Notícias de JANEIRO 2008-Clique no título para ler e para fechar janela

Após sobrevôo, Marina Silva diz que desmatamento em Mato Grosso é preocupante 31.01.08

31.01.08

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou que o sobrevôo feito hoje (30) pela região de Marcelândia (MT) – município da Amazônia que mais desmatou de agosto a dezembro do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – provou que a situação do desmatamento na região é “preocupante” (veja entrevistas mais abaixo).

Mais uma vez, a ministra evitou responsabilizar diretamente produtores de soja ou pecuaristas pela devastação da floresta, mas voltou a repetir “que não acredita em coincidências”, em referência ao aumento do desmatamento após a valorização dos preços das commodities (produtos agropecuários) no mercado internacional.

“São regiões de dinâmica econômica significativa de atividade agropecuária e de exploração irregular de madeira. Não é apenas uma ação esporádica de uma ou duas pessoas; existe uma dinâmica econômica na região, uma disputa em converter recursos naturais para atividades econômicas”, acrescentou.

Sobre a precisão dos números do Inpe que mostraram o avanço do desmatamento entre os meses de agosto e dezembro, a ministra afirmou que os dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) são utilizados para “ orientar o processo de fiscalização” e que a consolidação dos dados é feita por outra metodologia, o Prodes.

“Em nenhum momento foi dito que o Deter se presta a indicar taxa de desmatamento, ele é um sistema para as ações de comando e controle e de fiscalização e são feitas projeções. O governo trabalha com dados oficiais em termos de taxas, quando são divulgados os dados do Prodes, após um trabalho rigoroso em cima de cada imagem”, afirmou Marina.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, que também participou do sobrevôo, anunciou o início de uma força tarefa da Polícia Federal nas regiões de maior desmatamento a partir de 20 de fevereiro. Segundo o ministro, a devastação da floresta é causada por uma sucessão de atos criminosos. “A PF incide sobre [investiga] essa cadeia, verificando se ela está integrada, se há um planejamento centralizado, de um grupo organizado, ou se é uma sucessão de atos delitosos”, adiantou.
Fonte: Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil

Marina diz que dados revelam 'indícios' de desmatamento

Sinop, MT - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, admitiu hoje, em Sinop (MT), que, apesar de estarem corretos, os dados apurados pelo sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), que mostram aumento na devastação na Amazônia, indicam "indícios" de desflorestamento. "O Deter é um sistema diferente, não é para taxa de desmatamento, é para fiscalização."

Marina foi interrompida pelo governador Blairo Maggi (PR), que governa o Estado com o maior número de cidades consideradas desflorestadoras. Em meio às declarações dela, Maggi a apartou para dizer que "os dados de abril a setembro não estão corretos". "Preciso falar agora, senão, vou ficar com o chapéu na mão", justificou. Ele disse a Marina que o presidente do Inpe, Gilberto Câmara, reconheceu o erro. A ministra do Meio Ambiente falou no saguão do Aeroporto de Sinop, no norte do Estado, a 500 quilômetros de Cuiabá, depois de fazer um sobrevôo na região, num helicóptero do Exército.

Marina voou cerca de uma hora a partir de Marcelândia, situada mais ao norte mato-grossense, na companhia dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. Maggi juntou-se à comitiva em Marcelândia. Na chegada a Sinop, o grupo reuniu-se no saguão do aeroporto, sem a participação da imprensa. Depois, a ministra defendeu o Deter. "Até agora, essas informações têm sido acertadas." Marina afirmou que os dados apurados pelo Deter não são os mesmos do sistema Prodis, que estabelece a taxa de desmatamento.

"O Deter sinaliza os indícios de desmatamento para que possamos agir, preventivamente, em cima dessa sinalização." O que motivou a divulgação, segundo a ministra, foi a informação de que, até dezembro, a área desmatada na Amazônia chegaria a 7 mil quilômetros quadrados. "É uma forma de alerta. O desmatamento caiu de 2005 para cá e, se perdemos essa batalha, será ruim para todo mundo." Os dados foram usados para a elaboração do decreto que estabelece sanções para as propriedades que agirem de forma lesiva ao meio ambiente.

Discussão

"Trabalhamos em cima dessas informações e, até agora, tem dado certo. Não podemos ficar numa discussão se é desmatamento ou não e, daí a 60 dias, quando vamos comprovar se foi ou não, aí, o leite já foi derramado." O governador do Mato Grosso havia questionado o critério de se considerar desmatada área que teve queimada, apesar da possibilidade de regeneração da floresta. Segundo Marina, os números do Deter serão revistos pelo Prodis em agosto.

A ministra alegou que isso é feito todo ano e não por causa das reclamações do governo do Mato Grosso. "Todo ano, o sistema Deter indica o desmatamento e nós saímos agindo, preventivamente. Em agosto, o sistema Prodis confirma ou não aquela tendência." Marina elogiou Maggi, mas criticou a "falta de diálogo" com alguns governadores, citando o de Rondônia, Ivo Cassol (PPS). "Com ele, é difícil, quase impossível trabalhar."

Ela não quis comentar a afirmação de Maggi de que a divulgação dos números pode ter sido causada por uma disputa pelas verbas do orçamento dos ministérios, sujeitas a corte por causa do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "Nesse momento, não adianta essa discussão e o governador tem a consciência do trabalho que ele fez para reduzir o desmatamento no Estado." Maggi não pretende esperar até agosto pela revisão dos números. Dos 36 municípios que desmataram mais, 19 estão no Estado. Em 60 dias, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado checará todos os pontos mostrados pelo Deter. Para comprovar que os números não são reais, o governador apresentou um relatório preparado pela prefeitura de Marcelândia, segundo o qual 87,5% dos pontos detectados na cidade não eram desmatamentos recentes. Maggi disse que o decreto que penaliza as propriedades que desmatam será cumprido, mas pediu um tempo para os ajustes necessários. O governador requisitou também ajuda do Exército e da Polícia Federal (PF) para a fiscalização.

Ao ser informado de que associações de produtores se organizam contra as medidas, disse que todos terão de conviver com elas. "Temos de entender que o tempo do diferente passou. Se vamos ter sustentabilidade, será dentro desse limite de 80% que temos de preservar." Do contrário, os produtores terão de arcar com as penalidades, como a interdição de atividades econômicas. "Minha conversação com os setores produtivos é que precisamos estar dentro da legislação e isso não se discute mais." O presidente do Inpe deixou a reunião sem dar declarações.
Fonte: José Maria Tomazela, Estado de São Paulo

Luiz Inácio diz que houve 'alarde' no anúncio do desmatamento 31.01.08

31.01.08

Segundo informa Rui Nogueira, de O Estado de S. Paulo, "o presidente Luiz Inácio da Silva não acredita que o País esteja passando por um novo surto de desmatamento e acha mesmo que houve 'alarde' na divulgação dos números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), na semana passada. Sem citar a ministra Marina Silva, Luiz Inácio criticou o Ministério do Meio Ambiente e as organizações não-governamentais, e disse que não se pode culpar a agropecuária, os produtores de soja e os sem-terra assentados pelo aumento do desmatamento na Amazônia. 'Não dá para culpar ninguém', afirmou".
fonte: UOL

Luiz Inácio diz que agronegócio não é culpado por desmatamento da AM 31.01.08

31.01.08

Presidente da República diz que fronteira agrícola não pode ser culpada por desmatamento da Amazôniaeste em almoço no Itamaraty.
Foto: José Cruz, Abr.

E diz que "compra a briga" com as ONGs que associam avanço da fronteira agrícola ao desmatamento

governadores e bancada ruralista no Congresso - provocada pelo anúncio do crescimento do desmatamento na Amazônia, nos últimos cinco meses. Foto:José Cruz, Abr.


Mas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou que o sobrevôo feito ontem (30) pela região de Marcelândia (MT) provou que a situação do desmatamento é “preocupante”.

O presidente da República afirmou nesta quarta-feira, após almoçar no Itamaraty com o Presidente de Timor-Leste, que ainda não se pode culpar os produtores de soja, os criadores de gado e os assentamentos da reforma agrária pelo aumento do desmatamento da Amazônia. Antes de estabelecer as causas, disse o Presidente Luiz Inácio, é preciso investigar.

Saia Justa
O anúncio da reversão de expectativas, feito pela Ministra em reunião de emergência com o presidente da República, na semana passada, criou um problema político público entre os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), que saiu em defesa dos produtores rurais, e Marina Silva (Meio Ambiente), que responsabilizou o aumento da área desmatada como reação dos fazendeiros aos altos preços dessas commodities, buscando ampliar a área plantada e de pastagens para aumentar a produção e aproveitar os preços altamente favoráveis.

A Floresta Amazônica sofreu, no segundo semestre de 2007, a mais rápida devastação desde que os dados começaram a ser monitorados pelo governo. Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram a derrubada de 3.235 quilômetros quadrados de floresta entre agosto e dezembro. Só em Mato Grosso, informa o INPE, foram 1.786 quilômetros quadrados de corte raso. O governo Federal vinha comemorando, nos últimos três anos, que as taxas de desmatamento vinham caindo continuamente.

Para o Presidente, uma interpretação leiga e alarmista

Antes é preciso investigar e verificar o que aconteceu, disse ontem o presidente da República. Agora eu acho que todo mundo que promoveu queimada ilegal deve receber um duro processo, inclusive com a perda da propriedade pelos infratores - afirmou Luiz Inácio, que criticou ainda a forma como o Ministério do Meio Ambiente anunciou a alta das derrubadas. Para o Presidente, a situação é semelhante a 'você ir ao médico ao detectar que está com uma mancha na pele, e ao invés de fazer biópsia e saber como você vai tratar, já sai dizendo que está com câncer'

Luiz Inácio fez ainda uma dura crítica às ONGs internacionais que atacaram o governo brasileiro pelo alta do desmatamento:
- Eu compro essa briga com as ONGs, com isso de associar o desmatamento com a expansão da fronteira agrícola brasileira. Em primeiro lugar, essas ONGs precisam plantar árvores nos países deles - afirmou.

Interpretações distintas e discursos conflitantes

Para verificar o desmatamento no centro-norte de Mato Grosso, os ministros Marina Silva, Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, Tarso Genro, da Justiça, Enzo Martins, interino da Defesa, e o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Silas Ribeiro, fizeram nesta quarta-feira um sobrevôo na região.

Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o sobrevôo feito ontem (30) pela região de Marcelândia (MT) – município da Amazônia um dos que mais desmatou de agosto a dezembro do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – provou que a situação do desmatamento na região é “
preocupante".

Já o governador Blairo Maggi, do Mato Grosso, diz que a comitiva admitiu que pode ter havido erro na análise das imagens do satélite que mostraram desmatamento na região. Segundo ele, o grupo sobrevoou 24 pontos de coordenadas captadas pelo Inpe, dos quais apenas dois teriam sido analisados corretamente. Já o restante constituiria áreas de queimadas acidentais, sem o objetivo de desmatar, e áreas de desmate antigas que foram sobrepostas as imagens recentes, além de formações rochosas que são desprovidas de vegetação.

Luiz Inácio quer aplicação da lei para barrar desmatamento da Amazônia 31.01.08

31.01.08

O presidente Luiz Inácio da Silva defendeu ontem (30), em São Paulo, a aplicação da legislação para barrar o aumento do desmatamento da Amazônia, classificado por ele como “preocupante” (a mesma expressão da Ministra Marina, nota do editor). Ele ressaltou que não é necessário desflorestar para aumentar as plantações de soja e cana-de-açúcar ou as criações de gado.

“Quando alguém tenta cometer ilegalidade, nós temos que utilizar a lei contra essa gente. Nós não podemos ser condescendentes. O ministro da Agricultura prova todo santo dia para mim que para manter a produção e a criação de gado, hoje, você não precisa derrubar um pé de árvore. O Brasil tem terra já degradada que dá para a gente plantar quanta soja a gente quiser, quanta cana a gente quiser e criar quanto gado nós quisermos”, afirmou, após participar da inauguração da reforma da Agência Central dos Correios.

Desmatamento "está sob controle"
Luiz Inácio disse, no entanto, que o desmatamento registrado é uma “coceira”, que está sob controle e ainda não pode ser considerado uma doença grave: “A notícia é uma notícia preocupante. É como se você tivesse uma coceira e você achasse que é uma doença mais grave. Por enquanto, nós temos todas as condições de controlar, de saber quem são as pessoas [que desflorestam].”

O presidente ainda ressaltou que o desmatamento registrado no primeiro trimestre de 2007 foi comparado com o mesmo período de 2006, quando o desflorestamento foi muito menor. “Como em 2006 tinha caído muito, 2007 apresentou um acréscimo no desmatamento no Brasil. O que há é um sinal de que cresceu. Nós temos o ano inteiro para brecar”, disse.

Presidente admite falta de estrutura para fiscalizar
O presidente da República admitiu que possam estar faltando equipamentos e pessoal para a fiscalização, de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na região da floresta: “É por isso que eu acho não cabe só ao Ibama fazer toda a fiscalização: é importante que a gente construa parcerias com os prefeitos, é importante que a gente construa parceria com os governadores e, sobretudo, com a sociedade civil.”
Fonte: Bruno Bocchini, repórter da Agência Brasil

União Européia suspende importação de carne brasileira 31.01.08

31.01.08

O bife brasileiro irá constar dos pratos europeus até o final dos estoques existentes no continente, pois a importação da carne bovina brasileira foi provisoriamente suspensa pela União Européia (UE), anunciada ontem em Bruxelas (Bélgica).

A UE decidiu suspender a partir de hoje (31) a importação de carne devido à insuficiência de garantias sanitárias e de qualidade dadas pelo maior país sul-americano, anunciou fonte oficial na capital belga.

Brasília tinha sido avisada em dezembro de 2007 de que, a partir de 31 de janeiro deste ano, a importação de carne bovina seria suspensa, caso não fosse exclusivamente proveniente de fazendas selecionadas que respeitassem as regras sanitárias em vigor na UE.

As autoridades brasileiras propuseram um conjunto de 2.600 propriedades, aprovadas após rápida vistoria pelo governo brasileiro, mas que não foram aceitas pelas instâncias comunitárias, de acordo com o comissário europeu para a Saúde, Markos Kyprianou.

A mesma fonte ressaltou que a suspensão das importações é temporária, mas, para ser levantada, cada uma das propriedades constantes da lista das autoridades brasileiras terá de ser alvo de uma cuidadosa inspeção e verificação da documentação legal.

Em novembro de 2007, veterinários europeus que visitaram o Brasil identificaram “várias deficiências graves nos sistemas de verificação e nas condições sanitárias”, especificamente em três estados brasileiros atingidos por um surto de febre aftosa.

Os animais oriundos de determinadas origens deverão cumprir uma quarentena de 90 dias num território aprovado pela UE, a que se soma um outro período de 40 dias, na fazenda aprovada, antes do abate, num total de 130 dias.

A listagem de criadores será estabelecida com base na informação fornecida pelas autoridades brasileiras competentes e a UE reserva-se o direito de fazer inspeções, através dos seus serviços veterinários.

O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne bovina, com 2,3 milhões de toneladas por ano (US$ 4,5 bilhões em 2007), um terço do total mundial. Mas o conflito com a UE já se arrasta há dois anos, depois de o alarme ter sido dado pelo Reino Unido e pela Irlanda.

O britânico Neil Parish, presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, que anda há pelo menos um ano e meio empenhado na suspensão da importação de carne bovina brasileira, devido ao surto de febre aftosa, saudou a decisão comunitária, que classificou de "sinal dado ao governo" brasileiro.

Padraig Walshe, presidente da Federação dos Agricultores Irlandeses (IFA), condenou as autoridades brasileiras por terem feito "ouvidos de mercador" à UE.

E concluiu que "o Brasil não está à altura de controlar o surto de febre aftosa, os movimentos dos animais e a sua verificação, nem de cumprir os necessários requisitos sanitários".
Fonte: Agência Lusa

Ministério considera arbitrário embargo da União Européia à carne brasileira

Até 15 de fevereiro, o Ministério da Agricultura enviará os relatórios de auditoria pedidos pela União Européia (UE) para reavaliar a suspensão da importação de carne bovina brasileira. Em nota oficial, o ministério classificou a decisão da UE de “injustificável e arbitrária” e negou falhas no sistema nacional de controle sanitário.

Uma equipe, liderada pelo secretário nacional de Defesa Animal, Inácio Kroetz, esteve reunida durante toda a tarde de hoje (30) com representantes de produtores de carne bovina para discutir o impacto da decisão da UE sobre o mercado brasileiro de carnes. A partir de sexta-feira (1º), o Ministério da Agricultura deixará de emitir o Certificado Sanitário Internacional (CSI) para aqueles países.

Segundo o comunicado, a UE fez ressalvas apenas ao sistema de rastreabilidade (critério para identificar a procedência dos animais), sem apontar quais seriam os pontos contestados. A nota informa ainda que o Brasil havia apresentado à Comissão Européia, na última segunda-feira (28), a lista das propriedades que estariam em conformidade com as condições sanitárias exigidas pelo bloco econômico e que os serviços veterinários federal e estaduais são confiáveis.

Uma delegação européia deve vir ao Brasil, em 25 de fevereiro, para inspecionar o sistema de rastreabilidade adotado pelo serviço oficial brasileiro em 300 fazendas selecionadas pelo serviço sanitário da Comissão Européia.

O ministério classificou a medida, ainda, como “desnecessária, desproporcional e injustificada”, já que o risco à saúde humana e animal é “ausente”, e exigiu da Comissão Européia que “garanta transparência e previsibilidade” nas próximas etapas para que as relações comerciais voltem ao normal. Segundo o governo brasileiro, os critérios adotados para a seleção das propriedades a serem fiscalizadas ainda não foram definidos.

Fonte: Morillo Carvalho, repórter da Agência Brasil

Maior parte dos juros da dívida pública vai para 20 mil grupos familiares, revela estudo do Ipea 30.01.08

30.01.08

O mercado financeiro está contribuindo para o enriquecimento de um seleto grupo de brasileiros. Segundo o estudo Os Ricos no Brasil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 20 mil clãs familiares (grupos compostos por até 50 membros de uma mesma família) apropriam-se de 70% dos juros que o governo paga aos detentores de títulos da dívida pública.

Apenas de janeiro a novembro do ano passado, o pagamento dos juros da dívida pública pelo setor público (composto por governo federal, estados, municípios e empresas estatais) consumiu R$ 147,3 bilhões. Em entrevista hoje (29) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirmou que os ganhos no mercado financeiro provocam a transferência de renda para essa parcela da população.

De acordo com o estudo, isso ocorre porque o pagamento dos juros dos títulos da dívida, de forma geral, está atrelado à taxa básica de juros da economia, que está acima da inflação. Dessa forma, conforme o Ipea, há um ganho real dos clãs familiares e o aumento da arrecadação de tributos pelo governo, em última instância, vai para os credores da dívida.

Na opinião de Pochmann, seria interessante retirar esse lucro do mercado financeiro e inseri-lo no investimento produtivo. Segundo ele, isso pode ser feito por meio da redução da taxa de juros, construção de rodovias, construção de hospitais. Para ele, essas famílias teriam retorno financeiro semelhante se investisse o dinheiro no setor produtivo e em obras de infra-estrutura.
Fonte: Cilene Figueredo, da Agência Brasil

CNBS adia decisão sobre liberação de milho transgênico 30.01.08

30.01.08
Conselho Nacional de Biossegurança adia decisão sobre liberação de milho transgênico mas não explica motivos da decisão



A decisão sobre a liberação de milho transgênico para comercialização foi adiada para o próximo mês. A reunião do Conselho Nacional de Biossegurança que discutiu ontem (29) o assunto teve baixo quorum e terminou sem deliberação. Uma nova reunião do Conselho está prevista para o dia 12 de fevereiro, segundo informou a assessoria de imprensa do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Até lá, diz a fonte acima citada, o Conselho deverá fazer uma consulta à Advocacia Geral da União (AGU) sobre questões de competência. A assessoria, no entanto, não soube precisar quais foram as pendências em relação ao tema.

ANVISA E IBAMA estão contra a liberação
No ano passado, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o plantio e comercialização de três variedades de milho transgênico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apresentaram recursos contra a liberação de duas variedades de milho, o da Bayer e o da Monsanto.

Os recursos estavam na pauta de discussão da reunião de ontem, que teve a presença de apenas quatro ministros, de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende; da Agricultura, Reinhold Stephanes; do Meio Ambiente, Marina Silva; e da Casa Civil, Dilma Rousseff, que preside o Conselho Nacional de Biossegurança.

Movimentos sociais pedem proibição da venda de milho transgênico
Enquanto os ministros que compõem o Conselho Nacional de Biossegurança avaliavam se liberavam ou não o plantio e a comercialização de milho transgênico no Brasil, integrantes de movimentos sociais e ambientais realizavam uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto pedindo a sua proibição.

Com uma faixa onde se lê "Milho Transgênico: Ibama e Anvisa reprovam. Os ministros vão liberar?" representantes de organizações como a Via Campesina, do Fórum Nacional de Reforma Agrária, da Comissão Pastoral da Terra -CPT, entre outras, enviaram aos participantes do Conselho uma cesta com produtos orgânicos como manga, milho, cana-de-açúcar e mandioca.

Eles argumentam que ainda não foram feitos estudos suficientes pela comunidade científica para comprovar que os transgênicos não fazem mal à saúde humana.

"Uma vez que a transgenia introduz um novo gene numa planta, a comunidade científica ainda não fez estudos de quantas reações são produzidas dentro dessa nova planta e se ela produz reações tóxicas ou não", afirma o integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isidoro Revers, mais conhecido como "Galego".

No manifesto contra o milho transgênico que os integrantes dos movimentos sociais trouxeram para ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto com uma das cestas, eles argumentam ainda que há riscos para o meio ambiente.

"Nem as empresas, nem o governo brasileiro realizaram estudos para subsidiar normas que garantam a não contaminação das variedades locais ou tradicionais e o direito de escolha dos consumidores e dos agricultores. Assim, não há base científica para garantir que a contaminação não ocorrerá", afirma o texto.

O presidente da CPT, Dom Tomás Balduíno, afirma que a liberação do milho transgênico significa o "monopólio da semente" e irá prejudicar a agricultura familiar.

"Qual o agricultor que pode competir com o transgênico, que pode ter a usina que tem a Monsanto de processamento dos transgênicos", questiona.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou no ano passado o plantio e a comercialização de três variedades de milho transgênico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apresentaram recursos contra a liberação que serão analisados hoje (29) pelo Conselho Nacional de Biossegurança.

Fonte: Yara Aquino e Carolina Pimentel, da Agência Brasil, com o
Observatório

Ministro reconhece plantio ilegal de milho transgênico 30.01.08

30.01.08

Sem autorização legal, produtores rurais já plantam variedades de milho geneticamente modificadas em lavouras clandestinas, informou o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia). "Isso está acontecendo principalmente no Sul e no Centro-Oeste, já existem plantações com sementes contrabandeadas", disse o ministro à Folha. Na reunião de ontem do Conselho Nacional de Biossegurança, Rezende foi um dos principais defensores do aval imediato à comercialização de duas variedades de milho transgênico produzidas por multinacionais.

Principal aliado de Rezende no debate dos transgênicos, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, confirma que o milho vai pelo mesmo caminho das duas únicas variedades de soja e algodão geneticamente modificadas cuja comercialização é autorizada do país: elas foram liberadas apenas depois de constatado o cultivo ilegal.

"Não obstante toda a fiscalização, acontece o contrabando", disse Stephanes. Segundo ele, o ministério não dispõe de estimativas de quanto as culturas ilegais produzem atualmente. O ministro defendeu a rápida liberação das variedades de milho: "É melhor legalizar dentro de regras claras, que protegem o ambiente, do que sermos levados de roldão".

(Nota do editor: o que fazem dois integrantes do mais alto escalão do governo Federal, que têm notícias e as divulgam, acerca de ilegalidades que estão sendo cometidas em território nacional? aparentemente nada, o que certamente os torna passíveis de ações legais. Contrabando de sementes, sem o devido controle essencial para a proteção do ambiente e da população, o plantio ilegal e produção de milho transgênico, sem amparo legal e pondo em risco a população, a fauna e a flora brasileiras. O dever funcional desses ministros exige que iniciem a apuração dessas ilegalidades, no âmbito de suas pastas, e comuniquem os fatos que conhecem e divulgam à Polícia Federal, para a devida investigação do contrabando - afinal ela é responsável pelo controle das fronteiras nacionais - com inquéritos, apuração de responsabilidades e encaminhamento para a decisão da Justiça a respeito de suas conclusões.)
...
Os recursos são assinados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Alegam o risco de contaminação de culturas convencionais, a falta de regras suficientes de monitoramento do plantio, transporte e armazenagem, além da insuficiência de dados sobre efeitos na alimentação humana e de animais. E o ministro da Ciência brasileira tenta desqualificar essas entidades estatais encarregadas de zelar pelo meio ambiente e pela saúde da população, ao se referir a suas ações como sendo fruto da "desinformação e sentimento religioso" (veja mais abaixo).

As lavouras de milho ocuparam no ano passado uma área de 13,8 milhões de hectares. Da produção nacional de 51,5 milhões de toneladas, a maior parte é destinada à ração animal e apenas 5% são usados diretamente como alimento humano, segundo dados do Ministério da Agricultura.
...
"Essa demora prejudica a agricultura brasileira", avalia Sérgio Rezende, confiante na posição favorável do conselho. Caso contrário, especula, "teremos um cenário surrealista". ...
......

Ibama alega razão objetiva para se opor

Liminares concedidas pela Justiça, ações do Ministério Público e manifestações de ONGs ambientalistas com o apoio de trabalhadores sem-terra conseguiram impedir a liberação comercial de organismos geneticamente modificados em mais de dois anos, desde a regulamentação da atual Lei de Biossegurança.
......

O ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) atribui as resistências aos transgênicos no país a uma combinação de "desinformação e sentimento religioso".

O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Bazileu Margarido, alega ter razões objetivas para se opôr à liberação de variedades de milho.

"O risco de contaminação de lavouras tradicionais seria razoável, a distância determinada entre culturas é insuficiente e a CTNBio não considerou a possibilidade de contaminação nas etapas de transporte e armazenamento", disse.
Responsável por dois dos recursos que o Conselho Nacional de Biossegurança analisa hoje, o presidente do Ibama insiste em que a liberação do milho exige mais cuidados do que a da soja.

Os dois pedidos de liberação comercial de variedades de milho... foram apresentados pelas multinacionais Bayer e Monsanto em 1998 e 1999. (MS)
Fonte: Marta Salomon, Folha de São Paulo, com o Observatório

Produtores contra proibição de desmatamentos 30.01.08

30.01.08

Segundo assessor da Famato, se a proibição não for revogada, acarretará em prejuízos à balança comercial de mato Grosso, que é pautada principalmente em produtos da agropecuária.

Em 2007, os produtos originários do agronegócio mato-grossense representaram 95,9% das exportações do Estado, quando foram embarcados US$ 4,924 bilhões (soja, carne, milho, algodão, madeira, açúcar e arroz) de um total de US$ 5,130 bilhões. De acordo com o assessor econômico da Famato, Amado de Oliveira Filho, ainda não é possível mensurar a queda, mas se a proibição não for revogada acarretará em prejuízos à balança comercial estadual que é pautada principalmente em produtos da agropecuária.

(comentário do editor: aparentemente, o assessor da Famato está partindo do pressuposto que a maior parte dos produtos exportáveis dos 19 municípios de MT que integram a 'lista suja' do desmatamento origina-se de atividade ilegal. Como ele deve conhecer bem a realidade desses municípios, não há o que discutir, mas isso não dá razões para a revogação da proibição de desmatar mais, já que pressupõe-se que os ditos "produtores" desses municípios já desmataram, caso contrário não produziriam...)

De acordo com levantamento da Famato, nos 19 municípios do Estado que estão proibidos de desmatar existem 31,420 mil propriedades, sendo que 25,512 mil delas (81%) com criação de gado. O rebanho destas propriedades soma 5,935 milhões de cabeças, o que representa 23% do número de animais no Estado, que totaliza 25,740 milhões. Já a produção de soja dos municípios soma 1,809 milhão de toneladas, o que significa 10,8% dos 16,700 milhões (t) previstas para serem colhidas na safra 2007/2008. O cultivo de milho soma 301,790 mil (t), 7,4% da produção estadual estimado em 4,028 milhões (t) e o de algodão 1,75%, com uma produção de 23,114 mil (t) de uma previsão de 1,317 milhão (t) para esta safra.

Para Oliveira Filho, a proibição do desmatamento nos 19 municípios de Mato Grosso acarretará no travamento dos negócios destas localidades. Isso porque entre as penalidades previstas pelo decreto (artigo 12) envolve também os produtos e subprodutos originários das propriedades, e que podem não ser comercializados. "Isso vai dar prejuízo a quem já fez negócios e afugentará novas empresas que pretendiam ir para os municípios". "A proibição na comercialização pode afetar cerca de 120 mil pessoas, que ficarão sem renda".

fonte: A Gazeta, Redação Avicultura Industrial e Suinocultura Industrial, com o
Observatório

BNDES financia 67% de parque eólico no Ceará 30.01.08

30.01.08

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 94,9 milhões para a empresa Eco Energy Beberibe implantar o Parque Eólico de Beberibe, no Ceará, com potência instalada de 25,6 megawatts (MW).

O financiamento do BNDES, que ocorre no âmbito do programa de incentivo a fontes renováveis, corresponde a 67% do investimento total do projeto, de R$ 140,9 milhões, segundo nota divulgada hoje pelo banco.

De acordo com a nota, o empreendimento da Eco Energy está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e faz parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Conforme as regras do Proinfa e segundo o BNDES, o investimento é garantido por Contrato de Compra e Venda de Energia Elétrica (CCVE) com a Eletrobrás com prazo de 20 anos de vigência.

Segundo explica o banco, o projeto consiste na construção de um parque de geração de energia elétrica por fonte eólica. A usina será interligada ao sistema elétrico de distribuição local da Companhia Energética do Ceará (Coelce).

A Eco Energy Beberibe Ltda é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), constituída para desenvolver e operar o projeto Beberibe. A expectativa é que durante a construção do parque eólico deverão ser criados 400 empregos diretos e indiretos.
Fonte: Jacqueline Farid - Agência Estado

Incertezas levam sojicultores a aumentar ritmo de venda antecipada para garantir preço 29.01.08

29.01.08

Os produtores brasileiros estão acelerando a venda antecipada da safra de soja para se beneficiar dos preços atuais da commodity no mercado internacional. Embora estejam ainda em um patamar bom, acima do verificado no mesmo período do ano passado, os preços da soja já indicam tendência de queda, o que incentivou ainda mais o aumento nas vendas antecipadas.

De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o volume negociado antecipadamente da safra de soja supera aquele registrado no mesmo período do ano passado. Entre os maiores estados produtores, o Mato Grosso do Sul já vendeu 40% de sua soja, contra os 35% que tinham sido comercializados na mesma época de 2007. No Mato Grosso e na Bahia, os sojicultores já venderam antecipadamente 60% da safra. A essa altura do ano passado, esses estados haviam vendido apenas 40% e 30%, respectivamente.

A receita obtida com a venda antecipada, afirma o Cepea, será importante para cobrir despesas com insumos da safra. Com a dificuldade em obter crédito para cobrir despesas com insumos, produtores do Centro-Oeste aumentaram o ritmo de comercialização antecipada de soja. Já no Sul, cooperativas têm orientado os sojicultores a vender antecipadamente sua produção para poder antecipar o pagamento de insumos e obter descontos dos fornecedores.

De acordo com o Cepea, o mercado interno brasileiro acompanhou as quedas na cotação da soja registradas na Bolsa de Mercadorias de Chicago -Chicago Board of Trade (CBOT). Entre os dias 18 e 25 deste mês, os contratos futuros de soja para os próximos três vencimentos caíram 1,7%, refletindo os temores relacionados a uma eventual recessão nos EUA. Segundo os pesquisadores do Cepea, a baixa só não foi maior por conta do corte de 0,75 ponto percentual nos juros dos EUA, realizados pelo Federal Reserve Bank (Fed).

No Brasil, o preço da soja calculado pelo Cepea caiu 0,66% na última semana, com a saca de 60 kg recuando a R$ 46,45. Já o preço medido por Esalq/BM & F registrou baixa de 1,66%, para R$ 48 a saca de 60 kg.
Fonte: José Sergio Osse, Valor Online

Devastação acompanha cotação agrícola 29.01.08

29.01.08

O coordenador do programa Cerrado da organização não-governamental (ONG) Conservação Internacional, Mário Barroso, afirma que na região adjacente ao Parque Nacional das Emas a ocupação agrícola é antiga. O desmatamento vem aumentando até agora, relacionado ao preço das commodities.

Mário diz que, em 2003, houve pico no preço da soja, o que se refletiu na devastação de matas nativas no sudoeste goiano. Em 2006 e 2007 houve novo recorde na produção de grãos. ....
Fonte: O Popular

Como cada setor vê o que está acontecendo com a Floresta Amazônica, e seus respectivos vilões. Fatos e mitos se espalham por todas os lados, sem privilegiar ninguém. Veja:

O que dizem os proprietários rurais
CNA: floresta em pé precisa ter mais valor do que a floresta derrubada
Em nota emitida no dia 25, sexta-feira passada, a Confederação Nacional da Agricultura -CNA, que representa os grandes proprietários de terras, mira no governo Federal como o grande vilão da história ora em debate.

"O grande proprietário de terras na região amazônica é o Governo Federal, detentor de 76% das áreas na Amazônia Legal e a quem cabe cuidar de suas próprias terras. A avaliação é do presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Assuero Doca Veronez, para quem os grandes causadores do desmatamento na região são:

1- a ausência do Estado;
2- a falta de regularização fundiária; e
3- o aumento do número de assentamentos rurais dispensados do licenciamento ambiental e a burocracia na concessão de licenciamentos ambientais.
Assuero diz que falta uma política pública adequada para a Amazônia, de modo que “a floresta em pé tenha mais valor do que a floresta derrubada”.

E parece que a CNA acerta na "mosca", sendo difícil discordar desses três pontos como grandes contribuintes para o problema, mas existem outros que certamente não os interessa incluir em seu rol (nota do editor):

"Para o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, a ausência do Estado no cumprimento dos seus papéis institucionais provoca a dilapidação dos recursos naturais (e do patrimônio do Estado, nota do editor) e acarreta prejuízos ao setor agropecuário, constituído por uma maioria de produtores rurais que respeita a legislação, gera empregos e renda e mantém 80% de suas propriedades como reserva legal."

Falta aí demonstrar a parcela dos proprietários legais de terras rurais na Amazônia que cumpre a legislação. Certamente existem, mas serão significativos, com relação ao total, em termos de quantidade de proprietários e de área dos estabelecimentos? (nota do editor).

Por este motivo, a CNA considera de fundamental importância a implantação do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), além da regularização fundiária e a efetiva presença do poder público na organização da exploração e ocupação dos recursos naturais da Amazônia.

Segundo Assuero, “a Amazônia não pode se transformar em um grande parque ecológico, onde tudo será proibido”. Para tanto, sugere a criação de mecanismos de remuneração, a exemplo do que acontece em outros países do mundo, para proprietários de áreas destinadas à conservação, de modo que os serviços ambientais sejam reconhecidos e valorados. “Os proprietários não podem ficar apenas com o ônus da conservação das florestas, como é hoje”, completa ele, justificando que este bem é de interesse de toda a humanidade.

O presidente da Comissão da CNA diz que o Governo se precipitou ao divulgar os números sobre o aumento do desmatamento na região....Na opinião de Assuero, a imagem negativa do País no cenário internacional é causada pelo insucesso na condução desse tema e pela ineficácia das políticas públicas adotadas, além do indevido alarmismo que ocorre normalmente na abordagem do tema. Como resultado, ele prevê prejuízos para o Brasil, com a imposição de novas barreiras comerciais.
Fonte: Agência CNA

O que diz um pecuarista
Avanço da fronteira agrícola foi solução para crise social no Sul

"Natural de Barretos (interior de São Paulo), o pecuarista Fernando Antônio Vieira, 68, chegou à região de Alta Floresta (MT) em 1975, no início do projeto de colonização que faria nascer a cidade. Hoje dono de três fazendas, onde cria um dos maiores rebanhos bovinos da região, ele rejeita o rótulo de "vilão" da natureza 'imposto pelas regiões Sul e Sudeste'.

'O que chama a atenção é que não se fala das pessoas que trabalham aqui, diz Fernando Vieira. É como se houvesse só a floresta. E somos mais de 20 milhões na Amazônia. A colonização nesta região deu um desafogo em Estados superpovoados, principalmente os do Sul. Eu não sei o que seria hoje desses Estados se não tivesse surgido essa válvula de escape oferecida pelas fronteiras agrícolas. Isso evitou o agravamento de problemas sociais'.

Em 1975, quando cheguei aqui, 'era mato. Somente mato. Na época, a documentação da empresa colonizadora já dizia que era preciso conservar as castanheiras e que seria preciso seguir a legislação e manter 50% de áreas preservadas [hoje, a reserva legal é de 80%]. Nós atendemos a um chamamento do governo para que viéssemos ocupar a região'.

FOLHA - Mas não se desmatou além da conta?
VIEIRA - Ninguém iria se aventurar a sair dos grandes centros e vir para cá se não fosse para trabalhar e ganhar dinheiro. Houve exageros nesse período? Houve. Mas o que queremos hoje é parceria com o governo.

FOLHA - Como assim?
VIEIRA - A produção de grãos e de gado é importante para o país. Hoje, se nós precisamos fazer algum ajuste, temos que fazer em conjunto. Nós queremos parceria, não repressão.

FOLHA - Como é possível a coexistência da floresta e da pecuária?
VIEIRA - O pecuarista tem que trabalhar dentro da lei. Agora, o governo também precisa cumprir a sua parte. Se vão fazer o recadastramento das propriedades por satélite é fundamental que o Incra esteja estruturado para analisar as imagens. Do contrário, o processo vai se arrastar por longos anos e as nossas atividades ficarão paralisadas. É preciso punir quem precisa ser punido. Aqui a maioria é trabalhadora, que não merece ser tratada com polícia e repressão. Não somos bandidos."
Fonte: Rodrigo Vargas, enviado especial a Alta Floresta e Paranaíta,MT, Folha de São Paulo

O lado do madeireiro
Madeireiros se consideram "injustiçados'
Cinquenta quilômetros de destruição separam as cidades de Alta Floresta e Paranaíta, no extremo norte de Mato Grosso. O caminho por terra entre os dois municípios -listados entre os 36 mais devastados da Amazônia- em nada lembra a imagem de natureza imponente em geral associada à região.
Às margens da rodovia MT-206, e até onde a vista alcança, predominam as pastagens, o gado e os restos queimados do que um dia já foi a floresta.

Uma medida provisória de 2001 obriga as propriedades a preservar 80% de sua reserva legal -antes dessa data, a obrigação era de 50%. "Nenhuma propriedade nessa rodovia manteve a reserva legal", diz o chefe-substituto do Ibama em Alta Floresta (830 km de Cuiabá), Cláudio Cazal.
A Folha percorreu a rota Alta Floresta-Paranaíta e constatou que não é apenas a ausência do Estado que facilita o desmatamento.
A destruição também avança com o apoio do dinheiro estatal: no caminho, três grandes fazendas de gado exibiam placas de financiamento do Banco do Brasil, por meio do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste)(negrito do editor).
Além de extensas áreas desmatadas, duas delas haviam represado locais de preservação permanente, como beiras de córregos e até mesmo áreas de nascentes.
Na opinião de Cazal, o financiamento de atividades econômicas incompatíveis com a preservação da floresta é reflexo de uma contradição do governo federal. "O governo que fala em preservar é o mesmo que apóia e dá dinheiro para atividades que não podem coexistir com a floresta, como a pecuária extensiva", afirma.
"O que vemos entre Alta Floresta e Paranaíta é que não há critério ambiental algum para a concessão desses financiamentos. No final, o governo financia o desmatamento."
Em 2006, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso contou mais de 1 milhão de cabeças de gado em 4.600 propriedades rurais dos dois municípios. Mas a pecuária não é a única atividade a avançar sobre a mata. A exploração madeireira, mesmo em decadência, continua a abrir novas frentes de exploração.
......

Não derrubam tudo, escolhem valiosos alvos
Ouvidos pela reportagem da FSP, madeireiros dos dois municípios defenderam o segmento, que consideram "injustiçado".

"Quando sai algum número de desmatamento, logo vinculam o problema à nossa atividade, o que é um erro.
Não fazemos derrubada, e sim corte seletivo", diz o madeireiro Jairo de Carli, de Alta Floresta (negrito do editor).

"
Quem desmata e faz corte raso é o fazendeiro, para plantar ou abrir pastagens (negrito do editor). Nós precisamos da mata em pé."

Para o madeireiro Aloísio dos Santos, em Paranaíta desde 1990, a "criminalização" do setor é fruto da política de ocupação da região. "Por aqui, o que manda é a política da terra, da plantação e do gado. Nunca tivemos política para a madeira. E olha que poderíamos ser os maiores parceiros da conservação da floresta. Mas somos tratados como bandidos", afirma.
Fonte: Rodrigo Vargas, enviado especial a Alta Floresta e Paranaíta,MT, Folha de São Paulo

Marina Silva dividiu o prejuízo
Comentário de Claudio Ângelo, editor de Ciência da Folha de São Paulo: a ministra Marina Silva fez o ritual de denúncia do desmatamento acelerado no Palácio do Planalto junto com o presidente da República para, de certa forma, dividir o prejuízo político da ineficiência com a Chefe da Casa Civil, ministra Dilma Roussef. Dilma é a coordenadora do "Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento lançado com pompa e circunstância pelo governo Federal, em 2004, mas que nada fez efetivamente nesses três anos que se passaram. Diz Ângelo em sua coluna:
"Marina Silva pode ser criacionista, mas boba ela não é. Ao apressar-se em divulgar os dados parciais do Inpe sobre o desmatamento na Amazônia e fazê-lo na última quarta-feira, numa solenidade (ou "fuzuê", como definiu o diretor do Inpe, Gilberto Câmara) pública, a ministra do Meio Ambiente jogou o problema no colo de quem é de direito: o presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff."
...
"A omissão mais notável foi do Ministério da Agricultura. A pasta foi encarregada em 2004 para descobrir meios de ocupar os estimados 165 mil quilômetros quadrados (um Acre) de áreas degradadas na Amazônia, revertendo-as para produção. Não fez nada. Sua única grande contribuição foi gastar dinheiro do combate à derrubada na erradicação da febre aftosa. Algo que fez o desmatamento crescer: o sul do Pará é zona livre de aftosa desde 2007.
...
...
Como a Casa Civil dificilmente fará como o chefe da Agricultura, que preferiu negar os números, supõe-se que o fuzuê de Marina Silva ajude a sacudir o governo.
Fonte: Cláudio Ângelo, Folha de São Paulo

Os políticos locais
Prefeitos do Nortão de MT se reúnem 4ª feira para debater números de desmatamento

As medidas anunciadas pelo governo para conter o desmatamento na Amazônia estão causando apreensão entre produtores rurais e prefeitos de 19 municípios de Mato Grosso que integram a "lista suja" do Ministério do Meio Ambiente. Entidades como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), sindicatos rurais e indústrias madeireiras temem uma estagnação econômica em 31 mil propriedades, como ocorreu em 2005 após Operação Curupira, que mandou para a cadeia empresários e servidores públicos acusados de corrupção.

Juntos, esses municípios são responsáveis por 20% da produção pecuária do Estado e 11% da produção de soja, segundo a Famato. A partir de amanhã, produtores rurais e prefeitos estarão em Brasília para discutir com o governo os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na semana passada.
Eles temem que as ações de prevenção e controle do desmatamento, anunciadas pelo Ministério do Meio Ambiente, inviabilizem a atividade econômica nos municípios.(ao que parece, desmatamento é o principal "motor" da atividade econômica em seus municípios...negrito e nota do editor)

Em nota, a Famato informou que os instrumentos para controle do meio ambiente são legítimos, mas lembra que os produtores rurais estão buscando se adequar à legislação brasileira. A entidade critica a ausência do Estado para administrar as questões ambientais. "Os produtores rurais do Estado de Mato Grosso têm demonstrado formalmente o desejo de adequarem suas propriedades às exigências da complexa legislação brasileira."

O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, José Aparecido dos Santos, discorda dos números do desmatamento apresentados pelo Inpe. "Os prefeitos têm que saber se de fato ocorreu todo esse desmatamento em seus municípios para tomarmos providências", disse ele, informado que os prefeitos vão se reunir na quarta-feira em Cuiabá para debater o assunto.
Fonte: Agronotícias, 28.01.08


Produtores rurais plantam dendê em áreas desmatadas no oeste do Amazonas 28.01.08

28.01.08

Áreas desmatadas da BR-307, que liga os municípios de Benjamin Constant a Atalaia do Norte, no oeste do Amazonas, serão aproveitadas por pequenos agricultores para a plantação de dendê. Com a planta, eles produzirão biodiesel.

Organizado pela Diocese do Alto Solimões e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Amazônia Ocidental, o projeto prevê a plantação de 500 hectares de dendê ao longo da rodovia. A idéia é beneficiar 100 famílias de pequenos produtores rurais dos municípios de Benjamim Constant e Atalaia do Norte.

A previsão do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Amazonas (Idam), parceiro no projeto, é que em cinco anos, cada família receba R$ 1,5 mil de lucro mensal com a plantação de dendê.

Para Edson Barcelos, diretor do Idam, a cultura pode suprir a demanda de combustível da região. “A expectativa desse projeto é que se produzam 2,2 mil toneladas de óleo por ano, daqui a cinco anos. Isso daria para substituir do consumo atual 20% do diesel que se gasta em Atalaia e Benjamim”, explica o diretor.

Já o bispo Alcemar Caldas disse acreditar que o dendê produzido na região da BR-307 poderá ser exportado. “Como vivemos próximo à fronteira com a Colômbia, pode ser que, no final do processo, seja mais interessante exportar para a Colômbia, já que o dendê é muito utilizado por nossos vizinhos”, argumenta.

Até o momento foram gastos no projeto R$ 3 milhões. Os recursos são da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência e Tecnologia. O projeto prevê a plantação de 80 mil mudas da planta, além da instalação de usina beneficiadora de grãos. De acordo com as expectativas, a produção do óleo do dendê começará em 2013.

Fonte: João Porto, da Rádio Nacional da Amazônia

Controle do Desmatamento da Amazônia: promessa difícil de cumprir 28.01.08

28.01.08

Comentário do Editor: Sem qualquer estrutura para operar, a fiscalização do Ibama na Amazônia (como em qualquer ponto do país, ao que tudo indica) não pode entregar o produto que o governo atual promete para combater o desmatamento no bioma. É o que fica claro da situação objetiva, relatada à Folha de São Paulo, em que se defronta o chefe-substituto de Fiscalização do Ibama na cidade de Alta Floresta, no norte de Mato Grosso, a 830 km de Cuiabá, aproximadamente 2.000 km de estrada do Palácio do Planalto (veja reportagem a Folha de São Paulo, com extratos citados mais abaixo).
Por outro lado, erros ocorridos na medição pelo DETER/INPE dos desmatamentos nos meses de agosto a outubro no ano passado, que dispararam o alarme do Ministério do Meio Ambiente, estão sendo postos em xeque pelas dúvidas e verificações realizadas pelo governo do Mato Grosso, um aliado do governo Federal mas com Blairo Maggi, seu governador, não deixando de ser defensor do agronegócio da soja.

Situação difícil
Propor medidas políticas sem uma sólida estrutura para cumprir o prometido acaba erodindo qualquer administração, seja pela perda de credibilidade, seja pelos embates cotidianos com opositores, nos quais se sai perdendo sistematicamente, todas as disputas. Algumas medidas ora propostas já têm idade avançada sem que tivessem sido operacionalizadas, como registrou Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra- Amazônia Brasileira, imediatamente após seu anúncio pela Presidência da República, em entrevista ao jornal O Globo,
No primeiro mandato do atual presidente, o Ministério do Meio Ambiente perdeu todas as disputas políticas com o Ministério da Agricultura, e suas ações positivas orientaram-se para a criação de grandes áreas protegidas, de diversos matizes, na Amazônia, onde quase todas as terras pertencem ao governo (Federal ou estaduais) e o agronegócio pouco se importava com isso. O relevante para esse setor era, por exemplo, conseguir a liberação das semente transgênicas, e isso praticamente conseguiu no terceiro mês de governo quando medida provisória permitiu a comercialização da safra de soja transgênica do Rio Grande do Sul, legalizando o intenso contrabando de sementes originadas da Argentina
Agora, a ministra Marina Silva começa a sofrer contestação em seu próprio território, a Amazônia, de colegas de ministério e de aliados –como Stephanes e Maggi, ambos com o DNA do agronegócio nas veias – região em que até agora ela produzia resultados sem maiores problemas, sem oposição politicamente relevante.

Horizonte nebuloso
Espera-se que a Ministra não esteja sendo pega de surpresa acerca dos problemas existentes com as informações de três dos cinco meses computados na avaliação que divulgou ao acionar o alarme sobre o desmatamento. Pelo que informa o Diretor do INPE, os números agora divulgados incorporam as correções dos erros verificados em dezembro passado. Melhor assim.

De toda forma, a área total desmatada que apresentou não pode ficar longe da realidade, sob pena de receber um “exocet abaixo da linha d’água” (êta expressão antiga, provavelmente muitos leitores não saberão seu significado, tendo que perguntar a seus pais...) já que o agronégocio – soja, carnes e etanol, em especial – com a notícia do aumento do desmatamento na Amazônia sofrerá agruras nas suas exportações para a União Européia. E ele tem grande força política no Congresso Nacional, dentro do Governo (Federal e estaduais), além de ostentar uma bela fatia nos resultados da Balança Comercial do país. Isso em um ano já difícil, com a UE criando critérios para compra de biocombustíveis e uma provável recessão se abatendo na maior economia mundial, certamente repercutindo em todos países, com perspectivas de redução do consumo e das exportações. O retrospecto dos embates, no atual governo, entre o MMA e o MAPA não é muito animador, como já foi descrito antes.

Por outro lado, não há no MMA, e quase certamente no Incra, qualquer estrutura operacional que possa responder minimamente às determinações agora não mais da ministra, mas sim do presidente da República, além do fato de a ministra haver proposto a adoção de “punições” inócuas, como relata o governador Maggi. Todas ações de controle passam a depender da disponibilidade da Polícia Federal (e talvez a Presidência chame as Forças Armadas para ajudar, como sugere Maggi), o que sempre tem prazo relativamente limitado. Pois certamente os governadores (à exceção do Pará) não vão colaborar muito.

Por último, vale lembrar que neste ano haverá eleições para prefeitos e vereadores, e nas regiões desmatadas esse tema e as ações do governo Federal certamente entrarão na pauta política local, acirrando posições e o “autonomismo” municipal de ter “direito ao desenvolvimento”, como se desmatar fosse progresso e desenvolvimento.


1- Total falta de estrutura humana e material
“ ‘Esse anúncio só mostrou o quanto Brasília desconhece a realidade da Amazônia. É uma espécie de autismo’, afirmou Cláudio Cazal, 29, chefe-substituto do escritório do Ibama em Alta Floresta (2.000 km de Brasília,
nota do editor).
...O governo federal anunciou a suspensão de autorizações para desmatamento em 36 municípios da Amazônia Legal... responsáveis por metade do abate de árvores na região.

De que adianta bloquear autorizações de desmate em uma região em que a maior parte das derrubadas são feitas sem autorização? Embargo de propriedades já fazemos há muito tempo. O que não temos é estrutura para retornar às áreas para verificar se o embargo está sendo cumprido’, disse Cazal.

O escritório do Ibama de Alta Floresta é responsável pela fiscalização de crimes ambientais em 13 municípios da região norte de Mato Grosso, que somam 92 mil km2.
‘É uma área superior ao território dos Estados do Rio de Janeiro [43,7 mil km2] e do Espírito Santo [46 km2] juntos. Teríamos que ter ao menos 50 servidores para dar retorno a essas medidas de emergência, mas temos
só três. E, atualmente, nenhum carro.’
Segundo Cazal, os quatro veículos colocados à disposição do escritório estão quebrados.
...
‘Se precisássemos sair agora, não teríamos condição. Essa é a realidade’, afirmou ele, que está há três anos no Ibama de Alta Floresta e seis meses na função de chefe-substituto.

Tropa de elite
... ‘Quem ouve falar do Ibama logo imagina um Bope [Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro, que inspirou o filme "Tropa de Elite'], mas isso é uma ilusão. Os servidores e os recursos estão concentrados onde o problema não existe’, afirmou.
Recentemente, conta Cazal, um carro do Ibama teve um problema mecânico durante uma operação. O local era isolado. Para buscar ajuda, segundo ele, a equipe teve de seguir de carona com caminhões de madeireiras ilegais.
‘É algo inacreditável. É como se a Polícia Federal pedisse ajuda aos traficantes para empurrar um carro’, disse Cazal.

Os fazendeiros e madeireiros da região não temem multas e embargos, segundo Cazal, porque contam com a falta de estrutura da fiscalização. ‘A multa eles protelam e não pagam. O embargo, não respeitam. Eles só temem a perda de bens e também a cadeia. Mas isso nunca acontece’.

Para os servidores, a falta de incentivos para permanecer nas áreas críticas e a ineficácia da estrutura montada para o controle são motivo de descontentamento e frustração.
‘Eu sou biólogo, estudei 15 anos para isso, passei em um concurso difícil. Tudo para vir para esse lugar e ver a floresta ser trocada por camionetes. Temos muito dentro do que é possível, mas a situação está longe de estar sob controle.’”
....
Fonte: Rodrigo Vargas, da Agência Folha, em Alta Floresta, MT, colaborou Matheus Pichonelli, da Agência Folha, 27.01.08, com o
Observatório.

2- ''Queremos saber a serviço de quem o Inpe está mentindo''

“.... Apesar de aliado do governo federal, Blairo Maggi (PR), governador de Mato Grosso e um dos maiores produtores de soja do mundo, foi responsabilizado pela ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.

Nesta entrevista exclusiva ao Estado, por telefone, Maggi, de 50 anos, no segundo mandato, reage, contestando energicamente os números e lançando uma suspeita sobre o órgão federal: "O Inpe está mentindo a serviço de alguém." Ele ainda chama de "besteira" a suspensão de créditos, uma das medidas adotadas pelo governo federal: "Ninguém pega crédito para desmatar."

A ministra Marina Silva o acusou de não cooperar com o combate ao desmatamento. Como reage?
Recebemos esses dados com muita surpresa. Todos nós sabemos que esses números não são verdadeiros com base no trabalho dos nossos técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, que vem promovendo um arrocho nos últimos anos. O Inpe está mentindo a serviço de alguém. Queremos saber a serviço de quem. Falei com a ministra hoje (sexta-feira) pela manhã longamente pelo telefone e mostrei que os números que apresentaram a ela não têm consistência. Sobre os números de outubro a dezembro, ainda não posso dizer quanto é verdadeiro. Mas, dos números de abril a setembro do Deter, verificamos mais ou menos 300 pontos. Já temos os laudos de 113. Desses, em 91 (80,53%), o desmatamento não existiu ou é antigo e deve ter entrado em algum outro momento estatístico. Dentro de 20 a 30 dias terei o restante. Acho muita irresponsabilidade da parte do Inpe lançar para o mundo os números sem checar na realidade do campo o que está acontecendo.

Qual a receptividade da ministra?
A princípio, parece-me que ficou surpresa. Junto com os técnicos da nossa secretaria, também havia pessoal do Ibama. Em todos os pontos em que notamos erros, foi feito um laudo e assinaram o pessoal do Ibama, nossos técnicos e os policiais militares que fazem parte das equipes. Tenho tudo documentado. A mim cabe perguntar se os números de setembro a dezembro também não são errados, mal interpretados, até por má-fé.

..... A ministra Marina saiu do Brasil e defendeu posições de que estamos reduzindo desmatamento. Aí, chega e lança um número desses, sem nenhum critério, sem nada, vira no que virou. No mundo inteiro estão botando a boca, dizendo que o Brasil é irresponsável. Irresponsável é quem bota os dados sem checar no campo. Sou parceiro da ministra, do governo. Tenho feito grande trabalho para reduzir o desmatamento em Mato Grosso. Os setores produtivos do Estado têm criado fundos para devolver as áreas de preservação permanente, assumindo o compromisso de fazer tudo correto.
...
Os municípios problemáticos são esses mesmos que aparecem na lista do governo?

São. Mas desses (19 mato-grossenses, do total de 36), apenas três trabalham fortemente com soja: Querência, Gaúcha do Norte e Nova Maringá. No noroeste do Estado e na região de Colniza, temos problemas muito sérios com grandes assentamentos do Incra. Eles também não respeitam, não fazem licenciamento. O pessoal derruba a floresta para manter a posse. Nem consegue produzir. Há ainda uma área de grilagem muito grande. São invasões. Muita gente vem de Rondônia. São pequenos sitiantes que tiram a tora e vendem para os madeireiros. Já pedi até apoio do Exército para as duas áreas e não consegui até hoje. Quando aperta, todo mundo grita. Quando a gente pede ajuda, que tem que pôr a mão no bolso e trabalhar, todo mundo corre. Devia aproveitar essa confusão e mandar o Exército ficar seis meses acampado na região. Vão ver como reduziria o desmatamento. Só com blablablá a gente não faz nada. Quero que a Amazônia pare de ser desmatada, mas quero também que paremos de fazer carnaval em cima dessas coisas.

No restante, qual é a pressão?
É pecuária.
....
O que acha das medidas adotadas pelo governo, de suspensão de créditos e envio de força-tarefa?

Suspensão de crédito não muda nada porque ninguém pega crédito para isso. Nunca teve crédito para desmatar. Isso é besteira. Enviar agente policial para cá pode ajudar. Mas antes da Polícia Federal, podia ser o Exército, para uma presença preventiva. Tira esse povo lá do Rio de Janeiro, da fronteira da Amazônia, onde está todo mundo coçando o saco, e traz para cá. Falei para a ministra hoje que uma medida boa é identificar na cadeia produtiva de onde está vindo o boi, a soja ou a madeira. Se vem de área desmatada irregularmente, trava na comercialização. Isso funciona bem. Já existe em Mato Grosso moratória feita pelas empresas, que não têm comprado soja de áreas desmatadas (na floresta, após 2006)
(o governador refere-se à Moratória da Soja na Amazônia Legal, "decretada" pela Abiove em julho 2006, após campanha do Greenpeace -com outras organizações locais e nacionais - contra o desmatamento da Amazônia para produção de soja, nota do editor).
....
....”
Fonte: Lourival Sant’Anna, jornal Estado de São Paulo, com o Observatório

3-
Diretor do Inpe reconhece que números divulgados em outubro estavam errados

Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em outubro sobre o desmatamento na Amazônia estavam errados, segundo apurou o jornal O Estado de São Paulo. Os dados mostravam que a taxa de derrubada da floresta havia aumentado 8% nos meses de junho a setembro em comparação com o mesmo período de 2006 - incluindo um aumento explosivo de 600% dos índices em Rondônia. A área desmatada de fato, porém, foi bem menor do que o divulgado.

"Erramos", disse ao Estado o diretor do Inpe, Gilberto Câmara. Segundo ele, houve uma dupla contagem de áreas desmatadas que já tinham sido detectadas pelo sistema Prodes e foram novamente computadas pelo sistema Deter - os dois programas de monitoramento por satélite da floresta. "Erramos e corrigimos. Os números (divulgados em outubro) não têm mais validade."

Câmara diz que os novos números do Deter, divulgados quarta-feira, estão corretos. O relatório, que traz dados de agosto a dezembro, mostra um crescimento alarmante do desmatamento nos últimos dois meses de 2007. "Os dados foram estritamente checados várias vezes e verificados com todo o cuidado."

Máscara
Segundo Câmara, o erro no relatório anterior foi detectado no final de dezembro, quando a equipe do Inpe fazia a consolidação dos dados do Deter de 2007 e percebeu que os números estavam muito altos. O problema, segundo ele, foi uma falha do software que analisa as imagens dos satélites, seguida de um erro humano por parte dos técnicos, que falharam ao não detectar o erro.
.....
A sobrecarga de trabalho no instituto também teria contribuído para o problema, diz Câmara. Até 2005, os dados consolidados do Prodes levavam um ano para serem preparados e divulgados, o que praticamente impedia o governo de reagir às flutuações do desmatamento em tempo hábil. De lá para cá, os dados passaram a ser compilados em poucos meses após o fim do calendário de desmatamento, que vai de 1º de agosto de um ano a 31 de julho do seguinte. O último relatório do Prodes foi divulgado em dezembro, mostrando queda de quase 60% do desmatamento em relação a 2004. "Entre agosto e novembro, a ênfase do Inpe foi em fazer o Prodes", disse. "A equipe continuou a fazer o Deter, mas não checou os dados com o detalhe que deveria." Segundo ele, o aparato disponível para o monitoramento está aquém do necessário. "Para fazer o que a gente faz, com a equipe que a gente tem, é trabalho de herói."
Fonte: Herton Escobar, Estado de São Paulo, 27.01.08

O olhar fixo de governo e da sociedade 25.01.08

25.01.08


Uma reunião com o presidente da República, mas tudo que foi anunciado como decisão já havia sido divulgado no final do ano passado. Novidade, mesmo, só a lista dos municípios com maior desmatamento nos últimos cinco meses. Nem a divergência entre ministros, sobre as causas, foi novidade. Na Amazônia pelo menos se sabe, mas como anda o desmatamento no Cerrado?


Reunião com o presidente da República reafirma medidas anunciadas no final de 2007

Além de reafirmar o que anunciou ao final de dezembro passado, o resultado da reunião não trouxe novidades para o público. O rol de medidas contém muitas promessas "requentadas", existindo dúvidas se agora serão implementadas. Como ressaltou o diretor da ONG Amigos da Terra- Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, em entrevista para O Globo, "itens como a restrição do financiamento a produtores que devastam e a obrigatoriedade de cadastramento das terras no Incra já estavam previstos em lei, mas não eram cumpridos: — Não me parecem medidas novas. Os bancos oficiais já deviam checar a situação dos produtores com os órgãos ambientais desde 2002".

Vale lembrar, aqui, mais uma vez, que governo e sociedade -brasileira e internacional - ao focalizarem apenas a Floresta Amazônica deixam de enxergar a devastação ambiental que ocorre em seu bioma vizinho, o Cerrado, área preferida de expansão das atividades produtivas ligadas ao agronegócio. Indicadores de desmatamento de 3.500 km2 (ou 7.000, na hipótese mais pessimista apresentada pelo governo) provocam até reunião de emergência na Presidência da República. Enquanto isso, onde ocorreu a reunião, no Cerrado, perde-se historicamente 30.000 km2 de cobertura vegetal natural por ano, nas três últimas décadas, conforme estudos da ONG Conservação Internacional, e nem sequer se faz monitoramento ou, simplesmente, a verificação das autorizações concedidas para desmatamento pelos estados e a soma das respectivas áreas, para ter um total e acompanhar sua evolução ao longo do tempo. Parece que sua biodiversidade e/ou impacto no aquecimento global vale zero (comentário do Editor).

Reunião gera outras reuniões

O presidente Luiz Inácio Lula Silva decidiu, após reunião emergencial com diversos ministros, que fará reunião com prefeitos e governadores desses estados para reforçar as ações de combate aos crimes ambientais. Desde já, no entanto, está proibida qualquer nova autorização de desmatamento nessas localidades, seja por agente público federal ou estadual. As regras serão publicadas em portaria no Diário Oficial, nesta sexta-feira. "O alerta está inteiramente aceso, porque não queremos voltar a uma situação de falta de governança na Amazônia", disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Os 36 municípios da lista - que respondem por 50% do desmatamento total do bioma - deverão obedecer regras mais rígidas de controle, conforme estabelecido em decreto presidencial de dezembro de 2007. A partir de uma Instrução Normativa, que está sendo finalizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Incra, todos os proprietários rurais dessas localidades estarão obrigados a fazer um cadastramento georeferenciado e a demonstrar que possuem a reserva legal e a área de preservação permanente, nos termos previstos na lei.

Stephanes diz que agropecuária não desmatou

Embora a posição do setor não seja nova, o Ministro da Agricultura, Reinolds Stephanes, defendeu os fazendeiros afirmando que a agropecuária não é responsável pelo desmatamento verificado na Amazônia nos últimos cinco meses. O que pode ter surpreendido foi sua colocação na reunião e entrevista coletiva que se seguiu a ela, momentos delicados usados normalmente para mostrar a 'unidade' do governo. Além disso, desconheceu inteiramente os levantamentos estatísticos e estudos divulgados recentemente pelo IBGE, órgão do governo, e pela ONG Amigos da Terra -Amazônia Brasileira (O Reino do Gado, 2008).

O coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, diz que Stephanes não pode garantir que a alta do desmatamento nos últimos cinco meses não está ligada à expansão do cultivo de soja.
Após desmatar e queimar, o fazendeiro cria gado no primeiro ano, planta arroz no segundo, para corrigir o solo, e só leva a soja no terceiro, lembra Adário. Por isso, o governo não pode afirmar com segurança quem foi responsável pelos últimos desmatamentos.

O pacote do governo está atrasado, afirma Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, e o discurso de Stephanes demonstra uma tentativa do Ministério da Agricultura de se eximir da responsabilidade pelo desmatamento da floresta. A agricultura ainda não vê o desmatamento como um problema, mas como um meio de aumentar a produção. Enquanto o setor não assumir sua responsabilidade, a floresta continuará em risco, conclui Adriana.


Nenhuma novidade

Para Miriam Leitão, colunista de economia do jornal O Globo, nada do que se tratou na reunião presidencial era novidade. "Todo dia, três mil e quinhentos caminhões circulam na Amazônia com madeira ilegal. Mais de dois mil e quinhentos levam toras para as serrarias; pelo menos 900 grandes caminhões saem com madeira serrada para os consumidores em outros estados, principalmente para São Paulo. Nada é secreto, tudo se sabe. As áreas desmatadas viram campo onde já pastam 80 milhões de cabeças.

Tudo se sabe. A notícia que provocou ontem reunião de emergência no Planalto já se sabia. Quando o presidente Lula esteve na ONU comemorando a queda do desmatamento, em setembro, o governo já sabia que a destruição da floresta tinha voltado a subir.
Desde maio do ano passado, a comparação com o mesmo mês do ano anterior mostrava aumento. Em agosto, acendeu a luz amarela, e o governo foi informado.

Agora, o que acendeu foi a luz vermelha", conclui Miriam Leitão.

Recadastramento rural nos municípios

O prazo para este recadastramento está sendo definido e será publicado na próxima semana mas, findo este prazo, o Incra irá inibir o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) na Amazônia para os que não se cadastraram. Isto significa que o proprietário não poderá obter crédito, vender produtos, vender a propriedade, obter notas fiscais e guias de transporte e sequer transferir, por herança, o imóvel que estiver em seu nome.
No caso de o proprietário não cumprir o prazo, o governo está autorizado a fazer o cadastramento à revelia da propriedade rural a fim de inseri-la no sistema.

Além disso, as áreas das fazendas onde registrarem-se os desmatamentos autuados pelo Ibama a partir de janeiro deste ano serão automaticamente embargadas (antes isso era uma prerrogativa do fiscal). Essas áreas serão georeferenciadas e monitoradas permanentemente. Caso seja identificado que o proprietário descumpriu o embargo, isto é, produziu na área embargada, o nome da propriedade será incluída em uma lista a ser publicada no Diário Oficial.

Cadeia produtiva tem co-responsabilidade

Grupos empresariais - como frigoríficos, traders, siderúrgicas, serrarias e espremedores de grãos, entre outros - que comprarem produtos desses estabelecimentos, serão co-responsáveis pelo desmatamento e penalizados pelo dano havido na propriedade. "O decreto de dezembro criou uma co-responsabilização da cadeia produtiva por adquirir um produto ilegal, o que terá um impacto positivo no controle", destaca o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco. A punição dependerá da área embargada e do volume ilegal comprado, mas pode chegar ao fechamento da empresa.

"O objetivo é construir um processo de fiscalização que, paulatinamente, deixe de depender de grandes operações. O que se quer é instalar na Amazônia um processo permanente de controle, com mais ação de inteligência", acrescenta Capobianco.

Ações prometidas

Na reunião convocada pelo presidente Lula, foram definidas outras providências que o governo irá adotar de imediato. Entre elas uma visita às regiões mais problemáticas e o envio de cerca de 800 agentes da Polícia Federal para ações móveis no bioma, a partir do próximo dia 21 de fevereiro. Além disso, o efetivo permanente já existente nos postos regionais será acrescido em 25%.

Outras medidas incluem o fortalecimento do controle da agropecuária, a criação de unidades de conservação ao longo da BR-139, o bloqueio de financiamentos concedidos pelos bancos oficiais para atividades que geram desmatamento, monitoramento mensal com aeronaves de áreas embargadas em municípios críticos e o recadastramento de propriedades rurais pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Ministros detalham cadastramento rural nos municípios que mais desmataram

Os ministros do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e do Meio Ambiente, Marina Silva, detalharam hoje (25) o cadastramento de imóveis rurais nos 36 municípios que apresentaram os maiores índices de desmatamento em 2007. Juntos, esses municípios somam entre 80 e 100 milhões de hectares e abrigam cerca de 80 mil propriedades rurais.

Os proprietários terão de 30 a 60 dias para apresentar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o cadastramento georeferenciado (medição da propriedade por sistema GPS) e para comprovar que respeitam a reserva legal e a área de preservação permanente.

Quem não estiver em situação regular terá o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) suspenso. Sem o documento, o proprietário não pode pleitear crédito rural, vender a propriedade ou transferir o imóvel por herança.

Pequenos Produtores ficam fora

De acordo com o ministro Guilherme Cassel, os agricultores familiares não serão prejudicados, porque a medida só valerá para áreas superiores a quatro módulos fiscais, o que não inclui as pequenas propriedades.

“Vamos focar a atuação nesses 36 municípios mais problemáticos. Não será fácil, levará tempo: a gente tem que ir lá e ver a realidade”, reconheceu o ministro. Segundo Cassel, o cadastramento será a prioridade, inclusive orçamentária, do Incra nas ações de regularização fundiária na Amazônia. O custo do georeferenciamento de áreas superiores a quatro módulos fiscais cabe aos proprietários, não ao governo.

Na avaliação da ministra Marina Silva, o cadastramento vai separar “o joio do trigo” entre os produtores rurais, sejam grandes ou pequenos. “As pessoas que têm um pensamento estratégico, com responsabilidade em relação à agricultura, que estão fazendo corretamente, não merecem ser penalizados em função daqueles que estão fazendo errado e que comprometem todo o processo”, disse.

De acordo com Cassel, o Ministério do Desenvolvimento Agrário deverá publicar nos próximos dias, no Diário Oficial da União, uma portaria com as normas e a data de início do cadastramento, prevista para 15 de fevereiro.

Prefeitos contestam dados sobre desmatamento na Amazônia

A explicação do primeiro e do terceiro município que aparecem no ranking dos que tiveram mais desmatamento entre agosto e dezembro do ano passado é praticamente a mesma. Para os prefeitos de Marcelândia e Querência, ambos no Mato Grosso, o grande número de áreas queimadas no ano passado pode ter sido confundido com a realização de desmatamentos.

Adalberto Diamante, prefeito de Marcelândia, que foi apontada como a cidade que mais desmatou nos últimos cinco meses de 2007, diz que há um controle intenso da Secretaria Estadual de Meio Ambiente na região e que não houve desmatamento no ano passado. “Tivemos queimadas descontroladas no município, que estão aparecendo nas imagens de satélite como desmatamento”, afirma.

O prefeito diz que irá fazer um levantamento detalhado da situação do município, em parceria com organizações não-governamentais e institutos.

O prefeito de Querência, Fernando Goergen, que ficou em terceiro lugar na colocação, também contesta a informação do Inpe. “Devem ter confundido queimadas de pasto com desmatamentos”, afirma, lembrando que no ano passado houve um grande número de áreas queimadas na cidade. “É uma inverdade o que estão publicando”, diz o prefeito.

Segundo ele, tanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto a Secretaria Estadual do Meio Ambiente fazem uma fiscalização bastante rigorosa em relação aos desmatamentos na região. “Qualquer ocorrência de desmatamento é imediatamente denunciada”, alega. O prefeito garante que no município, que tem a economia baseada na agricultura e pecuária, “o meio ambiente e a agricultura vivem em harmonia, desde que seja obedecida a legislação ambiental”.

A prefeita de Alta Floresta (MT), Maria Izaura Alfonso, também discorda da inclusão do município na lista dos mais desmatados. “Não sabemos de derrubadas no nosso município. Estamos nos sentindo injustiçados por esta medida”, afirma. A cidade ficou em 23º lugar no ranking das que mais desmataram ano passado.

Segundo ela, a prefeitura vai fazer uma reunião com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e com o governador do Mato Grosso para definir ações conjuntas. “Vamos fazer um levantamento, ver o que aconteceu. Não podemos ser penalizados dessa maneira, de jeito nenhum”, diz a prefeita.

A grande extensão territorial do município de Altamira (PA) – 159 mil quilômetros quadrados – e a falta de pessoal para combater os desmatamentos são apontadas pelo secretário municipal de gestão do Meio Ambiente e Turismo, Francisco Modesto da Silva, como as causas para que a cidade esteja em 14º lugar na lista das mais desmatadas.

“Temos uma dificuldade muito grande de acompanhar toda a dimensão do município, principalmente na questão do desmatamento”, argumenta o secretário, lembrando que a estrutura municipal é pequena para conter as derrubadas.

Nova "lista suja"?

A lista dos municípios que mais desmatam a floresta amazônica, e que integram a portaria da ministra do Ministério do Meio Ambiente, foi definida a partir de três critérios, estabelecidos em decreto de dezembro de 2007: o total desmatado desde o início do monitoramento, em 1988; o total desmatado nos últimos três anos; e o aumento de taxa de desmatamento em pelo menos três vezes nos últimos cinco anos, de forma consecutiva ou não.
De acordo com a ministra Marina Silva, os infratores da determinação de não desmatar serão incluídos em uma lista, que sairá no Diário Oficial. Ficou claro o que acontecerá com quem deixar de registrar sua propriedade, mas não o que acontecerá com aqueles incluídos nessa lista.

Os municípios campeões do desmatamento na Amazônia (agosto/dezembro 2007)

Segue a lista, em ordem alfabética, dos 36 maiores desmatadores, segundo a portaria ministerial:
1 - Alta Floresta (MT); 2 - Altamira (PA); 3 - Aripuanã (MT); 4 - Brasil Novo (PA); 5 - Brasnorte (MT; 6 - Colniza (MT); 7 - Confresa (MT); 8 - Cotriguaçu (MT); 9 - Cumaru do Norte (PA); 10 - Dom Eliseu (PA); 11 - Gaúcha do Norte (MT); 12 - Juara (MT); 13 - Juína (MT); 14 - Lábrea (AM); 15 - Machadinho D´Oeste (RO);16 - Marcelândia (MT); 17 - Nova Bandeirantes (MT); 18 - Nova Mamoré (RO); 19 - Nova Maringá (MT); 20 - Nova Ubiratã (MT); 21 - Novo Progresso (PA); 22 - Novo Repartimento (PA); 23 - Paragominas (PA); 24 - Paranaíta (MT); 25 - Peixoto de Azevedo (MT); 26 - Pimenta Bueno (RO); 27 - Porto dos Gaúchos (MT); 28 - Porto Velho (RO); 29 - Querência (MT); 30 - Rondon do Pará (PA); 31 - Santa Maria das Barreiras (PA); 32 - Santana do Araguaia (PA); 33 - São Félix do Araguaia (MT); 34 - São Félix do Xingu (PA); 35 - Ulianópolis (PA); 36 - Vila Rica (MT)
Fontes: Observatório, com Assessoria de Imprensa do MMA,
Luana Lourenço e Sabrina Craide, repórteres da Agência Brasil, e O Globo.

e quem ainda acredita no FMI? Comentário do editor, 25.01.08

25.01.08

Comentário do Editor
: e quem ainda acredita no FMI? Quem pode acreditar nas previsões dos economistas dos grandes conglomerados financeiros, internacionais ou nacionais, que foram pegos de "calças nas mãos” pela crise dos empréstimos hipotecários dos quais, na maior parte, eles eram co-responsáveis pela análise de risco? Palpites é o que mais se vê na mídia, nesse momento, cada entrevistado reforçando sua perspectiva ou seus desejos, neste caso principalmente se há interesses concretos envolvidos. O que se vê, de um lado, são lentes cor-de-rosa para que os investidores não saiam correndo para vender suas ações, ao declararem que as vendas das empresas e traders continuarão crescendo (em um ambiente de depressão econômica que atinge, pelo menos, a maior economia mundial). Por outro lado (e são muitos os lados, preparem-se...), a inércia dos grandes volumes (de commodities agrícolas transacionadas em curto e médio prazos) mantém as tendências de preços, já que a oferta não tem dado conta das demandas já colocadas e os estoques reguladores estão abaixo do volume histórico. Com a reversão das expectativas de crescimento econômico, a poeira baixando e permitindo uma avaliação concreta da reação dos consumidores (pessoas e empresas) frente às medidas tomadas pelos governos -e se o mercado interno dos países ditos emergentes serão suficientes para manter suas taxas de crescimento - é provável que no começo do segundo trimestre do ano já seja possível enxergar melhor se haverá alguma inflexão de demanda e, por conseqüência, dos preços, nas commodities agrícolas, agora também ligadas à demanda energética. Mais um lado da questão é como os preços desses produtos têm sido influenciados pela especulação, na Bolsa de Chicago, dos fundos de pensão e de investimentos, e como a recessão irá repercutir no comportamento e na capacidade financeira desses fundos. Por conseqüência, se há espaço para queda nos preços das commodities a partir desse fator de influência.

FMI descarta recessão nos Estados Unidos 25.01.08

25.01.08

O FMI (Fundo Monetário Internacional) previu ontem que os Estados Unidos não entrarão em recessão, apesar da recente turbulência nos mercados financeiros, devido aos elevados lucros das empresas e às medidas de estímulo monetário e fiscal previstas.
"Nós ainda prevemos um período de crescimento abaixo do potencial como o cenário mais provável", afirmou em entrevista coletiva o porta-voz do FMI, Masood Ahmed.
Ele reiterou o apoio do organismo ao corte dos juros adotado na terça-feira pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano), em resposta a uma queda generalizada das Bolsas em todo o mundo devido ao medo de uma recessão nos Estados Unidos.
O porta-voz também apoiou o plano de medidas fiscais no valor de US$ 150 bilhões sobre o qual o Congresso e a Casa Branca chegaram ontem a um princípio de acordo.
Ahmed indicou que o FMI ainda acredita que a "sustentabilidade fiscal é uma questão-chave" para o país e pediu reiteradamente aos EUA que reduzam seu déficit fiscal.
Fonte: Folha Online, 25.01.08

Em Davos, poucos acreditam na tese do "descolamento" 25.01.08

25.01.08

Edição vespertina

"A maioria dos analistas acha que emergentes terão perdas fortes com crise dos ricos. Presidente da Petrobras e economista americano, mais otimistas, são vozes dissonantes nas previsões de contaminação da AL”, é o que sumarizou Clóvis Rossi, enviado especial da FSP a Davos, na sua coluna de ontem (24).

A aposta de que os mercados emergentes se descolaram do mundo rico e, portanto, não seriam afetados pela crise nos Estados Unidos ganhou um enterro de luxo no encontro 2008 do Fórum Econômico Mundial, mas recebeu apoio de um economista de peso, chamado Fred Bergsten (ex-Instituto para a Economia Internacional, onde nasceu o chamado "Consenso de Washington", hoje no Instituto Peterson para a Economia Internacional).
Bergsten acha que... o que pode acontecer é um casamento ao revés. "O resto do mundo é que vai impulsionar os Estados Unidos e evitar o pior", aposta o economista.
Ninguém comprou sua teoria, ao menos não em público. Nem a versão mais branda, a do mero descolamento.
"Falar em descolamento é excessivo", diz, por exemplo, James Wolfensohn, do alto da experiência de presidente do Banco Mundial durante dez anos, até que, em 2005, preferiu criar sua própria empresa.
Até representantes da China, em tese o país que puxaria a economia global em lugar dos EUA, rejeitam o descolamento.
"A China depende tremendamente da demanda externa. As exportações respondem por 8,6% de nossa economia", diz Yu Yongding, diretor do Instituto de Política e Economia Mundial da Academia de Ciências da China.”
“Nouriel Roubini, outro eterno pessimista, - relata Rossi – prefere dizer que, em vez de descolamento, o que está havendo é uma maior dependência da Ásia (e, portanto, da China e da Índia) do mercado norte-americano. Cita até estudo do Banco de Desenvolvimento da Ásia, que revela maior dependência do que ‘há cinco ou dez anos’”.
“Para não deixar Bergsten falando sozinho, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, diz: "Sou partidário do descolamento, sim. Está havendo uma superestimação de movimentos de curto prazo".

E as commodities nisso tudo? 25.01.08

25.01.08

A coluna “Vaivém das commodities” da Folha de São Paulo, relatou ontem (24), que as commodities agrícolas não conseguiram se descolar da especulacão financeira, no dia 23, quarta-feira, e sua volatilidade nessa crise, com a soja e o milho fechando suas cotações na Bolsa de Chicago no limite máximo de queda, na altura de 4% de perda no valor, quando as negociações do produto são automaticamente suspensas.
Os fundos de investimento tendem a vender os contratos agrícolas para cobrirem prejuízos nos mercados de ações, relatou Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, à coluna da FSP. Segundo ele, a desaceleração da economia norte-americana e uma eventual mudança na demanda mundial de alimentos poderiam colocar os preços das commodities agrícolas em risco.

Montanha Russa
Hoje, relata a coluna da Folha que, como ontem (24) houve “ganhos nos mercados de ações, as commodities agrícolas não ficaram de fora. Na Bolsa de Chicago, ontem, vários vencimentos da soja fecharam no limite máximo de alta. O primeiro contrato da oleaginosa, de março/08, teve valorização de 3,45%. Já o milho, que também fechou no limite de alta, teve recuperação de 4,26%."
Para o analista Anderson Galvão, da consultoria Céleres, ainda de acordo com a “Vaivém”, os mercados são interligados. "Momentos de ganho num determinado mercado [como o de ações] acabam influenciando os demais [como os agrícolas]."

Saída recorde de estrangeiro derruba Bolsa 25.01.08

25.01.08

Baixa de 3,32% ontem fez Bovespa acumular no ano perda de 15,11%; até agora, já saíram R$ 4,5 bi em capital externo

Estrangeiro vende ativos no Brasil para cobrir perdas lá fora, afirmam analistas; dólar sobe e registra alta de 2,70% no ano diante do real, informa o repórter Fabricio Vieira, da FSP, em 24.01.
"No curto prazo, a Bovespa vai seguir sofrendo muito, com os estrangeiros vendendo ações aqui para cobrir perdas que têm tido lá fora. E não consigo ver um final para essa crise tão cedo", afirmou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, à FSP. "Os últimos dias mostram que o mercado enfrenta um momento de volatilidade forte e que veio para ficar. O mercado vai seguir oscilando bastante, mesmo com a redução de juros nos EUA e o pacote preparado pelo governo do país. O 1º semestre, pelo menos, será bem turbulento", afirmou Alexandre Horstmann, diretor de gestão da Meta Asset Management, ao repórter Vieira.

Commodities não vão cair, dizem uns analistas 25.01.08

25.01.08

Demanda por produtos deve continuar forte pelo menos neste ano e preços podem até subir, segundo especialista em comércio

Steve Forbes, no entanto, diz que booms de commodities não duram para sempre e que é "bom que o Brasil se prepare", relata hoje (25) Clóvis Rossi, enviado especial da FSP a Davos.

"O Brasil não corre risco de ser afetado por uma redução de preços das commodities, seu grande produto de exportação, como conseqüência da crise nos Estados Unidos que tende a provocar um desaquecimento geral da economia, talvez uma recessão.
É, pelo menos, a opinião de dois especialistas externos", informa Rossi.
Steve Forbes, presidente do grupo de mídia que leva seu sobrenome, matiza seu otimismo: "Neste ano, não, mas nos próximos três ou quatro anos haverá forte queda no preço das commodities".
Fred Bergsten, especialista em comércio e câmbio, ao contrário, diz que seria "bom para a economia mundial se Forbes estiver certo", mas acrescenta que, em sua opinião, "nos próximos dois anos veremos até aumento dos preços".
O raciocínio de Forbes está apoiado no passado: "A história mostra que booms de commodities não duram para sempre. Portanto, é bom que o Brasil se prepare".
Já Bergsten prefere raciocinar com a inoxidável lei da oferta e da procura. "A demanda ainda será bastante forte, ao passo que a oferta sofrerá constrangimentos", afirma.
Na verdade, a preocupação de Bergsten, apoiada por Forbes, é exatamente oposta: problemas pelo lado do fornecimento de commodities, não pela queda de preços.
A lógica é simples: pelo menos no caso de commodities agrícolas, um dos principais itens do cardápio brasileiro, "a demanda está dada", até porque as pessoas não podem deixar de comer, como diz o banqueiro Michael Klein (Citi).
De todo modo, Mohammed Al Khalifa, executivo-chefe da empresa de Desenvolvimento Econômico de Bahrein, recomenda ao Brasil "diversificar suas exportações. Esse é o grande tema".
Completa: "Se agregar valor a suas exportações, o Brasil pode se tornar uma força poderosa no mundo".

Para FAO, desaceleração econômica não afeta preço de alimentos no curto prazo 25.01.08

25.01.08

Uma desaceleração econômica mundial e uma possível recessão nos Estados Unidos e em outros países ricos não afetarão fortemente a tendência de alta no preço dos alimentos, pelo menos a curto prazo, afirmou nesta quinta-feira o diretor-geral da Organização da Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Davos, na Suíça.

Jacques Diouf declarou que as causas que provocaram o aumento dos preços dos alimentos nos últimos meses -- mudanças climáticas, demanda dos países emergentes, demanda por biocombustíveis e crescimento populacional -- permanecem os mesmos, conforme informam diversas agências de notícias.

"Mesmo que haja um desaquecimento na economia e as pessoas diminuam o consumo, não o farão em alimentos, é mais provável que os cortes sejam em outras commodities antes de atingir alimentos", declarou ele em entrevista durante o Fórum Econômico Mundial.

Menor crescimento da China pode derrubar preços das commodities 25.01.08

25.01.08
Menor crescimento da China pode derrubar preços das commodities, diz outro analista

A China caminhava para substituir a Argentina como o segundo maior destino das exportações brasileiras. Mas deve parar, diz Fernando Ribeiro, da Funcex, à coluna Negeocios & Cia, de O gGlobo de hoje (25). Para ele, o país asiático, que anunciou um PIB espetacular ontem, crescerá num ritmo menos intenso em 2008 com a crise de crédito, e o preço das commodities (justamente o que vendemos a eles) cairá. O volume exportado à China deve se manter, diz, mas a preços mais baixos. “Se a alta do PIB passar de 11,4% para 8% já é uma queda importante. Mesmo que não afete a quantidade exportada, será uma sinalização negativa em termos de preços.”


Para Marina Silva, combate ao desmatamento exigirá esforço maior em 2008 24.01.08

24.01.08

Além dos dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que confirmaram o aumento na devastação da Amazônia nos cinco últimos meses de 2007, fatores climáticos, políticos e econômicos preocupam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Para ela, o governo deve estar atento à estiagem prolongada, aos altos preços internacionais da soja e da carne e as eleições municipais de 2008.

Segundo a ministra, essa combinação tem aumentado a pressão sobre a floresta e exigirá esforço redobrado do governo. “É um teste de fogo. Apostamos em uma ação ainda preventiva para manter a queda do desmatamento em 2008. É possível fortalecer a governança mesmo em condições atípicas”, afirmou ontem (23) a ministra em entrevista coletiva.

Entre medidas preventivas já adotadas pelo governo federal, a ministra citou a criação, em dezembro, do Grupo de Trabalho de Responsabilização Ambiental, órgão interministerial que acompanhará os 150 maiores casos de devastação da floresta, e do Comitê Executivo do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da BR-163, cujo objetivo é levar políticas de desenvolvimento sustentável, conservação ambiental e inclusão social às comunidades que vivem às margens da rodovia, que liga o Mato Grosso ao Pará.

Na sexta-feira (25), Marina Silva prometeu divulgar uma lista suja, com aproximadamente 30 municípios que mais contribuem para o desmatamento na Amazônia. Nesses locais, as propriedades rurais que fizeram derrubadas ilegais deverão ser embargadas. “Só poderemos verificar se essas medidas serão efetivas ao final de um período maior, mas vamos reforçar as ações para tentar alcançar o objetivo do desmatamento ilegal zero”, disse a ministra.

De acordo com o Inpe, de agosto a dezembro de 2007 foram desmatados 3.235 quilômetros quadrados (que equivalem a cerca de 320 mil campos de futebol) da floresta amazônica, mas o número pode estar subestimado em virtude da ausência de imagens de satélite mais detalhadas. Mas o desmatamento real pode ser de até 7 mil quilômetros quadrados, segundo o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Paulo Capobianco.
Fonte: Marco Antônio Soalheiro, Repórter da Agência Brasil

MTE liberta 41 trabalhadores na Fazenda Vale do Rio Verde, de Eraí Maggi 24.01.08

24.01.08

Trabalho degradante é flagrado no Mato Grosso em fazenda de grande grupo produtor de soja e algodão

Grupo móvel do MTE liberta 41 trabalhadores na Fazenda Vale do Rio Verde, município de Tapurah, arrendada e operada pelo Grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi, primo do Governador do Estado

- Mesma equipe liberta 20 pessoas em fazenda de ex-prefeito de Vera, MT, com quatro mulheres e quattro crianças morando no local
- Outra equipe liberta 19 trabalhadores no Maranhão, e duas mulheres e três crianças que estavam com eles no alojamento

Em ação que teve início sexta-feira (18), o grupo móvel de fiscalização do governo federal resgatou 41 pessoas de trabalho degradante na Fazenda Vale do Rio Verde, em Tapurah (MT), região norte do estado. Desde 2006, a propriedade está arrendada para o Grupo Bom Futuro, que tem como diretor-presidente Eraí Maggi (primo do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi), um dos maiores produtores de soja, algodão e milho do país.

Apenas na fazenda fiscalizada há cerca de nove mil hectares de soja e algodão plantados. Segundo o próprio grupo, a Vale do Rio Verde representa cerca de 5% do total da produção de algodão no estado.

Os 41 resgatados faziam a retirada do mato dos plantios de algodão e, sem nenhum Equipamento de Proteção Individual (EPI), recebiam "chuvas" de agrotóxicos que eram jogadas de avião. Enquanto os fiscais estavam na propriedade, uma pessoa que havia entrado em contato com agrotóxico passou mal e foi levada para o hospital. "A aplicação indiscriminada de agrotóxico foi a infração mais grave que encontramos", expõe o auditor fiscal Luiz Carlos Cruz, que coordenou a ação. As condições de trabalho no campo e de alojamento, adiciona o fiscal, também não seguiam as normas legais.



Pelo excesso de infrações, as atividades na fazenda foram interditadas, mas voltaram ao normal nesta terça-feira (22), depois que o Grupo Bom Futuro desativou os alojamentos e instalou banheiros na frente de trabalho. Além disso, a empresa se comprometeu a controlar a aplicação de agrotóxicos e a levar os trabalhadores diariamente do campo até o refeitório da fazenda. Há outros 70 empregados na Vale do Rio Verde, distribuídos em outras funções e que, segundo Luiz Carlos, estavam em alojamentos mais adequados.

Selo em xeque
O Grupo Bom Futuro faz parte do Instituto Algodão Social (IAS), extensão da Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão (Ampa) que reúne grandes fazendeiros da região e distribui um Selo de Conformidade Social para produção de fazendas do estado. O representante do Bom Futuro nas negociações do caso na Fazenda Vale do Rio Verde, José Maria Bortoli, é fundador do IAS e fez parte da primeira diretoria executiva do Instituto, de 2005 a 2007.

Cinco ou seis centrais de produção e cerca de 20 propriedades no estado fazem parte do conglomerado de Eraí Maggi. Todas as seis fazendas de algodão do grupo
estavam certificadas pelo Selo de Conformidade Social do IAS para a safra 2006/2007. Para a nova safra de 2007/2008, dez propriedades do grupo são candidatas à obtenção do selo.

De acordo com o diretor administrativo do grupo, Donato Cechinel,
é "quase certo" que toda a produção será certificada nesta safra. Os auditores do IAS ainda não passaram este ano pela Vale do Rio Verde, mas o diretor promete sanar as irregularidades a tempo da verificação.

Félix Balaniuc, diretor executivo do Instituto Algodão Social, prevê, no entanto, que a Vale do Rio Verde não deve obter o selo nesta safra, em que se inicia a parceira com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). "Já estamos no novo padrão. Esse trabalho está diferente, mais aperfeiçoado. Acompanhados pela ABNT, acredito que este ano as normas serão rigorosas."

O episódio leverá à cassação do certificado já concedido à Vale do Rio Verde, adianta Félix. "Não é possível cancelar o selo porque este produto com selo já foi exportado", explica. "Vamos investigar o caso com mais profundidade.
Os auditores estiveram na fazenda e relataram que não havia trabalhadores nessa condição, e que o alojamento era razoável. Espero que não tenha sido um erro da nossa equipe".

O caso, frisa o diretor executivo do IAS, será discutido na reunião do conselho do IAS, que deve acontecer dentro de dez dias. Depois disso, o fato será encaminhado ao conselho de ética da Ampa.

Ele lamenta o flagrante ocorrido, mas considera que o quadro geral das condições oferecidas no setor está melhorando. "Em 2007, de 395 fazendas associadas à Ampa, só 223 conseguiram o selo", defende. "Entre as culturas do Mato Grosso, o algodão é o que está mais na frente. Estamos fazendo o máximo, mas não é fácil, porque exige investimento. Os produtores gastaram mais de R$ 15 milhões para colocar tudo em ordem."

Lista suja
A Fazenda Vale do Rio Verde é reincidente no Art. 149 da Constituição, que versa sobre trabalho escravo e degradante. Foi flagrada cometendo este crime em 2001 e em 2005, e esteve na "lista suja" de julho de 2005 a julho de 2007. O Grupo Bom Futuro disse não conhecer os dois Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) firmados anteriormente pelos donos da terra, Caetano e Orlando Polato. "O que eles nos passaram nós corrigimos. O refeitório, por exemplo, nós refizemos. Está lá bonitinho", justifica o diretor-executivo Donato Cechinel. "Nós não sabíamos que a fazenda estava na lista suja", completa.

No entanto, o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) que participou da ação, José Pedro dos Reis, esclarece que o grupo terá de arcar com as multas de descumprimento dos acordos anteriores. "Um novo TAC será firmado ainda esta semana. Estamos esperando os autos de infração para saber o que foi descumprido e calcular o valor."

O Bom Futuro se comprometeu a reparar todas as irregularidades trabalhistas e pagar as rescisões de contrato dos resgatados, que está estimada em R$ 80 mil. Também serão pagos outros R$ 30 mil em danos morais coletivos. Se houver interesse da empresa e dos trabalhadores, estes poderão ser recontratados.
Todos os resgatados são oriundos do estado do Maranhão.

Fazenda de ex-prefeito de Vera, MT, também flagrada com trabalhadores em condições degradantes
A mesma equipe fiscalizou, no domingo (20), a Gleba Rio Ferro, em Feliz Natal (MT), onde foram encontradas 20 pessoas em regime de trabalho escravo. Algumas famílias de trabalhadores moravam no local: quatro crianças e quatro mulheres, que cozinhavam para o grupo. O dono da terra, Dorley Rodrigues Freire, é ex-prefeito do município vizinho de Vera (MT).

A propriedade ficava isolada e não havia transporte regular. Esse quadro caracteriza, para o grupo móvel, restrição de liberdade. Todos dormiam em barracos de lona, sem nenhuma condição de higiene. O banheiro era o rio. Além disso, os salários estavam atrasados em cerca de três meses e não havia registro dos trabalhadores. Algumas pessoas preparavam o pasto para receber o gado e outras construíam casas de madeira para o fazendeiro.

Na Rio Ferro também havia aplicação de agrotóxico, mas diretamente no chão. O produto utilizado era o Tordon - conhecido como "
agente laranja", usado pelos EUA na Guerra do Vietnã, nos anos 70. O produto era aplicado pelos trabalhadores com artigos inadequados e sem EPI.

Desmatamento

O dono da terra, ex-prefeito de Vera (MT), Dorley Freire, já havia sido multado pela devastação de 3 mil hectares (Foto: Grupo móvel)

A mesma propriedade já tinha recebido uma multa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo
desmatamento ilegal de três mil hectares de floresta. "Ele [Dorley Freire] continuou desmatando. Constatamos a perda de floresta na beira da nascente, que é Área de Proteção Permanente (APP)", descreve o auditor Luiz Carlos.

Desde terça-feira (22), o valor da rescisão contratual dos libertados está sendo calculado. A soma do pagamento deve ficar em torno de R$ 60 mil. Todos os trabalhadores são da própria região, e devem voltar às suas respectivas casas depois de receber as dívidas trabalhistas. De acordo com o procurador José Paulo, o MPT está em negociação com Dorley Feire para firmar um TAC.

Tanto os libertados da Tio Ferro quanto os resgatados da Vale do Rio Verde foram levados para a sede do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), em Sinop (MT), onde aguardam a conclusão das negociações.

Fonte:
Beatriz Camargo, Repórter Brasil

Libertados 19 em situação degradante de trabalho no MA

O Grupo Móvel de Fiscalização Rural e Combate ao Trabalho Escravo libertou no Maranhão 19 trabalhadores rurais, encontrados em situação degradante de trabalho na fazenda Boa Vista, localizada no município de São Raimundo do Doca Bezerra, região central do Estado. O coordenador da fiscalização, Carlos Henrique Silveira, ressaltou as condições desumanas de trabalho a que eram submetidos os agricultores. "Os empregados foram encontrados alojados em casebres de palha de pau a pique, sem quaisquer condições de higiene", diz, ressaltando ainda que os alojamentos eram cercados de lama e a alimentação fornecida era precária, além da ausência de água própria para o consumo.

Ainda foram encontrados no alojamento duas mulheres e três crianças. Todos os trabalhadores estavam sem as devidas assinaturas nas carteiras de trabalho. O empregador foi autuado e terá de pagar cerca de R$ 25 mil em indenizações trabalhistas. Os trabalhadores resgatados pelo grupo vão receber três parcelas do seguro desemprego, pago pelo governo federal.

Fonte: Assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho.


Ruralistas querem renegociação de R$ 140 bi 24.01.08

24.01.08
Ruralistas pressionam governo pela renegociação de R$ 140 bi

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem (24) que “a questão da dívida rural tem que ser tratada tecnicamente, de acordo com a complexidade de cada caso”. Ex-integrante da bancada ruralista, informa que algumas das dívidas vêm “rolando” há quase 20 anos e se acumulando: umas decorrentes de planos econômicos, e outras em razão de frustração de safras.
Com perspectiva diferente de Stephanes, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) declarou que "é uma questão política e um pleito técnico." A estratégia é tratar uma questão econômica, que envolve o retorno aos cofres públicos de verbas usadas para empréstimo, como assunto político.

Bancada ruralista faz política e tem ganhos

A bancada ruralista da Câmara e Senado busca conseguir da área econômica do governo o aval para que agricultores e pecuaristas adiem o pagamento de parte da dívida agrícola estimada em R$ 140 bilhões, 70% mantida junto ao Banco do Brasil.
"O que o ministro Múcio coloca é uma situação política", disse o deputado Marcos Montes (DEM/ MG), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara.
Os ruralistas tentam fazer com que o ministro Mantega (Fazenda) adie o recebimento de cerca de R$ 30 bilhões em débitos que vencem entre janeiro e o fim de março. Ele ficou de analisar o pedido e responder na próxima semana

Em setembro passado, o governo já havia recorrido à renegociação da dívida co campo para aprovar na Câmara a prorrogação da CPMF. Segundo o Ministério da Agricultura, desde 1993 vêm ocorrendo rolagens sucessivas da dívida.
Levantamento feito em outubro do ano passado pela ONG Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) mostrou que 116 deputados federais eram da bancada ruralista.

A próxima troca

Os parlamentares ruralistas têm um peso fundamental para o governo, que tentará votar no Congresso Nacional projetos importantes, como o que aumenta o IOF (Operações sobre Operações Financeiras) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). A elevação dos dois tributos deve trazer uma receita adicional de R$ 10 bilhões e aliviar o ajuste que o governo vai ter que fazer devido à perda da CPMF.

A renegociação da dívida faz parte da lista de reivindicações da base aliada. A intenção, conforme deixou claro o presidente Lula, é atender as negociações para evitar derrotas.
No Congresso, o sinais são de descontentamento entre 250 ruralistas, pois a renegociação dos R$ 140 bilhões que seria fechada em dezembro, acabou sendo empurrada para o fim de março com a extinção da CPMF. "Sou deputado da oposição e tenho que ficar administrando a insatisfação de deputados, alguns da base aliada porque a revolta é total. A insatisfação é grande", disse Montes.

Fontes: Luciana Otoni, FSP, Stênio Ribeiro, repórter da Agência Brasil, com o Observatório.

Turbulência vai atingir commodities agrícolas

23.01.08

As primeiras impressões de especialistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico apontam uma volatilidade ainda mais acentuada e alguma perda de sustentação, sobretudo nas próximas semanas, das principais commodities agrícolas negociadas no mercado internacional, que não sairão ilesas da turbulência deflagrada pela crise americana. Mas quebradeiras generalizadas foram descartadas. Pelo menos por enquanto.

Essa perspectiva foi apresentada aos leitores do Observatório na edição de ontem (23), lembrando a grande influência dos fundos de pensão e de investimentos norte-americanos na Bolsa de Chicago, e sua atuação especulativa sobre os preços das commodities.

Analistas ponderam que o expressivo aumento da participação de fundos de investimentos nesses mercados nubla o horizonte, uma vez que é de se esperar um reposicionamento nas carteiras de ativos desses poderosos players.

Fernando Muraro, da consultoria Agência Rural, ilustra o crescimento da presença dos fundos nos mercados agrícolas com o número de contratos de milho, soja e trigo negociados na Bolsa de Chicago, principal referência para a formação dos preços dessas commodities no exterior. No caso do milho, eram 18 milhões em 2002 e foram 58 milhões em 2007; na soja, a evolução foi de 14 milhões para 32 milhões na mesma comparação; no mercado de trigo, o salto foi de 7 milhões para 20 milhões.

"As commodities agrícolas são menos suscetíveis em comparação com outros ativos porque, afinal, todo mundo ainda precisa comer. A demanda por alimentos continua aumentando", afirma Vinícius Ito, da Fimat Futures. "Este pode ser um ano complicado, mas os preços não tendem a desabar". E há gordura para queimar, uma vez que é quase consenso que os mercados agrícolas estão inflados pela ação dos fundos.

Como observa Renato Sayeg, da Tetras Corretora, há fortes oscilações à vista. Para a soja, calcula o analista, o preço médio da commodity deverá encerrar o semestre abaixo do patamar atual, mesma opinião de Fabio Silveira, da RC Consultores. "A volatilidade está fora de um senso razoável", diz Sayeg. Dois fatores terão peso relevante para balizar o mercado no curto prazo, diz Sayeg. No dia 31 de março será apresentada a primeira prévia de intenção de plantio da safra americana. O segundo fator é a regulamentação internacional do biodiesel.

"Seria até inocente achar que a recessão americana não afetaria as commodities agrícolas", afirma Costa. O algodão está entre os poderão até sentir uma queda do consumo mais prolongada, por não se tratar de um produto de necessidade básica. Mas isso ainda não aconteceu.
Fonte: Valor Econômico, com o Observatório

Reflexo da recessão americana nos Fundos será crucial para as commodities 23.01.08

23.01.08

Reflexo da recessão americana nos Fundos que atuam na Bolsa de Chicago será crucial para mercado de commodities

O impacto provocado pela ameaça de recessão na economia norte-americana, em função dos empréstimos hipotecários de recuperacão duvidosa concedidos nos últimos anos (ou décadas), levando a uma turbulência no mercado financeiro mundial, acontece no momento em que a agricultura brasileira prepara-se para colher um volume recorde de grãos, cerca de 136 milhões de toneladas, segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) e do IBGE.

"A posição dos fundos [de investimento] pode influenciar o mercado de
commodities agrícolas", diz Mário Friuli, diretor da Link Corretora, à Folha de São Paulo, principalmente para produtos que o Brasil tradicionalmente exporta, como soja, café e açúcar.
Os fundos de investimento vão buscar ajustar posições para mercados com menor risco, justamente o perfil das aplicações do agronegócio. Daí aumenta a possibilidade de os mercados agrícolas entrarem num período de muita volatilidade (variação excessiva de preços), afirma Friuli.

Os fundos a que se refere Mário Friuli são os grandes compradores na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, que chega a movimentar até 12 vezes o volume mundial da safra anual de soja, uma aposta financeira nos movimentos de preços das commodities que ajuda a garantir a rentabilidade mínima que devem pagar aos seus aplicadores ou para garantir o pagamento da aposentadoria de seus segurados.

Também para André Diz, economista da SRB (Sociedade Rural Brasileira, que representa os fazendeiros brasileiros), provavelmente os negócios com as
commodities agrícolas vão apresentar volatilidade maior, em declaração à Folha de São Paulo (FSP). "A qualquer novo número [balanço de instituições financeiras, indicadores da economia norte-americana], os fundos podem mudar de posição com muita rapidez, com reflexo nos agrícolas", afirma Diz.
Sem a referência das Bolsas de Chicago e Nova York -fechadas por causa de feriado nos EUA-, os negócios na BM&F apresentaram ontem baixa generalizada de preços nos pregões de café, soja e milho.
Segundo André Diz, a tendência do mercado agrícola no médio e no longo prazo é registrar impacto menor que outros setores, "a não ser que a crise da economia norte-americana seja muito profunda".

Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), afirma à Folha de São Paulo ser crucial avaliar as conseqüências da crise norte-americana na Europa e na Ásia, esses, sim, grandes mercados para os produtos exportadores pelo agronegócio brasileiro.

Crise é mais geral
Já para Miriam Leitão, colunista de O Globo, "O Brasil nunca esteve tão bem numa crise externa, e as empresas listadas na Bovespa perderam R$ 400 bilhões de valor de mercado em 20 dias. Como se explica? É que mudou a natureza das crises e aumentaram os canais de transmissão entre as economias. Ontem (segunda-feira, 21), 30 bolsas do mundo despencavam por medo da crise americana, enquanto os Estados Unidos folgavam no feriado cívico. Nos últimos dias, a crise subiu um degrau: era a crise das subprime, as hipotecas de alto risco; agora virou a crise da recessão americana, completa Leitão. Por isso, não são só as ações dos bancos que estão caindo. Outras ações também.
"Claro que, numa desaceleração global, segue a análise de Míriam Leitão em sua coluna de ontem,
as grandes empresas exportadoras vão perder mercado e, por isso, suas ações caem. Mas, num mercado tão globalizado como o de agora, qualquer ação pode sofrer o efeito — para o bem ou para o mal — do que acontece em outros países."
"Há um risco, em qualquer crise, de auto-alimentação do movimento ressalta Leitão. Agora está todo mundo se convencendo de que o problema financeiro americano é maior do que o imaginado, e isso leva a grandes perdas e redução de ativos no mercado financeiro. Quanto maiores forem as perdas, mais alimenta o pessimismo em relação ao problema, completa."
"Não adianta ter em nossa farmácia os remédios que nos livrariam da crise de nove anos atrás. É melhor ter bons fundamentos externos, mas não é o suficiente", conclui Miriam Leitão.

Efeito indireto
"
Os fundamentos são firmes, por causa dos biocombustíveis [mercado em ascensão puxada pelos EUA, com o uso de milho na produção de álcool] e da demanda asiática por alimentos", afirma à FSP Ricardo Cotta, superintendente técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Por outro lado, lembra à FSP o presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, que aproximadamente 40% da nova safra de grãos esteja "
hedgeada" -com alguma proteção, seja pela pré-comercialização definida ainda no ano passado ou pelos contratos do mercado futuro. E são exatamente contra esses contratos, cujos preços estavam bem abaixo dos praticados no mercado em dezembro passado, que boa parte dos produtores de soja estavam reclamando.
Segundo Fábio Meneghin, analista da Agroconsult, não deve haver impacto entre a recessão dos bens de consumo dos EUA nem na própria agricultura norte-americana -"2008 deve ser um novo ano de preços firmes para soja, milho, algodão e trigo". Bastante otimista, pelo que se percebe.
A desvalorização do real ante o dólar, segundo Camargo Neto, da Abipecs, talvez seja, para o agronegócio, o único ponto positivo derivado da turbulência dos mercados.
"Mas esse movimento não compensa o risco de aumento de juros, que pode ser adotado contra a instabilidade financeira", afirma Camargo Neto.
Segundo Diz, da Sociedade Rural Brasileira, a possível variação do câmbio ocorre num "momento não tão ruim".
Se o real se desvalorizasse no final do ano passado, época da compra de insumos cotados em dólar -como fertilizantes para o plantio da safra-, o eventual impacto nos custos traria muito mais preocupação.

Fonte: Gitânio Fortes, Folha de São Paulo, Miriam Leitão, O Globo, com o Observatório

Vigilância Sanitária do PR proibe venda de farinha de soja com transgênicos 22.01.08

22.01.08
Vigilância Sanitária do Paraná suspende comercialização de farinha de soja com transgênicos

A representação da Vigilância Sanitária no Grupo de Trabalho sobre Transgênicos, no Paraná, suspendeu a venda da farinha de soja da marca
Terra Verde. O produto apresentou organismos geneticamente modificados em percentual acima de 1% em teste realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro. Por isso, deveria trazer na embalagem selo amarelo com a letra T identificando a presença dos transgênicos.

A interdição cautelar da venda obedece o Decreto Federal 4680/2003, que impõe a rotulagem obrigatória de produtos com mais de 1% de transgênicos na composição. “A medida vale por 90 dias, período em que a empresa tem direito à contraprova do laudo oficial. Durante esse prazo, o lote interditado não pode ser comercializado” explica comunicado do Departamento de Vigilância Sanitária (DEVS) enviado a todas as regionais da Secretaria da Saúde.

A empresa que produz a farinha de soja foi informada sobre o resultado do teste no dia 10, e tem prazo até ontem, dia 21, para solicitar a contraprova. “Estamos seguindo à risca a regulamentação sobre o tema e respeitando, sobretudo, os prazos que os fabricantes têm para tomarem as providências necessárias. Nesse caso, uma delas é a rotulagem”, afirma o coordenador do Grupo, Álvaro Rychuv. A informação sobre o provável pedido da empresa de análise da contra-prova não foi disponibilizada ontem.
Fonte: Assessoria de imprensa do governo do Estado do Paraná, com o Observatório.

Alimentos produzidos com transgênicos escapam de fiscalização, denuncia Greenpeace
Os brasileiros consomem muito mais transgênicos do que sabem. A afirmação é da coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace, Gabriela Vuolo.
Segundo ela, durante o processo de preparação dos alimentos, o DNA dos organismos geneticamente modificados é destruído, o que dificulta a fiscalização pós-produção.
“Como não se tem o DNA para ser testado, a detecção falha. É impossível dizer se tal produto é transgênico”, afirma.
Os alimentos produzidos com organismos geneticamente modificados (OGMs) devem conter aviso no rótulo, para que possam ser identificados pelo consumidor. Essa identificação está prevista no Decreto 4.680/3, conhecido como Lei de Rotulagem.

Gabriela afirma que a responsabilidade de fiscalizar o produto pronto, na gôndola do supermercado, é compartilhada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, e pelo Ministério da Saúde.

No entanto, segundo ela, o trabalho conjunto pode não adiantar nada. “Como o DNA do transgênico é destruído, esses órgãos não têm como fiscalizar”, explica. “Por mais que eles façam testes, não vão encontrar nada.”

Para a coordenadora, a regulamentação dos transgênicos no Brasil ainda é falha. Ela acredita que o
problema poderia ser solucionado se o Ministério da Agricultura fiscalizasse a matéria-prima, desde o plantio da semente até o alimento que entra na fábrica.

Ministério diz que não há lei que obrigue a fiscalização da cadeia de produção
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não existe lei que obrigue a fiscalização do plantio.

Segundo o coordenador de biossegurança do MAPA, Marcos Vinícius Coelho, o ministério realiza a fiscalização da mesma forma que os outros órgãos, ou seja, no produto final.

“Nós fazemos, como todos os outros ministérios, a coleta do produto final e enviamos ao laboratório para análise. Se houver presença de OGM, o produto deve ser rotulado.”

“Não existe outra forma de fiscalização”, garante.

De acordo com Coelho, pela Lei de Rotulagem, os produtos que contém menos de 1% de OGMs em sua fórmula, não precisam ser rotulados.
Fonte: Paloma Santos, da Agência Brasil, com o Observatório.

Agravamento da crise dominará cena em Davos

22.01.08
Fórum Econômico Mundial começa hoje

O agravamento da crise nos mercados mundiais e o
temor de uma recessão nos Estados Unidos vão dominar os debates no Fórum Econômico Mundial de Davos, que reunirá a partir de hoje, durante cinco dias, os mais poderosos empresários e políticos do mundo.
Na quinta-feira, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, e o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, vão comandar um debate sobre riscos nos mercados financeiros.
Mas a crise nos EUA não é vista isoladamente.
Também os preços recordes de energia e commodities e o temor de uma bolha nos mercados emergentes estão por trás de um crescente pessimismo em relação à economia global em 2008. O encontro deste ano será uma ducha de água fria, se comparado à onda de otimismo do ano passado, quando os mercados financeiros estavam em alta, havia uma onda de fusões e aquisições e quase todo o mundo previa tempos ainda melhores.
Os países emergentes — sobretudo China — estarão, como no ano passado, no centro dos debates. O que todos querem saber é se a tese que muitos analistas martelaram no último encontro, de que os emergentes não estão mais vulneráveis às crises nas grandes economias industrializadas, vai se confirmar. Outra questão é até que ponto o crescimento de gigantes como China e Índia ajudará a diminuir o impacto de uma recessão nos EUA.
Fonte: Deborah Berlinck, O Globo

A soja transgênica avança no Brasil 23.01.08

23.01.08

A área plantada com variedades modificadas geneticamente alcançou 57% da total cultivada no país na safra 2007/08, contra 51% na anterior. Segundo a consultoria Safras & Mercado, da área total de soja no país, de 21,612 milhões de hectares, 12,245 milhões foram semeados com a Roundup Ready -a principal variedade transgênica cultivada no mundo, da Monsanto.

Para Flávio França Júnior, analista da Safras, o avanço tem sido consistente na utilização da tecnologia no país. "Se tomarmos a safra 2003/04 como referência, o aumento já está em 337% sobre os 2,8 milhões de hectares semeados com variedades modificadas geneticamente naquele ano."

O Brasil segue entrando no fluxo de controle tecnológico e quase monopolista da agricultura da soja pela Monsanto, observada no mundo, de expansão gradativa na utilização de sementes transgênicas. De acordo com a Safras, a área mundial já supera os 100 milhões de hectares. Só com a soja, a área com sementes transgênicas supera os 60 milhões de hectares, cerca de 65% do total. Na Argentina, de onde as sementes fizeram sua entrada inicial contrabandeadas para o Brasil, a participação da soja RR está avaliada em 98%.
Fonte: Vaivém das commodities, com o Observatório

Novas regras de exportação da carne para a Rússia

22.01.08

A partir de agora, toda a carne vendida brasileira para a Rússia deverá conter um
certificado de qualidade e uma embalagem com indicações de que o produto cumpre as exigências do país europeu.

A cada 15 dias, o Brasil terá que enviar -antecipadamente- à Rússia certificados em forma eletrônica. A idéia é que aquele país saiba que carnes foram certificadas
antes de os produtos entrarem nos portos russos.

As medidas constam do acordo fitossanitário assinado no último dia 18 por representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Serviço Federal de Supervisão Sanitária e Fitossanitária da Rússia. Em alguns estados brasileiros, a exportação de carnes à Rússia estava suspensa desde 2005.

"A Rússia pediu mais garantia na inspeção e na certificação porque havia a suspeita de que parte da carne que chegava para eles não era brasileira. A Rússia é o nosso maior comprador de carne bovina e suína, por isso precisamos garantir que ela chegue ao seu destino de acordo com as normas que firmamos”, disse ontem (21) o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz.

O acordo também prevê que a reinspeção da carne - antes feita por fiscais da Rússia no Brasil - agora é de responsabilidade do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) da Secretária de Defesa Agropecuária. Quando chegar à Rússia, o produto será novamente inspecionado.

Na semana passada, a Rússia encaminhou ao ministério brasileiro um pedido para autorizar a inspeção de cerca de 40 estabelecimentos que exportam ou passarão a exportar carne ao país. Os estabelecimentos ficam nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pará , Rio Grande do Sul , Tocantis e Rondônia. A inspeção, que começa esta semana, será feita por fiscais russos e deve terminar em aproximadamente dez dias.

Fonte: Quênia Nunes, da Agência Brasil, com o Observatório.

Brasil Ecodiesel envia nota afirmando que carvoejamento é experimental 21.01.08

21.01.08
Brasil Ecodiesel envia nota afirmando que carvoejamento é experimental e que fornece toda assistência a seus parceiros rurais


Na noite de sexta-feira passada (às 18h35m), o Observatório finalmente recebeu informações da Brasil Ecodiesel (Ecod)sobre a situação na Fazenda Santa Clara, solicitadas mais de 24 antes, para apresentar aos seus leitores os argumentos da empresa.
De acordo com a nota, e contrariamente ao que havíamos divulgado na edição do dia 18 (veja abaixo), a partir de uma declaração de uma funcionária da própria Ecod, a citada fazenda pertence à empresa e "
representa uma nova proposta fundiária conduzida por uma empresa privada que também estimula o empreendedorismo dos trabalhadores rurais...". O chamado "Núcleo Santa Clara", criado pela Ecod em 2004, é "administrado por um grupo formado pelos parceiros rurais e funcionários da empresa", responsável por "monitorar, avaliar e tomar decisões de forma participativa".
A empresa expressa, em sua nota (veja mais abaixo, na íntegra), toda uma série de boas intenções na formulação e operação do projeto.


Informações
Em termos objetivos, são as seguintes informações que constam da Nota e que podem ajudar o leitor a entender alguma coisa do que se passa, no momento, na Fazenda Santa Clara, objeto queixas de alguns parceiros rurais na reportagem transcrita pelo
Observatório:
1- a Ecod oferece aos seus parceiros rurais: "
moradia digna em alvenaria, com energia elétrica, água encanada e saneamento básico",.. "suporte médico e odontológico" (aos parceiros e suas famílias), mantém uma "escola de referência na região, com 26 professores com nível superior e/ou pós-graduação, com turmas de 1ª a 8ª séries que atendem 911 alunos" em turnos diurnos e noturnos. A escola possui biblioteca, laboratório de ciências, quadra de esportes e sala de internet com oito computadores. Cinco ônibus, movidos a biodiesel, transportam os alunos para a escola;
2- "
As relações entre a companhia e o agricultor foram estabelecidas através de contratos de parceria rural, regulamentados por lei" (relações disciplinadas pela Lei 4.504, de 30.11.64, regulamentada pelo Decreto nº 59.566, de 14.11.96). O contrato "proíbe a prática de trabalho infantil" e "a Ecod realiza campanhas periódicas contra esse tipo de prática".
3- pelo contrato, a Ecod "
recebe 30% da mamona colhida, e adiantamento de safra no valor de R$160,00 é referente a esses 30%". Os 70% restantes são propriedade do parceiro rural. A empresa fica com 20% da colheita de feijão (e não 30% como um dos assentados afirmou à reportagem), que é usado "para incrementar a merenda escolar dos filhos dos próprios parceiros";
4- "
o cronograma de plantio foi construído coletivamente, embasado no calendário agrícola da mamona para o município de Canto do Buriti."...mas "no início de dezembro ocorreu um intenso ataque de lagartas nas áreas de plantio, que implicou em retrabalho"..."tendo 30% de área já plantada...optou-se pela redução da área de mamona de 5 para 3 hectares" usando uma variedade de mamona que permite maior número de plantas por área.
5- a empresa "
desconhece" que tenha havido "problemas técnicos com qualidade do solo e das sementes oferecidas" aos seus parceiros rurais;
6- a Ecod "
não distribui cestas básicas como mencionado na matéria". O que faz, mensalmente, e com recursos de seu "fundo de segurança alimentar, é uma complementação de alimentos a cada família, que varia de acordo com o número de membros" de cada uma;
7- A Ecod "
atesta... que a quantidade de máquinas disponível no Núcleo atende suficientemente a demanda das operações locais..." (nota do editor: isso não significa que a afirmativa de um assentado sobre retirada de máquinas esteja incorreta, apenas que ele não sabia que elas eram desnecessárias no momento);
8- O carvoejamento só ocorreu para "
queimas de teste", em uma unidade "considerada uma carvoaria ecológica, pois trabalha em circuito fechado". Para fazer o carvão utilizou o "resíduo florestal" resultante do desmatamento para mudança do uso do solo para a agricultura, que foi realizado "com a devida licença ambiental". (a propósito, O Portal da TV Cidade Verde, de Teresina, ouviu o chefe de fiscalização do Ibama no Piauí, Carlos Moura Fé, que disse ter recebido denúncia sobre o carvoejamento - na Fazenda Santa Clara - em 2007, e uma equipe do Ibama foi ao local em junho do ano passado, onde não teria sido constatada a transformação da fazenda de mamona em carvoaria. "A equipe não constatou nenhuma produção de carvão em larga escala", declarou.
9- "
A decisão de dar entrada na licença de comercialização ficou momentaneamente paralisada por uma questão estratégica", diz a empresa , o que confirma a afirmativa do chefe de fiscalização do Ibama no Piauí, Carlos Moura Fé, de que "eles não tem nem o licenciamento ambiental para fazer carvão e nem autorização específica do Ibama para transportar esse carvão para qualquer lugar do Brasil".

Comentário do Editor: espero e faço votos que a empresa obtenha sucesso em suas propostas e que isso reflita-se efetivamente na melhoria da qualidade de vida da população que participa do projeto. Ressalto que em momento algum este Observatório levantou "calúnias, infâmias e imprecações sistemáticas..." como afirma a empresa em sua nota, e pode ser facilmente verificado na matéria do dia 18. Certamente a empresa está se dirigindo a outros órgãos de imprensa ou a outras pessoas, não ao Observatório do Agronegócio ou seu editor. Nossa página "Opinião" está aberta a artigos de representantes da empresa que queiram divulgar seus pontos de vista, ou rebater argumentos de algum articulista. Nosso objetivo básico é difundir fatos, notícias e assuntos que digam respeito -de forma direta ou indireta - ao agronegócio, e sempre ouvir e divulgar a percepção e opinião de todos os interessados, bem como incentivar debates. E foi isso que ocorreu: vimos a reportagem em outro órgão de imprensa e procuramos imediatamente a Brasil Ecodiesel, para ter sua versão dos fatos. Infelizmente, apesar dos dois dias que se passaram entre a divulgação inicial da reportagem na internet, por um órgão da imprensa local, e o contato do Observatório, a empresa ainda não havia preparado uma resposta, e a nossa matéria não pode dar simultaneamente as duas visões aos seus leitores.
Das notícias pesquisadas e das respostas da empresa, surgem outras questões que merecem ser esclarecidas. Espero obter nessa segunda-feira uma entrevista com algum dirigente da Ecod, e trazer aos leitores, na edição de amanhã, as respostas a essas dúvidas. E como se diz em Minas Gerais, "perguntar não ofende...":(a ordem das perguntas não reflete a importância de cada uma, é apenas uma seqüência de dúvidas...):

1- Na seleção dos parceiros, o quesito "aptidão para tornarem-se empreendedores" foi eliminatório?
2- Os parceiros passaram e continuam passando por cursos de capacitação para se tornarem empreendedores? (transformar alguém em empreendedor não é coisa trivial...) que cursos, quantas horas/aula? quantas horas de supervisão anual na questão específica de empreendedorismo (não contar alfabetização, questões agrícolas, etc)?
3- Nesses quatro anos de trabalho, existem avaliações do avanço dos parceiros rurais no papel de empreendedores?
4- que tipo de "espaço" para tomada de decisões, para iniciativas, além das relativas à época do plantio, existe para os parceiros?
5- As crianças e adolescentes frequentam a escola em período integral, de dois turnos? há controle rígido de freqüência e verificação nas residências de motivos de ausências? a eles são oferecidas pelo menos três refeições diárias? caso seja escola de apenas um período, que tipo de atividade é a mais comum entre elas no tempo em que não estão nas escolas? nesse caso, também, há alguma oferta de atividades complementares, na escola ou algum centro de desenvolvimento social?
6- As crianças que ficam tapando buracos por alguns trocados são de famílias de parceiros? funcionários da Ecod certamente devem ter passado por elas nas estradas: que providência tomaram para resolver a questão (se forem ou não filhos de parceiros, já que é ou era uma situação de trabalho infantil que a empresa combate)?
7- Qual foi o resultado dos plantios anteriores de mamona na Fazenda Santa Clara? qual foi a produtividade e o total da produção? e quanto ao feijão?
8- Qual foi a renda média obtida pelos parceiros nas safras anteriores? correspondeu às expectativas deles e da empresa? qual percentual da produção total dos parceiros foi comercializada com o Ecad e quanto com outros compradores?
9- Na unidade de processamento de Floriano, qual foi a percentagem da mamona entre as matérias primas vegetais utiizadas na produção do biodiesel? se usa soja, qual sua percentagem no total de m.p. e qual é sua origem?
10- A Brasil Ecodiesel não se beneficia dos incentivos proporcionados pelo fato de usar produtos da agricultura familiar para fabricar o biodiesel?

Certamente outras questões surgirão mais adiante, mas a resposta a essas acima listadas certamente ajudará todos nós a entender um pouco mais o processo sociocultural do empreendimento.


Esclarecimento ao OBSERVATÓRIO DO AGRONEGÓCIO 21.01.08

21.01.08
Nota oficial da empresa Brasil Ecodiesel S.A.

Líder no mercado de biodiesel e responsável por organizar uma rede de cerca de 80 mil agricultores familiares espalhados por 19 estados brasileiros, a Brasil Ecodiesel (Ecod) repudia veementemente as críticas ao Núcleo Santa Clara veiculadas pelo site Observatório do Agronegócio.

O Núcleo Santa Clara foi criado pela Brasil Ecodiesel em 2004 a partir da certeza de que é possível promover uma transformação social no campo. Representa nova proposta fundiária conduzida por uma empresa privada que também estimula o empreendedorismo dos trabalhadores rurais, para inseri-los no mercado de maneira economicamente viável. O objetivo da Ecod não é promover assistencialismo, mas contribuir para que o Núcleo seja auto-sustentável.

Por se tratar de um projeto pioneiro, sem referência na realidade de assentamento privado com agricultores familiares, a empresa busca alternativas participativas na gestão do Santa Clara em parceria com diversas entidades como FETAG, Secretaria de Ação Social entre outros. Um grupo formado por parceiros rurais e funcionários da Ecod é responsável pela administração do Núcleo, com a responsabilidade de monitorar, avaliar e tomar decisões de forma participativa.

Além de infra-estrutura de moradia digna em alvenaria, com energia elétrica, água encanada e saneamento básico, a Brasil Ecodiesel oferece aos parceiros e às suas famílias suporte médico, odontológico. Também mantém no Núcleo a escola referência da região. Ao todo, 26 professores com nível superior e/ou pós-graduação lecionam em turmas de 1ª e 8ª séries para 911 (360 sendo alfabetizados), em turnos diurnos e noturnos. A escola possui sala de internet com oito computadores, biblioteca, laboratório de ciências, local para educação física. Uma frota de cinco ônibus, movidos a biodiesel e em perfeito funcionamento, também é disponibilizada pela empresa para o transporte dos alunos para a escola.

Com apenas quatro anos de existência, o Núcleo Santa Clara apresenta baixo índice de desistência anual, em média de 5%, e um cadastro reserva de 114 famílias agricultoras interessadas em ingressar em uma das 20 comunidades mantidas na área.

Em relação às criticas levantadas pela reportagem, é preciso esclarecer ainda que:

Sobre a carvoaria:
1. Para a estruturação do Núcleo Santa Clara foi preciso abrir espaço com a retirada de resíduo florestal – com a devida licença ambiental - para preparação de terreno, visando ao plantio de mamona, matéria-prima para produção de biodiesel. Para isso, a empresa estudou as possibilidades ambientalmente menos impactantes e de melhor viabilidade econômica. A solução encontrada foi a construção de uma Unidade de Teste de Produção de Carvão, que evitaria a degradação do solo pelo fogo e as emissões provenientes do mesmo processo. A unidade instalada no Núcleo é considerada uma carvoaria ecológica, pois trabalha em circuito fechado. Isso significa que a fumaça produzida na queima alimenta o leito de secagem da lenha e o vapor produzido retorna para o início do ciclo. Até o presente momento, a carvoaria só executou queimas de teste, visando conferir a qualidade do carvão (suas características químicas). A partir da conclusão destes resultados, a empresa planejará ou não uma futura produção da carvoaria e sua eventual comercialização gerando empregos a partir do resíduo de desmatamento autorizado da Santa Clara.
2. A decisão de dar entrada na licença de comercialização ficou momentaneamente paralisada por uma questão estratégica da empresa, que optou por priorizar a implantação de seu plano de expansão industrial. No momento, todo o carvão produzido é armazenado em galpões.

O contrato da empresa com os parceiros rurais proíbe a prática de trabalho infantil e, em caso de descumprimento, o parceiro fica sujeito à extinção do contrato e retomada do imóvel pela empresa. Paralelamente, a Ecod realiza campanhas periódicas contra este tipo de prática. Em outubro do ano passado, por exemplo, a escola localizada dentro do Núcleo Santa Clara ofereceu oficinas e palestras com foco na importância da família e dos estudos na vida da criança. Além de ter a participação ativa da comunidade, a ação contou com a presença de representantes do Programa Municipal de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), da Secretaria de Ação Social, do Conselho Tutelar, Representantes da Delegacia do trabalho, entre outros.

O cronograma do plantio foi construído coletivamente através de um planejamento participativo entre parceiros e equipe técnica da empresa, embasados no calendário agrícola para a cultura da Mamona no município de Canto do Buriti. No entanto, no início de dezembro, ocorreu um intenso ataque de lagartas nas áreas de plantio, que implicou em retrabalho, realizado sob recomendação da EMBRAPA. Apesar do imprevisto, o plantio encontra-se dentro do calendário, bem como do cronograma construído com os parceiros, tendo 30% de área já plantada. Para adequar-se a nova realidade, optou-se pela redução da área de mamona de 5 para 3 ha. Vale lembrar que a variedade Al guarany, cultivada em espaçamento adensado, propicia um maior número de plantas por área, mesmo esta sendo reduzida.

A empresa atesta ainda que a quantidade de máquinas disponível no Núcleo atende suficientemente a demanda de operações locais. Além disso, promove o acompanhamento técnico da produção a partir de visitas técnicas, palestras, reuniões, oficinas e dias de campo com os parceiros rurais.

A Brasil Ecodiesel desconhece a série de problemas técnicos com a qualidade do solo e das sementes oferecidas. Os únicos desafios enfrentados na última safra foram o ataque de pragas e a falta de chuva, que ocorreu não apenas na região, mas em todo o Brasil.

De acordo com contrato assinado entre a empresa e os trabalhadores rurais, 30% do total de mamona colhida fica com a Brasil Ecodiesel. Diferentemente do que afirma a matéria, o adiantamento de safra no valor de R$ 160 é referente a estes 30%. Os 70% restantes pertencem ao parceiro rural, que tem autonomia para decidir a utilização desta matéria-prima da forma que considerar mais adequada. É importante ressaltar que a empresa garante a compra do restante da produção não pactuada junto ao parceiro rural, se assim for de interesse dele.

A Ecod fica com 20% (e não 30%) da colheita de feijão para incrementar a merenda escolar dos filhos dos próprios parceiros.

As relações entre a companhia e o agricultor foram estabelecidas através de contratos de parceria rural, regulamentados por lei. Toda a estrutura negocial da companhia baseia-se na relação de parceria rural estabelecida com o agricultor rural, através do Sistema de Parceria Rural, disciplinado pela Lei nº 4.504 de 30.11.64, regulamentada pelo Decreto nº 59.566 de 14.11 de 1996.

A Brasil Ecodiesel não distribui cestas básicas como mencionado na matéria. A empresa distribui, mensalmente, desde 2005, com base em seu fundo de segurança alimentar, uma complementação de alimentos a cada família, que varia de acordo com o número de membros das famílias. Entretanto, esta distribuição não é uma obrigação contratual da empresa e atualmente é gerenciada pelos próprios parceiros rurais.

A Brasil Ecodiesel incentiva a auto-sustentabilidade do Núcleo com o estímulo e a orientação para o desenvolvimento de iniciativas como a produção e comercialização de hortaliças, ervas medicinais, mel, ovos, farinha de mandioca e biojóias, assim como a criação de pequenos animais, sobretudo galinhas caipira, animais rústicos e adaptados ao semi-árido. A própria FETAG convidou moradoras do Núcleo a participarem da Feira da Economia Solidária, em Teresina PI, devido ao belo trabalho que realizam na produção de biojóias. O restaurante do Santa Clara compra em média R$ 1.300,00 de hortaliças produzidas pelos parceiros nos seus quintais.

A companhia elaborou todo o seu negócio com recursos próprios ou de bancos privados, sem utilizar qualquer financiamento público. A Ecod é uma empresa de capital aberto, listada no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. Sendo assim, publica periodicamente balanços financeiros e administrativos, onde se observa que jamais utilizou recursos públicos nesses quatro anos de atuação.


Num mundo que se pretende sustentável, a indústria do biodiesel vem se revelando uma atividade econômica essencial. A Brasil Ecodiesel exerce o papel de pioneira neste setor, ao estimular o desenvolvimento das regiões onde atua tanto no aspecto ambiental e econômico quanto no social. A companhia acredita que é possível, sim, promover a aproximação entre a agricultura familiar e a intensiva, contribuindo para a consolidação de um ambiente mais democrático nas zonas rurais do país. Por isso, a Brasil Ecodiesel reafirma sua crença na sustentabilidade de um projeto que tem a força de ajudar a resgatar a cidadania do homem do campo. Lamenta, no entanto, que um projeto promissor como o do Núcleo possa vir a ser objeto de calúnias, infâmias e imprecações sistemáticas de interesses políticos escusos pela incompreensão quanto ao papel da companhia em sua relação com os agricultores rurais.

Prêmio para soja convencional quadruplicou em sete anos 21.01.08

21.01.08

A Agrenco há poucos anos começou a incentivar o produtor brasileiro a plantar o grão por meio de descontos na venda de pacotes tecnológicos (semente, fertilizante e defensivo).

Líder na comercialização de soja livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) no mercado europeu, a Agrenco há poucos anos começou a incentivar o produtor brasileiro a plantar o grão por meio de descontos na venda de pacotes tecnológicos (semente, fertilizante e defensivo). A participação da companhia no mercado europeu é de 50% para a soja em grão e de 40% para o farelo. "Com a redução da área de soja convencional no Brasil, esses prêmios se fortaleceram", diz Fábio Russo, diretor-geral da Agrenco Itália, que não soube informar o valor da vantagem que a empresa concede ao produtor no Brasil.

Ele conta que, no mercado europeu, o ágio pela soja convencional começou a ser formado por volta do ano 2000 em valores próximos de 20 centavos de dólar por bushel (cerca de 4% do valor do produto). Ao longo dos anos, com o recuo da oferta desse tipo de grão, esse valor foi fortalecido e desde o ano passado se sustenta em algo próximo de 80 centavos de dólar por bushel, em torno de 6% do valor da
commodity.

Russo acredita ser difícil avaliar qual o limite desse prêmio, ou seja, o momento em que a demanda passa a recuar. "Quando a soja estava US$ 8 o bushel na Bolsa de Chicago (CBOT), esse prêmio representava 10% do valor da soja. Hoje, com a soja a US$ 13, recuou para 6%. Se a demanda recuar, não será pelo prêmio, mas pelo próprio preço da soja que está alto", avalia Russo.

A maior parte da soja livre de OGMs originada pela Agrenco vem de Mato Grosso, estado onde há a maior oferta desse tipo de grão. Sobre o repasse de parte desse prêmio ao produtor há controvérsias. O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), Rui Prado, diz que não. Mas, segundo Fernando Muraro, da consultoria AgRural, esse prêmio existe e, inclusive, aumentou na safra passada. Até 2006, esse ágio não passavam de R$ 1 por saca ao produtor do Médio Norte, vantagem que subiu para 1,50 a R$ 1,70 (cerca de 6% do valor da saca) em 2007.
Fonte: Gazeta Mercantil, com o Observatório

Consumidor dá menos importância da responsabilidade socioambiental

20.01.08,

A preocupação dos consumidores com ações de responsabilidade social e ambiental está em queda. Em 2006, esse tipo de ação foi considerada item muito importante para 51% dos consumidores. Em 2007 reduziu-se a 42% dos entrevistados.
A conclusão é de pesquisa da TNS InterScience que perguntou o que é indispensável para uma empresa ser vista como uma organização que respeita o consumidor. Foram entrevistadas 1.250 pessoas em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, homens e mulheres com mais de 18 anos.
O levantamento considerou atributos como qualidade, preço, propaganda ética, responsabilidade social e ambiental, atendimento e monitoramento da satisfação do consumidor.
A principal razão da mudança, segundo Roberto Meir, um dos coordenadores da pesquisa, é a "
commoditização" do assunto responsabilidade. O investimento em ações sociais e ambientais passou a ser visto pelo cliente como um item básico e não mais como algo que possa influenciar a compra.
"Responsabilidade social não enche barriga. Se o consumidor vai comprar um suco, primeiro ele pensa em preço, qualidade, atendimento. Não vai pagar um centavo a mais pela embalagem responsável", diz Meir. Mas, segundo ele, a mudança também se explica pela
emergência do consumidor de baixa renda, que não pode pensar em responsabilidade social na hora do consumo. "Ele não pode errar na compra. Não tem dinheiro para ficar jogando produto no lixo se não gostou."
Na separação por segmentos, entre as empresas apontadas como as que mais respeitam o consumidor aparecem Casas Bahia, Carrefour, Bompreço, C&A, Drogasil, McDonald's, Coca-Cola, Sadia, Bradesco, Vivo e Porto Seguro.
Fonte: Mercado Aberto, Folha de São Paulo, com o Observatório

Produção de biocombustível no Piauí é alvo de críticas por assentados 18.01.08

18.01.08

Assentados da Fazenda Santa Clara, em Canto do Buriti, sul do Piauí, dizem que empresa só faz desmatar para produzir carvão vegetal.

De acordo com “Riachãonet – O Portal da Macrorregião de Picos”, do Piauí, “Em março de 2004, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva anunciou à nação brasileira, direto da Fazenda Santa Clara, no município de Canto do Buriti, a 400 quilômetros de Teresina, que o Brasil estava dando o primeiro passo para a substituição dos combustíveis fósseis por um combustível limpo, o biocombustível, produzido a partir da mamona, pela empresa Brasil Ecodiesel, talvez não imaginasse que após a encenação" poderiam ocorrer diversas irregularidades.

"Quatro anos depois do circo armado para o espetáculo governamental, a cortina veio abaixo e revelou uma realidade onde os principais protagonistas dessa história, os trabalhadores rurais, se consideram usados e enganados pela Brasil Ecodiesel, “Viramos refém dessa empresa", disse o trabalhador rural F.R. que autorizou somente a publicação de suas iniciais.”

O outro lado
O
Observatório entrou em contato com a sede da Brasil Ecodiesel, no Rio de Janeiro, citada na matéria como responsável pela situação, e conversou com Melissa Bivar Pereira, da assessoria de comunicação da empresa. Segundo ela, o problema surgiu de conflitos internos entre grupos de assentados na Fazenda Santa Clara - um assentamento de referência no país - ressaltando que esta não pertence à empresa. Assegurou, também, que a Brasil Ecodiesel não produz carvão vegetal. Melissa informou, ainda, que a empresa estava preparando uma nota, respondendo ponto-a-ponto os questionamentos da matéria originalmente publicada no “Riachãonet – O Portal da Macrorregião de Picos” e reproduzida pelo “Notícias de Floriano”, ambos do Piauí, mas até o momento do fechamento desta edição (01h do dia 18.01h) essa nota ainda não havia chegado à caixa postal do Observatório.

Comentário do editor: pelo texto no referido portal, de autoria da repórter Tânia Martins, é possível inferir que aos assentados não foi dada informação suficiente para identificar quem é responsável por o quê no assentamento, na produção e sua comercialização. Mais ainda, será importante esclarecer a relação entre o assentamento e as empresas que estão desmatando e fazendo carvoejamento, se elas possuem autorização do Ibama ou da Secretaria do Meio Ambiente para tal atividade, bem como se a Brasil Ecodiesel está ou não produzindo carvão. E qual matéria prima está sendo usada na produção do biodiesel, e quem a fornece. O Observatório espera que a nota desta empresa, amanhã, traga todas as informações necessárias para uma avaliação da situação e das responsabilidades de cada parte.
A seguir, o Observatório reproduz a matéria do citado portal.

"Quatro anos depois do circo armado para o espetáculo governamental, a cortina veio abaixo e revelou uma realidade onde os principais protagonistas dessa história, os trabalhadores rurais, se consideram usados e enganados pela Brasil Ecodiesel, “Viramos refém dessa empresa", disse o trabalhador rural F.R. que autorizou somente a publicação de suas iniciais.”

Área devastada e sem mamona
“Ele se referia à dependência financeira e às más condições de trabalho que as mais de 600 famílias contratadas pelo projeto têm para com a Brasil Ecodiesel desde que assinaram o contrato, no início do projeto.”
“A cada família foram destinados sete hectares, cinco para o plantio de mamona e dois para feijão. Do total da produção da mamona 30% é para a empresa e os 70% que sobram é destinado a cobrir o adiantamento de safra que atualmente é de R$ 160 reais que recebem por mês, valor correspondente a três mil quilos de mamona por safra. Dessa maneira, não há como o trabalhador obter lucro, uma vez que para cobrir os custos da produção, teria que produzir 4.500 quilos nos cinco hectares. Ocorre que por uma série de problemas de ordem técnicas relacionadas à baixa fertilidade do solo, qualidade da semente, entre outros, no máximo estão conseguindo produzir 300 quilos por hectares. Em algumas áreas, a colheita não passa de 100 quilos por hectares.”

“Quanto ao feijão, cada família é obrigada a destinar 30% do que produz para a empresa. Ainda como parte do contrato, existe a entrega
(pela empresa, esclarecimento do editor) de uma cesta básica no valor de R$ 100 reais. Segundo o colono Neto Hipólito, a cesta básica repassada não passa do valor de R$ 30 reais e, além de pífia, ainda atrasa quase todos os meses.”

Estas questões “têm criado uma insatisfação generalizada na fazenda. Muitos já abandonaram o projeto porque temem que, mais cedo ou mais tarde, sejam obrigados a saírem da área, e, para piorar, ainda endividados. Na unidade de produção do biocombustível, localizada em Floriano, a 240 quilômetros da capital, a empresa assegura que produz 40 mil litros por dia.”
O que se questiona é: de onde está vindo à matéria prima?

Trabalhadores do Santa Clara fazem carvão
“Pelos cálculos de Neto Hipólito, a fazenda tem uma despesa mensal de RS 500 mil. "A gente não sabe de onde vem esse dinheiro, se vem do governo ou da própria empresa, aliás, por aqui ninguém sabe nada sobre esse projeto, se existe um dono e quem é ele. A gente só ver os encarregados, que por sinal está sempre mudando. Também continuam depositando os R$ 160 reais da parceria", relata.”
“Para se ter uma idéia da estranheza do projeto, por enquanto, o plantio de mamona da próxima safra, que deveria ter iniciado em outubro, até agora não aconteceu. "Começamos a plantar dai veio uma praga de lagarta e destruiu tudo, agora não sabemos quando vai recomeçar", contou um dos parceiros do projeto, o trabalhador rural Pedro Cosme da Silva, 34 anos.”
“Cosme disse ainda que pelo andar da carruagem a empresa não tem pressa, pois dos oito tratores ali existentes cinco foram levados para uma outra fazenda, que dizem ser da mesma empresa. "A preocupação é que ocorra o mesmo que aconteceu na safra passada quando o plantio foi feito fora de hora, acarretando uma produção mínima", disse.”

Trabalho infantil para garantir alguma renda familiar
“Nas 20
células, denominação dada pela Brasil Ecodiesel para as áreas onde foram construídas 35 casas, a insegurança e insatisfação é a mesma. Famílias se queixam de estarem passando necessidades. Para completar a renda muitas delas colocam as crianças para tapar buracos na BR-324 e ganharem trocados dos motoristas. Durante nossa passagem pelas proximidades das células, encontramos inúmeras crianças com idade entre seis a treze anos, labutando com uma enxada preenchendo infinidades de buracos no que resta de asfalto. Uma dela, T.C., seis anos, comove até aos mais insensíveis devido a magreza e pele muito clara. A criança passa o dia inteiro exposta ao sol e o seu rosto descascado e tomado por sardas é a prova do sofrimento que vimos também através de seus olhinhos infantis. Segundo ela, logo cedo tem que ir para a estrada conseguir uns trocados que são entregues a mãe para ajudar nas despesas da casa.”

“Um pouco mais adiante nos deparamos com os irmãos D.P., 10 anos, e A.P., nove anos. Eles contaram que passam o dia inteiro tapando buracos e ganham até 20 reais ao dia. "Às vezes a gente só consegue R$ 10 ou menos que isso. O bom é que mesmo sendo pouco a gente sempre ganha", contou D.P., um menino que se mostrou bem educado e inteligente. Ele disse também que com o dinheiro que ganham ajuda a comprar o que comer. "Nossos pais não queriam isso pra gente, mais é o jeito vir pra estrada se não a gente passa fome", completou. Quis saber como fazem para se alimentar e tomar água e D.P. contou que um outro irmão menor leva comida e água.”

“Já duas adolescentes, com idade entre 13 e 14 anos, que se encontravam na mesma situação resistiram conversar com nossa equipe. Depois de muita insistência as garotas revelaram que pedem dinheiro para comprar roupas. Sobre o perigo de serem molestadas por motoristas inescrupulosos, elas não responderam mais demonstram pelo comportamento que o perigo é uma constante. Já em conversa com os adultos, soubemos da ocorrência de prostituição infantil nas imediações da fazenda.”

Produção de Carvão

“A área total do projeto para produção de mamona é de 40 mil hectares. Desse total, somente três mil já deveriam ser utilizados para o plantio da monocultura, mas, todo o restante já foi praticamente desmatado para a produção de carvão vegetal. No interior da fazenda estão instalados cinco grandes fornos industriais, os mais modernos que existem e que são controlados por computadores.”

“Os homens que localizamos ensacando carvão próximo às fornalhas nada sabiam informar sobre a produção. Segundo eles, atualmente a lenha retirada da mata nativa está sendo levada para a Fazenda Canto do Buriti, aonde hoje vem sendo produzido carvão. Eles disseram ainda que os encarregados falaram que a atividade vai retornar em breve. Já o superintendente do Ibama no Piauí, Romildo Mafra, disse que apesar dos fornos, a fazenda Santa Clara não produz carvão. "Eles não têm o DOF- Documento de Origem Florestal, portanto, não podem fazer carvão", afirmou.”

Fontes: Tânia Martins -
Riachãonet – O Portal da Macrorregião de Picos (Piauí), Melissa B. Pereira, da Brasil Ecodiesel, com o Observatório

MMX negocia ações com Anglo American por US$ 5,5 bi 18.01.08

18.01.08

Implantada no Pantanal - sob manto nacionalista - apesar de seus altos impactos ambientais, MMX está sendo vendida ao capital estrangeiro


A mineradora MMX, do empresário Eike Batista, anunciou nesta quinta-feira que está em negociações exclusivas com a subsidiária da Anglo American para vender uma parte da empresa por 5,5 bilhões de dólares. "É positivo para o setor como um todo, porque mostra a consolidação e a valorização dos ativos de minério no mundo", informou a analista da Àgora, Cristiane Viana.

Quando montou sua siderúrgica no Mato Grosso, com óbvios riscos ambientais, lembrou ontem o jornalista Luís Nassif em seu blog, o empresário Eike Baptista sustentou que a reação dos ambientalistas servia aos interesses de empresas multinacionais. Sua empresa acaba de ser vendida para uma delas.

Altos lucros
O minério de ferro, principal negócio da MMX, passou por uma explosão de preços nos últimos anos, com alta da ordem de 71,5 por cento em 2005; 19 por cento em 2006 e 9,5 por cento em 2007. As negociações de preços em andamento sinalizam para novo ajuste entre 30 e 50 por cento.
A analista lembrou que a Anglo já estava no Brasil e por isso a notícia não deverá ter grande impacto, "mas mostra que a Anglo está querendo aumentar a sua presença em minério, que não é tão forte como a da Vale e da BHP ", avaliou.
Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Anglo poderá comprar "as ações de propriedade de Batista de emissão de uma nova sociedade a ser constituída ("Newco"), no âmbito de uma cisão de determinados ativos e passivos da MMX".

Confusão acionária
Ainda de acordo com a nota, "se a Operação de Reestruturação for concluída, a Newco deterá a participação da Companhia de 51 por cento no Sistema MMX Minas-Rio (excluída a participação acionária de 51 por cento na LLX Minas-Rio atualmente detida pela LLX), bem como a participação de 70 por cento da Companhia no Sistema MMX Amapá".
Os termos da operação incluirão, ainda, o pagamento pela Newco à MMX de uma participação econômica futura, devida a partir de 2023, em relação à MMX Amapá, e a partir de 2025, em relação à MMX Minas-Rio, além de outros compromissos mútuos das partes envolvidas.
Uma subsidiária integral da Anglo American atualmente já detém participação de 49 por cento no Sistema MMX Minas-Rio e na LLX Minas-Rio.
Fontes: Reuters, Denise Luna; edição de Roberto Samora,
blog do Nassif e Observatório

Comentário do editor: acho que tod@s leitores percebem a barafunda de explicações sobre como fica o controle acionário da MMX, velha jogada de todos negócios não muito claros geralmente conduzidos por especuladores. Até hoje não houve uma explicação dessa empresa sobre suas compras de carvão vegetal produzido ilegalmente e a partir de madeira retirada de área indígena, nem a Cargill esclareceu sua exclusividade (exceto para a América do Sul) na exportação dos ferro-gusa da MMX. Mas reproduzo aqui o comentário completo, e muito oportuno (de como provavelmente seu "empresário" conseguiu benefícios e uma certamente superficial análise dos impactos ambientais de seu projeto no centro do Pantanal- Corumbá), de um jornalista econômico que muito respeito, Luís Nassif, ontem em seu Blog: "Nacionalismo e negócios à parte:
A propósito da operação Oi-BrT, dois pontos a se considerar no uso do nacionalismo para negócios:
1. Quando montou sua siderúrgica no Mato Grosso, com óbvios riscos ambientais,
o empresário Eike Baptista sustentou que a reação dos ambientalistas servia aos interesses de empresas multinacionais. Sua empresa acaba de ser vendida para uma delas.
2. A Ambev conseguiu a incrível autorização para adquirir a Antárctica falando da necessidade da grande empresa nacional. Hoje ela é belga.
Coloco esses pontos para reflexão apenas, por enquanto."
Esse uso do "
nacionalismo" tem sido constante e generalizado quando organizações ambientalistas alertam para impactos de projetos que não estão sendo considerados. Parece que todos esquecem que capital não tem pátria...

UE é nossa maior importadora de produtos agropecuários

18.01.08

A União Européia é o maior comprador de produtos agropecuários do Brasil e, no ano passado, foi responsável por 35,8% das exportações brasileiras. Ao todo, foram vendidos US$ 20,8 bilhões em produtos do agronegócio aos 27 países que compõem o bloco europeu. Um aumento de 31,1% em relação a 2006, quando foram vendidos US$ 15,9 bilhões.
Os países do bloco asiático ficam com o segundo lugar, e compraram US$ 11,2 bilhões em 2007, seguidos pelos países que integram o Nafta, US$ 7,3 bilhões; o Oriente Médio, US$ 4,7 bilhões; África, US$ 3,8 bilhões; América Latina - excluídos os países do Mercosul -, US$ 2,6 bilhões e Mercosul, US$ 1,7 bilhão. Isoladamente, os Estados Unidos compraram do Brasil US$ 6,4 bilhões em 2007.
A Holanda importou US$ 5,4 bilhões, a China, US$ 4,6 bilhões, e a Rússia, US$ 3,3 bilhões. No último mês de dezembro, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 4,6 bilhões, o que representou crescimento de 11,9% em relação a 2006. Os produtos que se destacaram no aumento das exportações foram: carnes, cereais, farinhas e preparações, complexo soja e produtos florestais.
fonte: Diário de Cuiabá, com
Observatório

Carne de clone não faz mal à saúde, diz FDA,

18.01.08
Para a saúde humana, comer produtos derivados de animais normais ou clonados, desde que saudáveis, tanto faz. Ambos são seguros, concluiu um aguardado relatório da FDA (órgão regulador de alimentos e fármacos nos Estados Unidos) divulgado ontem pelo jornal "Washington Post".
O estudo de 968 páginas diz que não existe problema algum em ingerir carne ou leite de cabras, bois ou porcos que tenham sido clonados em laboratório ou sejam filhos de animais gerados nessas condições.
Com o relatório, cai a última barreira existente nos Estados Unidos que impedia a comercialização de produtos de animais clonados.
"Moral, religião e conceitos éticos foram deixados de lado", disse a FDA por meio de nota. "O relatório é estritamente baseado em avaliações científicas". A agência, por lei, não pode considerar nenhum outro fator, informou o órgão.
Sabendo que parte dos consumidores americanos e do mundo é contra clones, a FDA inseriu no trabalho páginas e páginas de tabelas, com o objetivo de mostrar como os autores chegaram aos resultados apresentados no relatório.
Essa atitude também visa evitar os possíveis impactos econômicos negativos que podem recair sobre produtos como o leite ou carne produzidos de animais clonados nos Estados Unidos. Segundo a FDA, quando esses produtos chegarem ao mercado não vai haver necessidade de rotulagem. Caberá aos outros dizerem que não são feitos a partir de clones, se quiserem, diz a agência.
Fonte: Folha de São Paulo

MAPA reconhece que gado derruba a Amazônia 17.01.08

17.01.08

Estudo da Amigos da Terra -Amazônia Brasileira, divulgado neste domingo (14), mostra que região foi grande responsável pelo aumento das exportações brasileiras de carne bovina


O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em entrevista à Folha de São Paulo, admitiu que há derrubada de floresta amazônica para uso como pasto, reconheceu que o governo trata do tema somente "em tese" (
ou seja, nada faz na prática, nota do editor), disse que está preocupado e torceu para que o rebanho que come a floresta não se destine ao aumento das exportações brasileiras. "Já tinha enviado uma equipe de técnicos do ministério para a região, tenho mais de 250 fotos que não vou divulgar.
O outro lado disso é que a abertura da região se deu há 30 anos. Ainda estão derrubando, mas é pouca coisa. A gente tenta segurar esse processo", afirmou o ministro. Stephanes só conheceu alguns detalhes do problema ao ler reportagem da Folha (de São Paulo) de domingo: terra barata e crédito de bancos oficiais estimulam o avanço cada vez maior da pecuária. Hoje a Amazônia Legal responde por 36% do rebanho nacional e um terço das exportações, segundo relatório compilado pela ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. Virtualmente todo o crescimento do rebanho nacional entre 2003 e 2006 aconteceu naquela região.

Governo nada fez efetivamente
"Como ministro da Agricultura, quero crer que não precisamos disso [ataque à floresta] para exportar carne." O Brasil é alvo constante de questionamentos de países desenvolvidos sobre as origens de seus produtos agrícolas, envolvimento de trabalho degradante e outros problemas. A temática ambiental também sempre surge nessas discussões.
Segundo Stephanes, o governo precisa passar à prática para impedir o avanço do pasto sobre a floresta. "Esta questão está colocada em tese, em nível de decisão política. O governo tomou a decisão política, algo que também é extremamente importante, que é a seguinte: não se derruba mais árvore para a expansão da agricultura e da pecuária brasileira", disse.
Entre as ações teóricas, inclui-se a preocupação do governo com o fenômeno da pecuária na Amazônia.

Para ministro, derrubar o Cerrado não é problema
"Estamos muito preocupados com aquilo que foi demonstrado na reportagem (da Folha de São Paulo)", afirmou Stephanes.
Segundo o ministro, há espaço para o aumento
sem interferência em biomas protegidos, como a Amazônia e o Pantanal. O cerrado participa do cálculo como área para pastagem. Isso apesar de ser um bioma rico em biodiversidade e altamente ameaçado: estima-se que 60% (percentual corrigido pelo editor, a matéria da FSP registrava apenas 40%) dele já tenha sido alterado pela ação humana, e as pressões do agronegócio sobre a savana central brasileira só crescem.
"Estamos conscientes de que com a área que temos podemos ampliar a nossa produção agropecuária dentro das necessidades que teremos nos próximos dez anos sem precisar derrubar nenhuma árvore", disse. Entre as medidas citadas pelo ministro está o incentivo de áreas de pastagens degradadas.
O problema é justamente convencer pecuaristas a voltar a esses espaços, abandonados quando a quantidade de nutrientes no solo diminui consideravelmente. Para isso, seria preciso incentivos públicos financeiros para a compra de adubo e fertilizantes. "Temos de ter um uso mais intensivo, mais racional. Precisamos criar programas para uso de pastagem degradada, é uma proposta que precisa ser implementada", afirmou o ministro da Agricultura. (
nota do editor: como dizia FHC quando era presidente da República, "alguém tem que fazer alguma coisa...")
A recuperação de áreas degradadas era justamente uma das tarefas que cabiam àquela pasta dentro do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, coordenado pela Casa Civil. A ação nunca chegou a ser implementada.
Fonte: Iuri Dantas, Folha de São Paulo, com o
Observatório

Produtor espera valorização do boi com inspeções

17.01.08

Devidamente identificados com crachás e jalecos, com laptops nas mãos, máquinas calculadoras e blocos de anotações nas pastas, os técnicos da Superintendência Federal da Agricultura em Goiás (SFA-GO) e da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), compondo 101 equipes, começaram ontem as visitas de inspeção nas 2.651 propriedades rurais do Estado aprovadas no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). Eles estão verificando se essas fazendas criam bovinos para a produção de carne em conformidade com as exigências da União Européia (UE).
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reduziu em dois dias o prazo para que fiscais agropecuários concluam o trabalho de vistoria nas propriedades habilitadas à exportação de carne. Técnicos da Agrodefesa, Agenciarural e Superintendência Federal da Agricultura em Goiás (SFA-GO) estarão trabalhando a campo até o dia 26 de janeiro e os relatórios deverão ser enviados ao Mapa até dia 27. A justificativa do órgão, segundo o coordenador estadual do Sisbov em Goiás, Lázaro Antunes Cintra, é falta de tempo para análise dos relatórios antes de serem enviados à União Européia. "Nós realizamos as vistorias e o Ministério analisa os resultados para serem enviados até dia 31 à União Européia".

Produtor considera inspeção importante
Entre as propriedades rurais, também conhecidas como Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov (Eras), visitadas ontem pelas equipes da SFA e da Agrodefesa, formadas por médicos-veterinários, zootecnistas, agronômos e técnicos agrícolas, está a Fazenda Ana Paula, localizada no município de Goiânia, de propriedade de Tubal Vilela da Silva Neto e Pérsio Vilela.
Na propriedade, são criados 641 animais da raça nelore e mestiços de outras raças de corte, no sistema extensivo (a pasto), todos cadastrados no Sisbov. Segundo o administrador da propriedade, Rodrigo Vilela, anualmente, são levados cerca de 200 animais para abate em frigoríficos habilitados à exportação para a União Européia.
Ele entende que esse trabalho de inspeção, que começou a ser realizado pelo governo, a pedido dos importadores europeus, é importante para dar mais segurança aos compradores do produto brasileiro. A exemplo de outros pecuaristas, Vilela espera que, a partir de agora, o boi rastreado seja mais valorizado pelos frigoríficos e que esse processo possa abrir novos mercados para a carne produzida no País.

Verificando tudo
Na Fazenda Ana Paula, no município de Goiânia, os técnicos da SFA e da Agrodefesa verificaram o cadastro dos animais. Além disso, conferiram se os bovinos estavam portando a identificação correta e as notas fiscais de compra e venda dos animais, dos medicamentos e dos brincos do Sisbov; conferiram o controle de peso, o tipo de alimentação fornecida ao rebanho, o sexo e a data de nascimento de cada animal.
O fiscal federal agropecuário, veterinário Paulo André Tavares Segura, disse que, a partir de hoje, o trabalho será intensificado em todo o Estado para que ele seja concluído até o próximo dia 27. No dia 30, o Ministério da Agricultura terá de enviar ao DG-Sanco, em Bruxelas, a relação dos estabelecimentos brasileiros que estão em conformidade com as exigências do mercado europeu.
Paulo André recomenda aos pecuaristas que tenham em suas propriedades todas as documentações que comprovem os registros no livro do Sisbov. E ainda que facilitem a entrada dos técnicos do governo (SFA, Agrodefesa, Agenciarural e Secretaria da Agricultura) para que possam realizar o trabalho no tempo hábil, ou seja, até o próximo dia 25.
Os pecuaristas que não apresentarem a documentação exigida pelos técnicos, no ato da inspeção, terão até o próximo dia 25 para apresentá-la à Agrodefesa. Quem não fizer isso, ficará impedido de fornecer animais para abate aos frigoríficos que vendem carne para a UE. O fiscal federal agropecuário afirma que uma das dificuldades encontradas nas vistorias é a falta de preparo dos produtores em receber as equipes. Isso porque eles não são avisados da visita.
Contudo, as empresas certificadoras já foram notificadas da inspeção nas propriedades e cabe a elas repassar as informações e orientar os pecuaristas sobre a organização da documentação necessária para as inspeções dos técnicos do governo.

Equipes no campo
Estão em campo hoje, segundo informações da Agrodefesa e SFA,
101 equipes formadas por veterinários, agrônomos e zootecnistas desses órgãos e também da Agencia rural e secretaria estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seagro). A média, por dia, é de duas a três vistorias por equipe. O que atrapalha o trabalho, segundo o coordenador, é mesmo a falta de tempo. Ele afirma que as atividades estão correndo bem.
As propriedades que forem encontradas de porteiras trancadas não serão vistoriadas nesse primeiro momento e será colocada uma observação no relatório. Isso porque não haverá tempo de voltar nos locais. Outra situação encontrada pelos fiscais é a opção do proprietário em se desligar do Sisbov. Para isso, está sendo preparado um documento de declaração do desligamento. E para os proprietários que não estiverem no local quando a equipe chegar, o funcionário poderá acompanhar a vistoria. A SFA afirma que até agora a única particularidade encontrada foi o descadastramento do proprietário no Sisbov, o restante das situações não ocorreram.
Para o secretário estadual de Agricultura, Leonardo Veloso, mesmo com o prazo mais apertado ainda tudo que é possível está sendo feito. "As equipes estão trabalhando até onze horas da noite e todos com boa vontade e empenho para que consigamos fechar o trabalho dentro do novo prazo". As informações são da assessoria de imprensa da Seagro.
Fonte: O Popular

Renda agrícola será de R$ 127,3 bilhões em 2008

16.01.08

A estimativa da renda projetada para 20 produtos agrícolas em 2008 é de R$ 127,3 bilhões, conforme cálculo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A projeção é 6,8% superior à do ano passado, que registrou R$ 119,2 bilhões. Esse valor é o terceiro maior dos últimos 20 anos, perdendo apenas para 2003 e 2004, quando a taxa de câmbio estava bastante favorável às exportações brasileiras.
Os cálculos são do coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques, ressaltando que entre os principais produtos de destaque neste ano, a soja continua liderando no ranking do agronegócio nacional. Segundo Gasques, o faturamento dos produtores com a soja deve crescer 12%, devendo atingir, em 2008, uma renda projetada de R$ 32,4 bilhões. “A Conab e o IBGE estimam uma colheita de 58,2 milhões de toneladas este ano e as cotações subiram expressivamente nos mercados interno e externo”, justifica Gasques.

Grande distância
Os produtos classificados em seguida, o milho e a cana, não atingem 60% do faturamento da soja, cada, e disputam o segundo lugar entre os produtos agrícolas mais rentáveis. As projeções do MAPA indicam que a receita do milho atingirá R$ 19,3 bilhões, 15,6% mais que no ano passado. Na avaliação de Gasques, a rentabilidade do grão segue valorizada pela demanda para a produção de alimentos, fabricação de rações e produção de biocombustíveis.
O milho deve voltar a registrar grandes volumes para a exportação este ano, o que possivelmente fará os preços do mercado interno seguirem em alta (observação do editor). Já para a cana-de-açúcar, a projeção de renda é de R$ 19,2 bilhões, queda de 8,5% em relação a 2007. “O desempenho da cana reflete os efeitos da queda dos preços do etanol no mercado doméstico, apesar da recuperação das cotações do açúcar no exterior”, observa Gasques.

Alta Renda
A renda agrícola foi calculada multiplicando-se o volume da produção da safra agrícola pelo preço recebido pelos produtores nas principais praças do país. O valor real da renda (descontada a inflação) é obtido corrigindo-se o valor nominal utilizando o Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com Gasques, o valor de desempenho da agricultura é importante, pois sinaliza para o mercado qual o comportamento e a tendência das commodities.
Fonte: MAPA, com o Observatório

Comentário do Editor: Quem e quantos são os produtores desses 20 produtos agrícolas computados como geradores de uma renda de quase R$120 bi em 2007, que passarão a R$127 bi no corrente ano? Isso equivale a aproximadamente 10% do PIB brasileiro, não é pouca coisa. Na soja sabe-se que cerca de 43 mil médios e grandes produtores (pessoas físicas e jurídicas) representam cerca de 90% da produção, e devem ficar com algo em torno de R$ 30 bi. Como o Brasil registrou no ano passado um aumento de 60 mil novos milionários (em dólares aplicados no mercado financeiro), certamente um número significativo deve vir do extrato dos grandes produtores agropecuários. São sintomas que vão na direção de uma cada vez maior concentração de renda no país, oriunda da acumulação de capital, já que as pesquisas da PNAD mostram uma desconcentração na renda do trabalho. E esta vem reduzindo continuamente sua fatia no “bolo” da Renda Nacional.

Saldo na balança do agronegócio bate recorde em 2007 16.01.08

16.01.08

O ano passado foi de resultados positivos para o agronegócio brasileiro e fechou com saldo (exportações menos importações) de US$ 49,7 bilhões. Em entrevista coletiva no final desta manhã, o ministro de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes informou que o país teve saldo recorde, com exportações de US$ 58,4 bilhões e importações de US$ 8,7 bilhões.
Os principais responsáveis pelo resultado foram o aumento dos preços, que subiram 12% no mercado internacional, e dos volumes de exportação, que tiveram crescimento de 5,6%. Os produtos mais exportados foram soja e carnes, estas atingindo a cifra de US$ 11,29 bilhões, contra os US$ 8,6 bilhões vendidos em 2006, aumento de 30,7%.

Ampliação de mercados
Para 2008, Stephanes aposta na conquista de novos mercados, como o Japão, que segundo ele é um dos maiores importadores de carne de suínos do mundo. O país está agregando valor às proteínas vegetais ao processá-las como alimentação animal e vender as carnes. “Um exemplo disso é que o volume de carnes exportadas em 2007 encostou no volume da soja”, afirmou o ministro. A soja continuou em primeiro lugar nas exportações, responsável por US$ 11,38 bilhões, mas cresceu 22,3%, em relação a 2006, menos que as carnes.
Sobre a abertura de mercados para os produtos brasileiros, Stephanes citou os países que podem considera potenciais compradores em 2008: Malásia, Filipinas, México e China, além da União Européia.
No que diz respeito à expansão dos negócios com a Europa e os Estados Unidos, Stephanes disse que o Brasil procura voltar à condição de país livre de aftosa. “Estamos trabalhando na perspectiva de recuperação do nosso estado sanitário, assumindo a condição de país livre da [febre] aftosa”.
Fonte: Agência Brasil

Preços de grãos disparam e lucro da Cargill sobe 44%

16.01.08

A Cargill, maior empresa do setor agrícola dos EUA, informou que seu lucro do segundo trimestre fiscal subiu 44% devido ao aumento das vendas de grãos para mercados de todo o mundo.
O lucro líquido da empresa aumentou para US$ 954 milhões para o período de três meses encerrado em 30 de novembro passado. A empresa tem sede em Wayzata, no Estado norte-americano de Minnesota.
A Cargill aumentou os lucros de quatro de suas cinco divisões, entre as quais a de biocombustíveis. Os resultados melhoraram após a empresa ter investido US$ 18 bilhões nos últimos sete anos nas suas instalações em todo o mundo, disse a companhia.
Fonte: Bloomberg e Folha de São Paulo.
Comentário do Editor: tendo investido US$ 18 bilhões nos últimos sete anos, a Cargill passou a ter um lucro de quase US$ 1 bilhão no trimestre, ou seja, equivalente a US$ 4 bilhões em um ano, mais que 20% sobre os investimentos realizados no período considerado. Certamente foi resultante da recente elevação dos preços das commodities agrícolas, impulsionado pelo seu uso como fonte energética “limpa” e necessária para conter o aquecimento global. A perspectiva, a se manterem as atuais pressões de demanda sobre esses produtos, é que essa empresa e suas colegas que controlam o agronegócio mundial, registrem lucros crescentes.

Critérios da UE podem banir alguns biocombustíveis

15.01.08

(Deu no New York Times de ontem...)
Ao proteger áreas de alto valor para conservação da biodiversidade,
a União Européia pode finalmente incluir o Cerrado na agenda ambiental mundial


Com a comprovação que os processos de produção de alguns biocombustíveis podem ter mais impactos ambientais negativos que as emissões que economizariam substituindo os combustíveis originários do petróleo - além de ter altos impactos sociais negativos - autoridades da União Européia já estão discutindo a adoção de critérios de sustentabilidade para compra, o que pode praticamente banir a importação de alguns tipos de biocombustíveis. Entre eles, o veto a compra de biocombustíveis produzidos convertendo à agricultura áreas de alto valor para a conservação da biodiversidade,
o que pode incluir o Cerrado (nota do editor), considerado um hotspot pela ONG Conservation International.
É o que informa James Kanter, de Paris, em artigo publicado na edição de ontem do New Yok Times, após ter acesso ao rascunho do documento que será divulgado na próxima semana.
A proposta, segundo Kanter, tem como objetivo destacar as vantagens ambientais de biocombustíveis como o biodiesel ou etanol para atender às preocupações ou acusações de que os motoristas europeus, cada vez que enchem seus tanques, estão tendo um ativo papel na destruição de áreas úmidas, florestas tropicais e pastagens em regiões como o sudeste da Ásia ou a Amárica Latina.

Data limite de desmatamento
No rascunho a que Kanter teve acesso, a União Européia não compraria biocombustíveis produzidos em terras que em janeiro de 2008 estivessem cobertas por florestas, áreas úmidas ou pastagens. Ou seja, seria adotada uma data limite de conversão de cobertura vegetal natural em áreas para a agricultura, critério semelhante ao proposto pela Articulação Soja -Brasil em seu documento de 2004 (veja em
CriteriosArticulação Soja -Brasil) e utilizado pela Abiove na Moratória da Soja na Amazônia Legal, em julho de 2006. Além disso, os comissários europeus incluem uma cláusula que exige que os biocombustíveis usados na Europa sejam responsáveis por pelo menos um "mínimo de economia (a ser definido) de gases efeito estufa (GEE)" em seu balanço total da produção ao consumo. Essas diretrizes serão aplicadas pelos 27 países membros da UE.
O texto, que ainda pode sofrer modificações até o encontro dos comissários, previsto para o próximo dia 23 de janeiro, ressalta também que áreas como florestas tropicais e que tenham alto valor para a conservação da biodiversidade como o Cerrado, por exemplo, não devem ser convertidas para a produção de biocombustíveis.

Europa na liderança
Com essa nova proposta, ressalta Kanter, a Europa aparentemente está fazendo seu "dever de casa" bem à frente do resto do mundo. Em parte, completa, é porque os biocombustíveis são a principal arma da União Européia para baixar as emissões de GEE no seu setor de transporte, que tem o mais rápido incremento de níveis de emissão entre todos os setores da economia.
A crescente imagem negativa da produção dos biocombustíveis dividiu os comissários da UE, alguns querendo adotar os critérios acima citados, outros querendo melhorar a imagem dos biocombustíveis para poder atender às ambiciosas metas de redução de emissões aprovadas pela UE.

Impactos no óleo de Palma (dendê)
Ouvido por Kanter, o analista de biocombustíveis Matt Drikwater, da New Energy Finance, de Londres, acha que os produtores que sofrerão maior impacto com as novas regras da UE será os de óleo de palma (babaçu), em países como a Malásia e Indonésia.
Se as medidas incluírem não comprar produções originadas de áreas de pastagem, Matt acha que o etanol da América do Sul, do Brasil em particular, também poderá sofrer restrições.
O governo da Malásia está muito preocupado com essas regras da UE, disse o representante em Bruxelas do Conselho de Óleo de Palma da Malásia, Zainnudin Hassan, que ameaça recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as barreiras européias se choquem com as regras da OMC. Ele diz, ainda, que os produtores da Malásia estão adotando práticas ais sustentáveis, e que essas barreiras podem comprometer esse processo.
O rascunho também prevê a exigência da possibilidade de rastreamento físico da produção do biocombustível, informa Kanter, de forma a possibilitar àqueles que atenderem às regras poderem ser identificados e receberem um "prêmio" em seu preço..

Fonte: James Kanter, de paris, para o New Yok Times, com o Observatório (tradução e texto: Maurício Galinkin)

Outra Alternativa:
UE promete rever meta para uso de biocombustíveis

A alternativa que se coloca para os tomadores de decisão da União Européia é a revisão de suas metas de uso do biocombustível no setor de transportes.
O comissário europeu para o meio ambiente, Stavros Dimas, disse à BBC que será melhor para a União Européia não cumprir sua meta de elevar a 10% a proporção do uso de biocombustíveis em relação ao total de combustíveis do que correr o risco de prejudicar o ambiente. Segundo Dimas, a União Européia não previu os potenciais problemas provocados pelo uso de biocombustíveis.
Estudos recentes advertiram sobre os aumentos de preços de alimentos e a destruição de áreas de florestas em conseqüência da produção de biocombustíveis.
A União Européia prometeu estuda, agora, a adoçnao de critérios para compra dos biocombusteiveis, levando em conta seus impactos ambientais e sociais na produção (veja matéria acima), como forma de garantir que sua meta para o uso de biocombustíveis não será prejudicial ao planeta.

Saída pelo atalho
Ao invés de melhorar seus projetos de carros, ou impor normas para reduzir drasticamente sua produção e uso, que teriam fortes reflexos no sistema econômico vigente, seria possível reduzir a emissão de poluentes simpesmente se os motoristas usassem mais combustíveis produzidos a partir de plantas, que teriam retirado CO2 da atmosfera durante seu crescimento.
Há dois anos, esse era o atalho perfeito para os fabricantes de carros sob pressão para cortar as emissões de gases poluentes, e tudo continuar como dantes.
Com o surgimento de estudos mostrando que alguns tipos de biocombustíveis quase não cortam as emissões e que outros podem levar à destruição de florestas, elevar o preço dos alimentos ou levar empresas com dinheiro a expulsar as pessoas de suas terras para convertê-las para o cultivo de matérias primas para biocombustíveis, o que antes parecia uma perfeita solução desmoronou sob a pressão das entidades ambientalistas.

Cairam na realidade
"Nós temos visto que os problemas ambientais provocados pelos biocombustíveis e também os problemas sociais são maiores do que pensávamos antes", disse Dimas à BBC. "Então temos que avançar com cuidado."
"Nós temos que ter critérios para sustentabilidade, incluindo questões sociais e ambientais, porque há alguns benefícios do uso de biocombustíveis", afirmou.
O comissário disse que a União Européia deverá introduzir um esquema de certificação para biocombustíveis e prometeu uma ação contra biocombustíveis produzidos a partir de azeite de dendê, que estariam levando à destruição de florestas na Indonésia.
Alguns analistas têm dúvidas sobre a existência de azeite de dendê "sustentável", porque qualquer quantidade do produto usada para a fabricação de combustíveis simplesmente aumenta a demanda pelo produto no mercado global, controlado principalmente pelas grandes empresas alimentícias.

Prevenir perda da biodiversidade
Dimas disse que é vital que as regras da União Européia previnam a perda de biodiversidade, que ele descreveu como o outro grande problema para o planeta, ao lado do aquecimento global.
Nesta segunda-feira, a Royal Society, a academia de ciências da Grã-Bretanha, divulgou um grande estudo sobre o uso de biocombustíveis. O estudo pede à União Européia que assegure que
suas diretrizes garantam que todos os biocombustíveis na Europa genuinamente reduzam as emissões de gases do efeito estufa.
Fonte: Roger Harrabin, analista de meio ambiente da BBC, sítio da
BBC Brasil na Internet, com o Observatório.

Brasileiros recebem aviso que produto contém soja transgênica

15.01.08



A iniciativa da empresa acontece depois de ação judicial do Ministério Público de SP, baseada em denúncia feita pelo Greenpeace em 2005.

Começaram a chegar às prateleiras dos supermercados brasileiros os primeiros produtos rotulados como transgênicos desde que a lei de rotulagem entrou em vigor em 2004. O óleo Soya, um dos mais vendidos do mercado brasileiro, é o primeiro a conter o símbolo de produto geneticamente modificado (uma letra T no meio de um triângulo amarelo) no país. A embalagem também traz o aviso: “Produto produzido a partir de soja transgênica”.
A rotulagem do óleo Soya em todo o território nacional só aconteceu graças à denúncia que o Greenpeace fez em outubro de 2005, comprovando que a soja usada pelas empresas Bunge (fabricante do óleo Soya) e a Cargill (fabricante do óleo Liza) era geneticamente modificada. Em setembro do ano passado, o Ministério Público de São Paulo se baseou na denúncia do Greenpeace para entrar na Justiça com uma ação civil pública exigindo a rotulagem de ambos os produtos.
“É uma tremenda vitória, mas ainda há muito o que fazer. As margarinas e maioneses da marca Soya, por exemplo, não estão rotuladas ainda”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, lembrando ainda que a Cargill também foi citada na ação judicial mas não rotulou nenhum de seus óleos e demais produtos.
O Greenpeace entrou em contato com a Bunge para saber a extensão da rotulagem nos produtos da empresa e recebeu a seguinte resposta do diretor de Comunicação Corporativa, Adalgiso Telles: “Como nós entendemos que pode eventualmente haver alguma preocupação por parte de alguns consumidores em relação à presença de transgênicos, resolvemos agir pró-ativamente e rotular nosso óleo de cozinha Soya, mesmo sabendo que os óleos vegetais não contêm nem 1% de componente transgênico, porcentagem a partir da qual a lei exige a rotulagem, para melhor atender consumidores que considerem isso relevante.”

Gabriela Vuolo considera bom ver a Bunge colocando em prática o respeito ao consumidor. Mas faz ressalvas.
“Só é uma pena que para isso se tornar realidade tenha sido preciso acionar a Justiça e esperar mais de dois anos da nossa denúncia", ressaltou Vuolo. “Agora, é fundamental que a empresa continue tendo uma postura ética e informe seus consumidores sobre a presença de transgênicos nos outros produtos da linha Soya e nas suas outras marcas, como Primor, Salada e Delícia. Só assim os brasileiros vão poder realmente exercer seu direito de escolha, que é garantido por lei."
A denúncia do Greenpeace aconteceu em outubro de 2005, quando cerca de 20 ativistas foram à Brasília entregar ao governo um dossiê que comprovava a utilização de soja transgênica na fabricação dos óleos Soya e Liza (da Bunge e Cargill, respectivamente), marcas líderes do setor. Os ativistas desceram a rampa do Congresso Nacional empurrando 20 carrinhos de supermercado cheios de embalagens de óleo da Bunge e da Cargill, e se posicionaram próximos à entrada da Câmara dos Deputados enquanto a denúncia era entregue aos parlamentares. Posteriormente, a denúncia foi encaminhada a diversas representações do Ministério Público e aos ministérios da Justiça, Agricultura, Ciência e Tecnologia, e Meio Ambiente.
Fonte: sítio do Greenpeace na Internet

Mercado interno vai pautar produção de etanol no Brasil

15.01.08

São Paulo - A demanda internacional por etanol do Brasil deve crescer, mas o mercado interno será o principal motor da produção no maior exportador mundial do biocombustível, disse o presidente da Datagro, Plínio Nastari.
Impulsionada pelas crescentes vendas de carros flex-fuel, a demanda por etanol foi recorde no país em 2007 e deve crescer novamente em 2008, com a indústria automobilística repetindo o desempenho,
"Para os próximos sete anos, o mercado mais importante será o doméstico. Exportações de etanol crescerão, mas de maneira modesta", disse Nastari em São Paulo, durante o Summit Global da Reuters de Agricultura e Biocombustíveis.

Salto na demanda
Depois de permanecer estagnado por duas décadas, o consumo de etanol no Brasil cresceu 3,7 bilhões de litros para um volume recorde de 16,7 bilhões de litros em 2007. Neste ano, deve ter um aumento da ordem de 2,9 bilhões de litros, seguindo um aumento nas vendas de carros, disse o consultor. As vendas de veículos flex respondem por 86 por cento do total no país. Os preços competitivos do etanol em 2007 nos postos, por sua vez, também influenciaram nas vendas de veículos, disse Nastari.

Mercado interno predomina
A demanda mundial tem tido pouca importância nas expectativas da maior parte dos produtores e traders brasileiros em 2007. Depois de aumentarem em 2006, as exportações brasileiras de etanol caíram em 2007 para 3,8 bilhões de litros, segundo Nastari.
A Datagro prevê que a demanda de etanol no país chegará a 32 bilhões de litros em 2014, quando o etanol responderá por 53 por cento do combustível utilizado por veículos leves, devido ao aumento da frota flex-fuel. As exportações, porém, não devem ultrapassar 7 bilhões de litros até lá.
Fonte: Inaê Riveras - Reuters, com o
Observatório

OCDE: Impacto de biocombustíveis nos preços de grãos é exagerado

15.01.08
Paris - Embora já saibam dos problemas ocasionados por suas políticas para biocombustíveis, os governos não estão dispostos a mudá-las, informa a agência de notícias Reuters citando "uma autoridade da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)".
O problema parece ser o enfrentamento político com interesses já estabelecidos, e que são beneficiados pelas políticas e barreiras ao comércio, em especial aquelas levantadas pelos Estados Unidos e Europa.
Loek Boonekamp, chefe da Divisão de Mercados e Comércio de Alimentos Agrícolas da OCDE, disse no Summit Global da Reuters para Agricultura e Biocombustíveis, em Paris, que "políticas de suporte geram interesses adquiridos... uma vez que esses interesses estejam lá e essas políticas de suporte estejam bem estabelecidas, é incrivelmente difícil se livrar disso".
Fonte:
Tamora Vidaillet, com Sybille de La Hamaide - Reuters, resumo do Observatório

As patas do boi comandam a destruição da Amazônia

14.01.08



Estudo realizado por Roberto Smeraldi e Peter H. May, da ONG Amigos da Terra -Amazônia Brasileira, mostra que o deslocamento da criação de gado do Centro Oeste para a Amazônia Legal (que inclui o Mato Grosso e parte do Maranhão, que estão nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente), ocorreu de forma intensa nos últimos cinco anos, a ponto de fazer com que ela respondesse por 94% do crescimento do número de cabeças registrado no país entre 2003 e 2006. Esse número não é pequeno: das 10.334.668 novas cabecas registradas no Brasil pelo IBGE, no período considerado, 9.680.511 estavam na Amazônia Legal.
E porque houve esse "estouro da boiada" rumo a novas terras, deixando o Centro-Oeste?
Entre os principais fatores, o aumento dos preços das commodities valorizou as terras do Centro-Oeste e transformou pastagens em plantios de grãos, expulsando o gado; a existência na Amazônia de terras baratas ou gratuitas (do Estado, bastando ocupar pois não há fiscalização...); a inobservância da legislação ambiental, em especial quanto à conservação da Reserva Legal, que no bioma amazônico é de 80% (ou seja, somente 20% da floresta pode ser utilizada); empréstimos altamente subsidiados, como é mostrado a seguir.
Pasto subsidiado
De acordo com reportagem de Marta Salomon, na Folha de São Paulo de ontem (13.01.08), "a expansão da pecuária de corte na região conta com duas linhas de financiamento operadas pelo Banco da Amazônia, com juros subsidiados, entre 0,5% e 10,5% ao ano -os mais baratos do país.
De micro a grandes, os pecuaristas do Pará receberam R$ 80 milhões em empréstimos em 2007 do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) e do FNO (Fundo Constitucional do Nordeste), estima João Miranda, superintendente do Basa."

É na pata do boi
A conclusão do estudo alerta; "quaisquer sejam os fatores de transformação e deslocamento das atividades agrícolas, a mudança no uso do solo na Amazônia é protagonizada pela pecuária. É na pata do boi que repercutem investimentos e alterações no consumo de alimentos ou de energia. A pecuarização da Amazônia se intensificou de maneira sem precedentes nos últimos cinco anos, o que requer uma atenção nova e especial por parte das autoridades governamentais, da cadeia comercial, de instituições financeiras, cientistas e organizações da sociedade civil. O Brasil ainda subestima as dimensões e as dinâmicas deste fenômeno."
Comentário do Editor: o estudo da AdT- Amazônia Brasileira apresenta muitas informações relevantes, e pode tornar-se a referência para negociação entre organizações socioambientais e o setor produtor de carnes, no sentido de levá-lo a adotar padrões de comportamento/critérios de operação que tornem as leis brasileiras efetivas na região, já que o Estado ali é desconhecido, e vá além disso, fazendo com que seus fornecedores aumentem a produtividade da terra tornando desnecessários novos desmatamentos para o crescimento do setor.
Para baixar o estudo,
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Greenpeace: agricultura industrial pode reduzir suas emissões de GEE

14.01.08


Lançado em Amsterdã, Holanda, no dia 8 pp, um relatório do Greenpeace mostra o papel da agricultura nas mudanças climáticas e o que se pode fazer para reduzir suas emissões de CO2.
A agricultura é atualmente uma das mais importantes fontes de emissão de gases do efeito estufa e mudanças urgentes precisam ser feitas no modo como a atividade é exercida para torná-la ambientalmente sustentável. Isso é o que conclui o novo relatório do Greenpeace, "Mudanças do Clima, Mudanças no Campo".
O relatório foi escrito para o Greenpeace pelo professor Pete Smith, da Universidade de Aberdeen – um dos autores do mais recente relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) – e é o primeiro a detalhar os efeitos diretos e indiretos da agricultura nas mudanças climáticas.
“Os impactos da agricultura industrial no clima não podem ser ignorados”, afirma Gabriela Vuolo, do Greenpeace Brasil. “É preciso trabalhar para que o futuro da agricultura seja produzindo alimentos em comunhão com a natureza e a população, e não contra elas”.
O novo relatório do Greenpeace traz detalhes de como a agricultura baseada no uso intensivo de energia e produtos químicos provocou um aumento nos níveis de emissões de gases do efeito estufa, principalmente devido ao excessivo uso de fertilizantes, desmatamento, degradação do solo e criação intensiva de animais.
A contribuição total da agricultura mundial para as mudanças climáticas, incluindo desmatamento para plantações e outros usos, é estimado em algo entre 8,5 bilhões e 16,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, ou entre 17% e 32% de todas as emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo ser humano.
O uso excessivo de fertilizantes é responsável pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa, estando hoje em torno de 2,1 bilhões de toneladas de CO2 anualmente. O excesso de fertilizantes provoca a emissão de óxido nitroso (N2O), que é algo em torno de 300 vezes mais potente que o CO2 na mudança do clima.
O relatório detalha ainda a variedade de soluções práticas que podem reduzir as mudanças climáticas e que são fáceis de ser implementadas, incluindo aí a redução do desmatamento, do uso de fertilizantes e a proteção do solo.
“Do ponto de vista do clima global, o grande vilão é a queima de combustíveis fósseis seguido da mudança de uso do solo, como as queimadas na Amazônia e as atividades agrícolas em geral. No Brasil, essa é a maior parte do problema”, afirmou Luís Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace. “Ações urgentes são necessárias para que o setor agrícola deixe de ser parte do problema das mudanças climáticas e passe a colaborar com a retirada de carbono da atmosfera e ao mesmo tempo garantir a segurança alimentar”.
Para ler o resumo executivo do relatório, em português,
clique aqui

Safra recorde e preço alto

13.01.08

Produção de grãos neste ano deve render R$ 85 bilhões , valor mais alto da história e 40% acima do de 2007

A safra de grãos que começa a ser colhida no Centro-Sul do País deverá render aos agricultores R$ 85,4 bilhões, o maior valor da história. Essa montanha de dinheiro, que é quase 40% maior que o faturamento de 2007, começa a movimentar os negócios no interior com a venda de imóveis e automóveis. Os fabricantes de máquinas agrícolas e tratores se preparam para ampliar a produção e contratar trabalhadores.
"É o segundo ano consecutivo de recuperação da agricultura de grãos, depois de ter atingido o fundo do poço em 2006", afirma o diretor da RC Consultores Fabio Silveira. Ele estimou a receita da safra com base nas cotações internacionais dos grãos e nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O que chama a atenção é o aumento da receita em proporção bem superior ao volume físico. De acordo com a consultoria, a produção de soja, milho, arroz, algodão, arroz, feijão e trigo, entre outros grãos, deve atingir 139 milhões de toneladas em 2008, apenas 3,7% mais que no ano anterior. Isso significa que os preços elevados das
commodities vão garantir o crescimento da receita. Só a dobradinha soja/milho responderá por cerca de 80% da renda da agricultura de grãos neste ano.
... o preço da soja atingiu níveis recordes na Bolsa de Chicago. O produto superou os US$ 12 por bushel (equivalente a 27,21 quilos), ante a média histórica de US$ 6.
A disparada de preços foi uma injeção de ânimo na economia do interior, que começa a contabilizar bons resultados antes mesmo da colheita. Na concessionária Vianorte Veículos, com lojas em Sinop (MT)e Sorriso (MT), maior produtor de soja do País, a lista de espera para a compra de caminhonetes tem 150 nomes.
"
A maioria é de produtor rural", conta o operador da concessionária, Antonio Parola Montana. No mesmo período de 2007, a lista de espera não passava de 30 pessoas. "Fazia tempo que não se via o mercado tão aquecido", diz Marco Antonio Pogioli, superintendente de Vendas da Zacarias Veículos, de Maringá (PR), outro pólo produtor de soja. Desde o início do ano, a loja vendeu 20 caminhonetes, que serão entregues dentro 70 dias. A maioria é para agricultores. "A GM tem até um plano de financiamento semestral, cujo pagamento coincide com a entrada de recursos da safra", conta Pogioli.
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Levantamento da Associação dos Produtores de soja de Mato Grosso (Aprosoja), o principal produtor, revela que 65% da safra do Estado foi vendida antecipadamente, abaixo de US$ 13 a saca de 60 quilos. Hoje a saca sai por US$ 22. "
Quem vai ganhar é o especulador", diz o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira Silva.
Fonte: Márcia De Chiara, O Estado de São Paulo

Brasil ganha 60 mil novos milionários

13.01.08
Total de brasileiros com mais de US$ 1 milhão aplicado cresce 46% e chega a 190 mil em 2007; fortuna atrai bancos de investimento
Com R$ 20 mil, os irmãos Fábio, 31, e Fernando Cunha, 35, montaram, há quatro anos, a Clube de Estilo, uma empresa que aproxima estilistas de lojistas. Toda vez que um negócio é fechado entre eles, os irmãos ganham um percentual.
Em 2007, a dupla movimentou R$ 4 milhões e, se quisesse vender a empresa, com sede no bairro dos Jardins, área nobre de São Paulo, não embolsaria menos de R$ 2 milhões.
Os irmãos Cunha são um exemplo de brasileiros que viram o patrimônio ultrapassar rapidamente a casa dos seis dígitos nos últimos anos devido a uma combinação de fatores: faro para os negócios, bom desempenho da economia brasileira e alta rentabilidade oferecida pelo mercado financeiro.
Em um ano, o Brasil elevou o número de milionários em 60 mil, segundo levantamento do BCG (The Boston Consulting Group). No ano passado, havia 190 mil milionários no país. Em 2006, eles eram 130 mil -expansão de 46,1%.
A fortuna desses milionários está estimada em aproximadamente US$ 675 bilhões, o que equivale a praticamente metade do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Para o BCG, milionários são aqueles que têm mais de US$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro.
André Xavier, sócio-diretor do BCG no Brasil, diz que, para identificá-los, os especialistas entrevistaram gestores de fortunas de 111 instituições financeiras em 60 países. Foi a primeira vez que uma equipe veio pessoalmente ao Brasil para fazer o levantamento.
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A concentração de riqueza no país é um fenômeno que está chamando a atenção dos bancos e dos gestores do mundo", diz Xavier, que monitora o comportamento dos endinheirados há cerca de sete anos.
Economia em alta
Vários fatores explicam a explosão do grupo dos milionários no Brasil.
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O bom momento da construção civil,
o fortalecimento do agronegócio no Centro-Oeste e os negócios relacionados à produção de álcool, na região Sudeste, também fizeram novos milionários, segundo os bancos de investimentos consultados.
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Fonte: Julio Wiziack e Fátima Fernandes, Folha de São Paulo
Comentário do Editor: a estimativa de faturamento de R$ 68 bilhões dos produtores de soja e milho (80% de 85 bi) é um bom exemplo da "produção" de milionários neste país, da concentração de renda que a agricultura industrial vem provocando no campo brasileiro. Dos 243 mil produtores de soja que existem no país, cerca de 200 mil são agricultores familiares, que cultivam apenas entre 5 e 50 hectares de soja, e são atualmente responsáveis por algo em torno de 10% da produção nacional dessa oleaginosa. Os 43 mil restantes são médios e grandes produtores, pessoas físicas ou empresas. E são esses que em pouco tempo acabam tornando-se os milionários disputados por vendedores de caminhonetes e imóveis, e por bancos e instituições financeiras especializadas na gestão de fortunas.

Produtor de soja adere à pecuária em MT


Mauro Zafalon, Enviado Especial da FSP a Nova Mutum (MT)
Em busca da industrialização da matéria-prima na própria região, sojicultor adere a biodiesel e a confinamento de gado
Adoção da integração lavoura-pecuária aumenta rentabilidade do agricultor e do pecuarista e pode elevar a produção de carne em 40%
Se irlandeses já estão preocupados com a força do Brasil na produção de carnes, devem se preocupar ainda mais daqui para a frente. O perfil dos produtores brasileiros começa a mudar rapidamente nas principais áreas de produção. Pecuaristas estão descobrindo a produção de grãos, e os produtores de grãos estão adotando a pecuária. Em alguns casos, além da certificação do gado, os produtores chegam ao requinte de certificar a soja, o milho e o algodão que vão ser usados na ração dos animais. E essa certificação é dada pelos próprios organismos europeus.
Comentário do Editor: esse consorciamento lavoura-pecuária já vem sendo divulgado e incentivado há vários anos pelos dirigentes e técnicos da Associação de Plantio Direto no Cerrado e dos Clubes Amigos da Terra, especialmente pelo pioneiro John Landers. Depois de três a cinco anos de plantio de soja a área de lavoura é transformada em pasto, e passa a receber até cinco cabeças de gado vacum por hectare, enquanto antes do plantio tinha capacidade de sustento de até uma cabeça.

Cana ameaça sítios arqueológicos no AC

01.01.08

Geoglifos, grandes estruturas geométricas construídas por povo antigo, são destruídos por estradas, pastos e lavouras
Usina de álcool planeja expansão em área que contém nove sítios; governo planeja instalar zona de amortecimento nos locais
Fonte: FSP


Ah, Juruti Velho.... 01.01.08

01.01.08
Enquanto destrói as belezas e a comunidade de Juruti Velho (AM)...
A Alcoa é a principal patrocinadora de uma exposição sobre a Amazônia que acontece em abril em Nova Iorque.
Fonte: FSP, em 01.01.08