea/Esalq.
fonte: Valor Econômico

Brasil e Estados Unidos discutem como transformar o etanol em commodity 06.08.08

06.08.08

O interesse comum para que o etanol possa ser comercializado como uma commodity foi um dos temas discutidos ontem (5) entre o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o subsecretário de Energia dos Estados Unidos, Jeffrey Kupfer. As commodities são produtos primários negociados no mercado internacional.

No entanto, o subsecretário não sinalizou a possibilidade de o governo americano reduzir ou eliminar as tarifas para importação do etanol brasileiro, mas disse que o assunto está sendo discutido internamente e com outros países. Segundo ele, a cobrança da tarifa foi prorrogada pelo Congresso americano até 2010, apesar de o orçamento apresentado pelo presidente George Bush não prever essa prorrogação.

Lobão lembrou que, assim como o Brasil, os Estados Unidos pretendem manter uma política cada vez mais intensa na produção de biocombustíveis. Segundo ele, os Estados Unidos deverão produzir cerca de 34 bilhões de litros de etanol a base de milho este ano e a produção brasileira deve chegar a 23 bilhões de litros, extraídos de cana-de-açúcar.

“Os dois países têm interesse de que essa política sirva a todos os países. Daqui para frente, os contatos serão cada vez mais estreitos, para que possamos afinar as duas políticas na medida em que essa convergência atenda aos interesses dos dois lados”, afirmou o ministro.

Kupfer ressaltou que tanto os Estados Unidos como o Brasil têm interesse que o etanol se torne uma commodity. Para tanto, os dois países estão investindo também na produção de biocombustíveis de segunda e terceira gerações, que não é baseada em alimentos como matéria-prima. “É importante que essa produção continue se expandido em todo o mundo”, acrescentou.

“Temos uma defesa forte dos biocombustíveis, temos metas ambiciosas e estamos estudando como cumprir essas metas no futuro. As tarifas do etanol e suas implicações vão continuar a ser discutidas no nosso país”, assegurou.

O encontro dos ministros foi uma primeira conversa para que os dois países estabeleçam uma política de troca de experiências no setor energético. Kupfer disse que o Brasil é considerado um líder em muitas áreas no setor energético. “Nós temos muito a aprender com as experiências brasileiras e há muitas áreas nas quais podemos aprender um com o outro”, afirmou o subsecretário.
Fonte: Sabrina Craide, repórter da Agência Brasil

Agricultores da FETRAF ocupam outra fazenda de Dantas no PA 06.08.08

06.08.08

Belém - A fazenda Rio Cristalino, arrendada pela agropecuária Santa Bárbara, empresa pertencente ao grupo do banqueiro Daniel Dantas, foi invadida por 600 agricultores no começo da semana passada. A ocupação da propriedade localizada em Santana do Araguaia, no sul do Pará, só se tornou conhecida hoje em razão de a empresa ter entrado com liminar de reintegração de posse na Justiça. Porém, o pedido ainda não foi despachado pela Vara Agrária de Marabá. O clima é tenso na área e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) prometeu que a propriedade não será desocupada tão cedo.

A Santa Bárbara teme que os agricultores destruam o pasto onde estão mais de 50 mil cabeças de gado. A Fetraf acusa a empresa de pressionar as famílias que ocupam desde o ano passado uma parte da fazenda a deixar as terras. Fazendeiros que também possuem negócios na área, alugando suas terras para grandes grupos criadores de gado, defendem a retirada dos invasores e ameaçam utilizar milícias armadas para expulsá-los da região. A polícia informa que só irá para o local se receber ordem do Comando-Geral da Polícia Militar (PM), em Belém.

A fazenda de 140 mil hectares, hoje com parte de suas terras dividida entre assentados, invasores e fazendeiros, já pertenceu à Volkswagen. No começo da década de 90 foi descoberta a existência de urânio em uma área da imensa propriedade.

O líder estadual da Fetraf, Francisco Carvalho, avisa que os sem terra irão resistir à eventual retirada das famílias. Para ele, a solução é a desapropriação total da fazenda para assentamento dos agricultores. A Santa Bárbara, por meio de sua assessoria, informou que embora não seja a dona da fazenda, ingressou com a ação judicial para garantir a permanência de seu gado nas pastagens.

Carajás

Das 18 fazendas compradas e arrendadas no Pará pela Santa Bárbara, duas estão invadidas. A primeira foi a Maria Bonita, no dia 25 de julho, em Eldorado dos Carajás. A Vara Agrária de Marabá determinou a desocupação, mas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) alega que ainda não foi notificado. "Ninguém pretende sair", disse o coordenador estadual do MST, Ulisses Manaças.
Fonte: Carlos Mendes, Agência Estado, com o Observatório

Travando votações na Câmara, ruralistas arrancam mais benefícios do Ministério da Fazenda 06.08.08

06.08.08

O Ministério da Fazenda concordou em ampliar de cinco para dez anos o prazo de pagamento dos débitos dos produtores rurais que já foram inscritos na Dívida Ativa da União. A informação foi dada ontem pelo deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), relator da Medida Provisória 432, que trata da renegociação das dívidas dos produtores.

Heinze reuniu-se na segunda-feira (04) com o secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda, Gilson Bittencourt. No entanto, segundo o parlamentar, não houve acordo em relação aos juros. A MP 432 prevê a correção da dívida pela taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13% ao ano, e o relator propõe que ela seja de 6,75% ao ano.

Heinze alega que, ao passar da situação de inadimplente para a de inscrito na Dívida Ativa da União, o débito do agricultor aumenta muito. "Queremos negociar um desconto nos juros e multas, para que fique um valor pagável pelo agricultor", disse o deputado. Ele acrescentou que apresentará emenda à MP 432 propondo alteração no prazo de pagamento. Heinze disse que esperava poder fechar, ainda ontem (05), com o governo um acordo em torno das taxas de juros.

O líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), que também participou do encontro na Fazenda, argumentou, no entanto, que a redução da taxa de juros colocaria o agricultor que não pagou o seu financiamento na mesma condição de quem pagou em dia. Por isso, segundo Fontana, o governo não concorda em mudar a correção prevista, que é pela taxa Selic.

O líder confirmou que o governo concorda em ampliar para dez anos o prazo de pagamento do débito inscrito na dívida ativa. Ele disse que não vê motivos para que a MP 432 não seja votada hoje na Câmara.
Fonte: Renata Veríssimo, Agência Estado, com o Observatório

Plenário discute MP da Dívida Agrícola nesta quarta

Luis Carlos Heinze apresentou seu relatório e recomendou a aprovação de 120 emendas.

O Plenário acompanhou nesta terça-feira (05) a leitura do relatório do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) para a Medida Provisória 432/08, que renegocia cerca de 85% da dívida dos agricultores brasileiros. Das 555 emendas apresentadas, ele considerou que 120 são adequadas do ponto de vista orçamentário e financeiro.

Por acordo de lideranças, os deputados começarão a discutir a matéria em sessão extraordinária convocada para esta quarta-feira (6), às 9 horas. Pela manhã, a Frente Parlamentar da Agricultura fará uma reunião para discutir o texto.

Segundo o deputado Heinze, devido a diversos fatores climáticos e econômicos desde 2004 o Legislativo participou de negociações de vários tipos de dívidas. "Esta MP não será uma solução definitiva, mas já é um grande avanço para milhares de agricultores brasileiros, inclusive para os inscritos na dívida ativa da União", afirmou.

Em relação a esses agricultores, Heinze lembra que há cerca de 31 mil operações cujos mutuários têm até mesmo o CPF inutilizado, o que inviabiliza a venda das terras para pagar dívidas junto aos bancos.

Custeio
O relator anunciou que as dívidas de custeio para todo o Brasil tiveram os juros anuais diminuídos de 8,75% para 6,75% a partir da edição da MP. Os juros para dívidas com recursos livres também foram abaixados de diversos patamares para 10,5% ao ano a partir da MP.

Os recursos livres são os captados pelos bancos para complementar a parcela mínima fixada pelo Banco Central para aplicação em crédito rural, e atendem principalmente os grandes produtores, que precisam de recursos muito volumosos.

Estiagem
Outros pontos das negociações já divulgados anteriormente também foram confirmados por Heinze, como a concessão de nove anos de prazo final para pagamento das dívidas de agricultores do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul atingidos pela estiagem de 2005.

Cerca de 360 municípios de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul também terão esse mesmo prazo. Para o restante do Brasil, o prazo geral sobe de cinco para sete anos.

Investimento
Luis Carlos Heinze esclareceu ainda que o agricultor que prorrogar o prazo para a quitação de um financiamento de máquinas não poderá contrair novo empréstimo para compra de máquinas agrícolas, mas poderá obter crédito para investimento em correção de solo, por exemplo.
Fonte: Agência Câmara, com o Observatório

Sai medida provisória prorrogando dívida agrícola

A edição de ontem (05) do Diário Oficial da União traz a prorrogação da Medida Provisória 432, que trata da renegociação de R$ 75 bilhões dos R$ 87,5 bilhões da dívida dos agricultores com a União. Por falta de acordo para votação, a MP está trancando a pauta da Câmara dos Deputados.

Com a prorrogação, a MP, “que institui medidas de estímulo à liquidação ou regularização de dívidas originárias de operações de crédito rural e crédito fundiário” teve a validade estendida até 9 de outubro, mesmo sem votação da matéria pelos parlamentares.

O Diário Oficial também traz a prorrogação da MP também que reduz a zero a alíquota do PIS/Pasep e da Cofins para a farinha de trigo, para o trigo e para o pão comum, editada pelo governo no mesmo data da MP da dívida agrícola e que também depende de votação do Congresso Nacional.
Fonte: Agência Brasil, com o Observatório

Secex define critérios para cotas de exportação de frango à UE 06.08.08

06.08.08

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) publicou ontem (05) no Diário Oficial da União uma portaria definindo critérios para a distribuição das cotas por empresa para exportação de carne de frango e de peru para a União Européia (UE). A medida regulamenta a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), que reconheceu o direito do Brasil de exportar para a UE até 342.584 toneladas de peito de frango e peru por ano sem pagamento de imposto de importação no mercado europeu.

Para sistematizar a distribuição dessas cotas entre as empresas exportadoras, a Secretaria de Comércio Exterior estabeleceu que, entre 1º de outubro de 2008 e 30 de junho de 2009, a concessão dos Certificados de Origem obedecerá os limites fixados para cada trimestre. Noventa por cento da cota trimestral será distribuída entre os atuais exportadores proporcionalmente ao que cada empresa exportou entre julho de 2005 e junho de 2008 em relação ao total das exportações brasileiras neste período. Os outros 10% ficarão como reserva técnica para distribuição entre os exportadores que entrarem no mercado europeu.

Pela portaria, encerrado cada trimestre, o saldo não utilizado na reserva técnica será distribuído no trimestre seguinte entre os exportadores de forma proporcional às suas vendas para a União Européia. Para o período compreendido entre 1º de julho e 30 de setembro deste ano, a concessão de Certificados de Origem obedecerá à ordem de apresentação dos pedidos dos exportadores para respeitar os contratos vigentes. A decisão sobre os critérios de repartição da cota livre de Imposto de Importação foi aprovada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) no início de julho. (Renata Veríssimo)
Fonte: Valor Econômico

Financiamento para a agricultura empresarial subiu 41% em 2007/08 06.08.08

06.08.08

Em tempos de inflação de alimentos, preços agrícolas sustentados e elevação dos custos de produção agrícola, a demanda por crédito rural está em alta. Os empréstimos para o segmento empresarial do setor rural cresceram 41% na safra 2007/08, concluída em julho passado. Entre as razões para o "boom" de crédito estão a taxa de juros negativa e a nova fase de investimentos em máquinas e implementos agrícolas.

O desembolso recorde para o segmento empresarial somou R$ 65,06 bilhões, situando-se 12,2% acima da meta de R$ 58 bilhões, segundo dados informados pelos bancos e recém-compilados pelo Ministério da Agricultura.

Um dos principais motores para a superação das cifras iniciais, anunciadas em 2007, foi a inédita expansão de 256% nos desembolsos da linha de capital de giro do Banco do Brasil destinada à agroindústria. A aplicação de recursos, feita com juros livres acima de 20% ao ano, chegou a R$ 11,16 bilhões.

As empresas do setor usaram essa linha para financiar as vendas de insumos a prazo e as compras antecipadas e à vista da produção rural. "Vivemos um momento de boas oportunidades para as commodities agrícolas no mercado externo. Isso tem levado o produtor a buscar alternativas de crédito", afirma o secretário-interino de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos.

O governo prevê um forte aumento na demanda nesta safra, que começa a ser plantada em setembro. O orçamento de R$ 65 bilhões deve ser novamente superado, segundo as previsões. Um dos motivos é o recuo nos empréstimos feitos por tradings do setor. Com alguns problemas de caixa na safra passada, em razão das fortes oscilações de preços das commodities nos mercados futuros, as tradings têm feito uma seleção mais rigorosa dos potenciais clientes. "Vamos entrar neste nicho antes ocupado por estas empresas e encurtar o caminho ao produtor", afirmou o executivo de um banco oficial.

Os empréstimos para a safra 2007/08 também evidenciam um aumento na participação dos recursos com juros subsidiados pelo Tesouro Nacional. A explicação está na elevação das exigibilidades, fatia de 25% sobre os depósitos à vista que os bancos são obrigados a emprestar ao setor rural. No total, esses financiamentos somaram R$ 41,4 bilhões na safra passada, um resultado 37% superior ao aplicado no ciclo 2006/07 e 9,4% acima da meta de R$ 37,85 bilhões. No caso da poupança rural, em que os bancos federais e cooperativos têm de aplicar 65% da captação no rural, os desembolsos foram 10% menores, mas a aplicação relativa cresceu 29% no período.

Os empréstimos dos programas de investimento administrados pelo BNDES cresceram 31% na comparação com a safra anterior, passando de R$ 2,89 bilhões para R$ 3,8 bilhões. Mesmo com o desembolso relativo abaixo da meta, significa a volta dos produtores às compras. "É um indício de que os produtores voltaram a ficar capitalizados e a usar mais tecnologia no campo", analisa José Maria dos Anjos.

Na outra mão, a agricultura familiar decepcionou. Foram aplicados apenas 67% do total previsto para a safra passada. Dos R$ 12 bilhões, saíram efetivamente dos cofres R$ 8,02 bilhões. Mesmo assim, a aplicação foi 2,2% superior aos R$ 7,84 bilhões do ciclo 2006/2007.

Na soma dos segmentos empresarial e familiar, o desempenho ficou 28% acima da safra anterior e foi 4,6% superior ao previsto no anúncio do Plano de Safra de 2007/08. Da meta de R$ 70 bilhões, foram aplicados R$ 73,24 bilhões, um volume bem acima dos R$ 57,15 bilhões da safra 2006/07.
Fonte: Valor Econômico, com o Observatório

Sem crédito, plantio de soja no Brasil será de "última hora" 06.08.08

06.08.08

Diante das incertezas sobre o futuro da economia americana e dos efeitos nas commodities agrícolas, a safra brasileira mostra-se com uma única convicção: será "de última hora".

O primeiro levantamento da Safras & Mercado sobre o ciclo 2008/09 no Brasil mostra que até sexta-feira passada foram comercializados antecipadamente 7% da colheita prevista de soja, percentual que em 1º de agosto de 2007 era de 21% e, na média dos últimos 5 anos, 10%.

A restrição de crédito por parte de tradings, que financiam sobretudo o plantio no Centro-Oeste, é apontada como um dos principais fatores para o "atraso" na negociação.

Estimativa da Agroconsult prevê que as tradings vão oferecer 28,5% menos crédito nesta safra de soja que, por conta da alta nos custos de produção, precisará de 39% mais dinheiro para realizar a mesma área do ciclo anterior. "As tradings estão sendo afetadas pela menor disponibilidade de crédito internacional", afirma Flávio França Júnior, da Safras & Mercado.

Em 40 dias começa o plantio em alguns estados e ainda não se sabe quanto dos insumos necessários já foram adquiridos, segundo Marcelo Duarte, diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), estado que responde por cerca de 30% da oferta da oleaginosa no Brasil.

"O dinheiro está escasso. Acreditamos que na última hora o produtor vai comprar um pouco de adubo com a renda do milho safrinha e plantar a mesma área com menor uso de tecnologia", acrescenta Duarte.

O levantamento da Safras & Mercado mostra que até 1º de agosto Mato Grosso tinha comercializado antecipadamente 18% da safra de soja 2008/09, ante os 37% do mesmo período de 2007.

Em Goiás, o recuo foi de 20% para 6% e, em Mato Grosso do Sul, de 15% para 4%. Somente Mato Grosso demandou na safra passada 2,7 milhões de toneladas de adubo, segundo a Aprosoja. O volume é mais do que tudo o que foi vendido no Brasil no primeiro semestre deste ano para a safra de verão.

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) dos 11,5 milhões de toneladas comercializadas de fertilizantes, 2 milhões foram antecipações para soja e milho.

"As trocas de soja verde por insumos estão baixas porque a volatilidade de preços está muito alta dos dois lados. O produtor da safra de verão comprou adubo antecipado com o que sobrou de dinheiro com venda de grãos no começo do ano, já com receio da maior alta no preço do fertilizante", avalia Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda.

Apesar do cenário de crédito escasso e queda nos preços da soja no mercado internacional, a consultoria Céleres apurou que o plantio do grão no Brasil será 5,2% maior, de 22,395 milhões de hectares.

"Nos surpreendemos no Paraná, com produtor trocando milho por soja. Além disso, mesmo com os preços em queda, aos níveis de 13,29 centavos de dólar por bushel, o produtor de Sorriso (MT) tem rentabilidade líquida de 10%. Se a produtividade for de 55 sacas por hectare. Se o grão continuar dando margem, na última hora o produtor tira leite de pedra e planta", acredita Anderson Galvão, da Céleres.
Fonte: Gazeta Mercantil

Conab estima crescimento de 8% na produção de grãos no País 06.08.08

06.08.08

A produção nacional de grãos está estimada em 142,42 milhões de toneladas, superior à colhida na safra anterior, em 8,1% (10,62 milhões de toneladas), segundo levantamento realizado em julho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Desse total, 96,8% (137,90 milhões de toneladas) são produzidos na safra de verão e os 3,2% (4,53 milhões de toneladas) restantes são da safra de inverno.

A soja e o milho, primeira e segunda safras, contribuíram para o incremento total da produção com 70,9% (7,56 milhões de toneladas). Todas culturas de verão tiveram incremento, quando comparadas à safra anterior.

O aumento foi reflexo das boas condições climáticas e ao uso de tecnologia. A exceção fica para a cultura de feijão primeira safra, que reduziu a produção em 19,9% (311,3 mil toneladas) em razão da diminuição da área plantada em 15,8% (246,7 mil hectares) motivado pelos baixos preços do produto na safra passada e pela redução de 4,8% na produtividade, ocasionado pela baixas precipitações pluviométricas, seguidas de estiagens prolongadas e baixas temperaturas ocorridas no inicio da implantação da cultura nos principais Estados produtores.
Fonte: Invertia

Minc e Stephanes acertam as bases do plantio de cana na Amazônia e no Pantanal: quem já planta, não sai 05.08.08

05.08.08
Não será permitida plantação de cana-de-açúcar na Amazônia e no Pantanal. As exceções serão as áreas de três usinas já instaladas nos estados do Acre, do Amazonas e do Pará, e uma com projeto aprovado no estado de Roraima, além das regiões do planalto pantaneiro onde já existem plantações há mais de 10 anos e em áreas degradadas.

A decisão foi tomada ontem (4) à noite, após mais de duas horas de reunião entre os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Agricultura, Reinhold Stephanes. Minc considerou o resultado do encontro para tratar do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar “bom para todo mundo”.

“Estamos preservando, com esse acordo, o bioma amazônico e pantanal, não quebrando a produção já existente e colocando restrições que vão fazer com que ela se adeque à defesa do bioma, e não o contrário”, afirmou, após o encontro, realizado no gabinete de Stephanes.

No planalto pantaneiro apenas será permitido o plantio direto, sem uso de máquinas ou agrotóxicos. Na planície, será proibido qualquer tipo de plantio de cana-de-açúcar. A intenção, segundo os ministros, é diminuir erosões e o assoreamento dos rios.

Segundo Minc, a fiscalização dessas áreas precisa ser feita em conjunto, “porque uma coisa é a filosofia do acordo e outra é o ‘cumpra-se’ do acordo”.

Stephanes disse que o texto do acordo será encaminhado ao Palácio do Planalto para que seja analisado e depois tomadas as medidas necessárias a sua execução, o que pode levar até um mês.

Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Leilão de energia conta com termelétricas a biomassa de bagaço de cana e resíduos de aves 05.08.08

05.08.08

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) habilitou 96 usinas termelétricas, movidas a biomassa de bagaço de cana e resíduos de aves, para o Leilão de Energia de Reserva, que será realizado no dia 14 deste mês. Segundo a EPE, a capacidade de geração dos empreendimentos é de 5,2 mil megawatts, mas o volume de energia que pode ser negociado na licitação totaliza 2,1 mil megawatts médios.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) havia divulgado uma relação de 89 empreendimentos aptos a participar da disputa, mas, de acordo com a EPE, como o leilão foi adiado do dia 30 de julho para 14 de agosto, outras empresas entregaram os documentos necessários para a habilitação. As empresas ainda deverão depositar as garantias, para participar do leilão.

A disputa vai possibilitar a contratação de energia de reserva gerada à do bagaço e da palha de cana-de-açúcar, resíduos vegetais e rejeitos de aves. A energia, que será entregue a partir de 2009 e 2010, servirá para aumentar a segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional.

O Estado de São Paulo concentra a maioria das usinas habilitadas para o leilão – 54, que vão oferecer um total de 2,6 mil megawatts de potência.

A Aneel também divulgou ontem (4) a lista das 166 empresas aptas a depositar garantias para participar do 6º Leilão de Energia Nova, marcado para 19 de agosto. A participação no leilão será confirmada com o depósito das garantias, que pode ser feito até quarta-feira (6).

O leilão, que vai negociar, pela internet, contratos de comercialização de energia com início de suprimento em janeiro de 2011, é destinado a novos empreendimentos de geração, projetos de ampliação de usinas existentes e empreendimentos de importação de energia. O preço-teto inicial será de R$ 150 por megawatt-hora.
Fonte: Sabrina Craide, repórter da Agência Brasil

O Brasil acionará Estados Unidos sobre subsídios ao algodão e taxa sobre etanol 05.08.08

05.08.08

O Brasil está se preparando para entrar com uma ação contra os Estados Unidos no que considera subsídios ilegais e outras barreiras comerciais depois do fracasso da Rodada Doha de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, na semana passada.

"O tempo está passando", disse Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, ao Financial Times em sua primeira entrevista depois de regressar das negociações fracassadas. "Nosso entendimento com os EUA foi bom durante todo o processo e nunca chegou a asperezas. Mas eles fornecem o maior número de subsídios no mundo, o que nos afeta, portanto teremos de encontrar com eles nos tribunais."

Em junho a OMC deu parecer favorável a uma queixa do Brasil de que Washington não havia feito o suficiente para remover subsídios ilegais aos seus produtores de algodão, abrindo caminho para que o Brasil solicitasse autorização na OMC para mais de US$ 1 bilhão em sanções de retaliação sobre o setor de serviços e de direitos autorais dos EUA.

Amorim disse que o Brasil ainda preferia não entrar com a ação, mas que essa agora é a única opção.

No final da semana passada, o presidente Luis Inácio da Silva telefonou para o presidente George W. Bush dos EUA, em uma tentativa de reativar a Rodada Doha. "Foram conseguidos muitos avanços para o Brasil e outros países e seria errado ver isso se perder," disse um integrante da equipe do Presidente brasileiro ao FT.

A medida parece refletir uma proposta de Susan Schwab, a representante de Comércio dos EUA, de continuar o diálogo em questões individuais cobertas durante a rodada. Embora Amorim tenha afirmado que não rejeitaria nenhuma proposta dos EUA, descreveu tal iniciativa como "excesso de otimismo".

"Não tenho qualquer problema com o fato de eles quererem oferecer um acordo parcial que coloque um limite sobre seus subsídios", disse. "Mas os países querem o poder de dizer não a algumas coisas para conseguir o que querem. Não acredito que (os acordos parciais) funcionem em um sistema como o da OMC".

Além de medidas retaliatórias sobre os subsídios americanos ao algodão, o Brasil deve preparar uma ação legal contra as tarifas de importação dos EUA sobre o etanol brasileiro de 54 cents o galão, que Amorim descreve como "discriminatória".

Amorim também disse que o Brasil e o Canadá prepararam uma ação conjunta contra os EUA sobre subsídios em geral. "Isso estava andando em câmara lenta e agora será acelerado", afirmou.

O Brasil anteriormente optou por não adotar retaliação contra os subsídios dos EUA ao algodão na esperança de que o sucesso na conclusão da Rodada Doha produzisse reduções que incluíssem todas as categorias de subsídios dos EUA que afetam as exportações de algodão, etanol e outros produtos agrícolas.

Mas Amorim disse que o fracasso das negociações levaria a um aumento no protecionismo em vez da esperada redução.

O setor agrícola brasileiro expandiu-se fortemente nos últimos anos e o país tornou-se o maior produtor e exportador mundial de vários alimentos assim como de commodities industriais. Teria muito a ganhar com a conferência de Doha e exerceu um papel de liderança nas conversações, fazendo uma série de concessões na esperança de conseguir um acordo multilateral.

Mas a disposição do Brasil de reduzir barreiras sobre bens manufaturados não se equiparou à de outros países em desenvolvimento, em particular a Índia. "Talvez um ou dois de nossos parceiros precisem compreender que vão perder por não ter sido fechado o acordo," disse Amorim.
Fonte: Jonathan Wheatley, do Financial Times, em São Paulo
Tradução: Claudia Dall'Antonia

Quarto leilão do boi pirata é transferido para o próximo dia 12 05.08.08

05.08.08

O diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel, disse que o quarto leilão do boi pirata, que ocorreria hoje (5), será realizado no dia 12 de agosto. Segundo ele, o adiamento deve-se a uma liminar que proíbe o deságio de R$ 3,1 milhões para R$ 1,4 milhão no valor das cerca de 3 mil cabeças de gado apreendidas na Estação Ecológica Terra do Meio, no Pará.

Montiel não descartou, no entanto, a possibilidade de o governo não conseguir vender o gado. Nesse caso, segundo o diretor, os animais poderiam ser abatidos e carne seria destinada a programas sociais. “Há possibilidade de fazermos uma permuta com alguns frigoríficos que venham a se interessar pelo gado, na qual a carne seria distribuída nos bancos de segurança alimentar dos programas Território da Cidadania e Fome Zero. Isso é uma maneira que a gente tem de buscar uma destinação social para esse gado."

Nesse caso, assinalou Montiel, os frigoríficos não receberiam nenhuma forma de pagamento e o ganho seria a responsabilidade social.

Em relação às condições do gado apreendido, Montiel disse que os animais estão com saúde e há pasto para eles se alimentarem no local.

A reportagem da Agência Brasil esteve na Estação Ecológica da Terra do Meio e verificou que o gado sofre com a estiagem. A equipe de repórteres visitou três dos dez pastos da fazenda. Num deles, avistou uma concentração de urubus. No local, também havia duas carcaças de animais.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Pecuarista diz que fazendeiro não compra gado pela internet 05.08.08

05.08.08

São Félix do Xingu (PA) - O pecuarista Nicácio Cabral de Menezes, de Água Azul do Norte, no Pará, tem uma explicação para o fracasso dos três leilões para a venda do gado apreendido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) durante a Operação Boi Pirata, realizada em junho, na Estação Ecológica da Terra do Meio, no sudeste do Pará.

“Fazendeiros não compram gado pela internet, porque nada substituiu um olhar mais apurado e minucioso”.

Para o pecuarista, se o gado do Ibama estivesse no recinto do leilão seria mais fácil vender. “Eles não conseguem vender na reserva justamente por falta de estrada, falta de comunicação”, disse.

Segundo ainda o pecuarista, “se o gado estiver magro é preciso recuperá-lo antes de iniciar uma longa viagem. Se soltar o gado na estrada no estado em que se encontra, poderá morrer mais da metade por causa da seca. Então é preciso deixar o gado pelo menos 90 dias em boas pastagens. E a retirada do rebanho terá de acontecer até dezembro, porque depois os rios enchem e fica quase impossível a sua travessia no rio Bala - saída da reserva -, e em outros rios no percurso de 300 quilômetros até chagar em São Félix do Xingu”.

A internet na região é precária, e segundo usuários da internet, para enviar uma mensagem a demora é de até duas horas, quando consegue.

“Apenas os jovens e adolescentes têm paciência e tempo para ficar na frente de um computador tentando usar a internet”, desabafa Beatriz Rodrigues Silva, que estava em uma lan house (estabelecimento comercial onde as pessoas pagam para utilizar um computador com acesso à internet) em São Félix do Xingu, tentando enviar mensagem para os filhos em Goiânia.

O vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de São Félix do Xingu, José Wilson Alves Rodrigues, confirma que não tem como os pecuaristas da região participarem de leilão virtual. “Quem tem acesso à internet aqui é banco, que possui torre própria”, disse Rodrigues, acrescentando que na cidade tem apenas algumas pequenas torres com acesso para cinco internautas, que são disputadas por 500 pessoas.

Mas não é apenas a precariedade para o uso da internet que explica o fracasso do leilão virtual das 3.146 rezes. O preço e as péssimas condições da estrada também dificultam a venda do gado aprendido, segundo pecuaristas da região.

Um leilão de gado realizado neste final de semana no Tartesal - recinto de leilões de animais -, do Sindicato dos Produtores Rurais de São Félix do Xingu, mostrou que houve uma queda nos negócios de compra e venda de gado. Das 750 cabeças ofertadas em 44 lotes, apenas 280 foram vendidas. Os dois terços restantes - 470 rezes - não tiveram compradores, apesar de todo o esforço do leiloeiro Antônio Magno para estimular os compradores, ao enaltecer a qualidade superior de alguns lotes do rebanho.

O preço médio dos bezerros desmamados vendidos no leilão foi de R$ 450, enquanto o preço das novilhas foi de R$ 630 e o preço médio de uma vaca ficou em R$ 731. Já o boi magro para engorda foi vendido por R$ 790.

Para Élder Dias de Mendonça, da Xingu Leilões, a queda no volume de negócios foi provocada pela baixa no preço do boi gordo, que caiu de R$ 80 a arroba em junho para R$ 68 à vista ou R$ 70 com prazo de pagamento de 30 dias.

A queda no preço é apontada como outra dificuldade para a venda do gado apreendido pelo Ibama. Mesmo com a redução do preço mínimo de três milhões de reais para R$ 1,4 milhão para o leilão virtual de todo o rebanho, um preço médio que está um pouco abaixo de R$ 500 por cabeça de gado, a distância e a precariedade da estrada não anima os compradores.

Apesar de o preço mínimo do Ibama estar abaixo do que é praticado no mercado, o vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais garante que os pecuaristas não estão boicotando o leilão.

“Não há boicote, os pecuaristas da região são habituados a comprar gabo bovino indo às fazendas ou aos leilões em recintos próximos às cidades e do local para onde vai o rebanho. Para vender essa quantidade de gado - 3.146 cabeças -, é preciso dividir o rebanho em vários lotes, de acordo com a idade, sexo, tamanho e padrão genético”, explica Rodrigues.

Ele garante ainda que nenhum pecuarista tem pasto suficiente para colocar todo o gado à venda na fazenda. “Separando por lotes, cada um compra o tipo que deseja e a quantidade que necessita”, sugere o dirigente do sindicato dos produtores ruais.
Fonte: Lourival Macêdo, repórter da Rádio Nacional

Minc diz que leilão do boi pirata dependerá de conversa com desembargadores 05.08.08

05.08.08

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o próximo leilão das cerca de 3 mil cabeças de gado apreendidas na Estação Ecológica Terra do Meio, no Pará, dependerá da conversa que terá quarta-feira (6) com desembargadores federais. “Nós vamos mostrar nessa conversa com os desembargadores federais que estamos seguindo a lei”, afirmou.

Minc está confiante numa solução rápida para a questão. Para ele, o alto valor do preço mínimo exigido foi a causa do fracasso dos três leilões realizados até agora. Entretanto, o ministro ressaltou que o objetivo principal da Operação Boi Pirata está sendo cumprido.

“O objetivo dessa operação era retirar 30 mil cabeças de gado que estavam devastando a unidade de conservação. Cerca de 20 mil foram retiradas, ou seja, a operação foi um sucesso. Mas essa retirada provocou uma quebra no preço do gado dessa região. Então, no primeiro leilão não vendeu, pois estava muito acima do preço praticado, no segundo também não, e no terceiro tinham cinco compradores. Só não foi vendido porque um juiz federal deu, no sábado à noite, uma liminar dizendo que o preço de mercado era o primeiro preço do primeiro leilão.”

Na primeira tentativa de leilão, foi exigido R$ 4,9 milhões como preço mínimo. No leilão seguinte, o valor inicial foi R$ 3,1 milhões. Na terceira tentativa, o Ibama tentou reduzir o preço mínimo para R$ 1,4 milhões, mas uma liminar impediu o deságio. O quarto leilão, que ocorreria hoje (5), foi cancelado.

Minc reconheceu, entretanto, que a venda dos animais apreendidos é necessária. “É importante também vender esse gado, até para custear essa operação e outros programas, como, por exemplo, o de proteção a terras indígenas em unidades de conservação”. Segundo cálculo do Ibama, até o dia 18 de julho os gastos com a operação tinham sido de R$ 721.733,92.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Petrobras Biocombustível diz que norma da ANP não muda planos de usar mamona 04.08.08

04.08.08

Veja mais abaixo:
Brasil Ecodiesel diz que também seguirá usando mamona para biodiesel

A Petrobras Biocombustível afirmou, em nota, na sexta-feira passada (01.08) que a Resolução n.º 7, publicada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), não afetará nem a produção de biodiesel nem os planos da subsidiária para o setor.

Sobre as informações veiculadas na imprensa de que a resolução da ANP vedaria a utilização, no Brasil, do biodiesel produzido a partir da mamona, a Petrobras Biocombustível esclareceu que a intenção da empresa sempre foi a de usar, inicialmente, misturas de até 30% de óleo de mamona como matéria-prima. “O uso de 30% de óleo de mamona na produção de biodiesel atende integralmente à nova especificação da ANP”, garante a Petrobras Biocombustível.

De acordo com a empresa, algumas propriedades importantes serão inclusive “melhoradas” pela adição da mamona como matéria-prima. A subsidiaria explica que a adição de 30% de óleo de mamona ao óleo de soja melhora a qualidade do biodiesel produzido, enquadrando o produto nas exigências da norma européia, o que possibilita a exportação para regiões frias do continente.

“Para viabilizar misturas nesta proporção, somente para Usinas de Candeias – inaugurada na terça-feira (29) –, Quixadá e Montes Claros (que deverão ser inauguradas em agosto), seriam necessárias 49 mil toneladas, mais do que todo o óleo de mamona produzido no Brasil na safra de 2007”, garante a nota.

Segundo o comunicado, a dificuldade para o uso de mamona na produção de biodiesel atualmente não ocorre pela viscosidade do B100 (100% de biodiesel) de mamona ou por qualquer outra de suas propriedades físicas ou químicas. “É conseqüência da baixa disponibilidade desta oleaginosa no mercado, uma vez que a indústria do óleo paga pelo óleo de mamona um valor acima do que seria hoje viável, economicamente, pagar para o segmento de combustíveis”.

A resolução da ANP traz como anexo um Regulamento Técnico que estabelece as especificações técnicas para o biodiesel puro (B100), comercializado no Brasil, para mistura posterior ao óleo diesel na proporção de 3% (B3).

Segundo a resolução, “para dois dos 22 parâmetros citados pela ANP – massa específica (densidade) e viscosidade – foram estabelecidos limites que impediriam a utilização do biodiesel de óleo de mamona puro”.

“A Petrobras Biocombustível deixa claro que continuará a produzir biodiesel a partir de mamona, diante da inexistência de qualquer restrição técnica que impeça esta atividade”, finaliza a nota.
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil


Brasil Ecodiesel também diz que Resolução da ANP nõ inviabiliza uso da mamona para biodiesel

Diz a nota da Brasil Ecodiesel, també distribuína na sexta-feira passada (01.08) que:

- A resolução da ANP altera alguns parâmetros, mas não inviabiliza a produção de biodiesel feito a partir desta oleaginosa.

- A Brasil Ecodiesel entende que o mercado de biodiesel de mamona continua sendo viável e promissor, através do uso de um mix de oleaginosas, estratégia que é um dos pilares do negócio da companhia. Esta postura sempre foi adotada pela empresa, a fim de evitar a dependência de uma única matéria-prima, resguardando-se de eventuais variações de mercado, bem como da competição com o setor alimentício.

- Ainda que a soja seja a base para a produção das seis fábricas da Brasil Ecodiesel espalhadas pelo país - por ser a principal matéria-prima disponível no mercado em escala comercial -, a empresa associa outros tipos de óleos para compor a sua produção de biodiesel. Além da mamona e do girassol, a companhia presta especial atenção ao pinhão manso, oleaginosa com características semelhantes à mamona que vem sendo estudada pela Brasil Ecodiesel há quatro anos. A empresa adquiriu recentemente três novas fazendas, onde cultiva o pinhão manso e intensifica os estudos sobre esta oleaginosa;

- Embora enfrente desafios climáticos no mundo todo, o potencial de crescimento do mercado brasileiro de mamona para utilização na produção de biodiesel é significativo. Para atender à nova especificação, é necessário que o óleo de mamona seja misturado a outro tipo de óleo vegetal numa proporção entre 20% e 30%, obtendo um biodiesel de excelente qualidade, ainda mais considerando suas melhores características de elevada estabilidade oxidativa, baixo índice de iodo, alta lubricidade, baixo ponto de congelamento e ponto de entupimento de filtro a frio, além de elevado número de cetanos.

- Atualmente, são produzidas cerca de 150 mil toneladas de mamona por ano no Brasil, o que seria suficiente para produzir cerca de 70 mil toneladas de óleo. Para atender a demanda do B3 (3% de biodiesel adicionados ao diesel mineral), serão necessários 1,3 bilhões de litros de biodiesel no país, os quais poderiam ser produzidos com até 350 mil toneladas de óleo de mamona, representando um mercado potencial de aproximadamente 750 mil toneladas de mamona por ano, o que ilustra o tamanho do mercado que ainda pode ser explorado.

- Considerando que tal crescimento poderá ocorrer na região do semi-árido, com produtividade média de 800 kg/ha, a produção brasileira de mamona poderia ser expandida para uma área adicional de cerca de 750 mil hectares, o que representaria até 300 mil novas famílias incluídas no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), com renda adicional de pelo menos R$ 600 milhões.

A Brasil Ecodiesel destaca ainda que a mamona foi a base da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e apresentou-se como iniciativa fundamental para a inclusão do agricultor familiar na cadeia de produção industrial, principalmente no Nordeste brasileiro. A companhia acreditou e investiu nesta proposta ao estruturar uma cadeia integrando milhares de trabalhadores rurais pelo país e segue confiando nesta oleaginosa para aliar desenvolvimento econômico e social.

Fonte: Fabiana Castro, CDN

Ruralistas exercem pressão e Governo muda regras para renegociação de dívidas 04.08.08

04.08.08


A bancada ruralista quer ampliar os benefícios da repactuação de R$ 76 bilhões em débitos de 3,8 milhões de contratos.

O governo decidiu publicar novas normas de renegociação das dívidas rurais, mais benéficas aos produtores, somente após a aprovação do relatório da medida provisória na Câmara dos Deputados. Os líderes ruralistas esperam votar a MP na próxima semana, mas ainda não há garantia de presença de parlamentares no Congresso em razão das atividades nas eleições municipais.

O governo justifica a estratégia como uma forma de evitar "surpresas" no texto do relator, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS). A bancada ruralista tem exercido forte pressão para ampliar os benefícios da repactuação de R$ 76 bilhões em débitos de 3,8 milhões de contratos. "As conversas estão muito boas, mas vamos esperar o texto do relator", disse o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. O deputado Heinze afirmou "estranhar" que as medidas não tenham sido aprovadas na reunião de quinta-feira do Conselho Monetário Nacional (CMN). "Foi uma manobra do governo para votarmos a MP somente com os pontos acordados", disse.

O acordo complementar à quarta renegociação geral das dívidas rurais prevê um prazo adicional de dois anos para o pagamento das operações de custeio prorrogado em safras anteriores no Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Seriam beneficiados outros 100 municípios do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina em situação de emergência ou calamidade reconhecida pelo governo. O complemento também permitiria aos bancos ampliar de 30% para até 60% a rolagem das operações de investimentos em cada Estado. Também haveria permissão para novos empréstimos de investimentos em solos, irrigação e pastagens, o que foi proibido pela MP. Seriam elevados, ainda, de cinco para dez anos o prazo de rolagem para saldos inadimplentes nos programas Pesa, securitização, Funcafé, Prodecer e cacau, além dos débitos lançados na dívida ativa da União. Nesse caso, os juros cairiam de Selic para 6,75% ao ano e seriam aplicados bônus de 30% a 45%, sem a multa de 20%.

Na reunião de quinta-feira, o CMN não avaliou o acordo com os ruralistas, mas autorizou o BNDES a operar seus programas de investimento com regras do ano-safra anterior (2007/08) até a publicação das novas normas. O objetivo é evitar a interrupção ou paralisia nos financiamentos da próxima safra (2008/2009).

O CMN também esclareceu as regras do Prodeagro, cujo limite coletivo de financiamento foi fixado em R$ 750 mil - o individual segue em R$ 250 mil. Para o Moderfrota (máquinas), o CMN estendeu a ampliação dos prazos de pagamento também para equipamentos usados, que serão de quatro anos. No Pronaf (agricultura familiar), o conselho ratificou aos bancos que deve ser aplicada a menor taxa de juros em caso de financiamentos com mais de uma fonte de recursos.
fonte: Valor Econômico

Custos de transporte caem com trem tomando lugar de caminhão em Santos 04.08.08

04.08.08

Duas locomotivas arrastam os 73 vagões carregados de grãos até o corredor de exportação, na Ponta da Praia, no porto de Santos (SP). O apito estridente da máquina vai abrindo caminho por entre carretas e gente. O vaivém dos trens tem se tornado mais freqüente, e a predominância da frota de até 13 mil caminhões diários na área portuária parece ameaçada.

A Portofer, uma minicompanhia ferroviária responsável por distribuir os vagões pelo porto de Santos, bate recordes de movimentação e, depois de viver dias de completa inoperância, dá mostras de que pode resolver um dos maiores gargalos do maior complexo portuário do país: a dependência do caminhão.

A volta das ferrovias é importante, principalmente ante a perspectiva do governo Federal de ampliar a capacidade de movimentação de carga em Santos para além de 200 milhões de toneladas.

Números inéditos divulgados pela ALL (América Latina Logística) --responsável pelas operações da Portofer-- e pela MRS Logística indicam crescimento de 30% no volume de carga entregue no porto sobre os ombros dos trens.

De janeiro a junho de 2007, a operadora movimentou 6,8 milhões de toneladas dentro de Santos. No primeiro semestre deste ano, o volume de carga manobrada pela Portofer deve ter ultrapassado os 8,8 milhões de toneladas. O número ainda é aproximado devido ao balanço semestral da ALL, que será divulgado nos próximos dias.

A MRS elevou a movimentação em Santos de 1,6 milhão para 1,8 milhão de toneladas do primeiro semestre de 2007 para o mesmo período em 2008. Já a ALL registrou aumento no transporte de carga de 5,2 milhões de toneladas para cerca de 7 milhões.

Trânsito

O novo cenário ferroviário em Santos indica tendência de redução ainda mais forte da participação dos caminhões na divisão das cargas que cruzam o porto.

A nova perspectiva pode aliviar a atual situação caótica do trânsito em São Paulo, por onde passam todos os caminhões que rumam para o porto de Santos. Cada vagão de trem carrega o equivalente a três caminhões com capacidade de 30 toneladas ou dois bitrens, veículos de até nove eixos que entopem o corredor da avenida dos Bandeirantes.

Dados da Codesp (Companhia Docas de São Paulo), a administradora do porto de Santos, também confirmam a tendência de mudança da matriz de transportes que serve o porto. No primeiro semestre de 2007, passaram pela área portuária 38,8 milhões de toneladas em carga; entre os itens, soja, milho, celulose, fertilizante, adubo, contêineres.

No ano passado, a participação da ferrovia no transporte desse volume alcançou 17,6% do volume total. Considerada a primeira metade de 2008, segundo dados obtidos com exclusividade pela Folha, o transporte ferroviário já alcançou a marca de 23,6%, seis pontos percentuais a mais do que o mesmo período de 2007.

Baixo investimento

O espaço tomado na matriz de transporte que serve o porto começou a ser quebrado depois de retomados os investimentos. Entre 2006 e 2008, um aporte relativamente modesto para os benefícios deu um novo impulso para a Portofer.

Foram R$ 32 milhões aplicados basicamente na recuperação da malha ferroviária. Desses, R$ 9 milhões serão usados ainda neste ano, 90% na recuperação de trilhos e dormentes.

"Em 2008, começamos a fazer os investimentos na malha portuária. Demorou porque primeiro tínhamos que fazer as composições chegarem ao porto", diz Felipe Figueiredo Gonçalves, gerente da Portofer.

O novo ciclo de investimento ferroviário, agora orientado para o porto, pode sustentar a migração da carga para a ferrovia.

O principal projeto em andamento, patrocinado pelos recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal), é a reforma dos oito quilômetros da via Perimetral da margem direita. A nova via expressa do porto vai finalmente segregar a linha do trem das avenidas.

O investimento é de R$ 58 milhões. Para a Portofer, que disputa espaço na área portuária com os caminhões, a nova estrutura oferecerá ganhos ainda nem mensurados. O principal será a possibilidade de permitir que trens carregados com soja ou com açúcar sigam para os terminais ao mesmo tempo, por linhas diferentes. Hoje, isso ainda não é possível. Quando estamos operando no terminal açucareiro, os trens carregados com soja ou milho não podem alcançar os armazéns no fim do porto", afirma Gonçalves.
Fonte: Agnaldo Brito, da Folha de S.Paulo

Argentina acena com concessões ao Brasil 04.08.08

04.08.08

Às vésperas da visita do presidente Luiz Inácio da Silva ao país, a Argentina acenou com mais um sinal de paz ao Brasil, para tentar provar que o fracasso da Rodada Doha da OMC não criou tensão entre os dois países, e liberou a exportação de 900 mil toneladas de trigo, cujas vendas ao exterior estão restritas desde o fim do ano passado.

Apesar de o destino do produto não ter sido anunciado, é certo que grande parte vá para o Brasil, principal mercado do trigo argentino, que importa da Argentina 70% do que consome. A regularização das exportações de trigo é pedido constante do Brasil nas reuniões sobre o comércio bilateral.

A liberação do lote faz parte de uma série de troca de favores dos governos dos dois países para tentar abaixar a poeira após as divergências dos dois aliados tradicionais na Rodada Doha.

O trigo era o que a Argentina poderia oferecer em troca da visita de Lula, que chega no domingo com uma missão de empresários que pretendem investir no país e com uma promessa de empréstimo para a recém-reestatizada Aerolíneas Argentinas.

A própria presença de Lula é vista como um presente, no momento em que a presidente Cristina Kirchner acaba de sair de uma crise com o setor agropecuário.

Outra "oferta" argentina ao Brasil foi o aumento dos impostos sobre as exportações de farinha de trigo, de 10% a 18%, já que a indústria brasileira acusava os moinhos argentinos de dumping. Apesar do clima de "deixa pra lá", o vice-chanceler, Victorio Taccetti, afirmou ao jornal "Crítica" que "pode haver mais aspereza" nas relações entre os países.
Fonte: Adriana Küchler, Folha de São Paulo, de Buenos Aires

Exportação não ganha qualidade com crescimento das vendas de produtos agrícolas 04.08.08

04.08.08


Por diversos fatores que vão desde o real valorizado, custos de infra-estrutura e não conseguir industrializar os produtos básicos que exporta, o Brasil vive a dicotomia de liderar mundialmente a exportação dos principais produtos agropecuários --desde 1998 garantiu receitas próximas de US$ 400 bilhões-- e não conseguir dar um salto de qualidade nessas mesmas exportações, informa reportagem de Mauro Zafalon, publicada na edição de ontem (03, domingo) da Folha de São Paulo (a íntegra da reportagem está disponível
aqui para assinantes do UOL e do jornal).

O texto aponta que essa situação provoca uma desaceleração no crescimento de receita das vendas e impede investimentos e criação de empregos de melhor qualidade.

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, aponta um descompasso entre o que é produzido no campo e a produtividade na indústria. "Somos muito eficientes e muito produtivos na agricultura, mas não somos tão eficientes e tão produtivos nos bens industrializados, embora o país tenha melhorado", afirma.

Balança

As vendas de produtos básicos para o exterior, como soja, petróleo e carnes ajudou a garantir o recorde nas exportações brasileiras alcançado até julho deste ano. As exportações de produtos básicos cresceram 47,9% nos sete primeiros meses do ano, enquanto as vendas de industrializados avançaram 16,3%.

Esses recordes foram puxados, principalmente, pelo aumento de preços no mercado internacional.

As importações brasileiras continuam crescendo mais que as exportações. Mas houve uma desaceleração dessa tendência no mês passado. A taxa de crescimento das exportações passou de 24,4% para 27,2% no acumulado do ano entre os meses de junho e julho. Na mesma comparação, a taxa de importações subiu menos, de 51,8% para 52,1%.
Fonte: Folha Online

Cosan prevê recorde de exportações de etanol em 2008/09 04.08.08

04.08.08


A Cosan, maior grupo brasileiro de açúcar e etanol, divulgou na ontem (31) que espera um recorde nas exportações de álcool em 2008/09 (maio-abril), sendo que metade do volume comercializado terá como destino o mercado dos Estados Unidos.

As exportações de etanol da Cosan devem responder por 25 por cento da produção projetada para a temporada, em comparação com menos de 20 por cento nos últimos anos, afirmou o vice-presidente comercial da Cosan, Marcos Lutz.

"Este (aumento nas exportações) é uma mudança estrutural. Estamos construindo relações com parceiros internacionais, nas quais garantimos fornecimento constante, relações além do mercado físico", disse Lutz durante uma teleconferência para jornalistas.

A Cosan S.A., subsidiária da Cosan Ltd, anunciou um prejuízo de 5,3 milhões de reais (3,39 milhões de dólares) no quarto trimestre, entre fevereiro e abril, devido à queda nos preços do açúcar e do aumento de custos. No ano passado, a empresa teve lucro de 164,7 milhões de reais no mesmo período.

As exportações de álcool do centro-sul brasileiro foram estimadas em 5 bilhões de litros nesta temporada, contra 3,1 bilhões de litros em 2007/08, principalmente devido à forte demanda norte-americana.

O Brasil, maior exportador mundial de açúcar e álcool, encontra-se na metade de uma colheita recorde de cana na qual as usinas dão preferência à produção de álcool, frente ao pequeno retorno financeiro oferecido pelo açúcar.

A Cosan manteve os planos anunciados anteriormente sobre investimentos de usinas de etanol fora do país, mas informou que provavelmente vai esperar pela definição da tarifa aplicada sobre o produto nos EUA antes de tomar qualquer decisão.

"Existe uma pressão crescente da população norte-americana contra a tarifa do etanol. Então precisamos ter cuidado para não tomarmos um passo que pode não ser tão interessante no futuro", afirmou o vice-presidente da Cosan, Paulo Diniz.

Ele citou como exemplo as usinas de desidratação no Caribe. Graças ao acordo comercial da Iniciativa da Bacia do Caribe (CBI, em inglês), a região é isenta de uma tarifa de 54 centavos de dólar por galão aplicada pelos EUA às importações de álcool. Aproveitando esta vantagem, diversas companhias brasileiras construíram usinas na região.

As empresas enviam regularmente álcool hidratado para países como El Salvador e Jamaica, transformam o combustível em álcool anidro e exportam o produto para os EUA com isenção de tarifa. Atualmente, a Cosan realiza este tipo de operação por meio de parcerias.

"Em um ano de eleição (presidencial) nos EUA, é prudente esperar um pouco para ver o que vai acontecer no cenário político antes de tomar decisões de muito longo prazo", acrescentou Lutz.

Após uma série de aquisições de usinas nos últimos anos, Lutz disse que a Cosan ainda avalia possíveis compras no Brasil.

"É prudente estar bastante preparado para oportunidades que podem aparecer no Brasil, também. As usinas que hoje estão em situação financeira delicada podem eventualmente ser alvos fáceis", disse Lutz.

A Cosan recentemente entrou no setor de distribuição de combustíveis após adquirir os ativos dos postos de abastecimento da Exxon Mobil no Brasil.
Fonte: O Globo Online

Fundos retiraram US$ 1,7 bilhão e provocaram forte queda nos preços de grãos em julho 01.08.08

01.08.08

Os futuros de soja, milho e trigo, as commodities agrícolas mais negociadas do planeta, confirmaram as expectativas e encerraram julho com fortes quedas e cotações médias mensais inferiores às de junho na bolsa de Chicago, de acordo com cálculos do Valor Data baseados nos contratos de segunda posição de entrega, normalmente os que apresentam maior liquidez.

Após iniciarem julho em alta e permanecerem assim nas primeiras sessões do mês, os preços perderam parte do suporte em meio às reações à turbulência de bancos centrais de diversos países - inclusive o americano Fed, encarregado de gerir o epicentro da crise e seus reflexos sobre o dólar, determinante para as commodities exportáveis.

As reações fortaleceram previsões de contenção da demanda global e "devolveram" fundos de investimentos a aplicações que perderam terreno para as commodities nos últimos dois anos, para cobrir posições ou em busca de uma maior segurança.

Com isso, segundo o banco UBS AG, na semana passada os fundos de índices retiraram US$ 1,76 bilhão dos mercados de futuros agrícolas. Foi a quinta semana seguida de redução de apostas, que estava no início quando os grãos ainda subiam no começo de julho - a soja atingiu sua máxima histórica em Chicago no dia 7, menos de duas semanas depois de o milho bater recorde - em decorrência de adversidades climáticas em áreas produtoras dos EUA.

Em Chicago, as quedas mais fortes de soja, milho e trigo foram na terceira semana do mês, também influenciadas pelas perspectivas de melhoria do clima sobre as lavouras americanas. Na última semana, o clima voltou a ser altista e houve alguma recuperação, sobretudo no caso do milho, mas os patamares de cotações seguem bem abaixo dos picos.

Quem acompanha de perto esses mercados, como Antonio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja, ou Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro e da FGV, acreditam que as máximas do ano devem ter ficado para trás. É que tudo indica que as fortes oscilações de preços prosseguirão, mas em torno de um eixo um pouco menos elevado, ainda que muito superior ao nível médio histórico.

Entre as agrícolas de Chicago, o milho registrou as maiores quedas em julho. No mês (comparação entre os fechamentos de 31 de julho e 30 de junho), a baixa foi de 17,66%. Na relação entre as médias mensais de julho e junho, a retração chegou a 7,74%, apesar das valorizações do início e do fim do mês. A soja perdeu 12,75% em julho, e a média mensal foi 0,39% inferior à registrada em junho, de acordo com o Valor Data.

As duas commodities, especialmente a soja, seguem ligadas ao petróleo, a mais negociada de todas as commodities. Na bolsa de Londres, os contratos futuros de primeira posição de entrega do Brent registraram baixa de 11,34% em julho, mas o preço médio no mês ainda foi 0,61% superior ao de junho.

Com as cotações de petróleo, milho e soja pressionadas, entre outras, o índice Jefferies-Reuters CRB, composto por 19 commodities, registrou o maior tombo mensal em 28 anos, segundo o "Financial Times". No mês, a queda foi de 10,01% em março de 1980, diante de outro cenário de desaceleração econômica global, a retração foi de 10,5%.

Na comparação de médias, as perspectivas são de que as variações negativas do petróleo sejam maiores em agosto (em relação a julho), já que o mês começa com as cotações em patamar bem inferior. O mesmo raciocínio também vale para o comportamento de soja e milho, desde que o clima no Meio-Oeste dos EUA não piore tanto a ponto de motivar novas disparadas nos mercados.

"O impacto do declínio dos preços das commodities na inflação global será significativo", disse Marcel Cassard, do Deutsche Bank, ao "Financial Times". O jornal informa que o Lehman Brothers também prevê queda do petróleo, mas alerta para o fato de que Goldman Sachs, Merrill Lynch e Barclays Capital permaneçam com cenários altistas para o produto.

A cautela tem fundamento, afirma Sartori, da Brasoja, uma vez que o nervosismo e as grandes oscilações continuam. A perda de fôlego dos preços parece ser mesmo o cenário mais provável, mas "tudo pode acontecer", conforme o analista. Em Chicago, a aposta na baixa é mais segura no caso do trigo, que traça uma curva descendente independente sob o impacto de projeções de que a oferta superará a demanda nos EUA.

Em Nova York, as chamadas "soft commodities", com giro financeiro menor, também continuam a sofrer o efeito da maior influência dos fundos na formação de preços, ainda que os fundamentos estejam recuperando espaço.

Para o algodão, as expectativas são de valorização. Apesar da baixa demanda global pela pluma, que pressionou as cotações em julho, Fernando Martins, operador da Newedge em Nova York, afirma que a saída dos fundos de investimentos da commodity poderá abrir espaço para futuras altas das cotações do algodão. "O mercado está analisando qual o caminho de soja e do milho para se posicionar em algodão".

O açúcar, cujo preço médio em julho foi 21,48% maior que o registrado em junho, também segue sustentado pela expectativa de déficit global a partir de 2009, com a redução drástica da produção da Índia.

Conforme Rodrigo Costa, também da Newedge, boa parte dos produtores indianos migrou para os grãos, cujos preços estão mais atraentes, afirmou . O mix mais "alcooleiro" da safra de cana no Brasil e a maior demanda pelo combustível também ajudam oferecer suporte ao açúcar.

Ambos (algodão e açúcar) guardam relação com o petróleo e seguirão sob sua influência. No açúcar, o contágio decorre da paridade com o álcool, concorrente direto da gasolina no algodão, da concorrência da pluma com os fios sintéticos. "Se o barril ficar abaixo de US$ 110, essas commodities poderão ser mais afetadas", diz Martins.

Para as demais principais commodities agrícolas transacionadas pelo Brasil no exterior, fatores ligados aos fundamentos têm se mostrado fortes, apesar da "financeirização". No café, os traders estão de olho na safra brasileira no suco de laranja, nos efeitos da temporada americana de furacões e no cacau, na África e na demanda industrial.
Fonte: Valor Econômico

Agricultores familiares já podem ir aos bancos para pegar empréstimo do custeio da safra 01.08.08

01.08.08

Os agricultores familiares já podem procurar, a partir de hoje (1º), as instituições financeiras para iniciar as operações de custeio da safra 2008/09. Serão R$ 7,3 bilhões destinados a esse fim, de um montante de R$ 13 bilhões que compõem o Plano Safra Mais Alimentos.

Segundo o coordenador de crédito do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Mauri José de Andrade, todas as medidas administrativas foram finalizadas no início desta semana, quando o Ministério da Fazenda publicou portarias autorizando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco Cooperativo Sicredi e o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) a realizar as operações de crédito.

Para ter acesso ao financiamento, o agricultor deve estar habilitado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “O produtor deve ter a declaração de aptidão ao Pronaf, que é um documento que o enquadra como público-alvo. O principal requisito é que ele tenha uma renda bruta anual de, no máximo, R$ 110 mil”, afirmou Andrade.

Os créditos de investimento devem ser liberados a partir do dia 15 de agosto, quando os agentes financeiros já terão seus sistemas adaptados às novas linhas de financiamento. A meta é que a agricultura familiar obtenha um ganho anual de produção de 18 milhões de toneladas.

“A característica da agricultura familiar é de responder rapidamente a estímulos que visem ao aumento da produtividade. Como o plano todo está focado em produzir mais alimentos, as linhas de investimentos, que proporcionarão ao produtor uma melhoria da infra-estrutura, farão com que, já a partir da próxima safra, haja esse aumento da produção”, estimou o coordenador.

Antes de ir aos bancos, Andrade aconselha os produtores a procurar auxílio de técnicos para definir a melhor forma de financiamento e investimento. “O mais recomendável é que o produtor busque auxílio na Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural], porque, numa conversa com o técnico, os dois chegarão a definições de qual será a melhor composição produtiva da sua propriedade, em função do que ele já possui hoje e qual seria o melhor investimento”, explicou.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil

Câmara dos EUA estende benefício tributário que também favorece o Brasil 01.08.08

01.08.08

Por conta de uma manobra legislativa do democrata Charles Rangel, de Nova York, a Câmara dos Representantes (deputados federais) dos Estados Unidos aprovou na terça-feira a extensão por mais um ano de um benefício tributário pelo qual o Brasil exportou US$ 3,5 bilhões para o país no ano passado. O valor representa 13,5% do total das exportações brasileiras para os EUA em 2007.

A Casa aprovou por unanimidade a extensão por mais um ano do SGP (Sistema Geral de Preferências), que vence em dezembro e dá isenção de tarifa a mais de 4.500 produtos de mais de 130 países considerados em desenvolvimento. O Brasil é o quarto maior beneficiado, e os principais setores contemplados são autopeças, madeira e material elétrico.

Agora, a proposta chega ao Senado, onde enfrenta resistência do republicano mais graduado do poderoso comitê de Finanças, Charles Grassley. Representante do agrobusiness norte-americano, principalmente dos produtores de álcool a partir de milho, Grassley acha que hoje em dia países como Brasil e Índia subvertem o sentido original da medida, de 1974, que era ajudar economias ainda em dificuldades.

A extensão, no entanto, conta com o apoio de pesos pesados democratas, como o senador Max Baucus, de Montana, que é presidente do comitê e vê o SGP com bons olhos. Hoje, o partido de oposição tem uma maioria frágil, de 51 votos a 49 votos, se incluído o democrata independente Joe Lieberman.

Acredita-se, assim, que uma solução conciliatória seria aquela Casa referendar a extensão, mas diminuir seu prazo para seis meses, até o fim de junho de 2009. Dessa forma, a renovação ou não do privilégio e a exclusão ou não de países e produtos já se dariam com um novo presidente na Casa Branca. Espera-se que a votação saia no máximo até o fim de setembro.

No começo do ano, a extensão era dada como morta. Sua aprovação contou com a simpatia de Charles Rangel, que é presidente do comitê de Modos e Meios da Câmara e agilizou a medida ao colocá-la no bojo de outra lei, o acordo de livre comércio dos EUA com a República Dominicana, manobra comum no Congresso.

Desde o fim do ano passado, o deputado e sua equipe e outras lideranças do Congresso dos EUA receberam visitas de várias entidades comerciais do Brasil e dos EUA, entre elas a Fiesp, assim como de diplomatas da Embaixada do Brasil em Washington, num esforço coordenado para "vender" a necessidade de extensão do benefício e agilizar a aprovação.

Um dos principais argumentos usados nessas missões é o do que as empresas americanas acabam se beneficiando do SGP tanto quanto as brasileiras. Cálculos apontam que metade dos US$ 13,5 bilhões exportados para os EUA se deu intra-empresas -ou seja, com filiais brasileiras vendendo produtos para matrizes americanas.
Fonte: Sérgio DÁvila, correspondente da Folha de São Paulo em Washington

Usineiros querem recorrer à OMC sobre tarifa de álcool 01.08.08

01.08.08

Objetivo é questionar taxas de exportação estipuladas pelos EUA e pela UE

Presidente da associação dos usineiros não descarta via litigiosa, mas diz que opção seria a última, por ser cara e demorada

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) deve pedir ao governo brasileiro, em setembro, que o Itamaraty requisite consulta na OMC (Organização Mundial do Comércio) a respeito das tarifas que incidem sobre o álcool exportado pelo país. O presidente da entidade, Marcos Jank, afirmou que, se a questão não for resolvida, outra opção é o litígio, com a abertura de painel contra EUA e União Européia -quando começa o "contencioso", no jargão da OMC.

Após o fracasso da Rodada Doha, para a Unica restam agora três caminhos não-excludentes: diálogo entre governos, em caráter permanente; aumento da presença física nos EUA, na UE e na Ásia, articulando-se com grupos favoráveis à redução tarifária; e a via litigiosa. Seu presidente avalia, porém, que essa é a última opção, pois um contencioso "não é um caminho fácil": é caro, leva tempo -dois anos, com otimismo- e, freqüentemente, "ganha-se e não se leva", ou seja, é necessário impor retaliações.

Segundo Jank, apesar de sempre priorizar a negociação e o diálogo, a instituição começou estudos sobre a causa após a aprovação recente da Lei Agrícola nos EUA -que elevou os subsídios domésticos para agricultores americanos. O economista lamentou o fracasso da Rodada Doha e afirmou que "o mundo saiu perdendo". Ele avalia que nenhum acordo bilateral vai resolver subsídios agrícolas e medidas antidumping. "A OMC é insubstituível e precisa ser fortalecida."

Tanto na consulta quanto no litígio, a Unica precisa solicitar ao governo que a represente na OMC. Mas os custos com assessoria jurídica, por exemplo, são bancados pelo setor privado e podem, no total, variar de US$ 1 milhão a US$ 10 milhões, dependendo das características do processo. Dois escritórios de advocacia foram contratados, mas a Unica não revela nomes.

Para Jank, se os europeus qualificarem o álcool como "produto sensível" -podendo assim cortar pouco as tarifas-, o Brasil só ficaria satisfeito com uma "megacota" de compensação, mas não quis revelar números. A quantidade oferecida pelos europeus, conforme informações extra-oficiais, manteve-se em 1,5 bilhão de litros de álcool -a mesma de 2006. Ele qualifica a proposta como "inaceitável" porque as exportações do Brasil à UE já beiram esse número, impulsionado pelo mercado sueco.

Para o presidente da Unica, a cota deveria ser estabelecida sobre a estimativa de consumo futuro, e não passado. Ele afirma que é possível prevê-lo baseando-se nas novas leis que estabelecem percentuais crescentes de álcool misturado a outros combustíveis. Jank comentou que, como a agenda do álcool não é mais só de agricultura -envolvendo ainda temas como segurança energética e ambiente-, há possibilidade maior de mudança nas atuais posições protecionistas.
Fonte: Marcela Campos, Folha de São Paulo