Notícias de agosto a dezembro 2009 -Clique no título para ler e para fechar janela
Fracasso de Copenhage aumenta incertezas do agronegócio brasileiro 21.12.09
COPENHAGUE 2009
Mudanças climáticas reduzirão mais de 30% das áreas para plantio de soja
Por Maurício Galinkin
Um estudo de especialistas em Zoneamento de Riscos Climáticos da Embrapa e da Universidade de Campinas (Unicamp), divulgado em 2008, já alertava sobre os impactos dos câmbios climáticos resultantes do aquecimento global do planeta, pelo efeito estufa, nos principais produtos da agricultura brasileira, tanto para a alimentação da população quanto para exportação.
A inação ou o adiamento do combate às suas causas, como resultado do fracasso da Conferência de Copenhage na adoção de um compromisso efetivo dos governos, joga muita sombra quanto ao futuro do agronegócio brasileiro, que enfrentará mudanças significativas e provavelmente fortes perdas de capital investido na produção com a maior probabilidade de ocorrência do aquecimento da Terra previsto pelos cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (conhecido pela sigla IPCC) das Nações Unidas.
O estudo brasileiro citado, que merece ainda mais destaque nesse momento pós-Copenhage, indica que o aquecimento global pode provocar dentro de dez anos (já em 2020) perdas do equivalente a R$7,4 bilhões nas safras de grãos, cifra que passaria a R$ 14 bilhões em 2070. Além disso, haverá uma profunda mudança na geografia da produção, que levará à inviabilização climática do plantio da mandioca no Nordeste e no Semi-árido, em especial, com graves impactos na segurança alimentar da região.
Liderado pelos pesquisadores Eduardo Assad (Embrapa) e Hilton Silveira Pinto (Cepagri/Unicamp), o estudo alerta que a cultura do café terá poucas condições de sobrevivência na região Sudeste - o café arábica deve perder 33% da área de baixo risco em São Paulo e Minas Gerais - e encontrará melhores condições de plantio na região Sul, que ficará menos sujeita às geadas. Esta região também ficará mais propícia ao plantio de mandioca e da cana-de-açúcar, mas não mais à soja devido ao aumento do estresse hídrico.
Entre todas, a soja será a cultura mais afetada, alertam os citados pesquisadores. As regiões ao sul do país e as dos Cerrados nordestinos serão fortemente atingidas, informam. No pior cenário, as perdas podem chegar a 40% em 2070, como resultado da elevação da deficiência hídrica e do possível impacto de veranicos mais intensos. Em 2020, poderá ser registrada uma diminuição da área de plantio classificada como de “baixo risco ao cultivo”, entre 21,62% e 23,59%, com perdas de aproximadamente R$ 4 bilhões. Em 2050 essa redução de área propícia ao plantio de soja pode alcançar entre 29,6% e 34,1%, levando a perdas dos plantadores entre 5,4 e 6,3 bilhões de reais.
Segurança alimentar em alto risco
De acordo com o estudo divulgado no ano passado, o aquecimento global poderá ter bastante impacto na produção brasileira de alimentos. “As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol sofrerão forte redução na região Nordeste, com perda significativa da produção. Toda a área correspondente ao Agreste nordestino, hoje responsável pela maior parte da produção regional de milho, e a região dos cerrados nordestinos -sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia - serão as mais atingidas. Soja e café devem liderar as perdas”.
A publicação “Aquecimento Global e a Nova Geografia da Produção Agrícola no Brasil”, baseada no estudo “Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira”, coordenada pelos pesquisadores Eduardo Assad (Embrapa Agropecuária) e Hilton Silveira Pinto (Cepagri/Unicamp). São Paulo, agosto de 2008, pode ser baixada na nossa seção “Documentos”.
A falta que fazem Estadistas: temos apenas “chefes de Estado”... 21.12.09
Os “líderes mundiais” mostraram sua incapacidade de colocar seus interesses de seus países – especialmente econômicos – acima das necessidades da humanidade. As milhões de pessoas que dependiam de uma decisão ambiciosa que de fato controlasse o aquecimento global foram abandonados à sua própria sorte.
Os 120 chefes de Estado reunidos em Copenhague, na COP15, falharam. Eles colocaram suas prioridades domésticas acima de um compromisso global. E quem vai pagar mais caro são justamente os mais pobres e vulneráveis. “O acordo não é justo, ambicioso, nem legalmente vinculante. Os líderes falharam em evitar o caos climático. Este ano o mundo enfrentou uma série de crises e com certeza a maior delas é a crise de liderança”, diz Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace no Brasil.
Os chefes de Estado abandonaram a COP15 sem declarações públicas e, principalmente, sem cumprir seu mais essencial objetivo: evitar os efeitos perigosos das mudanças climáticas. Um “acordo de Copenhague”, costurado por 30 dos quase 200 países que integram a Convenção do Clima, é fraco e não representa nem um começo do que é necessário para controlar as alterações no planeta. Muitos países da América Latina, da África e pequenas ilhas se recusaram a se associar ao texto, em uma clara demonstração de repúdio.
O tal “acordo” determina que os esforços devem ser feitos para manter o aumento da temperatura em menos de 2°C e coloca algum dinheiro na mesa para começar a ajudar os países mais pobres a se adaptarem ao aquecimento global. Mas falha em seu cerne, ao não determinar uma meta ambiciosa de corte das emissões de gases-estufa. Sem isso, qualquer esforço de adaptação é insuficiente.
O presidente americano Barack Obama afirmou ontem, depois de abandonar a conferência, que o acordo de Copenhague representava a esperança de uma conclusão feliz de negociações que estão apenas começando. Afinal, segundo ele, conseguir um acordo com valor legal é “difícil” e toma tempo.
A questão é que o aquecimento global não espera as vontades e as dificuldades enfrentadas pelos políticos. A justificativa não convence suas vítimas. Longe dos corredores acarpetados de Copenhague, Washington, Genebra, Pequim e Brasília, as populações mais vulneráveis do planeta vão sofrer pela inação desse grupo.
“A cidade de Copenhague foi palco de um crime, com os culpados correndo para o aeroporto perseguidos pela vergonha”, afirma Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace International. “Presidentes e primeiros-ministros tiveram uma chance de uma em um milhão de mudar o mundo para sempre e impedir que o clima entre em colapso. Produziram apenas um entendimento cheio de omissões.”
Um acordo com força de lei, justo e ambicioso precisa ser fechado para controlar as mudanças climáticas. Os países desenvolvidos, que têm a maior responsabilidade, precisam cortar em 40% as emissões de gases-estufa em relação a 1990 até 2020. Os países emergentes também precisam fazer mais, com redução da taxa de crescimento de suas emissões. É preciso zerar o desmatamento das florestas tropicais e criar um mecanismo que financie ações de adaptação e mitigação nos países pobres. Sem nada disso, o mundo sai da COP15 deixando o presente e o futuro da humanidade em perigo.
A sociedade cobrou com propriedade a ida de seus presidentes para lá, para que assumissem posições corajosas. Eles foram, mas cumpriram apenas metade de seu papel. “A ideia de pressionar para que os líderes viessem para cá era justamente criar as condições para que houvesse uma decisão. Decidiram não decidir”, diz Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Eles deveriam ter vindo para cá com uma perspectiva global. Chegaram com os dois olhos virados para seus próprios quintais. Copenhague era o momento de ser ousado, de ter visão global. Comportaram-se como provincianos.”
A reunião de cúpula terminou da mesma maneira que começou, sem metas ambiciosas de corte de emissão, sem recursos financeiros para longo prazo e sem um texto consensual, com força de lei, que assegure seu cumprimento junto à comunidade internacional. “Temos de seguir em frente. Não apenas com marchas nas ruas, mas engajando o setor privado, o movimento social e os governos locais para transformar nossa comunidade e criar mais pressão política nos nossos governantes”, diz Furtado. “Afinal não podemos mudar a ciência, mas podemos mudar os políticos.”
Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil
Países dizem que texto final da cúpula é ilegítimo 21.12.09
21.12.09
Conferência do clima acaba com documento frágil, que não chega a ser adotado Declaração de Copenhague será só um anexo do que foi discutido, sem peso legal e sobre o qual as nações apenas "tomarão nota"
Por Luciana Coelho, Cláudio Ângelo, Enviados especiais da Folha de São Paulo a Copenhague
A conferência do clima de Copenhague morreu ontem lentamente, deixando de legado um documento político frágil e de propostas vagas que nem sequer conta com a adesão de todos os 192 países participantes dos 13 dias da reunião.
Sem o consenso, o Acordo de Copenhague não é uma decisão da COP-15, como almejou-se para sua entrada imediata em vigor. Em vez disso, é um anexo às decisões técnicas e regimentais tomadas no evento, de que os países da Convenção do Clima da ONU "tomarão nota".
"Isso é uma carta de intenções, que não define o que fazer em termos legais", declarou Yvo de Boer, o secretário-executivo da convenção, em comunicado que substituiu a prometida entrevista coletiva. "O desafio será transformar aquilo com que concordamos politicamente em algo real." As metas de corte de gases-estufa estão em branco, para serem listadas (individualmente e sem compromisso) em janeiro. Há apenas uma menção a "reduções significativas". A demanda para que o texto ganhe peso legal em 2010 caiu, permanecendo só uma genérica menção à "adoção do resultado" -sem definições aqui.
Por ora, não passa de uma declaração vaga forjada na última hora pelos EUA e pelos quatro grandes países emergentes (Brasil, China, Índia e África do Sul) em uma sala fechada, da qual os demais só tomariam conhecimento na hora de votar.Pior, não cumpre o objetivo central da cúpula que reuniu 119 chefes de Estado e de governo, a maior da história da ONU: limitar o aquecimento global a 2ºC, valor que cientistas veem como limite avançado para evitar consequências calamitosas.O próprio comunicado final da convenção diz que os compromissos assumidos são provavelmente insuficientes para tanto, e que será necessária uma revisão em 2015. Plenária em caosO resultado é, para quem acompanhou lance a lance a arrastada negociação, o reflexo de uma conferência cheia de entendimentos bilaterais ou restritos a poucos participantes, marcada por divergências e interesses domésticos.A plenária final, reaberta por volta das 3h de ontem por Lars Rasmussen, foi dramática.O premiê dinamarquês -que sai do evento como seu maior detrator- apresentou o texto saído da reunião dos emergentes com Obama e interrompeu a sessão para que as outras nações pudessem analisá-lo. Mal bateu o martelo, a plenária foi tomada pelo som de vários delegados dando pancadas na mesa. Pessoas queriam falar."Desculpem-me, não notei, deve ter sido o sono", disse o premiê, e abriu o microfone. Tuvalu foi o primeiro da lista.O negociador Ian Fry, que interrompera a sessão várias vezes ao longo da COP, disse que seu país fora desrespeitado pelo texto, negociado, segundo ele, de forma ilegítima por um grupelho. "Negociações pela mídia podem ser a norma em algumas nações, mas não em um processo democrático."Ao comentar a provisão de finanças para o acordo, de US$ 30 bilhões até 2012, o negociador de Tuvalu foi áspero: "Devo sugerir em termos bíblicos que nos ofereceram 30 moedas de prata para trairmos o nosso povo. Nosso futuro não está à venda". A plenária irrompeu em aplausos. "Lamento informar que Tuvalu não pode aceitar este acordo." Mais aplausos.A representante da Venezuela foi a próxima. Disse que seu país levantava a voz "com indignação" contra acordos feitos sem consulta, sem mandato e ilegítimos. Bolívia, Cuba e Nicarágua deram declarações similares -a última interrompendo duas vezes o americano Jonathan Pershing. Processo implodidoFora da plenária, delegados lamentavam o desfecho. "É um processo que não permite grandes transformações", resumiu Fernando Tudela, subsecretário do Ambiente do México, na noite de sexta à Folha."O que vejo como possibilidade não me deixa nada otimista em nenhum sentido. Se a sociedade civil queria um instrumento ambicioso, este não é juridicamente vinculante e não nos dá nem um mandato."O México será o próximo anfitrião da COP, em dezembro de 2010. Apesar de o presidente Felipe Calderón ter convocado os países a começarem já a trabalhar por um acordo amplo e a elevarem suas ambições, Tudela foi mais soturno."A presidência do México não existe ainda porque não há mandato [no processo]. Se não nos encarregam de nada, o que vamos fazer?". Alguns delegados ouvidos pela Folha nos últimos dias aventaram a hipótese de se adiantar a presidência mexicana para o início do próximo ano, após a desastrada performance da Dinamarca.Mas o estrago das últimas duas semanas feito no Bella Center, o pavilhão que recebeu mais de 40 mil pessoas apesar de ter lotação de 15 mil, foi tão profundo que até essa possibilidade é questionada.Ontem, do lado de fora, na neve, nem os manifestantes ambientalistas sobraram.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2012200901.htm
Frango Assado Norte-americano tem altas taxas de contaminação por bactérias 21.12.09
Alerta é do Consumers Report
Um recente estudo realizado pelo Consumer Reports norte-americano registrou que dois em cada três frangos assados estavam contaminados por bactérias causadoras de doenças, enquanto alguns tipos de frangos orgânicos apresentaram o mais baixo grau de risco de contaminação.
Os pesquisadores analisaram uma amostra de 382 frangos assados inteiros comprados em mais de 100 supermercados, lojas gourmet de alimentos e de produtos naturais, e em grandes comercializadores em 22 estados norte-americanos, e encontraram salmonela ou campylobacterias (a mais conhecida destas é a C.coli) em dois terços dessa amostragem. Essa pesquisa sugere que as atuais práticas de higiene e segurança dentre os produtores dessas aves e seus manuseadores no varejo são inadequadas e que os consumidores precisam ficar atentos, tanto nos supermercados e outros pontos de venda quanto em casa ao manusearem esses frangos, sendo importante que os cozinhem bem e previnam a contaminação de utensílios, das mãos e de outros alimentos.
Ambos os tipos de bactérias estão entre as principais causas de doenças originadas pela ingestão de alimentos nos Estados Unidos da América do Norte, infectando anualmente pelo menos 3,4 milhões de pessoas neste país, das quais cerca de 25,5 mil acabam sendo hospitalizadas. E todo ano até 550 pessoas morrem nos USA por infecções originadas da ingestão de comida contaminada por salmonela e cerca de 100 morrem por contrairem a campylobacteeria, de acordo com os Centros norte-americanos de prevenção e controle de doenças.
Embora uns poucos produtos sejam mais seguros, como os da marca Purdue e frangos orgânicos resfriados, o artigo classifica os revendedores de frangos como “uma indústria muito suja que precisa de melhores práticas e de inspeção governamental mais apertada”.
Na amostra, a campilobactéria foi encontrada em 62% dos frangos assados, enquanto a salmonela estava presente em 14% deles. Nove porcento das aves continha as duas bactérias. Com base nesse estudo, o consumidor norte-americano tem apenas 33% de chance de comprar um frango assado livre dos dois patógenos citados.
As aves mais limpas encontradas na pesquisa foram os frangos orgânicos resfriados a ar – 60% dessa amostra não continham os patógenos. Em geral, as aves são imersas em água gelada contendo cloro. No processo de resfriamento a ar, as carcassas são refrigeradas e podem ser umedecidas, ao invés de imersas, de acordo com o citado estudo.
As marcas de frangos orgânicos estavam completamente livres de salmonela, mas apenas 43% não continham a campilobactéria (ou seja, 57% estavam contaminadas).
Dentre as marcas de frangos mais conhecidas no mercado, a Purdue era a mais limpa, com 56% da amostra livre sod tipos de bacteerias citados.
Enquanto tanto a salmonela quando a campilobactéria são conhecidas por causarem problemas intestinais, a campilobactéria pode levar a meningite, artrite e a síndrome Guillan-Barré, uma grave doença neurológica.
As marcas que registraram maior contaminação foram Tyson e Foster Farms: mais de 80% continham um ou outro dos patógenos pesquisados.
Dentre todas as marcas e tipos de frangos assados amostrados, 68% da salmonela e 60% da campylobactéria encontradas mostraram resistência a um ou mais antibióticos.
Fonte: Consumer Reports magazine: January 2010
Para mais informações, consulte (em inglês):
http://www.consumerreports.org/cro/magazine-archive/2010/january/food/chicken-safety/overview/chicken-safety-ov.htm
Unilever rompe com fornecedor que desmata na Indonésia 21.12.09
Maior empresa produtora de óleo de palma encara denúncias e sofre retaliações de seu principal comprador
A Unilever, empresa que mais consome óleo de palma no mundo, sinalizou nesta semana uma nova postura para a indústria, ao anunciar a suspensão de todas as compras com um fornecedor-chave devido a motivos ambientais. O novo relatório do Greenpeace que levou a decisão da Unilever mostra como as empresas de propriedade e operadas pela Sinar Mas estão envolvidas no desmatamento indonésio e em outras práticas ilegais.
A empresa Sinar Mas, é acusada de desmatamento ilegal e destruição da floresta de turfa na Indonésia, prática que liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. O país está participando da conferência climática da ONU em Copenhague e é o terceiro maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, depois da China e os Estados Unidos.
O anúncio deverá ter profundas implicações para o setor de óleo de palma, já que outras empresas terão de rever suas políticas para se posicionar como ambientalmente responsáveis e evitar sanções semelhantes.
Reagindo à notícia do cancelamento de contrato, o Diretor Executivo Greenpeace Reino Unido, John Sauven, afirmou que a decisão da Unilever pode representar um momento decisivo para a indústria de óleo de palma. “O que vemos aqui é o maior comprador do mundo de óleo de palma utilizando o seu potencial financeiro para retaliar fornecedores que estão destruindo florestas. Isso criou um novo padrão a ser seguido. Grandes corporações que desejam ser vistas como ambientalmente responsáveis devem parar imediatamente de usar produtos de Sinar Mas em suas marcas".
O grupo é a maior companhia de óleo de palma na Indonésia e o segundo maior no mundo. A empresa também é proprietária da Asia Pulp and Paper (APP), o maior produtor de papel da Indonésia. O Greenpeace estima que as emissões de carbono geradas pelo grupo e pelas operações na província de Riau são responsáveis por 113,5 milhões de toneladas de C02 por ano.
Uma série de empresas ligadas a marcas conhecidas utilizam o óleo de palma da Sinar Mas em seus produtos. Dentre elas estão a Nestlé, Kraft e Procter & Gamble. O Greenpeace convoca estas empresas a tomarem a atitude da Unilever como modelo, removendo a Sinar Mas de suas cadeias imediatamente. A pressão também acontece com produtores de óleo de palma, incluindo a Sinar Mas, para que os mesmos apóiem e implementem uma moratória do desmatamento provocado pela exploração de óleo de palma.
Fonte: Greenpeace
Associação dos Supermercados adere a desmatamento zero 21.12.09
No dia de início da COP15, o Brasil ganhou uma importante iniciativa para auxiliar no combate ao desmatamento e na redução da emissão de gases de efeito estufa.
A Associação Brasileira dos Supermercados, Abras, lançou o programa “Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. O programa promete criar condições para que os supermercados participantes ofereçam ao consumidor apenas produtos de frigoríficos que estejam comprometidos com o fim do desmatamento na Amazônia.
O programa também inclui o respeito às leis trabalhistas, indigenistas, de saúde, à legislação ambiental e o não uso de trabalho infantil. Após a adesão ao programa, que deverá ser realizado num prazo máximo de 60 dias, os frigoríficos terão suas unidades de abate avaliadas, e deverão implementar o programa de forma continuada em todos os seus fornecedores, incluindo fazendas de cria e recria de animais.
A ABRAS anuncia que os casos identificados como de não conformidade com o programa sofrerão punições que vão desde a assinatura de um TAC (termo de ajustamento de conduta) até a suspensão do fornecimento. Os frigoríficos que apresentarem boa avaliação receberão um certificado válido por três anos.
A iniciativa acontece seis meses após o lançamento do relatório do Greenpeace “A Farra do boi na Amazônia”, que aponta o setor pecuário como principal vetor de desmatamento da floresta. O Brasil ocupa a quarta posição de maior emissor de gases de efeito estufa no mundo e a principal fonte de emissão brasileira é a destruição da Amazônia.
Em outubro, grandes frigoríficos como a Marfrig, Bertin, Minerva e JBS assumiram publicamente o compromisso de desmatamento zero na Amazônia. ¨Com o lançamento deste programa, a ABRAS também entra nessa briga pelo fim do desmatamento¨, disse Marcio Astrini, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
O programa também tem o potencial de criar uma espécie de guia de consulta aos consumidores, diferenciando os supermercados que assinam o programa dos que não o assinam. Essa lista, segundo a ABRAS, estará publicada em seu site.
Fonte: Greenpeace
Brasil pode sofrer forte epidemia da ferrugem da soja: fungo resiste aos agroquímicos disponíveis 21.12.09
Monitoramento das lavouras de soja revela que a ferrugem asiática, uma das mais severas doenças que atingem esta cultura, já chegou às principais regiões produtoras no Brasil neste início de safra. Segundo levantamento do Consórcio Antiferrugem, sistema de alerta da Embrapa Soja, até o momento foram identificados mais de 100 focos de ferrugem de soja em plantações de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Pesquisadores alertam para a previsão de alta incidência na safra 2009/2010 e a necessidade de manejo adequado para a prevenção e o controle da doença. De acordo com a Embrapa Soja, desde a primeira constatação do problema, em 2001, a ferrugem de soja gerou prejuízos de mais de US$ 13 bilhões aos agricultores brasileiros.
Em condições climáticas favoráveis de desenvolvimento e na ausência de controle, a ferrugem asiática pode causar danos de até 90% no cultivo de soja.
Para Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja, a preocupação é que embora tenha sido realizado o vazio sanitário nos Estados, o inverno desse ano foi muito chuvoso, o que favoreceu a sobrevivência de soja voluntária e com os inóculos da ferrugem. “Nas safras anteriores o inverno seco colaborou para a redução do inóculo do fungo na entressafra, o que não aconteceu neste ano”, diz. Segundo a pesquisadora, os primeiros relatos em lavouras comerciais foram feitos cerca de um mês antes das safras anteriores. “A ferrugem foi observada já nas primeiras lavouras em florescimento, o que pode aumentar bastante o inóculo para os produtores que atrasarem o plantio”, explica Cláudia. Os primeiros focos foram identificados no mês de setembro, sendo a manifestação mais precoce da doença desde as últimas safras.
O mapeamento indica que a ferrugem da soja será mais agressiva na safra 2009/2010, pois a doença é favorecida por chuvas distribuídas em diversas regiões. “A previsão do fenômeno meteorológico El Niño, que se caracteriza por maior precipitação de chuvas, principalmente na região Sul, é outro fator que pode tornar a doença mais severa”, informa.
A pesquisadora explica, ainda, que o problema da ferrugem é que nenhuma safra é similar a outra, e muitas vezes, após algumas colheitas com baixa agressividade da doença, o produtor descuida-se e se esquece do seu potencial destrutivo. “Fungicidas estão disponíveis, mas o momento correto da aplicação é um dos fatores essenciais para um controle eficiente”, ressalta. A recomendação é que o sojicultor monitore a cultura e fique atento às demais lavouras da região, pois o fungo causador da doença dissemina-se facilmente pelo vento.
Conforme demonstrado em estudos recentes do Base Line, programa desenvolvido pela Bayer CropScience para o monitoramento da sensibilidade do fungo da ferrugem da soja a fungicidas, outro aspecto que preocupa os pesquisadores é o fato da nova ferrugem asiática estar mais resistente a alguns fungicidas. Ao contrário de safras passadas, o uso de fungicidas como método de aplicação curativa não apresenta mais sucesso. Sendo assim, não existem mais produtos para este fim disponíveis no mercado. Por isso, o uso de soluções para o controle da ferrugem da soja passa a ser unicamente preventivo e, devido a menor sensibilidade do fungo, os intervalos de reaplicações passam a ser menores. Consequentemente, o número de aplicações pode ser maior nesta safra em relação as safras anteriores.
Os fungicidas mais eficazes para a prevenção e o controle efetivo da ferrugem da soja são agora apenas aqueles à base de mistura de triazóis e estrobilurinas, conhecidos como "misturas". Entre as opções disponíveis no mercado estão o Sphere Max, recomendado para o manejo das doenças da soja na região Sul do País, e o Nativo, indicado para a região Centro-Oeste, ambos da Bayer CropScience.
Fonte: Agronotícias
No apagar das luzes do ano, bancada ruralista passa lei na Câmara 21.12.09
No último dia de trabalho do ano, a Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem um projeto de lei que dá a Estados e municípios autonomia para criar suas próprias leis ambientais. A sessão realizada enquanto o presidente da República Luis Inácio da Silva e vários ministros estavam em Copenhague, é uma vitória incerta de ruralistas tentando revogar o Código Florestal, legislação que impõe limite ao desmatamento em terras privadas.
O PL, aprovado por 317 votos contra apenas 17, segue agora para tramitação no Senado. Se aprovado lá e sancionado pelo presidente -algo em que poucos apostam-, permitiria ao governo de um estado amazônico, por exemplo, aumentar o limite máximo de 20% de desmate.
Recentemente Santa Catarina aprovou sua própria lei ambiental, que está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal.
Além esvaziar o poder do Ibama para fiscalizar o desmatamento em escala nacional, o projeto cria comissões de integrantes do Executivo para arbitrar sobre eventuais conflitos, hoje tarefa cumprida pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Fonte: Folha de São Paulo
É preciso substituir o caduco sistema da ONU 21.12.09
COPENHAGUE 2009/ ANÁLISE
ANÁLISE
Por Marcelo Leite, colunista da FSP
Só se surpreende com o fracasso da cúpula do clima em Copenhague quem alimentava expectativas irracionais sobre o que poderia resultar dali. Tanto as circunstâncias políticas quanto as características estruturais da negociação recomendavam ceticismo. Presente e passado cooperam abertamente pela derrota da atmosfera.A perspectiva de chegar a um novo tratado para enfrentar o aquecimento global foi desanuviada com a eleição de Barack Obama, em 2008. Saía de cena George W. Bush, o maior obstáculo entre chefes de Estado para um acordo que desatasse o nó górdio do superado Protocolo de Kyoto (1997).Os EUA, no entanto, são hoje um país dividido. Além do tema da reforma da saúde, que monopolizou o debate no Congresso americano em 2009, o tema da mudança do clima também polariza a opinião pública do país e sua representação política. Só em 2010 haverá decisão sobre a política doméstica para o setor.O descasamento entre o calendário político dos EUA e o da ONU, que marcava um desfecho para Copenhague, é o menor dos problemas. Não seria a primeira vez que se adia a conclusão de negociações internacionais sobre temas espinhosos. Muito mais séria é a provisão para o fracasso embutida no próprio sistema criado para concertar as ações de 193 países a fim de enfrentar o aquecimento global.O processo multilateral consagrado pela ONU exige decisões por consenso. Em outras palavras, tudo se reduz ao mínimo denominador comum. A atmosfera da Terra, contudo, não espera pela lenta superação de barreiras e pela laboriosa acomodação de interesses características dessas negociações.O longo percurso foi iniciado de fato há mais de 17 anos, com a adoção de um tratado genérico -a Convenção sobre Mudança do Clima- na cúpula do Rio, a Eco-92. Dela resultou o Protocolo de Kyoto, cinco anos depois. Além de mal arranhar o problema das emissões, Kyoto cristalizou uma divisão de responsabilidades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento que não condiz mais com o porte do desafio.No passado, EUA, Rússia, Japão e Europa foram os maiores responsáveis pelo aquecimento. No futuro próximo, serão China, Índia e Brasil. Sem um entendimento entre esses grandes atores, nada se conseguirá em favor do clima.Está na hora de abandonar o bizantino sistema da ONU. É urgente criar um foro dos poluidores que contam e podem realmente decidir alguma coisa, em separado, sem ter de jogar para a plateia ruidosa reunida em Copenhague.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2012200906.htm
Custos de produção da soja caem 17,65% em Mato Grosso 23.11.09
Os custos de produção da safra 09/10 da soja, em Mato Grosso, apresentam queda de 17,65% em relação ao ano passado, mas ainda continuam altos quando comparados aos investimentos realizados em outras regiões do país.
De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), o custo médio de plantio por hectare caiu de R$ 1,7 mil para R$ 1,4 mil. Os cálculos levam em conta itens como insumos (fertilizantes e defensivos), operações agrícolas (mão-de-obra, gradagens, adubação, semeadura, aplicações, colheita, dessecação pós-colheita e outros custos (assistência técnica, armazenamento, etc.)
“Se considerarmos as despesas com o transporte da produção (logística), temos um acréscimo de US$ 100 por tonelada, o que torna os nossos custos de produção os mais altos do mundo”, aponta o diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte Monteiro. Outra variável de peso na composição dos custos são os fertilizantes.
Em uma comparação com outros países produtores, ele diz que nos Estados Unidos os sojicultores desembolsam US$ 61 por hectare em fertilizantes e, na Argentina, os gastos não passam de US$ 38.
“No caso de Mato Grosso, os elevados custos são motivados pelo item fertilizante e, principalmente, pela deficiente estrutura de logística, que consome em torno de 30% de todos os custos da lavoura” (dentro e fora da fazenda), salienta Monteiro.
Segundo ele, no ano passado os custos foram os maiores da história e, em 2010, os produtores vão precisar de um patamar de preços bastante alto pago à saca da soja para tornar a atividade viável.
Os preços atuais, na região de Sorriso – município com a maior área destina à soja do mundo, 600 mil hectares - (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), giram atualmente em torno de US$ 15 a US$ 16. “Por enquanto, o cenário apresenta um empate entre custos e preços no próximo ano”.
CAMPO VERDE – De acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) -, a região de Campo Verde (139 quilômetros ao sul de Cuiabá) é a que apresenta os custos mais elevados de produção para a cultura da soja em Mato Grosso.
Na região, o custo por hectare é de R$ 1.725,81. Os insumos respondem por R$ 881,24, sendo R$ 377,53 com fertilizantes, R$ 338,46 com agrotóxicos e R$ 165,25 com sementes.
Os custos com operações agrícolas chegam a R$ 179,44 e, os custos fixos, R$ 307,34. Outros custos participam com R$ 357,99 na planilha final.
Na lista das quatro regiões onde plantar soja é mais caro em Mato Grosso, aparecem também Sapezal, noroeste estadual (R$ 1.606,59), Sorriso (R$ 1.575,10) e Diamantino, no médio norte (R$ 1.526,29). Nessas quatro regiões, o custo médio é de R$ 1.608,44, ou seja, 14,85% a mais que a média estadual de R$ 1,4 mil.
PLANTIO – A Aprosoja/MT informa que cerca de 85% das lavouras de soja em Mato Grosso já estão com o plantio concluído. Em algumas regiões – como no oeste e médio norte do Estado – há necessidade de replantio da variedade precoce. Segundo Marcelo Monteiro, o replantio não deverá chegar a 5% da área coberta com soja no Estado.
De acordo com estimativas dos produtores, a variedade precoce representa cerca de 30% de todo o plantio de soja, em Mato Grosso, na safra 2009/10.
Levantamento da Aprosoja indica que na última safra a variedade precoce ocupou uma área de 1,71 milhão de hectares, 30% do total cultivado pelos agricultores mato-grossenses, 5,71 milhões de hectares. A produção chegou a 5,31 milhões de toneladas. Para este ano, a variedade deverá ocupar cerca de 1,80 milhão de hectares.
Fonte: Diário de Cuiabá
Aplicações de agrotóxicos no campo desconhecem normas técnicas 18.11.09
Censo Agropecuário 2006 do IBGE revela que só 21% das propriedades rurais declaram receber instrução regular sobre o uso de agroquímicos para incrementar produção. Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos
Por Maurício Reimberg, Repórter Brasil
Mais de 1,5 milhão - das 5,2 milhões de propriedades rurais do país - utiliza agrotóxicos. Cerca de 56% dos que recorrem a produtos químicos na agricultura não seguem orientação técnica e aplicam o veneno sem nenhum tipo de segurança. Os dados integram o 10º Censo Agropecuário - 2006, divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre outros apontamentos, a pesquisa confirma a manutenção da concentração fundiária associada ao processo de expansão do agronegócio.
O uso indiscriminado dos agrotóxicos coloca em risco a saúde humana e animal, além de contaminar o meio ambiente e os alimentos. O Censo Agropecuário revela que apenas 21% das propriedades declaram receber instrução regular sobre o uso dos produtos químicos. Além disso, cerca de 21% das fazendas que aplicam pesticidas e outros não possuem equipamentos de proteção individual (EPIs) para os aplicadores, o que potencializa o risco de intoxicação. O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Na avaliação dos técnicos do IBGE, é possível identificar uma disseminação generalizada nos usos de agroquímicos no campo. "Com o passar dos anos, há uma tendência do agricultor se especializar e lançar mão mais intensamente destas tecnologias, em detrimento de outras, como, por exemplo, as praticadas na agricultura orgânica ou agroecológica", afirma o documento. O Rio Grande do Sul é o estado que mais utiliza agrotóxicos. Ao todo, são mais de 273 mil propriedades adeptas a esse expediente. Já o Amapá tem apenas 235 estabelecimentos utilizando agroquímicos.
Para a aplicação, o equipamento mais comum é o pulverizador costal, que apresenta maior potencial de exposição. Ele é utilizado em cerca de 70% dos estabelecimentos que usam agroquímicos. Além disso, os produtores também usam o pulverizador estacionário ou semiestacionário, equipamento de tração mecânica ou animal, aeronave, polvilhadeiras e matracas. Há ainda a ocorrência de aplicação manual, utilizando iscas formicidas. De acordo com os dados do instituto oficial, práticas alternativas - que poderiam contribuir para a redução da utilização de agrotóxicos - são pouco utilizadas. Exemplos como o controle biológico (1,3%), a queima de resíduos agrícolas e de restos de cultura (0,9%) e o uso de repelentes, caldas e iscas (7,8%) ainda são métodos incipientes no conjunto da produção agrícola.
"Facilitar o uso de químicos na agricultura é um dos pontos de maior ação das lideranças ruralistas. Associo isso também aos transgênicos. Houve nesses 10 anos um incremento da área de soja de mais de 6 milhões de hectares. Imagina o crescimento de herbicida da Monsanto [multinacional de biotecnologia]", critica o agrônomo Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra). O especialista elaborou uma análise dos dados agregados do setor apresentados pelo balanço do IBGE.
A soja foi a cultura que mais se expandiu na última década: alcança 15,6 milhões de hectares, grande parte na Região Centro-Oeste. Com o argumento em prol do aumento da produção, 46% dessas propriedades rurais que cultivam soja recorrem a sementes geneticamente modificadas, numa área de 4 milhões de hectares. Segundo o Censo, a imensa maioria das lavouras de soja faz uso de agrotóxicos (95%) e adubação química (90%).
"Ao contrário do que se dizia, o agronegócio cada vez demanda doses maiores de veneno para cumprir as exigências da soja, principalmente", analisa Gerson. Além da expansão do agronegócio, o agrônomo também associa o aumento no uso de agrotóxicos ao crescimento do recurso do crédito rural para os pequenos produtores via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que também distribui pacotes químicos.
A destinação desses produtos é outro desafio. Mais de 126 mil proprietários declaram que deixam as embalagens vazias no campo. O número equivale a 9% do total. Além disso, cerca de 25% afirmam que os recipientes são queimados ou enterrados. Cumprindo o estabelecido por lei, 38% devolvem as embalagens vazias aos comerciantes. Em cerca de 10% das propriedades, as embalagens são recolhidas pela prefeitura, órgãos públicos ou entregue à central de coleta. O programa de recolhimento é gerenciado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev).
Diante desses problemas, foi criado em outubro o Fórum Nacional de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos. A nova instância, organizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pretende reforçar o controle social, aproximando a sociedade civil, empresas e governos no combate aos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Por meio do novo Fórum, o MPT vai realizar audiências públicas e investigações, coleta de denúncias e Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) que visam a redução no uso de agrotóxico no limite permitido em lei.
Além do MPT e do Ministério Público Federal (MPF), o Fórum reúne organizações como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf-Brasil) e a Repórter Brasil. Há ainda representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Agricultura orgânica
Apenas 1,8% dos estabelecimentos rurais praticam agricultura orgânica. Dessa total, 42% estão ligadas a associações, sindicatos ou cooperativas. Essa é a primeira vez que o Censo Agropecuário investiga a adesão à prática. Na metodologia do IBGE, porém, não foram consideradas orgânicas as práticas agrícolas que, apesar de não utilizarem agroquímicos, não foram identificados como tal pelo produtor ou, ainda, se este desconhecia as normas técnicas exigidas pelas instituições certificadoras.
A agricultura orgânica no país se dedica, principalmente, à pecuária e criação de outros animais (41,7%) e às lavouras temporárias (33,5%). Aparece também na lavoura permanente (10,4%), na horticultura e floricultura (9,9%) e na produção florestal (3,8%). Ao considerar a proporção de estabelecimentos de orgânicos no total de propriedades, o Censo mostra ainda que a representatividade da agricultura orgânica é maior na horticultura e floricultura.
Oferta de algodão em 2010 será menor que necessidade da indústria nacional
A oferta de algodão no país em 2010 deve ser menor que a necessidade de consumo da indústria brasileira. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha, que participou da 17ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados.
Segundo Cunha, a indústria necessita de 1 milhão de toneladas de algodão para fabricação de seus produtos, número apresentado pelos empresários do setor. A produção estimada para o próximo ano é de 1,16 milhão de toneladas, mas cerca de 400 mil toneladas serão exportadas, conforme contratos já firmados.
“Estamos vendo uma recuperação da demanda nacional e a indústria internacional também deve aumentar. A relação oferta e demanda deve ser bem justa e, por isso, vai ter necessidade de importação no início do ano”, afirmou à Agência Brasil. A estimativa é de que será preciso importar pelo menos 100 mil toneladas de algodão.
Apesar da produção se manter praticamente estável na safra 2009/2010 se comparada ao 1,19 milhão de toneladas do ciclo anterior, a área plantada deve diminuir 6,4%, passando de 842 mil hectares para 788 mil hectares.
De acordo com o presidente da Abrapa, a estimativa inicial era de uma queda maior, mas a recuperação dos preços no mercado internacional incentivou alguns produtores a ampliar um pouco mais a área de cultivo. Além disso, a produtividade também deve aumentar porque não há previsão de problemas climáticos (excesso de chuvas e seca) como os do último plantio. Os estados de Mato Grosso e da Bahia concentram quase 80% da produção algodoeira do país.
A regulamentação por parte do Ministério da Agricultura da armazenagem de algodão a céu aberto será a novidade para a próxima safra será. Assim, os produtores que seguirem as normas estabelecidas pelo governo para fazer este tipo de estocagem poderão tomar empréstimos em bancos públicos usando sua produção como garantia.
“Isso é fundamental porque o investimento para a armazenagem a céu aberto é muito mais baixo do que o da convencional, e é algo que já se faz”, afirmou Haroldo.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento apontam para uma redução na produção mundial de algodão de 23,4 milhões de toneladas na safra passada para 22,5 milhões de toneladas no ciclo 2009/2010.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil. Edição: Aécio Amado
Em duas ações, 58 pessoas são libertadas de trabalho escravo 23.11.09
Grupo móvel da Região Sul encontrou trabalhadores submetidos a situações extremamente precárias (até em curral, sem acesso à água potável) em três fazendas nos municípios de Cerro Azul (PR), Bituruna (PR) e Palmas (PR)
Por Bianca Pyl, Repórter Brasil
Trabalhadores dormindo em curral, sem acesso a instalações sanitárias, desprovidos de água potável e de equipamentos de proteção individual (EPIs). Sem qualquer direito trabalhista. Foram essas as condições que os fiscais do grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo da Região Sul encontraram em duas operações diferentes, entre os dias 29 de outubro e 5 de novembro. O grupo é composto por procuradores do trabalho, auditores fiscais do trabalho e agentes da Polícia Federal (PF).
A primeira fiscalização aconteceu no município de Cerro Azul (PR), a cerca de 80 km da capital Curitiba (PR). Na ocasião, foram libertados 40 trabalhadores que prestavam serviços na Fazenda Pinhal Grande. O grupo estava no local há cerca de seis meses, atuando no corte de madeira (pinus). As vítimas foram contratadas por subempreiteiros em municípios próximos à fazenda. Ficou caracterizada a terceirização ilegal, comum na região.
As árvores de pinus da Fazenda Pinhal Grande foram vendidas por U$S 18 milhões em 2003 para a Brasil Timber Ltda, conforme a fiscalização. Pelo contrato, a empresa retiraria o produto por um período de 15 anos. "A Timber não tem empregados. Só tem um pequeno escritório em Curitiba e conta com acionistas americanos", acrescenta Gláucio.
A empresa Brasil Timber “revendeu” a floresta em pé para trabalhadores rurais, que se tornaram subempreiteiros, e também para um ex-prefeito de Itaperuçu (PR). Os compradores, por sua vez, aliciaram trabalhadores. Porém, foi apurado que os contratos de compra eram forjados. Os supostos compradores não têm idoneidade econômica para arcar com o pagamento para extrair a madeira e nem para arcar com as despesas trabalhistas. Segundo o procurador, "ficou claro que eles não eram os reais empregadores".
Os trabalhadores estavam alojados em barracos de lona, com chão de terra batida. No local, não havia instalações sanitárias, nem fornecimento de água potável. Também não havia água nas frentes de trabalho. Os empregados recebiam por produção e tinham que pagar pela alimentação. Em dias de chuva, ficavam sem trabalhar, mas tinham que arcar com os custos das refeições, que eram descontados dos salários. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) não foram fornecidos pelos empregadores e ninguém tinha registro na Carteira de Trabalho e da Previdência Social (CTPS). "Havia trabalhadores operando a motosserra sem curso", complementa o procurador.
Bituruna e PalmasNa Fazenda Santo Antônio do Itarim, localizada em Bituruna (PR), três trabalhadores alojados num curral e outros seis que viviam em barraca de lona (com chão de terra batida) foram libertados de trabalho análogo à escravidão. Eles trabalhavam na colheita de erva-mate.
Já na Fazenda Tiberê, localizada no município de Palmas (PR), a fiscalização do trabalho flagrou outras 9 vítimas em regime de escravidão contemporânea. "Neste caso, não houve intermediário. O próprio fazendeiro contratou os trabalhadores", relata o procurador.
Mato Grosso lidera comercialização de biodiesel 23.11.09
ADM é a maior vendedora no Estado
Mato Grosso foi o Estado que mais vendeu biodiesel no 16º leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na terça-feira (17). O Estado vendeu 148,730 milhões de litros, o que corresponde a 25,7% do total, que foi de 575 milhões de litros. Em segundo lugar aparece o Rio Grande do Sul com 125,050 milhões, seguido por Goiás, com 93,730 milhões. O volume nacional foi ofertado por 40 unidades produtoras. O leilão é para atender a mistura B5, que obriga a adição de 5% de biodiesel ao óleo diesel a partir de 1º de janeiro de 2010.
De acordo com balanço da ANP, participaram 12 usinas mato-grossenses. A unidade estadual que mais vendeu foi a ADM do Brasil, que negociou 68,760 milhões de litros o que equivale a 46,2% da fatia estadual. Outra empresa que se destacou foi a Fiagril, com venda de 25,5 milhões de litros. O preço de referência foi de R$ 2,35 por litro e o preço médio ponderado foi de R$ 2,33 para os 575 milhões de litros oferecidos, representando deságio médio de 1%. O produto foi adquirido pela Petrobras e pela Refinaria Alberto Pasqualini (Refap).
Para o superintendente de Energia da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) de Mato Grosso, José do Carmo Ferraz Filho, a participação do Estado é sempre de destaque nos leilões e que a tendência é que essa posição permaneça, uma vez que MT tem potencial para aumentar a produção de biodiesel, a partir de matéria-prima vegetal e de gordura animal. Porém, ele pondera que a relação entre o preço das matérias-primas e o valor do produto final e a demanda do mercado é que vão determinação a ampliação da produção estadual.
Fonte: A Gazeta (MT)
Petrobras vende divisão de fertilizantes na Argentina para a Bunge 23.11.09
A Petrobras Energia, subsidiária na Argentina da Petrobras, informou na quarta-feira (18/11) que aprovou a venda de seu negócio de fertilizantes à americana Bunge.
"A Petrobras Energia transfere ao comprador ativos físicos, marca, rede comercial e pessoal vinculado ao negócio em questão", disse em comunicado a companhia, que explicou que a venda vai gerar um lucro antes de impostos de 70 milhões de pesos (US$ 18,3 milhões).
A decisão da Petrobras Energia de vender os ativos "responde à estratégia da companhia de avaliar recorrentemente a composição de sua pasta de negócios e ativos a fim de identificar oportunidades que permitam maximizar o valor da companhia", acrescenta a nota.
A divisão de fertilizantes da Petrobras Energia possui uma unidade de produção na província de Buenos Aires que opera desde 1968 e tem capacidade de produção de fertilizantes líquidos de 474 mil toneladas anuais.
Além disso, a divisão possui depósitos em cerca de dez outras cidades argentinas e uma rede de distribuidores em todo o país.
Fonte: Folha Online
MMA leva ao presidente proposta conciliatória para Código Florestal 09.11.09
Entre as mudanças, inclui permissão para atuais plantios em encostas e morros
A polêmica entre ambientalistas e ruralistas sobre modificações no Código Florestal pode estar chegando ao fim. Pelo menos é no que acredita o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que apresentou na quinta-feira, dia 5.11, as propostas da área ambiental para o assunto. Minc aceita manter as plantações de maçã, café, uva e mate em encostas e topos de morros e permite a soma das áreas de proteção permanente (APPs) à reserva legal para os agricultores familiares ou com propriedades de até 150 hectares.
“Acabou a guerra. Estou otimista de que vamos chegar a um bom entendimento. Não acho que a CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil] e o Greenpeace vão sair juntos dançando reggae na Chapada dos Veadeiros, mas houve muitos avanços [na negociação]”.
As propostas do Ministério do Meio Ambiente foram fechadas com movimentos de agricultores familiares, mas segundo Minc, também beneficiam os grandes produtores. O MMA propõe a simplificação da averbação da reserva legal das propriedades – que passará a ser fiscalizada a partir de 11 de dezembro – com redução da burocracia. Para os agricultores familiares, o georreferenciamento será gratuito.
A consolidação de plantios de macieiras, videiras e cafezais em encostas e topos de morros e de arroz em regiões de várzea estará garantida, de acordo com a proposta da área ambiental. A concessão valerá para os pequenos e grandes produtores, no entanto, não serão permitidos novos desmatamentos para ampliar as lavouras nessas áreas.
A utilização de APPs como reserva legal só valerá para a agricultura familiar ou propriedades com até 150 hectares. Já a permissão de manejo florestal na área da reserva legal também poderá ser feito pelos grandes proprietários, inclusive com exploração madeireira.
Outra proposta, que na avaliação de Minc vai beneficiar a agricultura empresarial, é a criação de um sistema de cotas de reserva florestal. Quem não preservou a reserva legal dentro da propriedade pode comprar áreas preservadas por outros produtores, desde que no mesmo bioma e na mesma bacia hidrográfica. A compensação em outras áreas é prevista pelo Código Florestal, mas até hoje não foi regulamentada. Cada cota corresponderá a um hectare de área preservada. O preço das cotas será definido entre compradores e vendedores, sem interferência do governo.
Minc também quer a criação do programa Mais Ambiente, com garantia de mais tempo para regularização, assistência técnica e acesso a mudas e sementes para quem aderir à iniciativa. De acordo com o ministro, o conjunto de propostas deve resolver pendências legais de 95% dos agricultores do país, entre pequenos e médios produtores.
Parte das propostas fica garantida com a edição de instruções normativas e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). As mudanças mais polêmicas dependem de decretos presidenciais ou medidas provisórias. Nesta segunda-feira (9), o presidente Luiz Inácio da Silva deve definir que posições o governo vai adotar em reunião com Minc e os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil
Supersafra e câmbio irão pressionar cotações da soja 09.11.09
Em menos de um ano, a valorização do real fez a soja brasileira ficar 30% mais cara para os importadores, reduzindo a competitividade do País e a margem dos produtores. A perspectiva de preços baixos, porém, é reforçada pelo acréscimo de cerca de 10% da oferta mundial do grão, com a retomada da safra argentina e o aumento da produção no Brasil.
Os produtores brasileiros irão colher na safra 2009/2010 entre 62,50 milhões e 63,60 milhões de toneladas da oleaginosa, um incremento próximo a 11% ante a temporada passada no melhor resultado da história. Os números fazem parte da previsão feita na quinta-feira, dia 5.11, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Entre os fatores que devem levar o País a colher uma safra recorde estão os baixos preços baixos do milho, que levaram muitos produtores a ampliar a área da soja sobre essa cultura. O aumento da produção também se deve à estabilidade do clima prevista para os próximos meses, o que beneficiará a semeadura das lavouras, que ocorre até o final de dezembro nos estados do Centro-Sul. "A supersafra no Brasil e a Argentina retomando vão levar a queda da Bolsa de Chicago rapidamente", avaliou Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Ramalho destaca que a soja brasileira, 30% mais cara, concorre com o grão da Argentina e dos Estados Unidos e que, portanto, irá perder mercados, levando o produtor rural a registrar prejuízo. "Nas condições que nós temos hoje o produtor não vai ter lucro", afirmou. Segundo o presidente da SRB, para obter alguma margem com o câmbio e o preço atuais o produtor precisaria atingir uma produtividade de pelo menos 3 mil quilos por hectare (o equivalente a 50 sacas), o que é nacionalmente é muito difícil, segundo Ramalho.
O cenário que se desenha é desanimador e acentua a tendência dos últimos meses. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicado (Cepea), a soja negociada em Paranaguá em outubro com embarque para o mesmo mês foi cotada a US$ 27 a saca. O grão comercializado no mesmo mês, mas com embarque previsto para abril de 2010 foi vendido a US$ 22,30 a saca.
A redução da competitividade brasileira já pode ser observada no ritmo de comercialização. O Mato Grosso - maior estado produtor do Brasil - está com 29% da produção comprometida, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), enquanto no ano passado essa negociação já havia atingido 50% no mesmo período. Os produtores norte-americanos, por sua vez, já comercializaram 55% da safra de soja, enquanto a média histórica do país é de 20% neste período. Se a lentidão no escoamento da soja persistir, os produtores terão que enfrentar o déficit de armazenamento, repetindo a safra de milho que registrou perdas por ficar fora dos silos enquanto não era vendida.
Ao se observar a tendência cambial e os fundamentos para o mercado da soja o futuro não deve levar alívio aos produtores. "O cenário para a soja não é positivo. Há um aumento da produção ante uma demanda que não tende a crescer. É provável que o preço se acomode ou tenda a cair", avaliou o economista André Diz.
A SRB deverá se unir à outras entidades do agronegócio para formular uma agenda para discutir a política cambial do governo, no entanto, segundo as lideranças da casa, terá que abrir uma brecha dentro de um Congresso Nacional onde o agronegócio está incluído apenas nas discussões referentes ao meio ambiente.
João Sampaio, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, vê com desconfiança as medidas de intervenção ao câmbio, anunciadas pelo Banco Central. "Acredito que uma política direcionada aos juros teria mais impacto que essas medidas", disse.
Fonte: DCI
Problema da produção de trigo nesta safra está na qualidade, diz Conab 09.11.09
A previsão de queda de 14,3% na produção brasileira de trigo, anunciada na quinta-feira, dia 5 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não seria tão ruim caso não viesse acompanhada com a perda da qualidade do produto. A avaliação foi feita pelo diretor de Política Agrícola e Informação da companhia, Silvio Porto. “O problema não é a quantidade, mas a qualidade”, afirmou. Segundo ele, cerca de 40% da produção brasileira do cereal geralmente é composta de trigo para a fabricação de pão, que exige um produto de melhor qualidade, mas, nesta safra, com o excesso de chuvas na fase final do cultivo, a qualidade do trigo no principal estado produtor, o Paraná, caiu. A única chance de a queda na produção desse tipo de trigo não ser tão grande, podendo chegar a 50%, está na expectativa de boa colheita no Rio Grande do Sul - que está no início. Com esse panorama, a necessidade de importação do trigo tipo pão aumenta, assim como ações para estimular o plantio no próximo ano. Porto criticou, entretanto, a falta de transparência da indústria que compra trigo em relação ao volume de seus estoques. “É crucial que avancemos na obrigatoriedade de uma declaração para quem tem estoques”, afirmou. Segundo ele, também é importante um cadastro público dos produtores, para que o governo possa direcionar melhor as subvenções que concede. Em relação à isenção de tributos incidentes sobre produtos utilizados na fabricação do pão francês, como o trigo e a farinha de trigo, o diretor da Conab disse que “infelizmente não trouxe fomento à triticultura nacional, porque não diferencia o trigo vindo do exterior do que é produzido no país”.
Para propiciar este fomento, o Ministério da Agricultura (Mapa) levou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a proposta de aumento da Tarifa Externa Comum (TEC), de 10% para 35%, cobrada sobre o trigo importado de países situados fora do Mercosul. Segundo o secretário executivo do Mapa, Gerardo Fontelles, os membros da Camex estão analisando os impactos que a medida pode ter em relação ao preço final do pão, que acaba interferindo na inflação
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil, edição: Lílian Beraldo
Cenário atual é favorável à produção de alimentos saudáveis 09.11.09
O coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Agricultura, Adilson Reinaldo Kososki, afirmou no dia 5 pp. que o momento atual é favorável aos que se dedicam à agricultura sustentável e à produção de alimentos saudáveis. Segundo Kososki, que é engenheiro agrônomo, o desenvolvimento sustentável do meio rural, com o uso de novas tecnologias na produção de alimentos saudáveis, é prioridade para o ministério. Com isso, garante-se ao pequeno agricultor a redução de custos no plantio, maior rentabilidade e qualidade de vida , disse o agrônomo, ao participar, em Curitiba, do 2º Simpósio de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Agropecuárias. O atual cenário mercadológico sinaliza para o crescimento do número de consumidores que procuram por alimentos sadios e livres de resíduos, acrescentou. “Isso justifica a importância do projeto Pisa [Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas], implantado pelo ministério em fevereiro do ano passado. Destinado ao pequeno agricultor, tem a finalidade de transformar a produção convencional em sustentável, com rastreabilidade e potencial para certificação. E tudo isso sem um custo adicional”, afirmou Kososki. Para ele, o programa obteve êxito: “Já tem a adesão de 3 mil pessoas em 340 instituições públicas e privadas nos estados de Mato Grosso do Sul, da Bahia, de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e começa a ser introduzido em Minas Gerais”. Kososki informou que o projeto Pisa já foi implantado em 31 municípios brasileiros, com 14 comitês gestores todos, segundo ele, com forte envolvimento da sociedade civil organizada. Ele disse que muitos agricultores ainda resistem a abrir mão da agricultura convencional em toda a sua propriedade e optar por parte dela com o Pisa que, em sua opinião, é o modelo ideal para que sejam feitos estudos de comparação. O programa fornece, gratuitamente, toda a orientação e assistência técnica necessárias. Kososki defendeu a política do alimento seguro na produção brasileira, afirmando que isso pode ter grande significado num cenário mundial onde a demanda de alimentos cresceu 25% desde o ano 2000 e há cerca de 100 milhões de pessoas vivendo em estado de absoluta pobreza. O 2º Simpósio de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Agropecuárias faz parte do 2º Agronegócio Brasil, promovido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná. O evento reuniu estudiosos e gestores do agronegócio de todo o país, e foi encerrado no dia 6 de novembro.
Fonte: Lúcia Nórcio, repórter da Agência Brasil, edição: Nádia Franco
Condições climáticas e aumento da área plantada elevam projeções da safra 2010 09.11.09
Com o avanço da área destinada à produção agrícola e a possibilidade de condições climáticas estáveis no próximo ano, a safra de grãos de 2010 pode ser 3,8% maior que a estimada para 2009. A projeção consta do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado na quinta-feira passada, dia 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, a produção será colhida em 47,9 milhões de hectares – 700 mil a mais do que neste ano. “Temos um aumento de 1,6% de área em 2010 e esperamos que não ocorram as irregularidades climáticas deste ano, como a estiagem nas safras de verão e o excesso de chuva nas culturas de inverno”, disse o coordenador da pesquisa, Mauro Andreazzi.
De acordo com Andreazzi, o destaque em 2010 deverá ser o avanço da produção de soja, que pode chegar a 63,7 milhões de toneladas, com aumento de 11,8% em relação à safra prevista para este ano. A área colhida do grão deve aumentar 4,5%, totalizando 22,7 hectares. Segundo o IBGE, devido aos baixos preços de outros produtos, os agricultores estão migrando para a lavoura de soja.
“O crescimento da área cultivada deve-se às áreas não semeadas com milho e à migração de áreas de algodão e arroz para a soja, oleaginosa com cotação e liquidez maiores. Os produtores também esperam um clima mais favorável, não se repetindo a estiagem ocorrida na safra passada”, diz o Levantamento da Produção Agrícola.
Dos dez itens pesquisados pelo IBGE, cinco devem ter aumento de produção de 2009 para 2010: feijão em grão (13,9%), soja em grão (11,8%), cebola (7,3%), fumo em folha (4%) e mandioca (3,2%). Deve cair a produção de amendoim em casca (8,5%), de algodão herbáceo em caroço (8,1%), de arroz em casca (5,1%), de milho (2,2) e de batata inglesa (0,7%).
A Companhia Nacional de Abastecimento também divulgou, simultaneamente ao IBGE, em Brasília, estimativas para a lavoura de soja na safra 2009/2010, projetando uma colheita de 63,6 milhões da safra de soja, 11,4% maior que o obtido na última safra.
A diferença entre os dados divulgados pelo IBGE e pela Conab deve-se aos períodos avaliados. Enquanto Conab baseia seu levantamento no chamado ano-safra, de agosto a julho, o IBGE analisa a colheita de janeiro a dezembro.
Fonte: Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil, edição: Nádia Franco
Ministério da Agricultura cria selo único para produtos orgânicos 09.11.09
O Ministério da Agricultura instituiu o selo único oficial para os produtos orgânicos. O selo só pode ser usado nos orgânicos produzidos em unidades credenciadas pelo ministério. A instrução normativa foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira, dia 6/11. A exceção da obrigatoriedade de certificação dos orgânicos vale para os produtos da agricultura familiar, que podem ser vendidos diretamente aos consumidores, desde que os agricultores estejam vinculados a uma organização de controle social (OCS). O selo de certificação serve para dar ao consumidor a certeza de estar levando para casa um produto sem contaminação química. Os orgânicos são cultivados sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos e outras substâncias tóxicas e sintéticas, o que os torna mais saudáveis. A agricultura orgânica busca criar ecossistemas mais equilibrados, preservando a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo. O agricultor orgânico se preocupa com a preservação do meio ambiente e não cultiva produtos transgênicos porque não quer arriscar a diversidade de variedades existentes na natureza. De acordo com o Ministério da Agricultura, o selo só é conferido após rigorosos exames de controle de qualidade de solo, da água e reciclagem de matéria orgânica. Fonte: Christina Machado, Repórter da Agência Brasil, edição: Juliana Andrade
Marfrig, Bertin, JBS e Minerva adotam desmatamento zero em suas compras 07.10.09
Os quatro gigantes brasileiros de abate e processamento de carne e couro do país deram um passo importante, na segunda-feira passada (05/10), no esforço de evitar os impactos perigosos das mudanças climáticas e anunciaram, em evento promovido pelo Greenpeace na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, os critérios socioambientais adotados para impedir que a floresta Amazônica continue a ser vítima da expansão da pecuária.
Segundo dados do governo federal, a pecuária ocupa hoje 80% das áreas desmatadas na região. As empresas Marfrig, Bertin, JBS-Friboi e Minerva reafirmaram publicamente seu compromisso de não mais aceitar fornecedores envolvidos em novos desmatamentos no bioma Amazônia e adotaram um programa de seis pontos que inclui prazos para cadastro das fazendas fornecedoras diretas e indiretas e o monitoramento rigoroso do desmatamento ao longo da cadeia produtiva. A iniciativa está aberta para adesão de outras empresas do setor.
“A adoção de medidas conjuntas demonstra a seriedade dos compromissos assumidos pelos grandes frigoríficos e ajuda a evitar a duplicação de esforços, agilizando a implementação de critérios que levem ao fim do desmatamento na produção pecuária brasileira”, afirmou Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
Vejam a notícia clicando aqui.
Fiscalização apreende 1 milhão kg de agrotóxicos na Syngenta 07.10.09
Veja mais abaixo: Bayer também tinha agrotóxicos adulterados
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou cerca de 1 milhão de quilos de agrotóxicos com irregularidades e adulterações na fábrica da empresa Syngenta, de origem suíça, em Paulínia (SP). Os problemas foram encontrados após fiscalização realizada na última semana.
Após três dias de inspeção nas instalações da maior empresa em vendas de agrotóxicos no Brasil e no mundo no ano de 2008, a equipe da Anvisa encontrou várias irregularidades na importação, produção e comércio de produtos agrotóxicos. A ação contou com apoio da Polícia Federal.
Do total de produtos interditados, 600 mil kg correspondiam a agrotóxicos e componentes com datas de fabricação e de validade adulteradas. Esses produtos não poderão ser utilizados ou comercializados até que se restituam as datas verdadeiras de produção e de validade.
A empresa também foi autuada por destruição total das etiquetas de identificação de lote, data de fabricação e de validade do agrotóxico Flumetralin Técnico Syngenta, igualmente interditado. Vários lotes do mesmo produto também foram interditados por apresentarem certificado de controle de impurezas sem assinatura, data da sua realização ou com data de realização anterior à produção do lote analisado.
O controle de impurezas toxicologicamente relevante no Flumetralin Técnico é obrigatório uma vez que tais impurezas são reconhecidamente carcinogênicas e capazes de provocar desregulação hormonal. Também foram interditados todos os lotes do produto PrimePlus, formulados com os lotes interditados do Flumetralin Técnico.
Outro produto técnico interditado com o certificado insatisfatório de análise (sem assinatura e sem a quantidade real de ingrediente ativo) foi o Score Técnico. Já o agrotóxico Verdadeiro 600 teve as embalagens interditadas por confundir o agricultor quanto ao perigo do produto. Apesar de ser da classe toxicológica mais restritiva, as cores dos rótulos do referido agrotóxico induziam o agricultor a concluir que o produto poderia ser pouco tóxico.
A Syngenta também foi autuada por venda irregular do agrotóxico Acarmate (Cihexatina). A fiscalização da Anvisa identificou que o produto, com venda restrita ao estado de São Paulo, era comercializado para outros estados.
A empresa foi notificada, ainda, a efetuar alterações no sistema informatizado que possui de modo que seja possível controlar efetivamente, lote a lote, a quantidade dos componentes utilizados nos Produtos Formulados. Dentro de 30 dias, a empresa está sujeita a nova fiscalização para verificação do cumprimento das condições estabelecidas na notificação.
As infrações encontradas podem ser penalizadas com a aplicação de multas de até R$1,5 milhão e com o cancelamento dos informes de avaliação toxicológica dos agrotóxicos em que foram identificadas tais irregularidades. Em caso de possibilidade de outras infrações além das administrativas, a Anvisa encaminha representação à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para possível investigação criminal.
Adulteração
Agrotóxicos são produtos com alto risco para saúde e meio ambiente e, por isso, sofrem restrito controle de três órgãos de governo: Anvisa, IBAMA e Ministério da Agricultura. Alterações na fórmula desses produtos aumentam significativamente as chances do desenvolvimento de diversos agravos à saúde como câncer, toxicidade reprodutiva e desregulação endócrina em trabalhadores rurais e consumidores de produtos contaminados.
Só este ano, a Anvisa já apreendeu, 5,5 milhões de litros de agrotóxicos adulterados. As fiscalizações ocorrem, principalmente, quando são identificados indícios de irregularidades nos produtos acabados.
Agrotóxicos adulterados são apreendidos na Bayer
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária interditou, no dia 24 pp., 1 milhão de litros de agrotóxicos adulterados, em Belford Roxo (RJ). A fiscalização, realizada pela Agência com apoio da Polícia Federal, ao longo de toda semana passada na empresa Bayer, de origem alemã, identificou a produção de agrotóxicos com formulação adulterada, sem autorização dos órgãos competentes.
No total foram encontradas irregularidades em 12 agrotóxicos. O caso mais grave, identificado pela Agência, foi a importação do ingrediente ativo do agrotóxico Procloraz e a produção do agrotóxico comercial Sportak 450 EC, sem controle obrigatório de impurezas toxicologicamente relevantes. A falta desse controle pode causar câncer nos trabalhadores expostos ao agrotóxico e na população que ingere alimentos contaminados com tais produtos.
A interdição é valida por 90 dias, prazo em que os produtos não poderão ser produzidos nem comercializados. Caso sejam comprovadas as irregularidades, a empresa poderá pagar multa de até R$ 1,5 milhão por irregularidade.
No começo do ano, a Bayer, segunda maior empresa no segmento de agrotóxicos em todo mundo em 2008, teve o registro do agrotóxico Evidence (imidacloprido) cancelado. O produto, usado nas culturas de cana de açúcar e fumo, era produzido com adulteração na fórmula.
Adulteração
Agrotóxicos são produtos com alto risco para saúde e meio ambiente e, por isso, sofrem restrito controle de três órgãos de governo: Anvisa, IBAMA e Ministério da Agricultura. Alterações na fórmula desses produtos aumentam significativamente as chances do desenvolvimento de diversos agravos à saúde como câncer, toxicidade reprodutiva e desregulação endócrina em trabalhadores rurais e consumidores de produtos contaminados.
Só este ano, a Anvisa já apreendeu, 4,5 milhões de litros de agrotóxicos adulterados. As fiscalizações ocorrem, principalmente, quando são identificados indícios de irregularidades nos produtos acabados. Produtos Apreendidos
Produto |
Ingrediente ativo | Culturas |
Sphere Max |
Ciproconazole + trifloxistrobina | Café e soja |
Cropstar | Imidaclopride + tiodicarbe | Milho |
Rovral SC 500 | Iprodiona | Alface, batata, café, cebola, cenoura, cevada, crisântemo, feijão, morango, pêssego, pimentão, trigo e uva |
Folicur 200 EC | Tebuconazole | Abacaxi, álamo, algodão, alho, amendoim, arroz, aveia, banana, batata, beterraba, cacau, café, cebola, cenoura, cevada, citros, crisântemo, feijão, figo, gladíolo, goiaba, mamão, manga, maracujá, melancia, melão, milho, morango, pepino, pêssego, rosa, soja, sorgo, tomate, trigo e uva |
Tríade | Tebuconazole | Abacaxi, alho, amendoim, arroz, aveia, banana, batata, beterraba, cacau, café, cebola, cenoura, cevada, citros, crisântemo, feijão, figo, gladíolo, goiaba, manga, maracujá, melancia, melão, milho, morango, pepino, pêssego, rosa, soja, sorgo, tomate, trigo e uva |
Tamaron BR | Metamidofós | Algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate e trigo |
Quasar | Metamidofós | Algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate e trigo |
Rivat | Metamidofós | Algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate e trigo |
Dinafós | Metamidofós | Feijão e soja |
Sportak 450 EC | Procloraz | Cebola, cenoura, cevada, mamão, manga, melancia, rosa, tomate e trigo |
Procloraz Técnico | Procloraz | Produto não acabado sem indicação agrícola |
Sencor 480 | Metribuzim | Aspargo, batata, café, cana de açúcar, mandioca, soja, tomate e trigo |
Fonte: Assessoria de Imprensa da Anvisa
Maiores frigoríficos do país passam a controlar desmatamento de seus fornecedores 07.10.09
Os quatro gigantes brasileiros de abate e processamento de carne e couro do país deram um passo importante, na segunda-feira passada (05/10), no esforço de evitar os impactos perigosos das mudanças climáticas e anunciaram, em evento promovido pelo Greenpeace na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, os critérios socioambientais adotados para impedir que a floresta Amazônica continue a ser vítima da expansão da pecuária.
Segundo dados do governo federal, a pecuária ocupa hoje 80% das áreas desmatadas na região. As empresas Marfrig, Bertin, JBS-Friboi e Minerva reafirmaram publicamente seu compromisso de não mais aceitar fornecedores envolvidos em novos desmatamentos no bioma Amazônia e adotaram um programa de seis pontos que inclui prazos para cadastro das fazendas fornecedoras diretas e indiretas e o monitoramento rigoroso do desmatamento ao longo da cadeia produtiva. A iniciativa está aberta para adesão de outras empresas do setor.
“A adoção de medidas conjuntas demonstra a seriedade dos compromissos assumidos pelos grandes frigoríficos e ajuda a evitar a duplicação de esforços, agilizando a implementação de critérios que levem ao fim do desmatamento na produção pecuária brasileira”, afirmou Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
O evento também contou com a participação do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, que, em seu discurso, colocou a estrutura de seu Estado à disposição do setor. O governador anunciou que a meta do Mato Grosso é ter 100% das propriedades rurais cadastradas para fins de licenciamento ambiental no prazo de um ano. Para isso, o governo do Mato Grosso vai disponibilizar as ferramentas do programa MT Legal para desburocratizar e estimular o processo de cadastro e licenciamento ambiental, além de
disponibilizar imagens de satélite em alta resolução para o monitoramento, permitindo, assim, a implementação de um sistema eficiente de rastreabilidade da pecuária no Estado.
“A bola, no Mato Grosso, agora está com os produtores rurais. Eles precisam se adequar à legislação ambiental e cadastrar suas propriedades junto ao governo do estado. É importante que a indústria estimule os fazendeiros a registrar e mapear suas propriedades, para que os compromissos assumidos hoje contra o desmatamento da Amazônia possam ser cumpridos”, explicou Adario.
Recentemente, o presidente Luis Inácio da Silva anunciou na Assembléia Geral da ONU, realizada em Nova York (EUA), meta de redução de 80% no desmatamento da Amazônia até 2020. Mas, a iniciativa dos grandes frigoríficos brasileiros e o apoio do governo do Mato Grosso sinalizam para o governo federal a necessidade urgente de adotar todas as medidas necessárias para o enfrentamento da atual crise climática e a transição para uma economia de baixo carbono.
“Os frigoríficos estão fazendo sua parte. O governo do Mato Grosso também. Agora, o governo federal precisa ir além das boas intenções e fazer a sua, para garantir a governança necessária na Amazônia a fim de zerar o desmatamento até 2015, reduzindo a emissão de gases que agravam as mudanças climáticas”, afirmou Adário.
O desmatamento das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases do efeito estufa, mais do que o total emitido por todo o setor de transporte no mundo. Para o Greenpeace, um bom acordo climático só será realmente efetivo se lidar tanto com as emissões fósseis quanto da destruição florestal.
A iniciativa dos gigantes do setor vem na esteira do lançamento do relatório “Farra do Boi na Amazônia”, do Greenpeace, que expôs a relação entre a destruição da floresta e a expansão da pecuária na Amazônia.
Fonte: Greenpeace
IBGE prevê queda de 8,1% na safra de grãos 07.10.09
A safra agrícola brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 134,1 milhões de toneladas este ano, 8,1% a menos do que a colheita recorde de 2008, de 140 milhões de toneladas. É o que indica a nona estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), referente a setembro. Os dados foram divulgados hoje (7/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento da produção agrícola previsto em setembro, de 0,5% em relação ao total de 133,5 milhões de toneladas estimado em agosto, deve-se às reavaliações positivas ocorridas com o milho segunda safra em Goiás, uma vez que os cultivos de inverno, com destaque para o trigo, registraram redução. Segundo o IBGE, as três principais culturas – soja, milho e arroz –, que respondem por 81,3% da área plantada, apresentaram em setembro variações positiva de 2,1%, negativa de 4,5%, e positiva de 0,9%, respectivamente, em relação ao ano passado. O IBGE salienta que, no caso da produção, apenas o arroz registra aumento nesta safra, de 4,2%. Para a soja e o milho, a previsão é de queda de 5,1% e 13,4%, respectivamente. A área a ser colhida, estimada em 47,2 milhões de hectares, apresenta redução de 0,1% em relação à de 2008 e aumento de 0,2% quando comparada à previsão feita em agosto. A safra de grãos esperada para 2009 tem a seguinte distribuição em relação à do ano anterior: Região Sul, com 53 milhões de toneladas (queda de 13,6%); Centro-Oeste, com 48,8 milhões de toneladas (crescimento de 4%); Sudeste, com 16,9 milhões de toneladas (queda de 3,9%); Nordeste, com 11,7 milhões de toneladas (queda de 6,4%); e Norte, com 3,8 milhões de toneladas (aumento de 0,3%). De acordo com o IBGE, a safra canavieira deve somar 690,2 milhões de toneladas, 0,9% inferior à produção informada em agosto. A retração se deve, segundo o instituto, a reavaliações de rendimento em Goiás. A colheita está sendo prejudicada pelo excesso de chuvas. Com esse atraso, pode não haver tempo suficiente para processar toda a cana-de-açúcar disponível, ficando parte da área para ser colhida no próximo ano.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou hoje, em Brasília, levantamento da safra de grãos atual. A produção nacional deve ficar entre 139 milhões e 141,6 milhões de toneladas, um crescimento de 2,9% a 4,8% em relação à safra anterior. A diferença entre os dados divulgados pelo IBGE e pela Conab se deve aos períodos avaliados. O IBGE analisa a colheita de janeiro a dezembro, enquanto a Conab se baseia no chamado ano-safra, que vai de agosto a julho.
Fonte: Riomar Trindade, repórter da Agência Brasil
Mulheres no campo trabalham muito mas sem ter renda 07.10.09
A diferença entre a renda das mulheres e dos homens no campo caiu a partir de 2004, mas a desigualdade entre os dois gêneros permanece, tanto no que se refere ao valor do rendimento, quanto à jornada de trabalho, entre outros fatores.
A conclusão é do estudo Estatísticas Rurais e a Economia Feminista: Um olhar Sobre o Trabalho das Mulheres, produzido pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A publicação será divulgada durante a 6ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Brasil Rural Contemporâneo), que será aberta hoje (7/10) na Marina da Glória, no Rio.
O livro reúne artigos com análises baseadas nas pesquisas nacionais por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizadas desde 1990.
A economista Hildete Pereira de Melo, coordenadora da área de Projetos de Educação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, autora de um dos artigos, disse à Agência Brasil que em 2006, a renda média mensal dos homens na agricultura foi de R$ 496,59 e para as mulheres, de R$ 338,32. Os valores foram corrigidos pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas.
O dado mostra que houve uma melhoria da renda para as mulheres no campo. Em 1993, os 20% das mulheres que trabalhavam no campo tinham um rendimento médio mensal de R$ 318,37, enquanto os homens ganhavam R$ 636,99. “A diferença atualmente entre a renda das mulheres e a dos homens é menor do que foi no passado”, constatou Hildete Pereira, que é também professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Na avaliação da economista, a melhoria da renda das mulheres na agropecuária brasileira está relacionada ao aumento do crédito rural, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e pela expansão da venda de alimentos para o consumo.
Ela sugeriu que o próximo censo do IBGE ou a Pnad inclua a categoria do trabalhador/trabalhadora familiar, para que os dados possam ser mais aprofundados. Disse que os avanços experimentados na luta pela posse da terra no Brasil não foram ainda suficientes para que as mulheres do campo se conscientizem de que, ao sair de casa para cuidar da horta ou do galinheiro, por exemplo, estão fazendo um trabalho econômico.
”Porque dali vai sair galinha para vender, como vão sair da horta alface e bertalha para ela consumir, mas também para vender”. Na análise da especialista, essa é uma das razões por que as mulheres declaram uma jornada de trabalho tão inferior à dos homens na área rural. Se de um lado os homens declararam, em 2006, uma jornada média semanal de 39 horas de trabalho, para as mulheres a carga declarada é de apenas 21,7 horas.
“Esse é um argumento que a teoria econômica dá: você ganha menos porque trabalha menos. O problema é que não é exatamente o que acontece”. Segundo Hildete, isso é fruto do desentendimento do que é sair para trabalhar e o que é o trabalho para casa. Em 1993, as mulheres declaravam uma jornada de 24 horas semanais e os homens de 42 horas.
Ela observou que 1 milhão de mulheres no campo declararam ter renda, ante 8,372 milhões de homens. “Você ainda tem um contingente enorme de mulheres rurais - e isso para mim é um drama - que declara que não tem rendimento, que trabalha no campo sem rendimento. E você tem um peso muito grande do trabalho para o autoconsumo. Essa carga rural ainda é muito pesada”, declarou.
Mais de 70% das mulheres que estão no campo e são trabalhadoras rurais dizem que não têm renda ou que trabalham para o autoconsumo. Em 2006, 80% das mulheres no campo disseram ter rendimento zero. Para os homens, essa parcela foi de 26,7%. Por outro lado, 26% dos homens declararam receber entre 0,5 salário e um salário mínimo/mês, ante 6% da faixa de 20% das mulheres que declaram renda.
Em termos de escolaridade, as trabalhadoras rurais apresentam também menos anos de estudo do que os homens. Isso reflete as dificuldades de escolas na zona agrícola e o fato de as mulheres casarem mais cedo no campo e terem filhos ainda muito novas, disse a economista.
O livro se refere à economia feminista na área rural, e não feminina, porque pretende lançar sobre as trabalhadoras do campo um “olhar engajado”, buscando “desvendar as mulheres que, normalmente, as estatísticas econômicas podem esquecer”, disse Hildete Pereira. O lançamento da obra ocorrerá no próximo dia 11, integrando os Diálogos sobre o Brasil Rural, no estande do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil
Ruralistas acirram briga pelo novo Código Florestal 07.10.09
A bancada ruralista da Câmara decidiu "tratorar" a oposição de parlamentares ambientalistas na comissão especial de reforma do Código Florestal Brasileiro. Os ruralistas conseguiram apoio de Anselmo de Jesus (PT-RO) ao bloco que controlará a comissão.
Indicado pela maioria, o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) presidirá os trabalhos e, assim que assumir o cargo, deve nomear Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como relator da comissão. O deputado Homero Pereira (PR-MT) cedeu a vaga de 1º vice-presidente a Anselmo. "É um absurdo querer mudar para pior o Código Florestal às vésperas da reunião de Copenhague", afirmou o deputado Sarney Filho (PV-MA), em referência à cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, em dezembro, na Dinamarca.
Em clima de confronto aberto com ambientalistas e os líderes de PV e PSOL, os ruralistas apelaram ontem até ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para que ele conduzisse pessoalmente a eleição dos membros da nova comissão. Convidado, Temer declinou, mas decidirá uma "questão de ordem" levantada pelo PV em plenário sobre os critérios para a composição da comissão especial.
Em discurso no plenário da Câmara, o líder "verde" Edson Duarte (BA) questionou a distribuição dos cargos em "desacordo" com o regimento interno da Câmara. Segundo ele, o grupo deveria ser composto por metade de parlamentares titulares das oito comissões permanentes pelas quais a reforma do Código Florestal teria que passar em situações normais. "Pelo menos quatro comissões não estão aqui representadas", protestou.
Pelo regimento, Michel Temer terá que responder ao questionamento. Nos bastidores, informa-se que Temer rejeitará a questão de ordem e abrirá caminho para a eleição imediata dos dirigentes da nova comissão. "Se não tem acordo, vamos para o voto. É ruim esse clima de divisão antes mesmo das discussões de mérito, mas não há outra solução", disse o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS).
A instalação da comissão especial, na semana passada, serviu de palco para acusações, xingamentos e ameaças dos dois grupos parlamentares. Os ruralistas queriam emplacar Homero Pereira na relatoria, mas os ambientalistas protestaram. Em seguida, tentou-se um acordo para garantir Aldo Rebelo no cargo, mas os ambientalistas novamente rejeitaram o acordo, acusando Rebelo de estar mais próximo das teses ruralistas. "Agora, eles vão ter que aceitar a derrota", disse o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), que contabilizava ontem "ao menos" 12 votos para os ruralistas.
A comissão condensará quase 400 projetos de lei em tramitação na Câmara para tentar proposta única para as leis ambientais. A questão virou bandeira eleitoral porque um decreto presidencial fixou o dia 11 de dezembro como prazo final para adequação de todas as 5,17 milhões de propriedades rurais do país ao atual código.
Os ruralistas querem regras mais brandas, como delegar as leis ambientais aos Estados, liberar áreas de preservação permanente (APPs) em topos de morro e várzeas ao plantio, isentar áreas da obrigação de manter reserva legal, permitir a compensação florestal em regiões fora da bacia hidrográfica, além de perdoar multas por irregularidades passadas.
Fonte: Valor Econômico
Colheita nos EUA faz cair preço da soja 07.10.09
Contratos para entrega já se desvalorizaram 4,4% na semana passada, ficando abaixo de US$ 9 o bushel
O avanço da colheita da soja nos Estados Unidos deve pressionar os preços internacionais da commodity nas próximas semanas. Os contratos mais líquidos, com entrega em novembro, acumularam desvalorização de 4,4% na semana passada, rompendo o nível psicológico de US$ 9 o bushel (medida de peso equivalente a 27,21 quilos), acima do qual se mantinham desde meados de julho. Após demonstrar muita relutância, o mercado dá sinais de que começa finalmente a ceder frente à chegada da nova safra americana. Na próxima sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos deve revisar para cima sua previsão de colheita, atualmente na casa de 88 milhões de toneladas. O número é considerado conservador por analistas do mercado, que já falam em uma produção superior a 90 milhões de toneladas.
"O surpreendente era a soja se manter firme por tanto tempo com a iminência de uma colheita recorde nos EUA e uma área de produção também recorde na América do Sul", observou o analista Vinícius Ito, da corretora Newedge USA, em Nova York. O analista observou que os prêmios pagos no mercado físico americano começaram a ceder, "o que é perfeitamente normal para esta época do ano". Rompido o suporte a US$ 9, os preços da soja podem buscar o nível de US$ 8 no curto prazo. "Tecnicamente, o mercado deve ficar cada vez mais próximo dessa marca durante a colheita. Para os altistas, é importante que isso não aconteça de uma vez", ponderou o analista Steve Cachia, da corretora paranaense Cerealpar.
Fonte: Gerson Freitas Jr. - O Estado de S.Paulo
Governo usa todos seus recursos para apoiar crescimento de grandes grupos 22.09.09
O governo brasileiro vem utilizando todos os recursos que dispõe para apoiar o crescimento de grandes grupos econômicos, não hesitando até mesmo quando se trata de investimento que pertence aos funcionários das empresas estatais. Na semana que passou assistimos ao anúncio da fusão JBS-Friboi com a Bertin, resultando na maior empresa mundial de processamento de proteína animal.
Ao mesmo tempo em que recebia o total apoio do BNDES, esse grupo econômico foi contemplado com a decisão dos fundos de pensão Petros e Funcef, dos empregados da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, respectivamente, em injetar cerca de R$ 550 milhões no Florestal Fundo de Investimentos em Participações (FIP), que pertence à família dos controladores da JBS e do empresário e pecuarista Mário Celso Lopes, de Andradina (SP).
Parece que os problemas socioambientais na pecuária e "deserto verde" nos grandes reflorestamentos com eucaliptos não são levados em conta nessas decisões governamentais.
Maurício Galinkin, editor.
BNDES apoia fusão de frigoríficos 21.09.09
E Fundos de Pensão de empregados de estatais injetam R$ 550 milhões no grupo JBS
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) considerou positiva a união entre os frigoríficos JBS e Bertin. Acionista das duas empresas, o banco assegurou, em nota divulgada no dia 16 pp., que a associação resultará “na maior empresa de proteína animal do mundo, com grande potencial de geração de sinergias, que já nasce listada no Novo Mercado (da Bolsa de Valores de São Paulo-Bovespa)”.
O BNDES reiterou que vem apoiando as estratégias anunciadas pelo JBS e pelo Bertin, dentro das orientações da instituição que priorizam a adoção de boas práticas socioambientais.
A participação acionária do banco na empresa resultante da fusão será de 22,4% do negócio total. O banco analisa também como positivas as estratégias anunciadas de internacionalização da JBS e de abertura de capital nos Estados Unidos.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil
Frigoríficos JBS e Bertin anunciam acordo para futura fusão
O JBS e o Bertin poderão se tornar, juntos, o maior grupo de abate e comercialização de carnes do mundo. Na quarta-feira passada (16), as administrações dos dois frigoríficos informaram, por meio de nota, que foram comunicadas por seus acionistas controladores que “foi firmado um cordo de associação que prevê diversas transações de forma a viabilizar a unificação das operações do Bertin e do JBS.” A fusão das duas empresas ainda depende da aprovação por parte das autoridades de defesa da concorrência no Brasil e no exterior.
O Bertin possui 38 frigoríficos no Brasil e no exterior, com capacidade para abater até 16,5 mil cabeças por dia, empregando mais de 28 mil funcionários. Seu faturamento, em 2008, foi de R$ 7,5 bilhões. O JBS, que já é a maior empresa de carne bovina do mundo, tem capacidade de abate de 73,9 mil cabeças ao dia em suas 25 unidades espalhadas por nove estados brasileiros, seis na Argentina, 16 nos Estados Unidos, dez na Austrália e oito na Itália. No ano passado, teve receitas líquidas de R$ 30,3 bilhões.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que representantes das duas empresas se reuniram no dia anterior ao anúncio (15) com ele para comunicar o negócio e que não deve haver grandes mudanças no mercado interno na relação com produtores . “Como ministro da Agricultura, não posso defender a concentração, mas se trouxer mais eficiência no mercado externo e ganhar em escala, talvez essa seja a única solução”, afirmou. Ele disse, no entanto, que as empresas não deram informações sobre a garantia de emprego de seus funcionários.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Júnior, recebeu a notícia com ressalvas. “O mercado está cada vez mais concentrado e temos que avaliar qualquer possibilidade de cartelização”, afirmou. O estado tem duas plantas do Bertin e uma do JBS.
“[A associação das empresas] é ruim para o produtor porque reduz o número de compradores. Não é uma boa notícia”, avaliou o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confedeação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Assuero Veronez.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil
Fusão preocupa produtores e rivais menores
O anúncio da fusão entre JBS-Friboi e Bertin, dois gigantes do setor de carnes do Brasil, trouxe preocupação a produtores e pequenos Frigoríficos. A concentração do setor é vista com apreensão no segmento.
Os produtores pedem que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) analise os efeitos sobre o mercado interno de carne bovina antes da aprovação da fusão.
Vemos o surgimento de um oligopólio com características de monopólio, o que desequilibra ainda mais a relação entre produtores e indústria, que já não é equilibrada, afirma Alexandre Kireeff, presidente da Sociedade Rural do Paraná.
A falta de organização dos produtores, que negociam individualmente suas vendas, é apontada por José Antônio Pontes, presidente da ANPBC (Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte), como um dos principais fatores de apreensão com o negócio.
Em Mato Grosso, a fusão pode fazer com que a nova holding seja responsável por 50% do abate no Estado, diz Eduardo Alves Ferreira Neto, tesoureiro da Famato (federação da agricultura e da Pecuária do Estado). Segundo ele, essa concentração acaba com as opções de comercialização por parte dos pecuaristas.
O fazendeiro, que já está num momento difícil por conta da cotação da arroba e da dificuldade de abater o gado, tem que ficar mais atento ainda para evitar o controle do preço do boi por parte de poucas indústrias, diz o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso, Mário Figueiredo.
O presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles Salazar, pede uma análise séria do Cade, para que se mantenham as condições de competitividade e equilíbrio no mercado interno do setor de carnes.
Essa junção vai trazer um impacto violento no mercado e vai atingir as duas pontas da cadeia, com prejuízos para produtores e para consumidores.
A notícia também é recebida com apreensão pelas entidades nacionais que representam os produtores. Tem o lado bom, que é o fortalecimento da indústria, o que, em tese, beneficia o produtor. Mas há a possibilidade de a empresa mandar no mercado, ditar normas, manusear preço, afirma o presidente da comissão de Pecuária de corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Antenor Nogueira.
A preocupação da Sociedade Rural Brasileira é semelhante. Com estruturas grandiosas, você ganha em custos, consegue penetrar nos mercados e, teoricamente, tem chance de vender mais e melhor o produto. Mas, se não for uma empresa do bem, ela poderá manipular o mercado com o seu poder de compra, diz o presidente Cesário Ramalho da Silva.
No Rio Grande do Sul, longe da concorrência com a nova holding (os dois grupos não têm unidades no Estado), os pecuaristas são vozes discordantes sobre a fusão.
Carlos Sperotto, presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), disse serem normais, após a crise, as fusões de grandes corporações, como já ocorreu com Sadia e Perdigão.
Fonte: Folha de São Paulo
Fundos de pensão injetam R$ 550 mi em reflorestamento
A Petros e a Funcef, os fundos de pensão da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, vão injetar cerca de R$ 550 milhões no Florestal Fundo de Investimentos em Participações (FIP), que pertence à família dos controladores da JBS e do empresário e pecuarista Mário Celso Lopes, de Andradina (SP).
Os fundos de pensão subscreveram 49,5% das cotas do fundo de participação, restando o controle nas mãos dos sócios privados, com 50,25%. Petros e Funcef terão, cada um, 24,75% das cotas.
O ingresso de recursos deverá reforçar o projeto de investimentos da empresa Florestal Investimentos Florestais na compra de mais terras e acelerar os planos de plantio de eucaliptos. O projeto de reflorestamento tem a finalidade de atender potenciais produtores de celulose, carvão vegetal, móveis e produtos florestais.
A Florestal Investimentos pretendia fazer o lançamento de ações, mas o processo foi atrapalhado com a virada do mercado de capitais em razão da crise econômica do ano passado. No início deste ano, os sócios privados convidaram um grupo de administradores de recursos para montar um fundo de investimento para captar financiadores ao projeto. A Vitória Asset Management, uma gestora com sede em São Paulo, controlada por José Augusto Ferreira dos Santos, levou a disputa.
Estruturado pelo escritório de advocacia Demarest & Almeida, o fundo de participações vai administrar R$ 1,1 bilhão, dos quais os sócios privados - a J&F Participações, empresa que pertence aos donos da JBS, e a MCL Empreendimentos, - já aportaram a metade em terras e outros ativos. A Vitória Asset terá 0,25% do FIP. A princípio, o fundo será fechado para demais investidores, mas não está descartado a entrada de novos investidores num segundo momento.
A Florestal Investimentos Florestais, que já possui mais de 75 mil hectares de terras em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, tem planos de chegar a meio milhão de hectares em todo o país. Grande parte disso é coberta por florestas de eucaliptos. O investimento é de longa maturação - o que ajudou atrair a atenção dos fundos de pensão - na medida em que os plantios de eucalipto para uso na produção de celulose estão aptos para o corte a partir do sétimo ano.
Fonte: Valor Econômico
Governo aposta no zoneamento da cana-de-açúcar 21.09.09
para reduzir resistência ao etanol brasileiro no exterior
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, avalia que o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, lançado pelo governo federal, vai reduzir a resistência à entrada do etanol brasileiro no mercado externo e dar maior competitividade ao produto. A proposta proíbe a construção de novas usinas e a expansão do plantio em qualquer área da Amazônia, do Pantanal, da Bacia do Alto Paraguai ou em vegetação nativa de outros biomas.
Na avaliação do ministro, essa é a oportunidade para que o país tenha um combustível verde e que não provoca o aquecimento global. “A importância de se garantir que o álcool seja verde significa a preservação de ecossistemas importantes como o da Amazônia, do Pantanal e de vegetações cativas. Primeiro é bom para o Brasil, para o pulmão do trabalhador e para o bioma e segundo porque garante a colocação do etanol brasileiro no mercado externo”.
Para Minc, a decisão do governo evitará barreiras comerciais e bloqueios ao nosso produto, facilitando a transformação do mesmo em uma commodity (produtos básicos como soja e minério de ferro que têm cotação internacional). O ministro do Meio Ambiente disse, em entrevista à Agência Brasil, que o próximo passo agora será promover a transferência tecnológica do álcool brasileiro entre os países do Hemisfério Sul.
“Queremos fazer a transferência de tecnologia Sul/Sul, do do Brasil para a África e para a Ásia. Normalmente se pensa na transferência de tecnologia dos países ricos para os pobres. Neste caso, é interessante porque é um programa com tecnologia brasileiro, cria empregos aqui e lá fora e diminui o aquecimento global - uma vez que, por causa do ciclo, o álcool emite percentual zero de carbono”, afirmou.
Outro objetivo da decisão governamental, segundo Minc, é fazer com que as regras possam no futuro valer retroativamente. “Este primeiro acordo visa apenas à expansão do plantio, mas queremos que muita coisa que está no programa a ser encaminhado ao Congresso Nacional comece a valer também para traz de modo a acabar com as queimadas em um prazo de cinco anos.”
Fonte: Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil
Projeto de lei do governo pretende proteger biomas brasileiros, mas depende de aprovação do Congresso
A proposta de zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar proíbe a construção de novas usinas e a expansão do plantio em qualquer área da Amazônia, do Pantanal, da Bacia do Alto Paraguai ou em vegetação nativa de outros biomas. O projeto de lei ainda será encaminhado ao Congresso Nacional.
Essas áreas, somadas àquelas onde o plantio já não é permitido, como as unidades de conservação e terras indígenas, fazem com que fique proibido o plantio da cana em 92,5% do território brasileiro.
As proibições previstas pelo zoneamento estabelece que estarão aptos ao plantio da cana-de-açúcar 64 milhões de hectares. Considerando os novos critérios, a expansão da cana-de-açúcar poderá ocorrer em 7,5% do território nacional. Atualmente, o cultivo de cana ocupa uma área de 8,89 milhões de hectares, o que representa menos de 1% do território nacional.
Na avaliação do governo, o zoneamento tornará a produção de etanol ainda mais eficiente, estimulando o comprovado benefício ambiental do uso do biocombustível produzido a com a cana-de-açúcar.
Já há a intenção do governo de chegar a 2017 com um aumento de quase 100% na produção de etanol em relação à produção atual, o que elevaria a área plantada para cerca de 1,7% do território do país. Dados da Agência Internacional de Energia mostram que o etanol de cana produz 90% menos gases de efeito estufa do que a gasolina.
Para atingir, plenamente, os objetivos apresentados no zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, o governo pretende permitir a produção apenas em áreas que não necessitem irrigação e possam ter mecanização, eliminando a prática de queimadas. Para isso, o presidente Luis Inácio assinou um decreto que orienta o Conselho Monetário Nacional a estabelecer novas condições, critérios e vedações para o crédito rural e agroindustrial.
Fonte: Danilo Macedo e Yara Aquino, repórteres da Agência Brasil
Edição: Talita Cavalcante
Produtores contestam zoneamento da cana
Os produtores do Mato Grosso contestaram a proposta de zoneamento da cana-de-açúcar apresentada pelo governo federal ontem (17). Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a proibição da expansão do plantio nos biomas Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai praticamente inviabilizam o setor no Estado.
"O Mato Grosso tem 115 municípios que se encontram nos biomas Amazônia e na bacia do Alto Paraguai. O zoneamento significa uma morte súbita para o setor nesses municípios", explica o vice-presidente da Famato, Normando Corral.
Segundo Corral, a decisão é política, e não ambiental. "Tecnicamente, não tem por que proibir. Nós já temos usinas funcionando nesse ambiente de produção há décadas, sem nenhum prejuízo ao meio ambiente", diz.
A proposta do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar foi lançada ontem pelo governo federal. Pela nova proposta, fica proibida a construção de novas usinas e expansão do plantio em qualquer área da Amazônia, Pantanal, Bacia do Alto Paraguai ou em vegetação nativa em áreas de florestas.
O zoneamento também impede o plantio em áreas que necessitem de irrigação ou queimada, ou em áreas que seja inviável a mecanização da produção.
Com os novos critérios, a expansão da cana-de-açúcar poderá ocorrer em 7,5% do território nacional. Atualmente, o cultivo da cana-de-açúcar ocupa menos de 1% do país (cerca de 8,8 milhões de hectares).
O objetivo do governo é "esverdear" a produção de etanol para evitar entraves na exportação do produto para a Europa. Obter um combustível mais sustentável é considerado como mais um trunfo brasileiro nas negociações do novo acordo do clima, que será realizado em dezembro em Copenhague. "Lá fora tem essa discussão sobre alimentos e devastação. Agora vamos poder dizer que nosso etanol é 100% verde", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao jornal Valor Econômico.
A proposta será apresentada como projeto de lei e dependerá do voto de deputados e senadores para ser aprovada. Segundo Corral, os produtores do Mato Grosso vão tentar reverter a lei no Congresso. "Nós vamos movimentar toda a instância política do Mato Grosso, principalmente nossa bancada federal de deputados e senadores, e tentar sensibilizar os outros", diz.
Fonte: Bruno Calixto, Amazonia.org.br
Frio intenso antecipado afeta safra de soja da China: importações poderão crescer 21.09.09
A produção de soja em Heilongjiang, maior área produtora da oleaginosa da China, deve cair cerca de 3 milhões de toneladas este ano, devido parcialmente a um frio intenso antecipado, disse o presidente da principal processadora de soja da região.
Tian Renli, presidente e diretor-geral da Jiusan Oils and Grains Industry Group Corp Ltd., afirmou na sexta-feira passada (18) que esperava uma queda da produção em algumas áreas de Heihe e Qiqihar.
"O problema é o tempo nas fases anteriores do ano... que atrasou a safra. E agora há uma frente fria antecipada. Portanto, com uma área reduzida, nós esperamos que a produção caia 3 milhões de toneladas", disse.
A previsão de Tians para a colheita de Heilongjiang sugere que a safra de soja em toda a China pode ser menor que o previsto. O Centro Nacional de Grãos e Óleos da China estimou uma colheita de 14,5 milhões de t, ante 15,5 milhões de t em 2008.
Safra menor pode indicar maior necessidade de importação - o Brasil está entre os principais exportadores para os chineses.
Este ano, a China registrou recorde de importações de soja por conta de uma campanha de armazenamento do governo que ofereceu a produtores um preço fixo pelos grãos produzidos por eles, abrindo uma janela para importações em meio à queda dos preços do mercado internacional.
A campanha de armazenamento, criada para ajudar produtores, acabou sendo alvo de críticas, atraindo importações dos Estados Unidos e América Latina. "O armazenamento não é a solução. O governo está armazenando o problema, e não resolvendo", disse Tian.
Tian disse que a Jiusan deseja que o governo ofereça incentivos a processadoras para esmagarem a soja chinesa, o que pode dissuadir as fábricas de contratar mais importações. "Nós sugerimos subsídios para processadoras porque esta é uma boa solução", explicou ele.
O governo chinês adotou o programa de subsídios para fortalecer as safras de milho e colza, e autoridades disseram anteriormente à Reuters que uma oferta similar seria estendida para algumas processadoras de soja em Heilongjiang, com um subsídio de 200 iuans por tonelada.
Tian disse que nada foi finalizado e agora é tarde demais. "Mesmo com um subsídio de 200 iuans, elas ainda vão registrar 200 iuans de perdas porque os preços para o óleo e o farelo de soja estão caindo."
Ele também estima que os custos com plantio devem ser maiores no próximo ano. Portanto, o governo poderia oferecer a produtores um elevado valor para a próxima colheita para proteger seus interesses.
"O governo da região vai pedir a produtores locais para produzirem milho na maior área possível. Isso é parte do grande plano para aumentar a produção de grãos", disse Zhang. A área destinada ao plantio de soja no próximo ano vai diminuir, disse ele sem dar mais detalhes.
Fonte: Reuters
Famílias inteiras eram escravizadas em fazenda de algodão na Bahia 21.09.09
Pelo menos duas famílias inteiras - formada por pai, mãe e filho - estavam sendo submetidas à condição análoga à escravidão na Fazenda Paus Pretos, no município Sebastião Laranjeiras (BA). A situação foi descoberta por meio de denúncia recebida pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e encaminhada à Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Vitória da Conquista (BA).
Os fiscais viajaram por mais de 150 km em estrada de terra para chegar até o local indicado e encontraram 70 pessoas exploradas como escravos. Integravam o grupo 20 mulheres, uma criança de apenas 12 anos e um adolescente de 17. "No local, constatamos a gravidade da situação. Eram muitos trabalhadores, muitas crianças acompanhando as mães e duas trabalhando com as famílias. O ambiente de trabalho era extremamente degradante", detalha o auditor fiscal Joatan Gonçalves Reis.
Segundo Joatan, o pagamento por um mês de trabalho não chegaria nem a um salário mínimo (R$ 456) porque os trabalhadores eram obrigados a comprar a alimentação vendida pelos gatos e o valor era anotado numa caderneta para posterior desconto. "Além do isolamento geográfico, ficou clara a servidão por dívida, duas das situações que caracterizam o trabalho escravo contemporâneo", argumenta o fiscal da Gerência de Vitória da Conquista. Nenhum empregado recebeu Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
As 20 mulheres libertadas também colhiam algodão. Elas foram trabalhar na fazenda carregando os filhos. Durante o dia, uma delas mantinha um bebê de apenas seis meses nos barracos que serviam de alojamento. "A maioria das mulheres não veio acompanhada dos maridos. Elas estavas somente com os filhos", explica o auditor fiscal do trabalho.
"A denúncia veio em caráter de urgência porque havia chances de a colheita terminar nos próximos dias. E nós fomos no final de semana seguido de feriado", explica Joatan. O relatório da fiscalização será enviado ao MPT e à Polícia Federal (PF). Utilizada atualmente pelo agronegócio da monocultura do algodão, a Fazenda Paus Pretos já foi designada como área de interesse social pelo Executivo Federal. Com área registrada de 2,3 mil hectares, a propriedade foi desapropriada para reforma agrária por decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de 5 de novembro de 2002. A área já vinha sendo reivindicada para este fim há anos. Em 2000, 83 famílias do Movimento de Luta pela Terra (MLT) ocuparam a mesma fazenda.
Fonte: Bianca Pyl, Repórter Brasil
Três novas variedades de milho transgênico são aprovadas no Brasil 21.09.09
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - aprovou na quinta-feira passada (17/09) a comercialização de três novas variedades de milho transgênico no Brasil. Dos três milhos aprovados, um é resistente a insetos, outro é resistente a insetos e tolerante a glifosato, e um último resistente a insetos e tolerante aos herbicidas glifosato e glufosinato.
Com essas novas liberações comerciais, o Brasil tem aprovadas nove variedades de milho geneticamente modificado. Quatro delas são resistentes a insetos, três tolerantes a herbicidas e outras duas variedades apresentam as duas características.
Segundo o ISAAA - Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia - atualmente, 19 países cultivam variedades de milhos transgênicos.
Fonte: Globo Rural
Produção e exportação pressionam preços da carne de frango 21.09.09
A produção de carne de frango aumentou 5% de julho para agosto deste ano, atingindo 1 milhão de toneladas, volume recorde para o setor nacional, conforme dados da UBA (União Brasileira de Avicultura). A combinação de maior produção com diminuição de 9,5% das exportações em agosto resultou em elevação de 11% na disponibilidade interna, estimada em 743 mil toneladas no mês.
Com esse nível de oferta, os preços internos do resfriado recuaram da segunda quinzena de agosto até final da primeira semana de setembro, mantendo-se estáveis desde então, de acordo com pesquisas do Cepea. Já o frango congelado, que em agosto apresentou relativa estabilidade, vem desvalorizando em setembro. Nos últimos dias, houve queda de até 5% no preço da carne congelada no atacado.
Fonte: Cepea/Esalq
CPT responsabiliza setores estratégicos da economia pela violência no campo 08.09.09
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que as exportações brasileiras geraram mais de US$ 70 bilhões em divisas para o Brasil no primeiro semestre deste ano e garantiram um superavit de mais de US$ 14 bilhões. O resultado positivo deveu-se a setores competitivos da economia nacional, como produção de celulose, minério de ferro, carne, açúcar e etanol. Só no mês passado, esses setores exportaram mais de US$ 2 bilhões.
A despeito da importância econômica, os mesmos setores são apontados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) como responsáveis pela violência no campo. “Boa parte do PIB [Produto Interno Bruto] é obtido não só com o suor, mas com o sangue dos trabalhadores. Tanto no branco do açúcar, quanto no cheiro do álcool, assim como no minério de ferro e na carne. O sangue e o suor dos trabalhadores é exportado em alta escala”, acusa Dirceu Luiz Fumagalli, coordenador nacional da CPT.
Segundo Dirceu, tais setores econômicos juntamente com a produção da celulose se baseiam em um modelo produtivo que gera exploração da mão de obra, expulsão de trabalhadores do campo e degradação ambiental.
“O modelo é esse da grande extensão, do monocultivo para exportar. É o mesmo modelo agrário desde as sesmarias”, diz, fazendo referência à forma de ocupação de terras e de produção iniciada pelos portugueses no período colonial, ainda no século 16. “Mesmo sob o Estado dito democrático, não democratizamos o acesso à terra”, afirma o coordenador, lembrando especialmente a manutenção de latifúndios agora voltados para o agronegócio.
A CPT divulgou relatório sobre os conflitos no campo nos seis primeiros meses de 2009. Segundo a comissão, o número de conflitos por terra, água e direitos trabalhistas (366, envolvendo mais de 193 mil pessoas) apresentou queda de 46% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas a violência aumentou proporcionalmente.
De acordo com Dirceu Fumagalli, em cada 57 famílias de trabalhadores rurais uma foi despejada (a média do primeiro semestre do ano passado foi de 1 despejo a cada 70 famílias). “Quando o capital não expulsa, o Estado despeja”, afirma.
O número de assassinatos também aumentou. Entre janeiro e junho deste ano, uma pessoa foi morta a cada 160 envolvidas em conflito (a média do mesmo período em 2008 foi de uma pessoa assassinada a cada 230). O número de pessoas envolvidas em conflitos saltou de 445 pessoas no ano passado para 528 este ano.
O coordenador da CPT chama a atenção para o fato de que casos de conflito, exploração da mão de obra e degradação ambiental ocorreram em todo o território nacional, inclusive “nos ditos estados ricos do Sul e Sudeste”. Segundo o coordenador, o Pará manteve a liderança histórica em conflitos. “O estado mais violento, onde temos capacidade de acompanhamento, é o Pará. O Pará ainda está no cenário altamente violento por causa da luta pela terra, pela água e pelos minérios”.
A reportagem da Agência Brasil não conseguiu ouvir o governo do Pará e também não conseguiu repercutir os dados da CPT com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. A Comissão Pastoral da Terra prepara a publicação de um atlas sobre conflitos no campo com dados desde 1985, quando iniciou o acompanhamento dos incidentes.
Fonte: Gilberto Costa, repórter da Agência Brasil
Zoneamento da cana-de-açúcar deixa canaviais fora da Amazônia e do Pantanal 08.09.09
O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, que vai definir onde as novas lavouras para produção de etanol poderão ser instaladas, será anunciado amanhã, quarta-feira (9), pelo presidente Luiz Inácio da Silva. A informação é do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que adiantou alguns pontos do mapeamento.
Segundo Minc, não serão autorizadas novas lavouras na Amazônia e no Pantanal, o que inclui a Bacia do Rio Paraguai, em Mato Grosso. A possibilidade de cultivo de cana na região foi um dos pontos mais polêmicos da negociação, que atrasou em mais de um ano a divulgação do zoneamento.
Não poderá haver competição com áreas de produção de alimentos e a colheita nas novas plantações será obrigatoriamente mecanizada, sem fogo, segundo Minc. Para os canaviais já consolidados, o governo vai estabelecer um prazo de cinco anos para zerar as queimadas.
O zoneamento também prevê as regras para o aproveitamento do vinhoto (resíduo poluente) e da palha da cana para geração de energia elétrica a partir da biomassa.
A estimativa do governo é que os atuais canaviais somam 7 milhões de hectares. A expansão da produção de etanol vai demandar pelos menos mais 6 milhões de hectares, a grande maioria em áreas de Cerrado.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil
Projeto de lei busca derrubar barreiras à venda do álcool no exterior
Com um ano e dois meses de atraso, o presidente da República vai anunciar o veto à expansão das plantações numa área de 4,6 milhões de quilômetros quadrados -mais da metade do território nacional- e em regiões que mantenham a vegetação nativa no restante do país. Essas serão as principais medidas do "selo verde" que quer imprimir ao projeto do álcool combustível. Em discurso na sede da União Europeia, em Bruxelas, em julho de 2007, Luiz Inácio afirmou que o biocombustível brasileiro não aumentaria o desmatamento nem avançaria sobre a produção de alimentos. Desde então, esse compromisso ficou limitado às palavras.
Com exceção das nove usinas que operam na Amazônia e na área do entorno do Pantanal mato-grossense, novos empreendimento serão proibidos nessas regiões, segundo a proposta. O projeto estimulará novas plantações de cana em áreas de pastagens degradadas.A expectativa de governo e produtores é duplicar a área de cerca de 7 milhões de hectares (ou 70 mil quilômetros quadrados) de cultivo até 2017. Objeto de longa e acirrada disputa no governo, as regras do zoneamento da cana correm o risco de serem alteradas no Congresso antes de entrarem em vigor.
Aos ministros, o Presidente anunciou que não podia comprometer a estratégia do álcool "verde" para atender aos interesses de produtores rurais do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, aliados do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura). Mas, ao optar por um projeto de lei -e não por medida provisória-, Lula abriu caminho para novo "round" entre o agronegócio e os ambientalistas. O compromisso com o biocombustível verde extrapola, porém, o debate político interno. Tem a ver com a imagem internacional e com a possibilidade de barreiras não-tarifárias à venda do álcool no exterior. Essa preocupação foi exposta em carta ao presidente da República pelo presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank. A carta registra que "percepções errôneas sobre a correlação entre biocombustíveis e desmatamento ainda persistem" e pede a definição breve das regras. LobbyO lobby mais forte e principal entrave ao zoneamento da cana até aqui tem como pivô uma área de 110 mil quilômetros quadrados no entorno do Pantanal. Ambientalistas alegam que o cultivo de cana na área, onde já operam cinco usinas, pode contaminar o Pantanal. O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ameaçou deixar o governo caso a área fosse liberada para a cana.
Os produtores locais, que esperavam fazer da borda do Pantanal um novo polo de produção de açúcar e de álcool, prometem reagir. "70% da produção do Mato Grosso se concentra nessa região e três novos projetos estavam aguardando a liberação. A decisão é um retrocesso", disse Jorge Santos, diretor do Sindálcool (Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado do Mato Grosso).
A mobilização para tentar mudar a proposta do governo no Congresso é confirmada pelo presidente do BioSul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda. "Há cerca de um milhão de hectares que poderiam receber novos projetos", defende.
A presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), avalia que o zoneamento da cana deveria se limitar a medidas de incentivo à produção em áreas que o governo considerasse mais aptas, sobretudo por meio de financiamento público. "Proibir é uma coisa de que não gosto; ferir o direito de propriedade e a livre iniciativa incomoda", disse.
A proposta do governo prevê o veto à expansão da cana na Amazônia e no entorno do Pantanal não só via licenciamento, mas por meio de autorização do Ministério da Agricultura às novas usinas. Outra medida é proibir o corte da vegetação nativa para o cultivo de cana. A desobediência poderá levar ao embargo da produção.
Fonte: Marta Salomon. Folha de São Paulo
Anvisa proíbe agrotóxicos com Endosulfan e acefato 08.09.09
Os produtores de algodão, cacau, café, cana-de-açúcar e soja não poderão mais utilizar agrotóxicos que tenham, em sua composição, o ingrediente ativo Endosulfan. A medida foi anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que suspendeu a importação e o registro de novos agrotóxicos à base dessa substância A Anvisa proibiu também o uso de acefato nas culturas de amendoim, batata, brócolis, citros, couve, couve-flor, cravo, crisântemo, feijão, fumo, melão, pimentão, repolho, rosa e tomate. De acordo com nota divulgada pela agência, o acefato só poderá ser usado em algodão e soja, até 31 de outubro de 2013. Foi recomendada, ainda, a proibição da substância para uso doméstico e jardinagem. A ingestão diária aceitável do produto deixa de ser de 0,03 miligramas por quilo (mg/Kg) de peso corpóreo/dia, passando para 0,0008 mg/kg. Quanto à aplicação, a Anvisa proibiu que seja feita de forma manual ou por meio de bombas penduradas nas costas de quem aplique o produto. As restrições de uso desses dois ingredientes ativos de agrotóxicos é baseado em estudos que apontam para graves danos de saúde relacionados ao uso dessas substâncias. Por este motivo, tanto o acefato como o Endosulfan já foram banidos em vários países do mundo. No Brasil, os agrotóxicos à base dessas duas substâncias ainda poderão continuar sendo utilizados pelo prazo de 60 dias. Durante esse prazo, a Anvisa aceita contribuições para as consultas públicas abertas para fazer uma revisão dos dados toxicológicos dos produtos. As contribuições podem ser feitas pelo site da Anvisa ou pelo e-mail toxicologia@anvisa.gov.br. Fonte: Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil. Edição: Lílian Beraldo
Alimentação de 1,6 bi de asiáticos ameaçada por aquecimento 08.09.09
A segurança alimentar de cerca de 1,6 bilhões de habitantes do Sul da Ásia está ameaçada por causa das secas, as chuvas torrenciais e outros efeitos da mudança climática, advertiu no último dia 2 o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD).
O BAD, instituição financeira com sede em Manila, identifica, em seu relatório, Afeganistão, Bangladesh, Índia e Nepal, como os países mais vulneráveis a crise alimentícia resultante do desaparecimento de campos de cultivos ocasionado pelas mudanças climáticas. “A vulnerabilidade do Sul da Ásia à mudança climática tem implicações extremamente sérias para a agricultura e, portanto, também na segurança alimentar", assinala o BAD.
Segundo o estudo, estes quatro países do sul do Ásia e especialmente os que têm uma alta densidade de população como Índia e Bangladesh, verão reduzidas de forma notável tanto a extensão dos cultivos quanto de água disponível para as lavouras nas próximas quatro décadas.
De acordo com a tendência atual, até 2050 a produção de arroz cairá 10%, enquanto a de trigo, 12%, e a de milho registrará uma redução de 17% , de acordo aos dados recolhidos pelo estudo. "A escassez de comida provocará uma alta dos preços e reduzirá o consumo de calorias por parte da população de toda a região", aponta a instituição bancária.
O estudo sobre os efeitos da mudança climática na segurança alimentar no Sul da Ásia segue o apresentado em abril passado pelo BAD no qual alertava que a região que padecerá graves perdas econômicas se não freia os efeitos do aquecimento global.
Então, o BAD avisou que se continuava a atual inércia para fazer frente ao fenômeno, as perdas poderiam supor até 6% do Produto Interno Bruto (PIB) de países como as Filipinas, Indonésia, Tailândia ou Vietnã.
A segurança alimentar se verá ameaçada pela queda na produção de arroz, o aumento do nível do mar obrigará a deslocar a milhares de residentes de ilhas e zonas litorâneas, e cada vez mais pessoas serão vulneráveis a doenças como o dengue ou a malária, segundo a instituição multilateral.
O BAD aconselhou aos Governos lutar contra o aquecimento global e a atual crise econômica por meio de programas de estímulo que também levem em conta a redução de emissões poluentes e a pobreza.
O relatório do BAD cita como setores-chave a melhora dos sistemas de tratamento de água e irrigação, otimização de cultivos, economia energética, proteção de florestas e preservação dos recifes de coral para garantir as atividades de pesca. Realizando estas e outras medidas, os países do Sudeste Asiático serão capazes de reduzir o nível de suas emissões em 40% antes de 2020.
Fonte: Estadão Online, http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=47991
Maranhenses viviam como escravos em fazenda de soja 08.09.09
A maioria dos 11 libertados estava no local há pouco mais de um ano; um deles era explorado criminosamente desde 2007. Eles catavam raízes na Fazenda Colorado II, área produtora de soja em Nova Canaã do Norte (MT)
Aliciados no Estado do Maranhão, 11 trabalhadores viviam em condições análogas à escravidão na Fazenda Colorado II, situada na zona rural de Nova Canaã do Norte (MT), a quase 700 km da capital Cuiabá. Um jovem de apenas 17 anos de idade estava entre os libertados.
A maioria estava no local desde julho do ano passado; um deles era explorado criminosamente desde 2007. Eles trabalhavam na catação de raízes na propriedade de cultivo de soja, com cerca de 420 hectares.
A operação, que teve início nos primeiros dias de agosto, foi tumultuada. Ao tomar conhecimento da chegada dos representantes da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Mato Grosso (SRTE/MT) e da Procuradoria Regional do Trabalho da 23ª Região (PRT-23) na propriedade, o empregador conseguiu retirar os empregados do local. Para completar, os alojamentos foram derrubados e o acesso por terra até a frente de trabalho foi bloqueado com o emprego da vegetação retirada da beira da estrada.
Apesar dos problemas, o quadro de trabalho escravo foi caracterizado. Equipamentos de proteção individual (EPIs) e ferramentas não eram fornecidos. Foi encontrado ainda um caderno com anotações de dívidas dos trabalhadores referentes à compra de alimentos (como biscoitos e doces), fumo, cigarros, isqueiros, bota, chinelos e itens de higiene. O pagamento era feito por produção e variava de R$ 10 a R$ 15 por hectare limpo.
Os alojamentos eram barracos na mata feitos de lenha sob chão batido, cobertos com lona preta. As paredes também eram de lona. Não havia instalações sanitárias ou elétricas. A água utilizada vinha de uma represa.
A comida era preparada em fogueiras improvisadas por uma cozinheira que também fora aliciada. Eles comiam feijão, arroz e farinha. Muito raramente, servia-se carne. Caçavam e pescavam para reforçar a alimentação.
O empregador assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e efetuou o pagamento dos valores referentes as verbas da rescisão do contrato de trabalho, que totalizaram R$ 31,5 mil. Ao todo, foram lavrados 16 autos de infração.Fonte: Bianca Pyl, Repórter Brasil
Presidente irá engavetar índices, diz CNA 08.09.09
Acompanhada de representantes de diversas federações estaduais de Agricultura, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), disse nessa quinta-feira, na Expointer, em Esteio, acreditar que o presidente da República irá engavetar a revisão dos índices de produtividade nas fazendas brasileiras, com publicação prevista para esta semana. Para Kátia, a reação nacional do campo contrária à portaria interministerial, aliada a denúncias de irregularidades envolvendo o Incra e assentamentos em São Paulo e à pressão do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para que o texto seja reformulado, serão suficientes para que Luiz Inácio desista da medida neste momento. Kátia antecipou que a carta de princípios da CNA envolvendo a legislação ambiental será debatida com confederações de Agricultura de dez países emergentes em outubro. São quatro pontos: desmatamento zero na Amazônia, pagamento por serviços ambientais para produtores que preservam o meio ambiente, recomposição de matas ciliares e legalização de áreas.
Fonte: Correio do Povo
Brasil já recolheu 19,7 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos em 2009 08.09.09
O Brasil é o país que mais recolhe embalagens de agrotóxicos no mundo. Dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPEV), entidade financiada pelas indústrias do setor, apontam que 24,4 mil toneladas de embalagens desse tipo foram recolhidas em 2008. Isso significa que 94% das embalagens vendidas são devolvidas para receber tratamento adequado.
“Sozinhos, recolhemos mais da metade do total de embalagens recolhidas em todo o mundo”, informa o gerente de Logística do inPEV, Mário Fuji, à Agência Brasil. Segundo ele, até agosto de 2009 o país já recolheu 19,734 mil toneladas desse tipo de embalagem, número 17,6% superior ao registrado no mesmo período de 2008.
Fuji explica que nos Estados Unidos apenas 20% das embalagens são recolhidas. No Japão esse índice é de 50%, enquanto na França é de 74%. No Canadá, 73% das embalagens são recolhidas e na Alemanha, 78%.Os especialistas da área creditam a legislação e a conscientização dos agricultores como os principais motivos do destaque brasileiro, comparado a outros países. “Existe uma lei federal [Lei 7.082] que determina: ao adquirir agrotóxicos, o produtor tem que devolver em até um ano a embalagem do produto nos postos de recolhimento”, explica o gerente de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, Álvaro Caldas.
“Os agricultores brasileiros realmente captaram a mensagem de que essas embalagens representam grande risco para o meio ambiente e para seres vivos”, avalia Mário Fuji. “Mas as campanhas publicitárias foram peças muito importantes para conscientizá-los”, completou.Depois de recolhidas e tratadas, as embalagens de agrotóxicos – geralmente feitas de polietileno de alta densidade – seguem para empresas de reciclagem.
“É importante ressaltar que apenas as empresas licenciadas pelos órgãos de meio ambiente estaduais podem receber esses materiais para evitar que eles sejam utilizados para a fabricação de utensílios domésticos, como os que armazenam alimentos”, adverte Caldas.
O gerente da Secretaria de Agricultura do DF explica que a partir do material reciclado é possível fabricar conduítes e dutos para fios elétricos, caixas plásticas, caçambas, embalagens para óleo automotivo, tubos para esgoto, suportes para fios de postes de energia, sacos plásticos para descarte e incineração de lixo hospitalar, além de tampas para outras embalagens de agrotóxicos.
Fonte: Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil
Auditores resgatam 35 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Goiás 24.08.09
Vítimas trabalhavam em uma fazenda, entre elas três adolescentes
O Grupo Especial de Fiscalização Rural da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO) resgatou na última quinta-feira (20/08) 35 trabalhadores em situação análoga à escravidão em uma fazenda no município de Minaçu, localizada a 504 quilômetros da capital Goiânia. Entre os resgatados estavam três adolescentes, sendo um de 15 anos e outros dois de 16 anos. Os trabalhadores não tinham vínculo empregatício formal. A maioria mora na cidade de Minaçu e alguns deles viviam na própria fazenda. Um deles declarou que trabalha na localidade há mais de 12 anos. O auditor-fiscal do trabalho e coordenador da operação, Roberto Mendes, informou que praticamente nenhum trabalhador usava equipamentos de proteção, exceto quando compravam com o próprio dinheiro, na cidade ou do empregador, que cobrava pelo fornecimento de foices, limas e botinas. Muitos casos de acidentes de trabalho foram informados pelos trabalhadores, inclusive com omissão de socorro, envolvendo intoxicações com agrotóxicos. Segundo Mendes, a comida fornecida era de péssima qualidade. Pela manhã, apenas café puro e no almoço e jantar arroz, feijão, mandioca e, às vezes, carne. "As condições de moradia são as piores já encontradas pelo grupo de fiscalização rural", destacou o auditor. Em um alojamento alguns trabalhadores dormiam na varanda em pedaços de espumas velhas e muito fétidas e outros em redes instaladas na varanda sobre os que dormiam no chão. Fora do alojamento, quatro trabalhadores dormiam embaixo de uma árvore, com duas mulheres e uma criança de 4 anos. Também não havia energia no local.
Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE
Crise global faz comércio de produtos agrícolas cair 16% 24.08.09
A crise econômica global provocou uma queda de 16,05% no comércio agricola internacional em valor no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008, revelam dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
As exportações e importações agrícolas caíram 20% apenas entre janeiro e março, uma queda histórica. O Japão, principal importador líquido de alimentos do mundo, teve queda de 53%, a China, de 17,3%, e os EUA, 24,3%. Desde então, o declínio nas exportações e importações diminuiu.
Dados do USDA, aos quais o Valor teve acesso, mostram que entre janeiro e junho o comércio agrícola dos EUA caiu 20,16% . Na União Europeia, o recuo foi de 25%, no Japão, de 6%, e na China, de 6,8%. A Argentina teve uma queda de 19% em seu comércio internacional.
Já a Venezuela, que compra no exterior a maior parte do que consome, importou menos 65,7% no primeiro semestre, um recorde mundial. O país que se saiu melhor entre os que contam no comércio agrícola global foi o Brasil, com queda de apenas 0,58% nas trocas.
Entre os poucos que tiveram alta no comércio estão a Rússia, com 65%, a Ucrânia com 7,3%, a Guatemala, com 30,6%, e Hong Kong, com 5,7%, mas todos sem peso suficiente para frear a queda total.
O comércio agrícola só deve se recuperar com o fim da recessão, o que o USDA não espera que ocorra antes do último trimestre ou no primeiro trimestre de 2010. Em 2008, as exportações agrícolas representaram 8,3% do comércio global de mercadorias de US$ 15,8 trilhões.
Para o USDA, a solução da crise passa por redução dos desequilíbrios globais, com efeitos substanciais para a composição de commodities de exportação e os grandes mercados para a agricultura americana, que depende de vendas externas de cereais, óleos, algodão e carnes.
Após o declínio de 2009, as importações agrícolas devem retomar o crescimento graças à alta do consumo nos países emergentes e e em desenvolvimento e do maior onsumo de carnes nesses países.
No curto prazo (2009-2011), período em que o impacto da crise econômica deve ser mais sentido, as exportações agrícolas de países concorrentes vão crescer mais do que as exportações americanas, por causa dos custos mais altos dos produtores dos EUA.
Nesse cenário, os principais beneficiários da redução da competitividade americana são o Brasil, no caso da soja, a União Europeia e a Austrália para o trigo, e Argentina para o milho, na avaliação do USDA.
Washington acredita, por outro lado, que suas exportaçoes de carnes podem crescer mais do que as dos concorrentes, refletindo em parte o forte crescimento esperado para importações de frango e carne bovina durante 2009-2011 e a capacidade de seus produtores de manter vantagem comparativa.
Os produtores americanos estão atentos à variação do dólar e ao comportamento da China como produtor e consumidor. Um dólar fraco ajuda a estimular as exportações.
E os chineses se tornaram importadores líquidos de várias commodities agrícolas nos últimos anos, devido ao aumento da população e ao forte crescimento econômico, movimento que tem afetado os preços internacionais.
Fonte: Valor Econômico
Crise ainda leva empresas à inadimplência 24.08.09
A recuperação econômica detectada a partir de maio, associada à queda dos juros, à resposta do mercado interno e à volta gradual do crédito não foram suficientes para reverter os danos causados pela crise nas empresas brasileiras. Prova disso, segundo a Serasa, é a alta de 29,7% na inadimplência de pessoas jurídicas registrada no acumulado dos sete primeiros meses do ano, na comparação com igual período de 2008. Apesar da alta registrada, esses resultados são inferiores aos 30,2% de inadimplência verificados na comparação entre o acumulado de janeiro a maio de 2009 com o mesmo período de 2008. Na comparação sazonal – julho de 2009 com julho de 2008 –, o Serasa registrou um crescimento de 26,3% na inadimplência das empresas. Se o mês comparado, ainda na sazonalidade, for junho, a variação ficou em 26,6%, entre 2008 e 2009. A alta também se verifica na comparação julho com junho de 2009: 6,6%. “Mas há um efeito calendário quando a comparação estatística é feita com junho”, alerta o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. “Junho foi um mês de queda na inadimplência, na comparação com maio. Nesse mês a inadimplência foi 9,6% menor do que a registrada em maio, em parte por conta do fluxo que as vendas para o Dia das Mães representam no comércio. Além disso julho teve 23 dias úteis, dois a mais do que junho. Isso, por si só, já justificaria um aumento nas estatísticas de inadimplência registrada no mês”, explicou hoje (24) o economista à Agência Brasil. “Isso mostra que a crise está se afastando, mas ainda deixa nas empresas alguns efeitos negativos que resultam em um aumento da inadimplência, principalmente por conta da falta de liquidez para o financiamento das atividades, para investimentos e para a renegociação das dívidas”, explica. A previsão do assessor econômico da Serasa é de que a inadimplência continue em alta no mês de agosto, apesar dos dois dias úteis a menos que o mês terá na comparação com julho. “A situação se manterá em patamares elevados na comparação com 2008, mas deve melhorar a partir da maior liquidez que deve ocorrer nos meses de outubro, por causa do Dia das Crianças, e de dezembro, mês do Natal”. Segundo a Serasa, os títulos protestados lideram o ranking de representatividade das dívidas das empresas no período compreendido entre janeiro e julho de 2009, com 41,6% de participação no indicador. No mesmo período de 2008 essa representação esteve em 42,1%. Os cheques sem fundos vêm em seguida, com 39% de participação até julho. De janeiro a julho do ano passado, esse percentual foi de 38,7%. Por fim, as dívidas com bancos representaram, entre janeiro e julho de 2009, 19,4% das dívidas das empresas brasileiras. Em igual período de 2008, essa representatividade estava em 19,2%. O valor médio das dívidas das empresas com bancos, nos sete primeiros meses do ano, é de R$ 4.563,70, segundo a Serasa. Valor 3,6% superior ao acumulado em igual período de 2008. De janeiro a julho de 2009, os títulos protestados tiveram um valor médio de R$ 1.805,48 – um aumento de 20,7% ante o mesmo período do ano passado. E os cheques sem fundos apresentaram, no acumulado até julho de 2009, um valor médio de R$ 1.461,35. Isso representa um aumento de 14,5%, se comparado a igual período de 2008. Mas no exterior a melhora não virá com a mesma velocidade. Para Almeira, ainda vai demorar para que a situação externa saia da recessão e seja revertida em crescimento. “A crise foi atenuada lá fora, mas não há, ainda, expectativa de reverter a situação para crescimento da economia”, disse. Segundo ele, o real valorizado em um contexto de crise internacional acabou potencializando os efeitos da crise nas empresas que atuam no mercado externo. “As empresas cujas atividades estão direcionadas ao mercado interno têm melhores perspectivas, uma vez que não há, ainda, luz ao final do túnel para as voltadas ao mercado externo”. “Com a crise, o endividamento privado ultrapassou o endividamento público”, afirma o assessor econômico da Serasa. “A gente vê isso pela inadimplência de empresas que se endividaram em 2008 e que, em 2009, vêm demonstrando dificuldade para arcar com essas dívidas”, completou.
Fonte: Pedro Peduzzi, repórter da Agência Brasil
Bancada ruralista reage e se une para pressionar Brasília 24.08.09
Deputados da bancada ruralista prometem pressionar o governo federal contra a revisão dos índices de produtividade. Eles acreditam que a medida, além de prejudicar o agricultor, pode estimular a violência no campo. A atualização pretende ampliar o número de fazendas que poderão ser desapropriadas para a reforma agrária, caso não atinjam os novos índices a serem estipulados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Alguns deputados nem mesmo querem conhecer a proposta, argumentando que o governo não pode exigir ampliação nos níveis de produtividade durante a crise econômica.
“O que eles [Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e o MDA] querem é desapropriar terra. Entendemos que não é hora de se falar neste assunto, especialmente no momento em que estamos passando por uma crise. Em Mato Grosso, tem produtor quebrando e sem dinheiro para pagar adubo. Estamos na reta do plantio e muita gente ainda está sem fertilizantes”, reclama o deputado federal Homero Pereira (PR/MT).
Para o senador Gilberto Goellner, a revisão dos índices de produtividade “é inútil e desnecessário” e prejudica ainda mais os produtores rurais que já enfrentam uma série de dificuldades como a falta de crédito. “Este controle é sem precedentes no mundo, só existe no Brasil. É algo ideológico”, criticou. Segundo ele, a medida é mais uma aberração contra produtores e poderá aumentar os conflitos no campo.
“Para qualquer produtor brasileiro, se isso vier a acontecer e não cumprir os índices de produtividade, a sua terra vai ficar sujeita à desapropriação. Você imagina o clima de conflito que isso vai criar? Espero que isso seja revisto, que essa decisão não seja tomada nesse momento, sem uma maior discussão e que nós não venhamos a ter que enfrentar esse clima desnecessário” afirma o deputado federal Duarte Nogueira.
“É uma proposta totalmente descabida, absurda. No momento em que a agricultura vive um período de dificuldade e crise mundial, com o agricultor brasileiro concorrendo com a agricultura americana e européia subsidiada e o setor está muito endividado, tem essa proposta”, protesta o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Fábio Souto.
Fonte: Diário de Cuiabá
Analistas preveem baixos preços entre as commodities no segundo semestre 24.08.09
O governo vai ter que desonerar o setor exportador para compensar as perdas com a desvalorização do câmbio. É o que afirma Júlio Gomes de Almeida, economista e ex-integrante da equipe do Ministério da Fazenda. Além dos efeitos da queda no dólar, o agronegócio tem outra preocupação. Analistas prevêem preços mais baixos para as commodities no segundo semestre do ano.
Durante um evento na sede da Fecomércio, em São Paulo, economistas debateram as perspectivas para a economia brasileira e o desempenho industrial do país.
Apesar da expectativa mais otimista no mercado financeiro, o presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomércio, Paulo Rabelo de Castro, acredita que as commodities, incluindo as agrícolas, apresentem redução nos preços. Castro considera difícil manter o mesmo nível das cotações do primeiro semestre.
Fonte: Canal Rural
China aumenta a importação de produtos agrícolas em julho 24.08.09
As importações de produtos agrícolas feitas pela China registraram forte crescimento em julho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento dos preços no mercado interno e a ampla liquidez monetária incentivaram tais compras, de acordo com analistas.
Nos próximos meses, contudo, eles esperam queda no volume de transações por conta da menor demanda e da elevação das cotações das commodities agrícolas.
A China importou 4,39 milhões de toneladas de soja em julho, aumento de 25% ante o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Administração Geral de Alfândega, divulgados hoje.
As importações de óleo de soja e óleo de palma subiram 61% e 37%, respectivamente. As compras de trigo dispararam para 85.078 toneladas, de apenas 373 toneladas em julho de 2008.
As importações de açúcar saltaram para 132.982 toneladas, de 21.910 toneladas em igual período anterior. De janeiro a julho, as compras chinesas do produto aumentaram 57%, para 863.217 toneladas.
A exceção do mês ficou por conta do algodão. As importações chinesas da fibra caíram 38% em julho, para 131.400 toneladas. De janeiro a julho, as compras recuaram 40%, para 866.358 toneladas.
O relaxamento da política monetária, adotado para que o país enfrentasse a crise financeira mundial, aumentou a liquidez e os recursos foram direcionados para os mercados futuros de commodities e para os índices de ações.
O contrato de referência da soja negociada na bolsa chinesa Dalian Commodity Exchange aumentou quase 20% desde o final de abril, enquanto o de óleo de soja subiu 16%.
A política de suporte de preços de produtos agrícolas importantes, da soja ao milho e ao trigo também ajudaram a manter a atratividade das importações.
Fonte: Dow Jones
Leilões para apoio à comercialização de milho são retomados nesta semana 24.08.09
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou hoje (24) que o próximo leilão para apoiar a comercialização da safra de milho será realizado na próxima sexta-feira (28). A operação, feita por meio de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), subvencionará o escoamento de 760 mil toneladas do cereal. O leilão será destinado a comerciantes, criadores de aves, suínos e bovinos, indústrias alimentícias e de ração.
Com o leilão, serão escoadas 80 mil toneladas de milho do Distrito Federal e de Goiás, 80 mil de Mato Grosso do Sul, 100 mil do Paraná e 500 mil de Mato Grosso. “Este será o quarto leilão na colheita da safra de inverno, uma vez que os preços de mercado estão abaixo do mínimo de R$ 13,20, por saca de 60 quilos, em Mato Grosso, e R$ 16,50, nos outros estados”, disse o coordenador-geral de Cereais e Culturas Anuais, Silvio Farnese, por meio de nota do Ministério da Agricultura.
Segundo Farnese, a intenção do Ministério é realizar leilões semanais para apoiar a comercialização de mais de 3 milhões de toneladas de milho, de acordo com o comportamento futuro do mercado. Para receber a subvenção, quem adquirir o produto, além de pagar aos agricultores o valor de referência, deve escoá-lo às regiões Norte e Nordeste, com exceção dos estados do Maranhão, Pará, Piauí, Tocantins e de Rondônia. Em alguns municípios de Mato Grosso, o preço oferecido pela saca está abaixo de R$ 10.
De acordo como ministério, o PEP é um instrumento que busca garantir ao agricultor o preço mínimo, sem a necessidade do governo adquirir o produto, além de melhorar a distribuição espacial de produtos agrícolas, complementando o abastecimento em regiões com deficit.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil
Trabalho similar a escravo contamina empresas descuidadas com terceiros 10.08.09
Petrobrás nega relação, mas deixou
atividades para ex-proprietários
Em nota divulgada sábado
passado (8), a Petrobras informou que, ao contrário de notícia
publicada pelo jornal O Estado do Paraná, a denúncia de trabalho
escravo contra a estatal em São Mateus do Sul, em agosto de
2008, foi julgada improcedente pela Justiça do Trabalho
daquele Estado. Do mesmo modo, não houve aplicação de multa à
empresa, no valor de R$ 2,6 milhões, como relatou o jornal,
diz a nota.
A sentença foi dada sexta-feira (7)
pela juíza Cláudia Mara Pereira Gioppo, da Vara do Trabalho de
União da Vitória (PR). Em processo iniciado em 2003, a Petrobras
adquiriu 154 propriedades para implantação de uma mina de xisto no
Paraná, destinada à produção de petróleo, no município de São
Mateus do Sul. A empresa revelou que, em 44 dessas terras,
ficou acertado que os antigos proprietários se responsabilizariam
pela retirada da cobertura vegetal dos
terrenos.
Segundo a Petrobras, “as
irregularidades apontadas pelo Ministério Público do Trabalho se
concentraram em algumas dessas terras, que estavam em posse dos
antigos proprietários”.
De acordo com a Justiça do Paraná, a
estatal exercia “rígido controle” sobre a movimentação da madeira
extraída das propriedades no município paranaense, atendendo às
normas ambientais. “Isso não quer dizer que exercesse qualquer
ingerência nas atividades dos antigos proprietários e, muito menos,
que qualquer trabalhador estivesse a ela vinculado”, ressaltou a
juíza em sua decisão. A Justiça considerou que não houve ingerência
por parte da estatal sobre os serviços prestados pelos
trabalhadores, nem intermediação de mão de obra, e inocentou a
empresa.
A nota esclarece ainda que a
Petrobras é signatária do Pacto Nacional pela Erradicação do
Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
desde 2005.
Fonte: Alana Gandra, repórter da Agência Brasil
Nota do
editor: se as terras já pertenciam à Petrobrás, embora a decisão
judicial a favoreça, está claro que ela foi negligente com o que
acontecia em suas propriedades, sem supervisionar as relações dos
ex-proprietários com os trabalhadores ali
empregados
Frigorífico Bertin não imaginava que silagem era produzida por meio de trabalho escravo 10.08.09
BNDES é sócio com 26% do capital do frigorífico
Fiscais do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho localizaram e resgataram, na semana passada, no Tocantins, trabalhadores em situação considerada análoga à escravidão numa fazenda parceira do grupo Bertin, que tem como sócio o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e que foi recentemente acusado por procuradores do Pará de comprar gado em área desmatada ilegalmente.
O flagrante ocorreu em fazenda em Araguaçu (sul do Estado). Segundo o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, 28 trabalhadores foram encontrados em situação de jornada exaustiva e em condições precárias de alojamento, o que configura o trabalho escravo. Eles dormiam em currais, sem higiene e com alimentação inadequada.
Segundo os fiscais, a ligação do Bertin com a área em que foram resgatados os trabalhadores é a seguinte: no momento do flagrante, o proprietário da fazenda, José de Paula Leão Júnior, apresentou notas fiscais segundo as quais a empresa, para alimentar seu gado confinado num outro local, comprou silagem produzida na fazenda. A compra ocorreu por meio da Comapi, braço empresarial do Bertin para engorda, criação e confinamento de gado.
"Havia notas fiscais avulsas de compra e venda de silagem, entre o proprietário da fazenda e a empresa", disse o procurador do Trabalho Marcos Antonio Ferreira Almeida, que acompanhou o grupo do ministério na ação. O vínculo trabalhista ocorria diretamente entre o fazendeiro e as pessoas resgatadas. No caso do Bertin, seus bois podem ter sido alimentados com silagem produzida sob esse tipo de mão de obra. Outro lado
Questionada via assessoria, a Comapi admitiu que em algum momento comprou a silagem do fazendeiro. A Comapi, porém, sempre de acordo com sua assessoria, disse "imaginar" que a silagem comprada não foi produzida por meio de trabalho escravo. A empresa diz que é cuidadosa em relação às condições trabalhistas e que sempre está atenta à atualização da chamada "lista suja" do Ministério do Trabalho.
O Bertin, gigante do ramo de frigoríficos, foi recentemente acusado pelo Ministério Público do Pará de comprar carne de pecuaristas que atuavam em área desmatada ilegalmente. O Bertin é sócio do BNDES, por meio de um investimento de R$ 2,5 bilhões. O banco tem 26% do capital do frigorífico.
Procurado ontem, o BNDES não quis comentar o flagrante do grupo móvel do Ministério do Trabalho. Em outras ocasiões, quando questionado sobre esse tipo de flagrante em áreas de empresas financiadas, o banco afirmou que somente poderia avaliar a rescisão do contrato diante de uma eventual decisão judicial.
Além de negociar a silagem produzida na propriedade, o fazendeiro arrendou parte de sua área para Comapi, que mantém gado no local. Os trabalhadores que cuidavam especificamente desse rebanho não estavam em situação de trabalho escravo, segundo o Ministério Público do Trabalho.
Na sexta-feira (07) da semana passada a Comapi assinou TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público, no qual se compromete a fazer uma auditoria em campo em todas as áreas nas quais arrendarem um pedaço de terra ou efetuarem algum tipo de compra, como no caso da silagem. Nesse trabalho in loco, a própria empresa verificará as condições dos trabalhadores contratados.
Fonte: Eduardo Scolese, Folha de São Paulo
Stephanes atua em duas frentes para operar as mudanças no Código Florestal 10.08.09
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defendeu na sexta-feira passada (07) que pelo menos cinco pontos do Código Florestal Brasileiro sejam alterados, até o final do ano, para acabar com a insegurança sentida por cerca de 3 milhões de produtores rurais que se encontram em situação de irregularidade de acordo com a legislação atual. Segundo ele, se nada for feito, cerca de 1 milhão de agricultores terão sua atividade inviabilizada no fim do ano, quando entra em vigor o decreto que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais. “Eu acho que os cinco pontos que são fundamentais devem ser resolvidos de uma só vez para acabar com a insegurança do produtor”, afirmou. Stephanes disse que há duas frentes trabalhando para que isso ocorra. Uma no Congresso, liderada por deputados e senadores que apresentarão uma proposta de mudança no código e outra de técnicos dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente, que buscam um consenso técnico, antes de se fazer uma reunião entre os ministros.
De acordo com Stephanes, o resultado das reuniões entre os técnicos dos três ministérios deve sair em 15 dias. “O governo entende que é um problema sério e que precisa ser resolvido”. Ele ressaltou que não se pretende flexibilizar o Código Florestal. “Não estamos querendo mudar o Código Florestal no sentido de flexibilizá-lo. Queremos fazer alterações no sentido de corrigir erros que efetivamente se cometeram, como a proibição de plantio em encostas e topos de morros”, afirmou.
O que querem os ruralistas
O Código Florestal (Lei 4.771), que entrou em vigor no dia 15 de setembro de 1965, precisa ser mudado, por causa do longo tempo de vigência e principalmente pelo desenvolvimento que se verificou no campo de lá para cá. A reivindicação é feita tanto por ambientalistas quanto por agricultores, que, no entanto, trocam críticas e não se entendem quanto às modificações necessárias.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, diz que não entende por que, depois de vários entendimentos, seu ministério e o do Meio Ambiente passaram a se desentender. Até dezembro, o assunto era discutido em um grupo de trabalho que reunia ambientalistas e representantes do agronegócio. Depois de três rodadas de negociação, organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas deixaram as discussões e, em seguida, Stephanes decidiu extinguir o colegiado.
Para ele, existem cinco pontos básicos que precisam ser resolvidos para que não se inviabilize boa parte da agricultura brasileira.
A primeira reivindicação é para que áreas de preservação permanente (APPs), como margens de rios e de nascentes, sejam somadas no cálculo da reserva legal obrigatória, que varia de 20% a 80% do tamanho da propriedade, dependendo do bioma em que se encontra. Nesse caso, se essas áreas forem equivalentes ao exigido na lei, não seria preciso formar uma reserva florestal. Caso o tamanho seja inferior, a área a ser reflorestada seria feita aumentando-se a área de vegetação às margens dos rios e nascentes.
O segundo ponto é a permissão do uso de várzeas, topos de morros e encostas em áreas já consolidadas por uma agricultura sustentável. É o caso de grande parte das plantações de café de Minas Gerais, que garantem ao estado a condição de maior produtor nacional do grão. De acordo com a lei, essa produção atualmente é ilegal.
O terceiro item vale para os pequenos produtores que não estão à margem de rios e nascentes, que poderiam fazer sua reserva legal de forma mista. Assim, além de levar em conta a biodiversidade, seriam cultivadas árvores que pudessem ser exploradas economicamente, como o babaçu e o dendezeiro. “Caso contrário, muitos proprietários podem ter inviabilizada a produção em suas terras, e já existe tecnologia para esse sistema misto”, garante Stephanes.
Para as propriedades maiores, a quarta proposta que talvez mais crie polêmica entre produtores e ambientalistas é que permite fazer em outras áreas o reflorestamento da reserva legal obrigatória. Segundo o ministro, não seria bom perder áreas com terras muito boas e que já estão produzindo há muito tempo, como é o caso de várias fazendas, principalmente no Paraná, em São Paulo e Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
“O produtor fica com a obrigatoriedade, mas pode fazer isso fora, ou pode comprar de quem tem florestas excedentes ou até ajudar a manutenção de florestas públicas, como compensação”, propõe o ministro. No último caso, o governo estabeleceria o valor equivalente a cada hectare preservado ou projeto de reflorestamento.
O último ponto colocado por Stephanes trata de anistia a produtores que procuram o governo para regularizar alguma situação relacionada ao Código Florestal, ocorrida no passado. “É preciso rever essa questão de punição para aqueles que não estão de acordo com a legislação, mas por desconhecê-la. É que ela se tornou, através do tempo, extremamente complexa e difícil, e o produtor deve ser incentivado a cumprir com essa obrigação”, apontou.
O ministro disse que os outros pontos em discussão "derivam" desses cinco, que são considerados “básicos”. Ele reforça, no entanto, que ao contrário de uma proposta de desmatamento na Amazônia, que alguns ambientalistas creditaram a ele antes do rompimento das discussões do grupo de trabalho, seu pedido é para que se criem condições para o desmatamento zero na floresta.
Fonte: Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil
Safra de grãos deve cair 7,9% este ano, estima IBGE 10.08.09
A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 134,4 milhões de toneladas em 2009. O volume representa uma queda de 7,9% em relação à safra recorde de 2008, quando foram produzidos 146 milhões de toneladas de grãos no país. Os dados fazem parte da sétima estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado na quinta feira passada (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo ao mês de julho.
A produção do arroz, em 2009, registra variação positiva de 4,2% em relação à de 2008. Já para a soja e o milho, a previsão é de queda da produção em 5,2% e 14,2%, respectivamente.
A área a ser colhida, somando 47,2 milhões de hectares, apresenta redução de 83.946 hectares, comparada à de 2008.
As culturas da soja, do milho e do arroz – as principais do país, que respondem por 81,3% da área plantada – apresentam variações de 2,1%, -4,6% e 1,0%, respectivamente, em relação aos dados de 2008.
A safra esperada para 2009 tem, em relação ao levantamento de junho, a seguinte distribuição regional: Região Sul, com 53,6 milhões de toneladas (-12,6%); Centro-Oeste, com 48,1 milhões de toneladas (-5,2%); Sudeste, com 16,9 milhões de toneladas (-3,8%); Nordeste, com 12 milhões de toneladas (-4,0%); e Norte, com 3,7 milhões de toneladas (-1,8%). O estado de Mato Grosso, com 20,4% da produção nacional, supera o Paraná (19%), consolidando a posição de maior produtor nacional de grãos.
De acordo com o levantamento do IBGE, em julho, dentre os 41 produtos selecionados, 18 apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação à do ano anterior: amendoim em casca segunda safra (14,5%), arroz em casca (4,2%), aveia em grão (20,5%), cana-de-açúcar (5,8%), castanha-de-caju (17,3%), cebola (4,8%), feijão em grão primeira safra (4,0%), feijão em grão segunda safra (9,4%) e tomate (7,2%), entre outros.
Já os produtos com variação negativa são algodão herbáceo em caroço (-25,7%), alho (-7,1%), amendoim em casca primeira safra (-3,6%), batata-inglesa primeira safra (-7,8%), batata-inglesa segunda safra (-12,3%), café em grão (-13,5%), feijão em grão terceira safra (-10,8%), girassol em grão (-24,5%), mamona em baga (-21,2%), milho em grão primeira safra (-15,1%), milho em grão segunda safra (-12,2%), soja em grão (-5,2%), sorgo em grão (-6,8%) e uva (-6,6%), entre outros.
A diferença entre os dados divulgados pelo IBGE e pela Conab se deve aos períodos avaliados. O IBGE analisa a colheita de janeiro a dezembro, enquanto a Conab se baseia no chamado ano-safra, que vai de agosto a julho. Fonte: Thais Leitão, repórter da Agência Brasil; edição: Juliana Andrade
Pecuaristas rejeitam proposta do Frigorífico Independência para quitar dívida 10.08.09
Representantes de 1.524 pecuaristas que têm dívidas a receber do Frigorífico Independência rejeitaram em bloco, na quinta-feira passada (05), a proposta de pagamento prevista no plano de recuperação judicial da empresa.
Distribuídos por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas e Goiás, os credores decidiram que só voltarão a fornecer gado ao abate após o pagamento integral da dívida, estimada em R$ 194 milhões.
Em sua proposta, o Independência ofereceu pagamento imediato aos pecuaristas até o limite de R$ 80 mil e o saldo devedor em 36 vezes iguais. Ainda assim, os valores só seriam liberados 30 dias após a liberação de um financiamento de R$ 330 milhões.
"Queremos garantia no recebimento de nossa dívida. Não vamos fornecer boi para o abate enquanto não pagarem o que devem", disse o presidente da comissão de 494 credores de Mato Grosso, Marcos da Rosa. Para Luciano Vacari, diretor da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), a empresa não demonstrou, em seu plano, que terá capacidade financeira para retomar o trabalho e se manter em dia com os fornecedores.
O plano de reestruturação prevê a possível criação de uma nova companhia -a Nova Independência S.A.-, para a qual seriam transferidos os ativos e cerca de 30% da dívida total.Os sócios da nova empresa seriam o próprio Independência (66%), os sócios controladores e a BNDESPar (empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"O plano confere a cada um dos credores um fluxo de pagamento ordenado que lhes assegure um retorno melhor do que aquele que seria eventualmente obtido em caso de falência ou liquidação das sociedades", afirmou a empresa na ocasião, por meio de nota.
Afetado pela crise internacional, o Independência acusou em fevereiro "falta de fluxo de caixa" e suspendeu os abates em suas dez unidades no país. Em março, entrou com pedido de recuperação judicial. Desde janeiro, foram demitidos 7.700 trabalhadores.
Em nota, o executivo do Independência Tobias Bremer disse acreditar que a proposta rejeitada era "justa" e "excelente" quando comparada a outras reestruturações, "em que há descontos ou períodos de carência de um a dois anos antes do primeiro pagamento".
Fonte: Rodrigo Vargas, da Agência Folha, em Cuiabá
Máquinas agrícolas vendem mais 13% de junho para julho 10.08.09
Mas acumulado no ano registra queda na produção de quase 30% sobre 2008
As vendas de máquinas agrícolas no Brasil subiram 13 por cento em julho comparado ao mês anterior, totalizando 4.796 unidades, informou nesta segunda-feira a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Esse volume representa uma queda de 5,1 por cento em relação a julho de 2008.
A produção de máquinas agrícolas cresceu 38,7 por cento em julho ante o mês passado, para 5.639 unidades, o que representa entretanto uma queda de 25,7 por cento ante julho de 2008.
De janeiro a julho, a produçao atingiu 34.058 unidades, queda de 28,3 por cento ante o mesmo período anterior.
Já as vendas externas de máquinas agrícolas atingiram 950 unidades em julho, queda de 20,7 por cento sobre junho e de 63,8 por cento sobre julho passado.
Nos sete primeiros meses foram exportadas 8.229 unidades, queda de 52,7 por cento ante o mesmo período anterior.
Em valores, as exportações de julho somaram 80,131 milhões de dólares, queda de 19,9 por cento contra junho e de 69,3 por cento ante julho de 2008.
No ano até julho, as vendas externas chegaram a 653,4 milhões de dólares, queda de 62,6 por cento sobre os sete primeiros meses de 2008.
Fonte: Reuters, com Alberto Alerigi Jr., Agência Estado
Valor Bruto da Produção agrícola cai 3,8% em relação a 2008 10.08.09
O levantamento da safra de grãos divulgado pela Conab e IBGE neste mês estima em R$ 153,8 bilhões o Valor Bruto da Produção (VBP) de 2009. Essa previsão é, em termos reais, 3,8% menor do que a de 2008, de R$ 159,8 bilhões. Apesar da queda de valor, 2009 deverá ter o melhor desempenho desde 1997. O acompanhamento do VBP é realizado mensalmente pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa).
Os produtos que vêm apresentando resultado positivo quanto ao valor da produção são uva (195%), cacau (16,3%), batata-inglesa (15,7%), cana-de-açúcar (14,4%), arroz (12,4%), mandioca (10,3%) e tomate (5%). “O resultado favorável da cana está associado à produção recorde neste ano e também a preços em elevação”, analisa o coordenador de Planejamento Estratégico, José Garcia Gasques.
Onze produtos obtiveram desempenho negativo neste ano. O pior resultado ficou com algodão herbáceo (-29,3%), milho (-28,8%), feijão (-21,5%), cebola (-19,2%) e café, (-14,7%). Para Gasques “os efeitos desses resultados sobre a renda agrícola foi enorme, pois alguns deles, como o café e o milho, têm grande representatividade na formação do valor da produção da agricultura”. Outros produtos que apresentam quedas menores são amendoim, fumo, pimenta-do-reino, soja e laranja. “Esses produtos têm sido afetados por diversos fatores, principalmente as condições climáticas adversas e os preços desfavoráveis na época do plantio”, acentua o coordenador da AGE.
Valor da produção regional - As estimativas de VBP regional mostram perda de valor, a exceção é Norte, com aumento de 8%. As maiores quedas ocorrem no Centro-Oeste (9%) e Sul (7,7%). O Sudeste apresenta redução de 5% e o Nordeste, 1,2%.
Fonte: Inez De Podestà, assessoria de imprensa do Mapa